Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
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Basta ter poder, na maior parte das vezes, para se ter razão e se estar do lado certo da lei. O nosso presidente, por exemplo, minha amiga, é católico e, por isso, a Lei da Eutanásia passeia-se eternamente pelos corredores do poder, dias após dias, semanas atrás de semanas, meses a fio, esperando calmamente, como se não houvesse pressa, que esse poder chegue ao fim para conseguir, por fim, triunfar.
Vladimir Putin, amiguinha, acusa Portugal de roubar crianças ucranianas como se nós fossemos realmente um dos países do Eixo do Mal, e ninguém o avisa que está a confundir o país com um programa da SIC. O homem que desvia crianças às dezenas de milhares tem o desplante e a desfaçatez de fazer uma acusação destas, porquê? Porque no País dos Sovietes, sua excelência é imperador e dono da lei.
De comunista a fascista, invade um país vizinho, porque, alega o dono da lei do seu país, a Ucrânia é parte da Rússia. E, sem se olhar ao espelho, minha cara, chama fascista ao Vladimir do país vizinho e quer que acreditemos que ele vai “desnazificar” o seu povo e libertá-lo do jugo do outro Vladimir, um tal de palhaço de nome Vladimir, mas neste caso Zelensky. O palhaço Putin, que combate contra o palhaço Zelensky, nem sabe que é palhaço porque nem se olha ao espelho, nem encontra ninguém com eles no sítio para lhe dizer que mente (incrivelmente, com todos os implantes que tem na boca).
Na guerra dos “Vladimires”, Bertinha, morrem centenas de milhares de pessoas, o mundo entra em crise alimentar por falta de cereais, que abundavam por aquelas bandas, porque as rotas dos alimentos ficaram perigosas, porque os capitalistas ainda capitalizam mais, porque a inflação alastra pelo mundo movida por interesses económicos e porque a lei, está do lado desta gentinha que ao crescer se tornou gentalha.
Abomino Vladimir Putin e custa-me a aceitar que, por força da “puta da lei internacional” o homem ocupe o lugar de presidente das “Nações Unidas”. Das Nações Unidas? E querem que acreditemos e confiemos nas instituições, Berta? Mas alguém já olhou bem para o contrassenso? O absurdo é tentarem-nos convencer a respeitar a lei. Como se nos dias de hoje a dita cuja, coitada, ainda tivesse alguma coisa a ver com a justiça. Esclareço: já que não tem.
Também é preciso ter cuidado quando se fala de justiça, minha querida. Hoje em dia temos várias justiças, a dos ricos, a dos pobres, a que vem no papel, e a antiga justiça que, desgraçadamente, anda aos papeis. Ainda nos querem fazer acreditar que tudo isto faz sentido, talvez faça, e para muita gente, mas não para o povo do mundo. Abaixo, Vladimir Putin (que o pariu). Homem pequenino... Tenho dito! Deixo um beijo,
Morreu, tristemente, de doença grave e prolongada, há quatro dias, com 91 anos, Mikhail Gorbachov, aquele que foi o último líder da União Soviética e Prémio Nobel da Paz em 1990, sabias, amiguinha? Foi com ele que o muro de Berlim foi finalmente derrubado, ele é o pai da Perestroika e da Glasnost, palavras que significavam respetivamente se traduzidas do russo, Reestruturação e Transparência e que implicaram grandes mudanças políticas e estruturais indo diretamente ao encontro do sentido dessas palavras.
Com ele, minha querida, caiu a Cortina de Ferro e a eminente ameaça nuclear, com ele terminou a Guerra Fria, o KGB, o Partido Comunista da União Soviética e a URSS, ou seja, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e com ele renasceram, na Europa de Leste, uma série de nações e países até aí debaixo do jugo russo. Entre elas, a Ucrânia, que Putin tenta agora, de novo, reaver.
Infelizmente, para a Rússia, os aplausos e festejos do Ocidente, não se traduziram numa verdadeira política de apoio económico e estrutural desta nova realidade. Pior do que isso, Bertinha, quase sorrindo, a Europa e os Estados Unidos, deixaram cair a Rússia numa grave e profunda crise social e económica de proporções gigantescas, pouco ligando ao aparecimento de máfias e de saudosistas do imperialismo soviético na renovada Rússia de Mikhail Gorbachov.
Por uns tempos a liberdade foi confundida pelo povo russo com libertinagem e banditismo e o jugo ditatorial foi igualmente substituído por fome, insegurança, frio e um enorme vazio de perspetivas de futuro, fosse ele qual fosse. Muitos dos antigos líderes da polícia secreta e de outros setores do antigo poder soviético passaram a liderar gangues militarizados aterrorizando a população local e espalhando o seu terror pelo Ocidente, que, distraído, Berta, não via os tentáculos deste polvo a alastrar pelo mundo.
Nos antípodas de Mikhail Gorbachov, querida amiga, crescia Vladimir Putin, se um queria rumar ao Ocidente, à liberdade, numa longa estrada até à democracia, o outro, por seu turno, achava que o império soviético nunca deveria ter caído. Um era a favor da autodeterminação das Repúblicas Soviéticas, enquanto o outro, bem inversamente, sonhava com os bons tempos da grande União Soviética ou da Rússia dos Czares, algo absolutista enquanto forma de poder e com desejos de regresso ao domínio das Repúblicas perdidas com a desagregação da velha União Soviética.
Não foi à toa que Mikhail Gorbachov recebeu em 1990 o Prémio Nobel da Paz e que se Prémio houvesse a dar a Putin seria o da Guerra. Pena foi que o mundo Ocidental não tivesse dado uma mão à frágil economia russa logo a seguir à desagregação da URSS. Se tal tivesse sido feito, em vez de apenas dar palmadinhas nas costas a Mikhail Gorbachov, nunca Vladimir Putin, nem os seus antecessores teriam chegado ao poder.
Resta-me prestar a minha sentida homenagem a Gorbachov. Morreu o homem mais influente do mundo na segunda metade do Século XX. Morreu um verdadeiro herói mundial. Boa viagem Gorbachov. Com isto me despeço, querida amiga, recebe um beijo deste que muito te estima,
Alexei Navalny, o líder da oposição russa a Putin, acabou de ser julgado e condenado na Rússia, após o seu regresso da Alemanha. Foi na capital, Moscovo, que um tribunal russo condenou o líder do movimento alternativo a Putin a dois anos e oito meses de cadeia.
No julgamento ninguém quis saber da razão pela qual Alexei Navalny tinha violado a liberdade condicional, nem mesmo se foi salvo pelos médicos alemães de morte certa, devido ao envenenamento de que tinha sido alvo. Nada disso importou ou foi levado em linha de conta pela justiça moscovita. Alexei foi condenado a dois anos e oito meses de prisão, a ter como verdadeira algumas das agências de notícias internacionais.
No meio de um julgamento a lembrar os tempos da guerra fria e do poder comunista no Leste, o opositor russo foi condenado, porque, alega a acusação, violou os termos da liberdade condicional, a que estava sujeito, pois já tinha sido julgado e condenado anteriormente a cumprir uma sentença de três anos e meio de prisão, à época transformada em pena suspensa, emitida no ano de 2014.
A farsa, digo, a audiência, querida amiga, que decorreu em Moscovo, foi presidida pela juíza Natalia Répnikova, a qual decidiu, imbuída de justiça vermelha, transformar a referida pena suspensa em tempo real de prisão.
Ora, Navalny, e os seus apoiantes, consideram ser esta uma ação apenas motivada pela interferência política na justiça, replicando que todo o processo não passa de uma tentativa vã, e quanto a mim estúpida, mais do que vã, de um Kremlin agarrado a um poder cada vez mais rubro, no pior sentido da palavra. Tudo isto com a finalidade única e última de amedrontar mais de cem milhões de russos à submissão do poder do Pudim, digo de Putin.
O ainda jovem político, um ativista anticorrupção de 44 anos, reconhecido como tal pela comunidade internacional, é ainda acusado, por uma justiça recheada de lapalissadas, de ter violado a "ordem pública em mais de 50 ocasiões", o que "constitui uma violação das condições da sua liberdade condicional", ou seja, Navalny é incriminado por continuar a ser político durante quase todo o tempo da sua liberdade condicional, excetuando o tempo em que esteve hospitalizado devido ao envenenamento provocado por ordem do seu arqui-inimigo Vladimir, o pudim, digo, o Putin que controla o poder na Rússia.
Toda a narrativa do tribunal, recheada de um “nonsense”, que parece retirado de uma série de humor britânica, serve para afirmar que a Alexei tinha sido aplicada uma pena de mais de três anos, mas que a juíza, douta magistrada de uma justiça manchada de vermelho, levou em consideração os dez meses que ele já passara em prisão domiciliária, por causa da anterior acusação, e que, por isso, os mesmos deveriam ser subtraídos da atual pena.
Incrivelmente, o tempo que Navalny passou a lutar pela vida na Alemanha e depois em recobro, a recuperar da tentativa de assassinato por envenenamento, não pode ser considerado no tempo de prisão que falta cumprir, antes de regressar à Rússia no mês passado, porque o acusado se encontrava, na realidade, em incumprimento da sua pena suspensa, fora do país, para onde não lhe era permitido ir por força da referida pena. Se foi para salvar a vida ou não, acha a juíza que isso é matéria irrelevante nos termos do julgamento do processo.
Navalny, num ato de coragem, falou a partir de uma cela em vidro durante o julgamento, qual cobaia de laboratório, e atribuiu a sentença que ontem foi proferida e anunciada, pelo tribunal, ao "medo e ódio" de Putin. Num claro e ostensivo desafio ao poder alegou que o Presidente russo ficará na história como um "envenenador". Um envenenador envergonhado, direi eu, minha querida Berta, que não se assume e não sai do armário à prova de bala.
Navalny chegou ao ponto de acusar publicamente o líder russo e afirmar no julgamento: "Eu ofendi-o profundamente, apenas por sobreviver à tentativa de assassínio que ele ordenou" e ainda acrescentou: "O objetivo desta audiência é assustar um grande número de pessoas. Mas ele não pode prender um país inteiro".
Estranhamente, estas acusações, proferidas por este líder da oposição, não tiveram quaisquer consequências e não se refletiram, por isso, na sentença de que foi alvo, por ter transgredido a liberdade condicional a que se encontrava submetido.
O veredito final, proferido pela juíza Natalia Répnikova, transforma Alexei no prisioneiro político mais proeminente de toda Rússia e passa a representar o facto mais importante até à atualidade, através desta condenação contra um opositor de Vladimir Putin, desde a prisão de Mikhail Khodorkovsky, em 2005, de que o Ocidente parece já não ter qualquer memória.
Aliás, é com isso que o pudim flan, “o cara-de-bom-rapazinho”, o falso czar Putin, conta. Os seus opositores no Ocidente, sedentos de notícias todos os dias, em breve deverão esquecer o calabouço do seu último opositor, entretanto até pode acontecer que Navalny faleça por acidente na prisão.
O partido da oposição, de Alexei Navalny, já convocou, através de mensagens na rede social Twitter, uma nova demonstração de força e oposição, marcando uma manifestação contra a prisão, o julgamento de fantochada e a sentença de prisão absurda do seu líder, numa tentativa, mais uma, de mobilizar os milhares de manifestantes que, nas últimas semanas, protestaram contra o atual regime russo.
Relembro-te, querida Berta que foi apenas há dias que cerca de 4.700 pessoas foram detidas, numa das muitas, mas talvez a maior das manifestações que se têm repetido na busca quase insana de demonstrar solidariedade a Navalny, apresentando-o como uma verdadeira vítima de repressão violenta por parte das forças de segurança russas.
Se a memória internacional não esmorecer e enfraquecer, pode ser que a recente sentença não se fique por aqui e que algo consiga ser feito em prole da liberdade e da justiça na Rússia. Quiçá dar a Alexei Navalny o Prémio Nobel da Paz, embora em tempos de pandemia eu esteja mais a ver a “muito politizada Academia Sueca” a atribuir o galardão a um “mata-moscas”, digo, a um combatente “Covid.
Quando se tratam de casos com a gravidade deste, querida Berta, nem sempre me é fácil ser mais sintético, pelo que peço desculpas, amanhã é capaz de acontecer algo idêntico, pois irei falar-te de Suu Kyi, a Prémio Nobel da Paz e, até este fim-de-semana, líder de Myanmar. Despede-se, com o tradicional beijo, este teu amigo solidário,