Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
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Eis-nos chegados ao quinto candidato às Eleições para Presidente da República Portuguesa em 2021, aquele que vem de uma esquerda bem demarcada, o Partido Comunista Português, também apoiado pelos Verdes e que dá pelo nome de João Ferreira. Trata-se de um candidato alfacinha, casado, com dois filhos, comunista convicto que integrou as hostes vermelhas aos 16 anos, através da JCP. Licenciado em Biologia, deputado europeu desde 2009 e vereador, sem pelouro da Câmara Municipal de Lisboa, desde 2013.
Entre todos os candidatos nesta corrida presidencial ele é, de longe, o mais reservado. Evita, contorna e foge de assuntos relacionados com a sua vida privada, mantendo a família protegida à exposição mediática a que se encontra sujeito. Todavia, este concorrente não é apenas reservado e, até mesmo dentro do seu partido, de que é membro do Comité Central, ele é considerado por demais alguém muito concentrado, sério, austero e ponderado.
Os apoios que tem recebido de franjas não comunistas são por si só uma surpresa quase que inesperada. Com efeito ainda no passado dia 11 de janeiro uma lista de personalidades de Coimbra, encabeçada por muitos dos históricos militantes do Partido Socialista, se manifestou em apoio à sua candidatura. Mas os casos sucedem-se noutras áreas e noutros Distritos.
São várias as vozes que se ouvem a realçar que este João não tem telhados de vidro, nem qualquer esqueleto no armário. Por exemplo, Sílvia Vasconcelos, médica veterinária e coordenadora regional do Movimento Democrático das Mulheres, escreve exatamente isso num artigo de opinião no Jornal Económico, onde manifesta publicamente o seu apoio ao candidato.
João Ferreira afirma-se 100% democrata e um paladino na defesa da Constituição da República Portuguesa. Esclarece frontalmente, sem problema, que a sua visão comunista do mundo nada tem a ver com as distorções históricas do comunismo, como as que existiram no passado, ou como algumas que ainda se mantém em certos países ditos comunistas. Aliás, afirma ser contra qualquer tipo de ditadura, incluindo a do proletariado.
Ora, uma afirmação assim tão clara, para quem faz parte do Comité Central do PCP, é realmente uma novidade assinalável e com um relevo que ganha uma importância maior por ser apontado como o provável próximo líder máximo do seu partido. Não admira por isso o apoio expresso e público que tem de mais de cem personalidades da vida e da sociedade portuguesa, gente de todas as áreas das artes, à ciência da educação ao desporto, onde se incluem vários dos atuais deputados do Partido Socialista e alguns dos autarcas do PS em lisboa como é o caso da vereadora Paula Cristina Marques.
É por tudo isto que considero João Ferreira um candidato frontal, que diz ao que vem, sério e ponderado, pronto a enfrentar qualquer desafio, com uma visão de esquerda europeia bem diferente daquela que era a forma de estar de outros candidatos comunistas do passado. Para ele um Presidente da Républica só tem de defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa. Se o fizer não existirão extremismos nem de esquerda nem de direita, os direitos humanos serão todos cumpridos, a liberdade jamais será ameaçada e o caminho contra a desigualdade será assegurado, bem como o acesso à saúde, à habitação e ao trabalho.
Por hoje fico-me por aqui, minha querida Berta. Obrigado pelo apoio que me tens dado nestas cartas, que muito me tem agradado. É bom saber que somos lidos e apreciados por quem por nós tem consideração e estima. Despede-se carinhosamente este teu amigo, com um beijo de até à próxima,
Cá estou eu de novo a “falar” contigo. Mesmo que não oiças os sons tenho a certeza que me consegues imaginar a articular as palavras e, se bem concentrada, quase que te parecerá estares a escutar o som do meu diálogo provido do entusiasmo do costume.
Como sabes, realizou-se ontem a Assembleia Geral do Livre, toda a comunicação social esperou ansiosamente por assistir à luta titânica entre os escassos elementos de um partido, que pouco mais tem que uma direção e um grupo de contacto. De um lado do ringue deveria estar o aguerrido e imenso líder do Livre, Rui Tavares, e, do outro, seria de esperar, de lenço da Guiné Bissau a prender-lhe os cabelos, à laia de pirata que roubou o protagonismo ao partido, a única deputada eleita pelo mesmo nas últimas eleições legislativas, Joacine Katar Moreira, pronta a pôr “knockout”, atirando palavras soltas, como se de lâminas ninja se tratassem, ao líder do partido.
No final, a montanha pariu um rato, pequeno, minúsculo, invisível mesmo. Tudo continua igual. Isto é, sem alterações, se nos esquecermos das feridas mortais que toda a história gerou. Há já quem diga que o partido é um quase nato morto que não sobrevive mais de 4 anos na incubadora da democracia com assento para lamentar. E lamentar muito, pois muito de bom se augurava ao líder, um homem arguto que levou a liberdade demasiado à letra.
Enquanto que, para os lados do Livre se vai assistindo a este Carnaval antecipado, nas bandas do PSD a luta interna faz esquecer a política nacional, um galo, um pinto e um frango da Guia disputam o poder. Se eu fosse de dar prognósticos diria que o animal com maior crista sairá vencedor.
Por falar em cristas, no seguimento da bancada, o CDS continua a descer a escada nas sondagens rumo à porta de saída do Parlamento, o PC e os Verdes ainda lambem as feridas da machadada eleitoral e esforçam-se por recuperar o controlo dos sindicatos que, por estes dias, parecem querer nascer independentes e livres do jugo vermelho, que nem cogumelos.
Ainda importa referir que o Bloco de Esquerda, distraidamente, serve de ama seca a Greta Tunberg e se preocupa com a política internacional ligada à COP 25 e à Emergência Climática, descorando a problemática nacional. Já o Iniciativa Liberal reorganiza a sua estrutura, face ao abandono do seu líder, depois das eleições. Por fim, o PAN ainda não deixou de se ver ao espelho depois de ter quadruplicado de tamanho, qual porco antes da matança.
O partido socialista, orgulhosamente sozinho no Governo, anda atarefadíssimo a tentar fazer passar o Orçamento de Estado para o ano de 2020, como quem não quer a coisa, enquanto a oposição anda ocupada.
Aproveitando tamanhas distrações as ervas daninhas prosperam e propagam-se. A levar em linha de conta o que dizem as sondagens o Chega cresce, diz que não basta e afinal quer mais. A acreditar nos especialistas, ultrapassou já as intenções de voto no CDS e continua de bola em campo, movendo um ataque consertado às balizas do poder.
Dando outra imagem: o Chega é como que um touro enraivecido, de cornos em riste, apontados à arena da democracia serena e pacífica de Portugal, a quem convém travar a investida, antes que este derrube e massacre os forcados distraídos, armados em deputados, em altura de pega brava.
Espero que esta carta te receba alegre e feliz. Despede-se este teu amigo de sempre, com um beijo,