Carta à Berta: Eleições na Venezuela
Olá Berta,
Já deves saber que este domingo a Venezuela foi a votos. Se o regime não mudou de figura, o que me parece muito improvável, Nicolás Maduro, o atual presidente do país, deverá vencer com mais de sessenta por cento dos votos, quase de certeza absoluta.
Não há como derrubar um ditador ou um regime autoritário, instalado no poder, através do voto nas urnas. É simplesmente utópico pensar o contrário. A oposição apelou ao boicote das eleições. O líder opositor e presidente da Assembleia Nacional (o parlamento) da Venezuela, Juan Guaidó, tem que tomar cuidado, depois desta votação não seria de admirar se o poder revigorado decidisse agir, de modo mais definitivo, sobre ele. Coisa que, a acontecer, não será, por certo, algo de muito agradável.
Não sei corretamente como se chama a uma revolta quando nos referimos à tentativa de derrubar um Estado governado por uma esquerda radical. Será que a palavra revolução se aplica? Ou teremos de optar por dizer, por outro lado, que o governo foi alvo de uma reação? O que tenho a certeza é que Nicolás Maduro não sairá do poder sem um verdadeiro golpe de Estado que o deponha.
A meu ver esperemos que seja para breve, para bem do povo venezuelano. Hoje, minha amiga, despeço-me com este apontamento, recebe um beijo sorridente do amigo,
Gil Saraiva