Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Alegadamente

Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente correto.

Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente correto.

Carta à Berta nº. 670: As Coisas de que Eu me Lembro - II...

Berta 670.jpg Olá Berta,

Esta é, minha querida, a segunda carta sobre as coisas de que eu me lembro. Desta vez a história passa-se em 2012. Lembras-te do tempo em que o Governo teve a ideia peregrina de fechar a Maternidade Alfredo da Costa? Pois é, governava Pedro Passos Coelho e o Presidente era Cavaco Silva. Julgo, embora sem certezas neste campo, que a ideia era gerar riqueza, não pelo que na altura se soube na imprensa, mas pelo negócio que se fazia nos bastidores, à porta fechada, longe das luzes da ribalta.

Foi no tempo em que se organizavam manifestações contra o anúncio do Estado de que a MAC (Maternidade Alfredo da Costa) ia fechar que eu tive, através de uma das minhas fontes, que existia um enorme negócio escondido e secreto relacionado com o fecho da MAC. Essa negociação, cara confidente, iria levar cerca de um ano a ser concretizada de acordo com o plano que, à época, me foi revelado.

A ideia peregrina, amiguinha, era composta por diferentes fases. Em primeiro lugar anunciava-se que a MAC estava obsoleta, ultrapassada e que era demasiado caro e complicado requalifica-la. Para isso apareceriam, conforme aconteceu, uns ditos especialistas a opinar sobre o assunto, na comunicação social. Diriam que a MAC tinha sido muito importante, mas que a sua continuidade era impossível devido às dimensões da maternidade e aos custos em causa.

A segunda fase era lançar uma campanha favorável ao fecho das instalações por já não conseguir servir condignamente a população de Lisboa. Falava-se numa poupança anual de 10 milhões de euros. Com efeito, minha amiga, quase o conseguiram. O Governo não contava era com a imensa contestação que a medida apresentada levantou. De todo o lado apareceu gente contra a medida. Afinal, diziam, a MAC era um símbolo de importância relevante para os lisboetas e, em última análise, para o país.

Uma imensidão de personalidades públicas, nascidas na MAC, juntou-se aos contestatários do fecho da maternidade, e a contestação marcou fervorosamente a atualidade não apenas nas televisões e na imprensa escrita, mas em manifestações e protestos furibundos contra o encerramento da velha instituição. As pessoas, Bertinha, não apenas a população em geral, mas um cada vez maior número de personalidades, defendiam a manutenção da MAC custasse e que custasse.

A abertura de mais uma frente, descontente com o Governo, em tempos de Troica, acabaria por ditar o fim da medida, até porque muitos especialistas começavam a pôr em causa a avaliação apresentada pelo Estado sobre a real situação da MAC. Por fim, querida amiga, foi anunciado que a instituição ia continuar aberta e que um novo estudo seria feito para estudar uma futura reabilitação. Se houve uma vitória de que Lisboa se pode orgulhar, em tempos de Troika, foi esta. Nenhuma outra se lhe compara.

Todavia, Berta, eu fiquei a saber, de fonte que julgo ser segura, pois estava envolvida no processo, qual era a fase três, pensada pelo Governo. A ideia era vender a MAC, um ano depois do seu encerramento, a Angola, como forma de rentabilizar e angariar algum capital com uma infraestrutura encerrada e a perder valor. O Estado angolano tinha manifestado interesse na aquisição da Maternidade Alfredo da Costa, para ter na Europa uma maternidade topo de gama para uma parte da sua elite.

Atualmente, minha querida, eu só posso afirmar que tudo isto é alegadamente verdade. Mas já não o posso provar porque a minha fonte faleceu recentemente. Mas fica, de qualquer modo o registo de como politicamente se fazem as coisas. Deixo um beijo de despedida, deste teu amigo de todos os dias, porque vida é assim,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta nº. 669: As Coisas de que Eu me Lembro...

Berta 669.jpg Olá Berta,

As coisas de que eu me lembro, minha querida, podiam ajudar a resolver sérios no país em vivemos. No entanto, também sei que nem sempre há interesse em resolver os problemas que Portugal, no seu todo, atravessa. São vários os setores da nossa vida social, política e económica em que, as minhas memórias registam soluções apresentadas a quem de direito e que, embora excelentes, nunca tiveram seguimento por falta de interesse do Estado.

Como na última crónica te falei, cara confidente, de incêndios, vou descrever-te aqui uma dessas coisas que, de forma prática, resolvia 90% do flagelo dos incêndios no nosso território nacional, ilhas incluídas. Não se trata de uma história da carochinha, nem mesmo é fruto da minha imaginação. Nada disso, é uma solução que foi apresentada ao Governo, no passado, por um dos mais prestigiados institutos públicos de Portugal.

Porém, amiguinha, devido ao facto de ter escutado esta solução inadvertidamente, não te posso revelar a que instituto me refiro, nem quem foi a pessoa que apresentou o projeto. Contudo, por sorte ou azar do destino ou da vida, esta matéria chegou aos meus ouvidos por duas vezes. A primeira há quase 30 anos, depois dos terríveis incêndios de 1995, em que a ária ardida foi de quase 190 mil hectares. A segunda em 2013 quando arderam quase 150 mil hectares.

Todavia, foi nesta segunda vez que fiquei a saber que tinham acontecido outras duas tentativas anteriores, em 2003 e 2005, junto do Governo, depois de terem ardido, no somatório desses dois anos, mais de 765 mil hectares. Isto significa, minha querida, que, no mínimo, o instituto contactou o Estado em quatro ocasiões diferentes, mas podem ter sido mais, pois só posso referir o que escutei.

A aplicação das novas tecnologias, Bertinha, também alterou o custo da solução. Se nos anos 90 o valor do sistema rondava os 250 milhões de euros e tinha uma manutenção anual perto dos 30 milhões, em 2013 a mesma operação baixava para 27 milhões com uma manutenção, por ano, nunca superior a 3 milhões de euros. Julgo que atualmente a implantação do projeto fique abaixo dos 20 milhões e a sua manutenção não chegue sequer aos 2 milhões.

Quanto à ideia peregrina da pessoa em causa, defendida pelo dito instituto, o que era preciso fazer para prevenir os fogos era a colocação em todo o território de sensores térmicos, com localização por GPS, em grelha, com uma capacidade para detetar qualquer fogo, do tamanho de uma lareira urbana em qualquer ponto do país e ilhas, no primeiro minuto desde o início da sua ignição. É claro, que me inibo de descrever aqui detalhes técnicos, muitos dos quais desconheço, mas, Berta, posso referir que cada sensor tem a capacidade de vigiar autonomamente vários quilómetros quadrados, só sendo substituídos os poucos que avariassem.

Porque é que vários e sucessivos governos nacionais nunca adotaram este tipo de procedimento, em que a vigilância seria feita numa mera sala de operações da proteção civil, por uma equipa de 3 indivíduos, minha querida, continua a ser um mistério para mim, principalmente, nos dias que correm em que o tempo de vida dos aparelhos, de tamanho reduzido, a caberem na palma da mão, têm uma autonomia de, pelo menos, 20 anos.

E mais não digo, que já muito foi dito, sobre as coisas de que eu me lembro. Despeço-me com um beijo, este teu grande amigo,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta nº. 668: Os Incêndios de Setembro de 2024

Berta 668.jpg Olá Berta,

Ardeu, em 2024, uma área de 121 mil hectares, segundo o sistema europeu “Copernicus”. Não foi o pior ano de sempre, mas não deixou de ser gravíssimo. Porém, minha amiga, mais grave do que isso foi a atitude do Governo, perante uma situação desta envergadura. Primeiro tivemos uma ministra da Administração Interna que andou “escondida” a ver se, assobiando para o lado, passava despercebida por entre as chamas que assolaram o norte e centro deste país à beira-mar plantado.

Depois, minha querida, fomos confrontados com um Primeiro Ministro que veio a público apresentar uma teoria da conspiração em que os culpados da tragédia seriam uma série de meliantes (uns grandes malandros) ao serviço de forças ocultas que, pela descrição, mais pareciam pertencer às tropas de “Darth Vader”, o líder mais visível do lado negro da Força da saga Guerra das Estrelas.

Ora, cara confidente, o país não vive num mundo de ficção científica, nem Portugal tem um pacto com forças do mal em abstrato, ou mesmo em concreto. Isso não só é uma falácia como visou apenas atirar poeira para as imagens bem claras dos fogos de setembro de 2024, o que acabou não tendo efeito. Todavia, se o Governo tivesse, dando a mão à palmatória, falado da sua falta de experiência em fogos, tudo seria diferente e muito mais aceitável.

Todos sabemos, amiguinha, que este é o primeiro ano da governação de um partido há quase uma década afastado do poder. A humildade aceitar a culpa de alguma descoordenação gerada nas cadeias de comando, desde o Ministério da Administração Interna às cúpulas da Proteção Civil, passando pelas falhas de planeamento na coordenação e distribuição dos meios e pessoal das corporações de bombeiros e de todos os outros meios envolvidos, teria sido bem mais correto por parte do poder e mais facilmente aceitável e entendido por um povo que nada tem de burro, nem nunca teve.

Porém, caríssima, como enquanto oposição, no passado, o atual partido do Governo, nunca foi solidário com quem antes governava, assumir alguma culpa que fosse esteve totalmente fora de questão. A criação de uma cabala, tão em moda nos nossos dias, fruto dos ventos de populismo que sopram no país foi a escolha considerada mais adequada no entender do Governo.

Podia estar aqui a falar-te de inúmeros aspetos relacionados com os fogos deste mês, mas seriam muito parecidos aos de outros anos. A novidade aqui, foi mesmo a atuação do Estado que, mais uma vez, não se portou como pessoa de bem, desde que tomou posse. É cego, surdo e mudo, sempre que lhe interessa, e dá conferências de imprensa sem direito a questões por parte dos jornalistas, como se o próprio nome não implicasse a existência das ditas. Um horror, Bertinha.

Pois bem, vir culpar os incendiários pela situação gerada pelos fogos deste ano, teria sentido, pois sabemos que, em média, entre 15% e 33% dos fogos têm esta origem, todos os anos, em Portugal. Agora, eleger os meliantes como principal e quase única origem da tragédia não só é falso, Berta, como hipócrita, absurdo e muito pouco sério por parte de quem esperamos explicações, medidas e ações.

Muito fica por dizer, minha doce amiga, mas, pelo menos, já desabafei. Devo ser dos poucos que prefere eleições, a acreditar nas palavras do Presidente da República. Obrigado por escutares (ou leres) este teu velho amigo do peito. Deixo um beijo de despedida,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta nº. 667: Estação de Metro no Jardim da Parada - Uma Réstia de Esperança...

Berta 667.jpg (Perspetiva do Metropolitano para as entradas e saídas no metro na Rua Francisco Metrass)

Olá Berta,

Como bem sabes, minha querida, este teu amigo, sempre foi um defensor aguerrido de o movimento “Salvar o Jardim da Parada”. Tudo indica que a batalha está perdida, mesmo tendo o movimento angariado o triplo das assinaturas do que as necessárias para eleger um Presidente de Junta em Campo de Ourique.

O Metropolitano e os interesses instalados não ouviram nada, nem ninguém, e pelas baias recentemente colocadas na Rua Francisco Metrass, onde, segundo o projeto, vão nascer 2 das entradas e saídas do metro, tudo indica, amiguinha, que vão com a teimosia deles para diante.

Ao que parece, cara confidente, vamos mesmo ter uma estação de metro debaixo no Jardim da Parada. Depois de feita, num prazo máximo de 15 anos, todas as árvores centenárias do jardim terão morrido. O movimento “Salvar o Jardim da Parada”, tudo indica, perdeu a guerra.

No entanto, caríssima, não foi por falta de luta ou de empenho, foi apenas por ser uma força do povo. Embora tivessem angariado pareceres e mais relatórios a seu favor, de associações de arquitetos, de ex-vereadores, de organizações ambientais, de um rol sem fim da sociedade civil, de nada lhes serviu a solidariedade e o apoio. O poder corrompe e fala mais alto em Portugal.

A entrega única dos membros do movimento a esta causa, amiga querida, ficará para sempre no meu coração e de todos aqueles que, como eu, os apoiaram e presenciaram o seu sacrifício e dedicação à causa. É injusto que não vençam, sabendo nós que existem alternativas viáveis para a construção da estação aqui no bairro.

Atualmente as expetativas de uma inversão do rumo das coisas parecem impossíveis. Já me passou de tudo pela cabeça, desde o recurso à violência até à sabotagem. Contudo, eu não nasci com espírito de terrorista, o que dificulta as coisas e muito, Bertinha, por muita revolta que eu sinta.

Talvez… talvez, Berta, se o movimento conseguir mobilizar para a nossa causa os irmãos José e Ricardo Sá Fernandes… uma providência cautelar colocada por eles, com todos os elementos de prova e pareceres angariados pelo movimento, podia resultar positiva onde, a que o movimento colocou, falhou. O peso dos nomes e a sua voz poderia equilibrar, quem sabe, os pratos da balança. Até porque os fundos comunitários têm prazo para ser utilizados. Fica a ideia…

Por hoje é tudo, doce amiga, despeço-me de coração partido. Recebe um beijo deste teu eterno amigo,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta nº. 666: Morreu Alain Delon

Berta 666 (1).jpg Olá Berta,

Hoje, envio-te a minha mais profunda homenagem a um “Sex symbol” dos anos 60 e 70 do cinema francês. É verdade, morreu Alain Delon, um ícone ímpar do cinema. Aos 88 anos apagou-se pacificamente um dos heróis da minha infância. Como nunca tive vergonha de chorar quando o momento assim o pede, as várias lágrimas que me fugiram do olhar vieram-me da alma, naturalmente, enquanto, minha querida, lia a notícia online.

Não sou muito de acreditar em coincidências, Bertinha, mas é um facto que Alain Delon, faleceu depois de ter participado como ator em 88 filmes aos 88 anos. Para os que têm menos de 40 anos de idade, provavelmente, a notícia trágica vai-lhes passar ao lado. “Quem era esse homem? Foi ator? Interessante…” dirão, por desconhecerem completamente este ícone fundamental da história do cinema.

A culpa não é das gerações mais novas, nada disso, amiguinha, foi noutro tempo, e os Cornos de Cronos são mesmo assim, o deus do tempo não perdoa e tenta apagar da memória coletiva os grandes protagonistas da civilização. Mas os que partem, e que foram maiores do que eles próprios em tempos passados, podem ser esquecidos pelo coletivo popular, mas ganham um trono de ouro no Olimpo dos Imortais. O seu registo é preciosamente guardado nos arquivos de quem preserva a virtude humana.

Para os que nasceram entre os anos 50 e 90, Alain Delon, não morreu, apenas mudou de dimensão. Está agora no mural dos eternos. E com esta homenagem me despeço, querida Berta, recebe um beijo deste teu amigo de sempre,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta nº. 665: Os Jogos Olímpicos de Paris 2024

JO2024.JPG Olá Berta,

Finalmente começaram os Jogos Olímpicos de Paris 2024. Ainda hoje estamos no primeiro dia de provas e já podemos aplaudir o legado dos Jogos. Mais do que todas as provas que biliões de pessoas acompanham no mundo inteiro o maior legado será ver Paris com o rio Sena despoluído ao fim de 101 anos de estarem proibidos os banhos ou a natação nas suas águas. Um feito que, se for alcançado, trará à capital francesa uma muito melhor qualidade ambiental, minha cara confidente.

Mesmo que as provas de natação dos Jogos não recebam luz verde para se realizarem no Sena (o que é algo que só se saberá no próprio dia ou nos dias anteriores) a verdade. Minha querida, é que o Sena está em condições em 2025, pois o governo francês não quer deitar fora os 1,5 bilhões de euros gastos até ao momento.

No que diz respeito aos Jogos Olímpicos propriamente ditos até 11 de agosto todas as provas serão disputadas. Este ano, amiguinha, Portugal leva 75 atletas e tem esperança de conseguir 4 medalhas olímpicas. Pelo menos é essa a convicção do nosso comité olímpico. As minhas expetativas são, contudo, mais baixas. Se conseguirmos só que seja uma medalha de bronze já festejarei efusivamente. Na realidade, tirando o futebol, o Estado quase que não aposta no desporto nacional e, sendo assim, não há como esperar por milagres.

Se, por força de um destino superior, Berta, chegarmos a uma medalha de ouro, garanto que celebrarei como se tivéssemos ganho um mundial de futebol. As dificuldades que os nossos atletas enfrentam atualmente são mesmo quase impossíveis de ultrapassar. Para os nossos governos deste século XXI apostar em cultura e desporto é apenas investimento de fachada, nada de estrutural é feito ou pensado a médio e longo prazo. É pena, mas é o país que temos. Vivam os Jogos Olímpicos, viva o desporto, viva a cultura. Despeço-me com um beijo,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta nº. 664: O Crime dos Tampões Higiénicos

Berta 664.jpg Olá Berta,

Peço desculpa, antes de mais nada, pela minha ignorância. Refiro-me, cara confidente, ao meu total desconhecimento sobre um produto de higiene íntima feminina designado por tampão ou tampões se usarmos o plural. Com efeito, até ler um recente estudo científico e muito sério sobre a matéria eu não fazia a menor ideia. O estudo revela a alarmante descoberta de que os tampões, todos os tampões, independentemente da marca, têm metais pesados e tóxicos.

Tendo em conta que os tampões apareceram no mercado por volta de 1930 era de pensar que o assunto já tivesse sido profundamente estudado. Todavia, minha querida, este é o primeiro estudo a medir as concentrações destes metais em tampões e os resultados são dantescos. No teste foram verificados 30 tipos tampões das principais 14 marcas mais em voga no mundo e todos, sem exceção, deram resultado positivo para a maioria os metais tóxicos testados.

O estudo é precursor e foi publicado na revista Environment International no início de julho. Inacreditavelmente, amiguinha, os exames revelaram a presença de metais tóxicos, incluindo arsénico e chumbo, o que é uma coisa absurda, dados os milhões de mulheres a nível mundial que podem ter vivido uma vida inteira em risco de sofrer efeitos adversos graves para a saúde devido a estes contaminantes.

Os investigadores garantem que este é o primeiro estudo a medir as concentrações de metais nos tampões e, segundo a autora principal, Jenni A. Shearston, este facto é, por si só, gravíssimo. O estudo assinala, minha cara, que, atualmente, entre 52% e 86% das mulheres que menstruam nos países modernos e civilizados utilizam tampões e, muitas vezes, por períodos prolongados. Ora, os metais estão na composição dos tampões. Foram testados 16 metais, incluindo arsénio, bário, cálcio, cádmio, cobalto, crómio, cobre, ferro, manganês, mercúrio, níquel, chumbo, selénio, estrôncio, vanádio e zinco.

Acontece, Bertinha, que o estudo encontrou níveis detetáveis de todos os metais testados, incluindo os mais tóxicos como o arsénio e o chumbo, nos tampões. As concentrações variam consoante a região do globo, marca e tipo de material (orgânico ou não orgânico). Se o chumbo foi mais encontrado nos tampões não orgânicos, o arsénio é, sem dúvida, o mais presente nos orgânicos. Ora o arsénio, o cádmio, o crómio, o chumbo e o vanádio, estavam presentes em todas as amostras testadas de todos os tipos de tampões.

 “Preocupantemente, encontrámos concentrações de todos os metais que testámos, incluindo metais tóxicos como o arsénico e o chumbo”, disse Shearston. Contudo, minha amiga, o que temos é de saber se estes metais fazem realmente mal à saúde das mulheres?

Ora o que se sabe, minha querida, é que este tipo de metais, e nas concentrações encontradas nos tampões, aumentam significativamente o risco de: demência, cancro, infertilidade e diabetes. Podem inclusivamente danificar vários órgãos e sistemas do organismo feminino. O grande problema está na enorme capacidade de absorção da pele vaginal relativamente a estes metais, sendo que isso resulta num sério risco de invasão destes pelo corpo feminino. O uso de tampões é assim, por si só, uma imensa fonte de exposição a metais perigosos que mais tarde podem vir a causar cancros, infertilidades e mais uma infinidade de doenças e patologias graves.

Os autores do estudo concluem, Berta, que são necessários novos e urgentes estudos sobre o assunto. É imperativo avaliar o risco efetivo do uso de tampões e da sua relação direta com os danos que podem vir a causar ou que já causaram. Entretanto, algumas marcas de tampões já vieram a publico tentar descredibilizar os cientistas, pois na realidade o que lhes interessa não é a saúde do sexo feminino a quem servem, mas o conforto das suas contas bancárias. Fico-me por aqui, beijo deste teu amigo,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta nº. 663: Os Novos 4 Cavaleiros do Apocalipse - Epílogo - VI/VI

Berta 663.jpg Olá Berta,

Está quase a fazer 4 anos que te escrevi sobre os 4 novos Cavaleiros do Apocalipse. Ainda há pouco tempo te reenviei essas cartas para que as recordasses, cara confidente. Porquê? Porque nelas te tinha prometido um epílogo que demorou a chegar. Aparece hoje, finalmente, porque me parece a altura certa. Entre setembro de 2020 e maio de 2024 muita água correu debaixo da ponte e foi longa a caminhada dos 4 Cavaleiros do Apocalipse.

Há quase 4 anos, amiguinha, já a pandemia, a famigerada Covid-19, infetava que nem peste num mundo doente, ceifando vidas a torto e a direito. Contudo, se os dados oficiais apontam hoje para mais de 7 milhões de pessoas que tombaram perante a avalanche, dizem os especialistas que, os dados reais e não declarados, devem ter levado mais de 30 milhões de almas, não parece muito se comparado à população mundial, todavia, daria para encher de gente, por 3 vezes, um país como Portugal.

Há ainda, minha querida, que falar dos infetados que, a acreditar nos especialistas, não foram apenas os 700 milhões referidos nos dados da Organização Mundial de Saúde, mas sim, quase 3.000 milhões, ou seja, mais de um terço da população do globo. Sem a descoberta das vacinas, diz-se num dos últimos estudos publicados, teríamos perdido mais de um quarto da população mundial.

Mesmo que se possa pensar que os números são exagerados, na realidade, pouco importa, porque foram sempre gigantescos. As movimentações do sinistro Cavaleiro da Peste, Bertinha, foram gigantescas e ele nos últimos tempos, muito ativo em todo o planeta.

O imenso Cavaleiro da Fome, então, parece ter tomado proporções ciclópicas e devastadoras. Entre as suas tropas e vassalos, existem atualmente uma parafernália de fenómenos, entre eles, genericamente, em primeiro plano, as alterações climáticas. Na verdade, cara amiga, a subida da temperatura das águas nos oceanos, cujo grau de acidez aumenta a um ritmo assustador, junta-se à desertificação avassaladora de milhões de quilómetros quadrados por todo o globo, ao desaparecimento de lagos e lagoas, ao degelo dos glaciares e à consequente elevação do nível das águas nos oceanos.

Estes novos paladinos da Fome, minha querida, são agora apoiados por hordas de humanos negacionistas, que negam os factos científicos, associados aos fanáticos hooligans das teorias da conspiração e aos destrutivos radicais de direita apostados na instalação do caos.

Ciumento e conflituoso, o imprevisível Cavaleiro da Guerra, caríssima, aproveita-se de toda a situação para germinar um caminho seguro para o Apocalipse. Com efeito, a sua entrada em força no final do primeiro quartel do século XXI, não beneficia, de modo algum, a paz e a harmonia.

Com o seu apoio o Cavaleiro da Fome propaga-se de África para todo o mundo. A seu lado, amiga, está a seca extrema, em certas áreas do planeta, ladeada pelas chuvas devastadoras, por inundações e por cheias sem precedentes nos últimos séculos. Os povos tentam migrar fugindo à desgraça, que nunca vem só, criando mais conflitos, aumentando devastadoramente os fenómenos da xenofobia, do racismo, da homofobia, entre outros, proporcionando o aumento de ódios e o crescimento exacerbado do populismo fácil, destinado a aumentar o caos.

O Cavaleiro da Guerra rebenta com a pacífica Europa, com Médio Oriente, e, mais disfarçadamente, minha cara, com quase todo o mundo. A China sedenta por Taiwan, a Rússia pelo regresso do Imperio Soviético, Israel disposto a extinguir o povo palestiniano, como se um ataque que ceifou um milhar de israelitas pudesse justificar o genocídio. Já não bastavam o crescendo número de focos terroristas por toda a parte, agora, a guerra contra a Ucrânia chama-se Operação Especial e ser procurado pelo Tribunal Penal Internacional aparenta ser um estatuto de prestígio dos novos “democráticos” líderes mundiais.

O Cavaleiro da Morte, autoproclama-se de Imperador do Mundo e nesta calma aparente em que a comunicação social tudo relativiza, Berta, os cães ladram e a caravana passa. O que tiver de ser… será… e assim me despeço, com um beijo,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta nº. 662: Os Ratos São Sempre os Primeiros......

Berta 662.jpg Olá Berta,

Já ouviste certamente, paciente confidente, falar que “os ratos são sempre os primeiros a abandonar o navio”. O caso em questão, quanto a mim, aplica-se, hoje mesmo, a Campo de Ourique. Estou a falar da anunciada demissão de Pedro Costa de presidente da Junta de Freguesia de Campo de Ourique, esta terça-feira, sem que nada o fizesse prever.

Alegando questões pessoais e políticas, cara amiga, Pedro Costa demite-se, segundo afirma, por estar esgotado o diálogo entre si e a Câmara Municipal de Lisboa, dirigida por Carlos Moedas, a quem acusa de fazer ouvidos moucos das suas reivindicações, perante a edilidade, quase desde sempre. Ora, sabendo eu com que linhas se coze Carlos Moedas, nem me devia admirar de este ser um motivo realmente relevante para o inesperado anúncio. A certa altura é natural ficarmos de saco cheio.

Se nada mais houvesse no panorama autárquico, Bertinha, eu até me deixaria facilmente convencer de que isso seria a verdade e a única razão para a saída súbita de Pedro Costa. Afinal, sendo eu socialista, de cotas pagas, como o nosso presidente de junta, porque haveria eu de duvidar de um camarada. O homem até teve um comportamento exemplar a apoiar os fregueses durante a pandemia e no processo de vacinação, de tal forma que foi destaque noticioso pelo excelente serviço prestado à população do bairro.

O problema, minha doce amiga, é que há outras coisas que estão para acontecer ainda este ano. A autarquia aprovou a construção do silo para automóveis na Travessa do Bahuto, encostando o silo ás portas e aos narizes de quem, por ali morar, queira sair de casa. Ao que se diz nem espaço ficará para entrar ou sair uma cadeira de rodas ou uma maca dos bombeiros. No entanto, quero acreditar que esta descrição será por certo exagerada, pois a não ser seria quase criminosa, para não dizer outras coisas.

Ora, amiguinha, a acontecer tamanha obra e a ser próxima da descrição feita, vai gerar muita revolta e contestação no bairro. Ainda para mais porque as gentes de Campo de Ourique são solidárias entre si. É sabido que na zona afetada os habitantes são, na sua grande maioria, idosos e pessoas de poucas posses, sem o poder reivindicativo que se poderia esperar num caso assim. Mas a vizinhança fará, certamente, barulho por eles.

Depois, como se isso não bastasse, estão para começar as obras para a estação do metropolitano no Jardim da Parada. Ora, minha querida, o barulho e a contestação que esta loucura vai gerar, terá, certamente, muito pouco paralelo com qualquer outro facto que tenha acontecido no bairro. Disso não tenho a menor dúvida. Quanto a mim, e que me desculpe o próprio se eu estiver enganado. Pedro Costa faz de rato e abandona o cargo antes destas duas situações rebentarem de facto.

Posso estar enganado, mas parece-me tudo muito mais lógico visto por esta perspetiva. Sei que é triste, mas é, sem dúvida, a melhor forma de se sacudir a água do capote, só espero nunca o ver a assumir um cargo no Metropolitano de Lisboa. Sair antes de novas eleições autárquicas, sair antes das obras previstas para quem ganhou a Junta por 15 votos parece-me um muito bom motivo, mas isto sou apenas eu a pensar. Por hoje nada mais tenho a dizer, minha querida, vêm aí tempos menos bons para o bairro, fazer o quê? A vida é assim… deixo um beijo de despedida, este teu eterno amigo,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta nº. 661: Misturar Alhos com Bugalhos...

Berta 661.jpg Olá Berta,

Misturar alhos com bugalhos, diz o povo, nunca foi uma boa-ideia. Mas a História de Portugal ainda nos conta outros detalhes interessantes. Por exemplo, há séculos que o povo espera o regresso de D. Sebastião. Mas para que estou eu, para aqui, com estas afirmações, minha querida? É simples, o comentador da SIC, Sebastião Bugalho é o cabeça de lista da AD às próximas eleições europeias.

Trata-se, alegadamente, de um jovem viçoso, de 28 anos, que frequentou Ciência Política no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, donde saiu licenciado e aparentemente com um mestrado em ciência política, embora isso não conste no seu currículo, nem mesmo na Wikipédia e que, posteriormente, se mudou pra o ISCTE, onde ainda se mantém como aluno a efetuar um doutoramento, porém, no seu currículo, minha cara, ele apenas se apresenta como jornalista e comentador.

É aqui, neste ponto, que as coisas se complicam. Nos dias de hoje, para alguém ser jornalista, Berta, tem de ter efetuado o curso de jornalismo, depois terá de efetuar um estágio de um ano e só no fim disso tudo, terá direito a ter a Carteira Profissional de Jornalista. Ora, Sebastião Bugalho, não tem licenciatura em jornalismo, pelo que a designação de jornalista e totalmente abusiva no seu currículo. Mas porque a usa Sebastião Bugalho? A resposta é simples. Uma coisa é ser um mero comentador da SIC, licenciado em ciência política e talvez mestrado na mesma área, imposto, alegadamente, ao Canal pela Administração, outra, bem diferente, é ser-se, logo à partida, jornalista, misturar alhos com bugalhos dá sempre mau resultado.

Diz a Wikipédia, cara amiga, que: “Bugalho assume-se como sendo de direita, católico e conservador.” Católico, já lemos que é, afinal, até andou na Católica, porém, ainda não consegui descobrir se vai à missa e a que igreja vai. Pode ser até um católico não praticante. Quanto a ser de direita, bem… disso não tenho dúvidas, foi o número 6 nas listas de Assunção Cristas nas Eleições para a Assembleia da República, em 2019, apenas com 23 anos.

Não foi eleito, mas estava, já naquela altura, amiguinha, a ser projetado para a política. Finalmente, a questão de ser um conservador, aqui, acho que depende do assunto. Se for na área de se manter estudante, é verdade, aos 28 anos ainda se mantém estudante, conservando o título. Se for relativamente à forma como tem sido projetado para o estrelato, alegadamente, cunha atrás de cunha, também aqui o conservadorismo se mantém, pois tudo indica que os alegados padrinhos não desistiram dele e ainda se mantêm crentes na sua aposta.

 

Sérgio Godinho tem uma canção onde diz a dada altura:

 “…Mas o Casimiro que era tudo menos burro

E tinha um nariz que parecia um elefante

Sentiu logo que aquilo cheirava a esturro

Ser honesto não é só ser bem-falante…

Cuidado Casimiro, Cuidado Casimiro

Cuidado com as imitações

Cuidado minha gente

Cuidado justamente com as imitações”.

 

Pois é, minha doce amiga, Sebastião Bugalho é, apenas e só, uma imitação de jornalista. Projetado, alegadamente, como jornalista para parecer respeitável e ao serviço de gente (nem imagino quem) que o projetou mediaticamente para que o jovem bem-falante pudesse cumprir os desígnios de interesses até aqui ocultos

Enfim, Berta, o site da AD - Aliança Democrática devia imediatamente retirar a designação de Jornalista com que apresenta Sebastião Bugalho, como cabeça de lista às eleições europeias. É uma mentira e um embuste. É grave, muito grave. É falta de respeito pelos eleitores e não dignifica as profissões dos restantes candidatos da lista. Serão todas falsas? Por hoje é tudo, deixo um beijo de esperança ténue neste país, o teu amigo de sempre,

Gil Saraiva

 

 

 

Mais sobre mim

foto do autor

Sigam-me

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Em destaque no SAPO Blogs
pub