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Alegadamente

Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente correto.

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Carta à Berta nº. 134: Série: Quadras Populares Sujeitas a Tema - 20) Jogar pelo Seguro

Berta 113.jpg

Olá Berta,

Este domingo fica marcado pelo abandono do jogo por parte de Marega, jogador avançado do Futebol Clube do Porto, de raça negra que, segundo alega, foi insultado pelos adeptos do Vitória de Guimarães, no estádio deste clube, com observações racistas nas quais se incluem a utilização de palavras como “preto”, “macaco”, “chimpanzé”, para além dos sons da selva, produzidos em coro, a tentar imitar os símios no seu ambiente natural.

A coisa durou desde a fase de aquecimento para o jogo até ao momento em que Marega abandonou o relvado, não sem antes elevar os dedos do meio de ambas as mãos para a zona da bancada de onde provinham os insultos. Como resultado, voaram cadeiras para dentro de campo, tendo o atleta usado uma delas para se proteger, colocando-a na cabeça, o que lhe valeu um cartão amarelo.

Mais tarde, no Instagram, o jogador publicou a seguinte mensagem: “Gostaria apenas de dizer a esses idiotas que vêm ao estádio fazer gritos racistas: vá-se foder”. Bem esclarecedora do significado dos dedos ao alto anteriormente erguidos ainda em campo. No mesmo comentário ainda agradeceu com ironia a forma como o árbitro do encontro foi solidário com os insultos que lhe foram proferidos “…E também agradeço aos árbitros por não me defenderem e por terem me dado um cartão amarelo porque defendo minha cor da pele. Espero nunca mais encontrá-lo em um campo de futebol! VOCÊ É UMA VERGONHA!!!!”

O apoio a Marega veio rapidamente da Presidência da República, do Governo, através do Primeiro Ministro e da maioria dos partidos com assento parlamentar. Também o universo do futebol nacional se mostrou solidário com o jogador, incluindo o próprio Vitória de Guimarães. Os apoios ao futebolista espalharam-se rapidamente na sociedade civil e ficaram bem espelhados nas redes sociais. Todo o mundo tentando deixar claro que o racismo é algo residual na sociedade portuguesa.

Eu considero que Marega tem toda a razão para se sentir ofendido, não apenas pela claque que o insultou, mas também pela arbitragem, que falhou redondamente no que concerne à atuação e aplicação do que são as normas defendidas e definidas pela FIFA para este tipo de comportamentos.

Só não concordo com a resposta de Marega. As duas mãos ao alto, de dedos em riste e o que escreveu no Instagram, não são, nem podem nunca ser, a resposta adequada à exigência de respeito, por parte do atleta. Há que deixar a justiça desportiva ou mesmo a nacional fazerem o seu trabalho e não responder ao mesmo nível, sob pena de se perder a razão. E se agora a claque colocar uma ação por ter sido mandada para o “pirilau” pelo jogador?

 Ora bem, abandonando o desporto e voltando às nossas quadras populares sujeitas a mote, o teu desafio às minhas capacidades poéticas, achei graça ao facto de teres escolhido “Jogar pelo Seguro” logo hoje que falei de futebol. Aqui vai a minha quadra do dia.

Série: Quadras Populares Sujeitas a Tema - 20) Jogar pelo Seguro.

 

Jogar pelo Seguro

 

Se amor ou paixão houver

Nesse homem que te prendeu,

Vê primeiro o que ele quer,

Vê primeiro se ele é só teu…

 

Gil Saraiva

 

Com isto me despeço, esperando que tenhas tido um excelente fim-de-semana, recebe um beijo deste teu amigo do peito,

Gil Saraiva

 

Carta à Berta nº. 133: Série: Quadras Populares Sujeitas a Tema - 19) Mulher Prevenida

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Olá Berta,

Faz hoje, dia 15 de fevereiro de 2020, 527 anos que uma “Carta Aberta” foi escrita. Na altura, deduzo eu, ainda não se usava a expressão “Carta à Berta” ou, então, tu não terás tido ascendência, com o teu nome, nesse tempo. Mas isso não importa para aqui. O que interessa mesmo é que foi uma das primeiras e mais significativas cartas abertas da época. O que prova que, já nesse tempo, a divulgação e o relato de situações dirigidas a toda a população, por parte de alguém, tinha uma relevância considerável.

A carta foi escrita a bordo da caravela Niña, por um tal de Cristóvão Colombo. No seu conteúdo descrevia com algum detalhe as suas descobertas e muito do que, inesperadamente, encontrou no dito Novo Mundo. A carta aberta foi amplamente distribuída no seu retorno a Portugal e diz-se, no seio das discussões entre os doutos historiadores de Colombo, que terá gerado imensa polémica e alguns arrufos por parte da Coroa Espanhola.

Muitos perguntam-se, outros afirmam e todos discutem o porquê de uma carta aberta, difundida massivamente em Portugal, numa altura em que Colombo estava ao serviço dos nossos irmãos espanhóis. Realmente, a situação é difícil de entender, quanto mais de explicar.

Este tipo de descobertas e de situações, mesmo quando se tornavam conhecidas pelas populações, eram, no seu substrato, reservadas apenas e somente a uma parte da corte do reino que pagava a expedição e mais meia dúzia de eruditos dessa corte. Somente um grupo muito restrito tomava conhecimento do relato da expedição, do que fora descoberto (em termos de pormenor), e que tipo de surpresas tinham sido encontradas nessas novas terras longínquas.

Há quem defenda que o navegador sentiu necessidade de se justificar perante o povo luso e a Coroa Portuguesa, de forma a limpar alguma falta de lisura usada, aquando da sua transferência para a equipa rival. Todavia, diga-se lá, o que se disser, ainda hoje não se sabe ao certo o intuito de Colombo ao escrever aquela carta aberta.

O que é certo é que ela foi extremamente útil para as movimentações, acordos e explorações efetuadas, dali em diante, por portugueses e espanhóis. Talvez fosse esse o propósito de Cristóvão Colombo: entendam-se.

Como podes ver, minha querida amiga, a Carta à Berta, tem antecedentes históricos muito relevantes. Mas hoje, o que te importa mais é certamente a quadra popular, sujeita a mote, relativa ao teu desafio direto à minha pessoa. Ainda gostava de saber como escolhes tu as temáticas para as quadras. Sim, porque em vez de melhorarem, cada vez me vejo mais aflito para levar a bom porto esta tarefa. Que tal uns temas suaves como o amor, a paixão, as flores, a primavera, enfim, coisas fáceis de arranjar numa quadra? Não, tu és mazinha.

Série: Quadras Populares Sujeitas a Tema - 19) Mulher Prevenida.

 

Mulher Prevenida

 

Resiste, mulher resiste,

À chama de um coração,

Vê primeiro se nele existe

Uma idêntica paixão.

 

Gil Saraiva

 

Fico-me por aqui, deixando-te o costumeiro beijo de despedida, este teu velho amigo,

Gil Saraiva

 

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