Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
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Gostei de te rever nestas minhas férias pelo Algarve, mais propriamente pela maravilhosa vila da Fuzeta. A ilha continua deliciosa e de águas tépidas. Já a praia na Ria Formosa, junto à vila, antes chamada dos namorados, parece ter adotado, definitivamente, a designação de “praia dos tesos”. Contudo, continuo sem saber ao certo se a designação “tesos” se deve à presunção de que só lá vai quem não tem dinheiro para pagar os 5 minutos de barco de ida (e volta também) para a ilha da Fuzeta (há muito ligada à ilha da Armona) ou se o cognome se deve à quantidade anormal de preservativos que se encontram pelo areal ao amanhecer.
Seja porque for, a originalidade do nome é merecida. Aliás, Berta, cada vez mais ficamos com a impressão de que vivemos num país de tesos. Serão, sem dúvida, mais aqueles que o são pela insustentável leveza da carteira do que os outros assim chamados pelo vigor imponente de um mastro firme e hirto, mas ambos são efetivamente “tesos”.
Foi nestes dois areais que eu me deparei com um novo paradigma, um verdadeiro “Mistério do Triângulo Concavo que Não É das Bermudas”. Estou a falar dos novos biquínis que vestem ou despem senhoras e raparigas nesta temporada estival de 2023, conforme podes facilmente constatar, minha amiga, sempre que estiveres na praia.
Com efeito, minha querida, a parte de trás da cueca da maioria dos biquínis, que vi a revestir os corpos do belo sexo na praia, deixaram de servir para cobrir uma boa parte das nádegas e o rego traseiro, para se dedicarem a revestir, num minúsculo triângulo concavo, o fundo das costas, deixando por completo a descoberto os cus que deveriam ocultar.
Poderão uns argumentar que a nova moda é sexy, outros dirão certamente, Bertinha, que dependerá muito do tipo de “peida” que fica a descoberto. É que esta cueca, de utilidade duvidosa, foi adotada pela generalidade das mulheres e não apenas pelas catraias elegantes e ainda sem celulite nos glúteos.
Assim sendo, até um qualquer observador menos atento, se vê obrigado a reparar, ao detalhe, nas cordilheiras de banha, celulite e carne a descoberto pelas praias do país. Ora, minha amiga, eu nem sou sequer um defensor de pudores arcaicos e em desuso e penso mesmo que as mulheres devem ter todas as liberdades que conseguirem conquistar. Todavia, acho evidente que esta nova moda apenas beneficia uma pequena minoria do sexo feminino.
Aviso até que se no verão de 2024 aparecer uma moda de praia em que os homens metem a “gaita e os tomates” num saquinho diminuto preso por um lacinho, eu, sempre coerente, Berta, jamais usarei tal peça estival, nem que o Papa a recomende. Por hoje é tudo, deixo um beijo,
Já deves ter ouvido falar nos últimos seis anos nos World Travel Awards, e digo que deves ter ouvido porque, durante essa meia dúzia de anos, Portugal ganhou sempre o prémio de Melhor Destino Turístico da Europa. A exceção feita nesse período é respeitante ao ano da Covid-19 em que não houve atribuição de prémio. Acontece que, no passado fim-de-semana, Portugal voltou a vencer sagrando-se, novamente, amiguinha, o Melhor Destino Turístico da Europa.
Seria de pensar que, desde que entrámos seriamente nestas lutas de prestigio turístico, minha amiga, as coisas fossem esmorecendo de ano para ano, afinal concorremos contra Grécia, Itália, Áustria, Chéquia, Inglaterra, França, Mónaco, Países Baixos, Escócia, Espanha, Suíça, Suécia e Turquia, já para não falar dos outros 41 países e territórios a concurso, num total de 54 destinos europeus, todavia, a cada ano que passa, o número de prémios aumenta e diversifica-se de uma forma cada vez mais acentuada para Portugal.
Se contabilizarmos todas as categorias em que os prémios são atribuídos e não apenas a relevância dos mesmos, onde temos um domínio impressionante, apenas a Grécia recebeu mais um prémio que Portugal, num total de 31. O que, Bertinha, é deveras impressionante. Comparativamente é como se o Nemo combatesse no ringue contra tudo o que são orcas e tubarões e saísse vitorioso no final.
Passo a revelar-te, minha querida, as categorias em que fomos vencedores começando pelas de maior importância, mas não deixando nenhuma para trás.
WTA Europa 2022 - Portugal
Melhor Destino Turístico – Portugal
Melhor Destino de Cidade – Porto
Melhor Destino de Praia – Algarve
Melhor Destino de Turismo de Aventura da Europa – Açores
Melhor Destino de City Break – Lisboa
Melhor Destino Metropolitano Costeiro – Lisboa
Melhor Destino de Cruzeiros – Lisboa
Melhor Porto de Cruzeiros – Lisboa
Melhor Atração Turística – Passadiços do Paiva
Melhor Atração de Turismo de Aventura – Passadiços do Paiva
Melhor Entidade de Turismo – Turismo de Portugal
Melhor Empresa de Turismo Responsável – Dark Sky Alqueva
Melhor Companhia Aérea para África – TAP
Melhor Companhia Aérea para a América do Sul – TAP
Melhor Operadora de Hotéis Boutique – Amazing Evolution - Lisboa
Depois seguem-se outros 15 prémios virados diretamente para os Resorts e Hotéis:
Melhor Empresa de Gestão Hoteleira – Amazing Evolution - Lisboa
Melhor Resort All-Inclusive - Pestana Porto Santo - Madeira
Melhor Hotel de Praia - Pestana Alvor Praia - Algarve
Melhor Hotel de Design - 1908 Lisboa Hotel
Melhor Resort Insular - Vila Baleira Resort – Porto Santo Madeira
Melhor Hotel Monumental - Vila Galé Collection Braga
Melhor Resort de Lazer - Pine Cliffs Algarve
Melhor Hotel de Lifestyle - Pestana CR7 Lisboa
Melhor Resort de Lifestyle - Conrad Algarve
Melhor Hotel Boutique de Luxo - Valverde Hotel - Lisboa
Melhor Resort Novo - Domes Lake Algarve
Melhor Resort Desportivo - Cascade Wellness Resort Algarve
Melhor Villa Resort - Dunas Douradas Beach Club
Melhor Hotel em Região Vitivinícola - L'AND Vinenyards - Montemor-o-Novo - Évora
Melhor Resort Romântico - Monte Santo Resort Algarve
Ora, minha querida Berta, se pensarmos que, nas últimas atribuições de prémios Portugal tem crescido, em número de prémios de turismo, mais de 15% ao ano, temos mesmo que tirar o chapéu à melhor entidade de turismo da Europa, brilhantemente representada pelo Turismo de Portugal, que é um instituto público tutelado pelo Ministério da Economia e do Mar. Se existe um serviço público neste país , na sua área de influência e trabalho, considerado o melhor da Europa, quando comparado com as outras 53 entidades homologas espalhadas no velho continente por 54 países e territórios, há que dar os parabéns aos vencedores.
Afinal, podemos realmente ser os melhores se trabalharmos para isso. Despeço-me, minha querida, com os votos de que o resto do nosso Governo e as diferentes entidades do Estado e os próprios Ministérios aprendam algo no meio disto tudo e que decidam seguir o exemplo deste instituto que tanto nos prestigia. Deixo um beijo saudoso,
Hoje, ao intervalo, a seleção feminina portuguesa de futsal universitário estava a perder contra o Brasil, na final do mundial de futsal universitário feminino, por uns expressivos 5–1. As meninas portuguesas foram para intervalo com o peso da derrota que se anunciava e, nos rostos de cada uma, apenas se espelhava a frustração.
Ninguém sabe o que o treinador Ricardo Azevedo disse às jogadoras no final do primeiro tempo, durante o intervalo. O que sabemos é que o treinador substituiu a guarda-redes, trocando Madalena Galhardo, a número 12, por Ana Pinto, a número 1. Incrivelmente tudo mudou e a quarenta segundos do final da segunda parte Portugal já tinha conseguido marcar dois golos, estando a perder por 5–3 uma vez que Ana Pinto manteve inviolável a baliza nacional.
O quarto golo da equipa portuguesa nesta final do mundial apareceu aos 40 segundos para o final do jogo e o quinto golo, o do empate, chegou, qual filme de ficção, a 1,1 segundos do final da segunda parte, colocando o resultado em 5–5 nesta mirabolante final do campeonato do mundo de futsal feminino universitário. O resultado não se alterou durante as duas metades do prolongamento e a escolha da equipa feminina campeã do mundo de futsal universitário ficou para ser decidida nos penáltis.
A grande heroína desta final foi mais uma vez Ana Pinto que conseguiu defender primorosamente o quinto penálti brasileiro. Com esta defesa Portugal ganhou nos penáltis por 5-4 contra o Brasil. Assim, a equipa feminina de futsal universitário de Portugal consagrou-se Campeã Mundial. Um feito inédito do futsal feminino universitário português. Um resultado construído na garra, na fibra, no muito acreditar destas heroínas inacreditáveis.
Eu, que tenho por lema, que “O Impossível Apenas Demora Mais Tempo” pude ver em direto, graças ao canal 11, o canal da Federação Portuguesa de Futebol, a absoluta e inequívoca confirmação desta minha máxima. É com reverência que tiro o meu chapéu a estas valorosas guerreiras do futsal feminino, um conjunto de estudantes universitárias que elevaram até ao supremo topo o nome do país que representam, o nome de Portugal.
Viva a Seleção Feminina de Futsal Universitário de Portugal. São as campeãs do mundo. Somos todos, mais uma vez, Campeões do Mundo. Caramba! Viva Portugal, porque o impossível apenas demora mais tempo., porque a realidade superou uma vez mais a ficção. Sonhar não paga imposto, acreditar nos sonhos também não e concretizar um sonho é chegar mais alto, mais longe e mais além. Parabéns Seleção, parabéns Portugal, parabéns Seleção Feminina Portuguesa de Futsal Universitário. Viva Portugal!
A HISTÓRIA DA CAROCHINHA SOBRE UM ASSASSINATO POLÍTICO
Morreu ontem, tragicamente assassinado pelas costas, com aquilo que se diz ser uma arma artesanal composta por tubos metálicos, o ex-primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, em Nara, enquanto participava na campanha eleitoral do LDP, o Partido Liberal Democrático japonês, relativa às eleições que se realizam, já este domingo, no Japão.
Shinzo Abe, poderia dizer-se também, poderia ter sido, se este assassinato não tivesse ocorrido, eleito o próximo Primeiro-Ministro japonês. Primeiro porque nunca perdeu uma batalha eleitoral e já, por duas vezes, vencera as eleições nipónicas. Segundo porque ele era o homem que pretendia mudar, finalmente, a Constituição japonesa, escrita depois da Segunda Grande Guerra Mundial, pelos ocupantes americanos, tornando obrigatoriamente os japoneses numa nação pacifista, que não podiam utilizar armas nucleares.
A história da Carochinha sobre o assassinato de Shinzo Abe, que está a ser vendida na imprensa nacional e internacional, não passa de areia para os olhos dos analistas políticos a nível mundial. Segundo esse relato infantil Tetsuya Yamagami, o suspeito do ataque, que terá utilizado uma arma artesanal, tendo sido apanhado pelos serviços de segurança de Abe e entregue polícia, que posteriormente revistou a sua casa, tendo encontrado no local armas semelhantes fabricadas pelo alegado autor. Reza a mesma fábula que Yamagami se encontrava desempregado desde maio. Ainda nos é dito que entre 2002 e 2005 integrou o exército nipónico, no âmbito do serviço militar.
Na minha perspetiva, a história oficial de um homem que se desloca até ao local do crime de comboio, com intensão de matar, ter admitido disparar contra o antigo primeiro-ministro, com uma arma feita em casa por guardar rancor contra uma “organização específica”, cujo nome ninguém divulgou, por acreditar que o antigo líder era um dos membros da dita organização, não tem pés nem cabeça, nem é provável que uma arma artesanal disparada à toa num comício, atingisse mortalmente a vítima no pescoço e no peito com uma precisão profissional. Afirma a mesma versão oficial, apesar disso, que esta foi mesmo a razão pela qual Tetsuya Yamagami matou Shinzo Abe.
Para cúmulo do disparate, para quem acredita neste tipo de conto fantástico, interrogo-me para que é que foi criada no Japão uma monumental task-force composta por 90 pessoas, para investigar o caso? Então o assassino não confessou? A arma do crime não eram uns tubinhos? O caso não está resolvido?
Num dos países do mundo onde a criminalidade é quase irrelevante, onde a própria máfia japonesa evita a todo o custo crimes visíveis no território nacional, onde a Constituição proíbe expressamente a violência, aparece um pacato desempregado, que depois de uma viagem de comboio chega a um comício, aponta dois tubos ao político no palanque, e o consegue matar, pelas costas, com uma precisão diabólica atingindo a vítima no pescoço e no peito. Nem num filme policial de quinta categoria, produzido nas Ilhas Far Away um argumento destes chegava à tela.
Porque é que não nos dizem que Shinzo Abe, que já por duas vezes, num total de 13 anos, levantara a economia japonesa, se preparava para fazer aprovar a mudança da Constituição japonesa, passar a fabricar armas nucleares e a instalar silos no seu território, obrigar a Rússia a devolver-lhe as ilhas japonesas anexadas a quando da Segunda Grande Guerra Mundial, entalando Putin entre a Europa, os Estados Unidos e o Japão?
Quando as autoridades mundiais concordam em divulgar uma história da Carochinha para entreter a população e a comunicação social, enquanto ocorre, à vista de todos, um assassinato político, friamente calculado, algo vai terrivelmente mal neste mundo. Tenho pena de Tetsuya Yamagami que, com os seus dois pauzinhos para comer arroz, foi acusado de assassinato, mas sinto, com pesar, a morte de Shinzo Abe, mais uma provável vítima do regime soviético. Adeus Shinzo Abe.
Morreu hoje, em Barcelona, mais um ex-ditador da Língua Portuguesa, o antigo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos. O homem que governou Angola durante trinta e oito anos e o grande arquiteto não apenas da paz em Angola, mas do seu próprio clã, o clã dos Santos. O seu afastamento do poder foi ditado pela saúde e não pelo raciocínio.
Amado pelos que o rodeavam e odiado por quase todos os outros, liderou sucessivos governos onde reinou a rainha corrupção. Foi esta mesma imperatriz que lhe permitiu criar um império em torno da família. Sendo o rosto mais visível o da sua filha mais velha, Isabel dos Santos, que, durante anos a fio, foi a mulher mais rica de África e uma das mais poderosas do mundo.
José Eduardo dos Santos sucedeu a Agostinho Neto e, quase quatro décadas depois, escolheu João Lourenço para liderar os destinos de Angola em vez de se fazer suceder por um elemento do seu próprio clã. Se o antigo presidente esperava clemência de Lourenço, no respeitante à sua pessoa, esta foi-lhe concedida. Mas o mesmo não aconteceu com o resto do clã. João Lourenço herdou Angola em plena crise petrolífera e necessitava dos fundos desviados pelo clã para repor alguma ordem nas contas públicas.
Na minha pouco romântica perspetiva, a mudança de presidente não terminou com o reinado da corrupção em Angola, longe disso. À primeira vista ela apenas mudou de mãos, sendo que desta vez, os intervenientes estão mais opacos que nunca. Para Portugal tudo continua na mesma. Não importa ao nosso Governo a falta de democracia no país irmão nem mesmo a perseverança da maldita corrupção, apenas desejamos manter forte a relação comercial e o intercâmbio com Angola, porque, se rezarmos à Nossa Senhora de Fátima, um dia, deixará de haver fome nesse país africano de que tanto parecemos gostar.
A hipocrisia do poder tem destas coisas. Mesmo que o canibalismo fosse uma realidade em Angola, que não é, o Governo de Portugal diria que se tratava apenas um fenómeno residual, proveniente de uma cultura ancestral do povo e, em ano de Europeu Feminino de Futebol, chutaria para canto a vergonha de tais práticas, exatamente como faz com a malfadada corrupção. O que importa é manter o status e a influência de Portugal em África, mesmo que para isso se percam os largos milhões de euros do BES Angola. Do alto do seu corta-palha sorridente, Marcelo Rebelo de Sousa, estará novamente disposto a ir distribuir beijinhos e abraços ao povo irmão, se for necessário reforçar mais os laços desta paz podre pós-colonial.
José Eduardo dos Santos morreu hoje, em Barcelona, e Tchizé, uma das filhas do antigo tirano, que já tinha apresentado queixa por tentativa de homicídio do seu pai contra a sua madrasta, Ana Paula dos Santos, e o médico pessoal do líder em coma, é o rosto mais visível do inconformismo. O clã divide-se depois da morte do imperador. Nada voltará a ser como dantes. A história é inflexível no seu percurso e não reza pelos fracos, por muito poderosos que possam ter sido no passado. Durante os próximos dias a nossa comunicação social aflorará ao de leve os defeitos do ditador e do clã, dando largo realce às excelentes e solidarias relações pós-coloniais entre Angola e Portugal. Se algum idiota se lembrar de tentar decretar luto nacional pela morte de um líder da Língua Portuguesa não se admirem em demasia, afinal Camões está morto e as suas cinzas já não se mexem na tumba. Vale tudo para manter o relacionamento. Adeus José Eduardo dos Santos!
Finalmente demitiu-se de líder do Partido Conservador o inconformado, rebelde e inexplicável Boris Johnson. “L’enfant terrible” para já apenas se demitiu enquanto líder do partido, mas continua a ser o primeiro-ministro britânico enquanto é escolhido um sucessor. Pelo menos é isso que o atual Primeiro-Ministro britânico pretende fazer. O homem considerado o responsável máximo pelo Brexit foi, contra a sua vontade, obrigado a sair.
Amado por uns, odiado por outros, Boris Johnson nunca deixou que a sua pessoa fosse indiferente. Longe disso. Venceu na sua luta para tirar o Reino Unido da União Europeia, ultrapassou a crise dramática da Covid-19 em terras de sua majestade. Tornou-se peça chave no apoio europeu à Ucrânia, contra a invasão russa, mas acabou por cair devido aos problemas internos, gerados em catadupa, nos corredores do poder, muito fruto da sua irreverência de vagabundo carismático e irresponsável, ou seja, Boris Johnson, demite-se pelas mesmas razões porque foi eleito, por ser o “l’enfant terrible” da política britânica.
Na minha perspetiva, Boris Johnson nunca foi diretamente responsável pelos factos passados que acabaram por o fazer demitir-se, nem as festas, nem o último escândalo.
Das festas em tempo de confinamento ao seu conhecimento de alegações de conduta sexual imprópria de um deputado antes de o promover para o governo, tudo é apenas resultado do seu feitio balofo, despenteado e totalmente rebelde e irreverente. Era como se o Primeiro-Ministro apenas tivesse de prestar contas a si próprio. Cai assim por motivos de lana-caprina, algo que nunca seria suficiente para causar a demissão um presidente americano, nos nossos dias, conforme se viu com Donald Trump, um outro poderoso balofo como Boris Johnson.
Johnson irá abandonar as rédeas do Reino Unido, com um terço da população britânica infetada pela Covid-19, ao longo de dois anos, e mais de 180 mil mortos provocados pelo vírus. No que respeita às suas relações com Portugal as coisas correram-nos de feição. Os britânicos continuaram a ver assegurados os seus direitos de virem para Portugal viver tranquilamente os anos da reforma, os emigrantes portugueses viram assegurados os seus direitos no Reino Unido e foi assinado, entre os dois países, o maior acordo comercial da história da velha aliança.
O humor mundial sofre um revés, uma vez que Boris era um dos personagens preferidos dos cartoonistas, dos rapazes da “Stand-Up Comedy”, dos comediantes em geral, para dizermos o mínimo. A política externa britânica ficará mais débil, porque o que se perdoava a um “l’enfant terrible” não se perdoará a um político sério. Por colorir a cinzenta política mundial resta-me desejar a Johnson um feliz regresso ao anonimato e pouco mais. Adeus Boris!
Olá Berta, Há quase 4 anos, a 27 de fevereiro de 2021 a Covid fazia das suas e entre janeiro e abril teve o seu maior pico registado em Portugal. Hoje, na memória dos portugueses, só se lembram desses dias aqueles que perderam familiares para a praga. Para os outros, coisas como confinamento e proibições de viajar entre concelhos, são conceitos perdidos na memória dos tempos.
António Costa prometera um Natal com poucas restrições e os portugueses agradeceram, durante 15 dias, na época, a pandemia foi posta para trás das costas e, tal como hoje, foi tempo de festejar. O preço, bem pesado, viria depois, e vivemos um terrível inferno até à páscoa. Durante meses batemos recordes de mortos, de infetados, de internados. Parecia mesmo que não haveria amanhã. Mas houve e, como na vida, “tudo passa, tudo passará” já lá dizia a velha canção.
Marta Temido aguentou estoicamente o ministério, o serviço nacional de saúde, e os trabalhadores da saúde foram aclamados como se fossem heróis nacionais, trabalhando até à exaustão, até as forças lhes faltarem nas pernas e nos braços, até a vacina começar a diminuir a mortalidade da pandemia. Aliás, não fossem as vacinas e a mortandade teria sido épica. Apareceu na hora certa, quase um milagre de última hora, de que ninguém estava à espera.
Eis que o na altura Vice-Almirante Henrique Eduardo Passaláqua Gouveia e Melo, aparece como Coordenador da Task Force para o Plano de Vacinação contra a COVID-19 em Portugal, em 3 de fevereiro de 2021. O moçambicano, nascido a 21 de novembro de 1960, em Quelimane, no último dia do signo do Escorpião, veio por ordem na casa.
Henrique Passaláqua, nomeado por António Costa, mostra-se determinado em combater ferozmente a Covid-19 e os abstencionistas e negacionistas que se tentavam erguer contra a vacinação. O certo é que cumpriu fielmente a missão que lhe foi entregue, tão bem, diga-se, que sonha agora com o lugar de Presidente da República.
Mas voltando à pandemia, ao longo de janeiro de 2021, só nos primeiros 26 dias, foram confirmadas quase 975 mil infeções pelo novo coronavírus. O ritmo de casos disparou neste mês janeiro, com a chegada em força da variante Ómicron a Portugal. Entre 1 e 26 de janeiro foram registados nos boletins da DGS um total 988.172 casos de Covid-19, mais 13 mil do que no total dos 12 meses de 2020. Em relação ao número de mortes por Covid-19, em 2021 faleceram 10.108 pessoas em Portugal, de acordo com a soma dos dados oficiais da DGS.
Entre 1 e 26 de janeiro de 2021, morreram 748 pessoas, o equivalente a uma média de 29 óbitos por dia. Desde a chegada da pandemia a Portugal, em março de 2020, estão confirmadas 19.703 mortes, dois milhões 377 casos de infetados e um milhão 842 recuperados. Portugal registou só num dia um novo máximo diário de 65.578 novos casos de Covid-19 desde o início da pandemia, indicava então o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde. Na soma de casos ativos e contactos de vigilância, Portugal tinha a 26 de janeiro um novo máximo histórico a rondar um milhão e 62 mil pessoas em isolamento.
Foram outros tempos, já ninguém se lembra e pouco ficará na memória coletiva do povo. Porque, a esperança e a expectativa de melhores dias fazem-nos andar para a frente. Por outro lado, dá-nos determinação e imprime coragem nos corações dos mais fracos.
Esta era a última das 40 cartas que tinham ficado por te enviar, cara Berta, durante os meses em que te perdi o contacto, fico satisfeito por termos posto a escrita em dia. Despede-se com um beijo, este teu velho amigo,
Em 2020, quando esta crónica foi iniciada eu falava de o governo israelita estar a impor restrições severas e discriminatórias aos direitos humanos dos palestinianos e a restringir a circulação de pessoas e bens para dentro e fora da Faixa de Gaza, bem como a facilitar a instalação de cidadãos israelitas em assentamentos na Cisjordânia ocupada, o que já era então uma prática ilegal segundo o Direito Humanitário Internacional.
As forças israelitas alocadas do lado israelita das barreiras que separam Gaza e Israel continuavam a realizar disparos com munição real contramanifestantes dentro de Gaza que, diga-se não representavam nenhuma ameaça iminente à vida, seguindo ordens de funcionários de alto escalão para abrir fogo, violando os padrões internacionais de direitos humanos. Segundo o al-Mezan, um grupo de direitos palestinos, as forças de Israel executaram 34 palestinos e, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, feriram 1.883 pessoas com munição real durante os protestos em 2019 até 31 de outubro.
Durante os primeiros nove meses de 2019, as autoridades israelitas aprovaram planos para 5.995 unidades habitacionais em assentamentos na Cisjordânia, excluindo Jerusalém Oriental, em comparação com 5.618 em todo o ano de 2018, de acordo com o grupo israelita Peace Now. Em setembro, autoridades do governo israelita aprovaram retroativamente o assentamento avançado de Mevo'ot Yericho no vale do Jordão, que até então era ilegal mesmo sob a lei israelita e poucos dias depois de o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometer anexar o vale do Jordão caso fosse reeleito. Ora fazendo a atualização para 4 anos depois é preciso fazer algum enquadramento histórico.
Nada tenho contra os israelitas, nem contra Israel, por outro lado o que os judeus sofreram ao longo da história é ímpar na história da humanidade e isso é algo que merece o reconhecimento do mundo inteiro. Para além disso o atentado do Hamas que matou 1.200 pessoas e raptou 2,5 centenas é por demais condenável.
Porém, a resposta engendrada por Benjamin, quer na Faixa de Gaza, quer no Líbano, quer ultimamente na Síria é, porque não existe outra palavra para o descrever: Genocídio do Povo Palestiniano. Benjamin Netanyahu não permite sequer a passagem dos corredores humanitários mínimos para assistir o Povo Palestiniano e estes morrem aos milhares perante o olhar condescendente de um Ocidente complacente e adormecido que não reconhece o fanatismo cego e expansionista do Governo Israelita.
Benjamin Netanyahu é um criminoso de guerra e devia ser tratado como tal. Não se matam mais de 45 mil palestinianos com a desculpa que eles escondem terroristas do Hamas. Nem vou falar da invasão israelita à Síria ou ao Líbano, ambas absolutamente ilegais, nem das mortes e da destruição que estas causaram, basta ver as imagens de Gaza, para ver que estamos a lidar com facínoras fanáticos que parecem só querer parar a quando da extinção do Povo Palestiniano.
A ONU há mais 6 anos que denúncia as ações de Israel como ilegais. Ocupam e expropriam territórios que não lhes pertencem, expulsam populações a eito. E atualmente fazem da Palestina terra queimada, como se estivessem a desparasitar ratos de esgotos.
Se ninguém trava este facínora chamado Benjamin Netanyahu e o põe de vez atrás das grades ainda vamos assistir a muito sangue derramado. O que os terroristas do Hamas fizeram por altura do atentado é, neste concreto momento da história, uma gota de água se comparado com a reação do bárbaro e cruel exército de Israel. Por hoje, fico-me por aqui, despede-se com um beijo, este teu amigo de sempre,
Pierre Cardin morreu em dezembro de 2020, aos 98 anos, e 4 anos depois, este ano, também em dezembro, morreu Isak Andic, o co-fundador, junto com o irmão, da marca de pronto-a-vestir Mango. Andic morre por andar a fazer escalada aos 71 anos de idade e cair por uma ravina abaixo numa queda de 150 metros. E foi por estas mortes estarem separadas por estes 4 anos, Berta, que usei a ligação entre elas para te falar de Pierre Cardin 4 anos depois da sua morte, um homem único que inscreveu a pulso o seu nome na história da moda mundial. Já a história da ascensão e queda de Isak Andic é muito menos interessante e nada tem a ver com a alta costura.
Retomando o assunto de Pierre Cardin, fez 4 anos que te escrevi sobre a morte deste homem da moda. E isto porque Pierre Cardin é mesmo um dos poucos estilistas por quem tenho consideração e respeito. Nasceu no pequeno vilarejo de Sant'Andrea di Barbarana, no Vêneto, nordeste da Itália, e os seus pais, uns pobres agricultores, emigram para França em 1924. Tinha Pierre apenas 2 anos de idade.
Em 1936, o jovem Pierre começou a sua aprendizagem aos quatorze anos, com um alfaiate de Saint-Étienne. Depois de uma passagem no atelier de Manby, em Vichy, em 1945, após a Segunda Guerra Mundial, transfere-se para Paris, onde estuda arquitetura e trabalha com Madame Paquin, que, diga-se, em boa verdade, foi uma das primeiras verdadeiras estilistas da história da moda e teve forte influência da art déco nas suas criações, do início do século XX.
Trabalhou com Elsa Schiaparelli, a percursora da moda criada para a mulher moderna, até se tornar chefe do atelier dos alfaiates de Christian Dior, em 1947, aos 25 anos de idade, ou seja, quis a sorte que trabalhasse com alguns dos mais emergentes e posteriormente famosos nomes da moda francesa de então.
Porém, nem tudo foram rosas e a sua candidatura não foi aceite pela casa de moda Balenciaga, do estilista espanhol Cristóbal Balenciaga, considerado o arquiteto da alta costura pelo seu amplo conhecimento na confeção dos trajes e utilização de linhas puras contando ainda com o perfeccionismo, que era sua imagem de marca e que desde 2001 pertence ao Grupo Gucci.
Perante este revés Cardin funda a sua própria casa em 1950, aos 28 anos e lança-se na alta costura três anos depois. Acabaria por ficar conhecido pelo seu estilo de vanguarda e pelos seus trabalhos inspirados na "era espacial", com formatos e motivos geométricos, frequentemente ignorando a forma feminina. Cardin investiu também nas roupas unissexo, algumas vezes experimentais. Em 1954, introduziu o "vestido bolha". Ao lado de Paco Rabanne e André Courrèges, Cardin formou a "tríplice aliança" do futurismo na moda, tornando-se assim, um dos fundadores do movimento. Chegando, inclusivamente, a desenhar um fato espacial para a NASA.
Cardin foi igualmente o primeiro costureiro a considerar o Japão como um mercado de alta moda, quando para lá viajou em 1959. Esse foi o ano em que Pierre Cardin foi expulso de Chambre Syndicale de la Haute Couture por lançar uma coleção Prêt-à-porter (pronto-a-vestir) para a cadeia de grande consumo da Printemps, mas não demorou a ser reintegrado.
Contudo, em 1966, renuncia ao seu lugar na Chambre Syndicale e passa a exibir suas coleções no seu próprio espaço, o Espace Cardin, (outrora Théâtre des Ambassadeurs) aberto em 1971 na capital francesa. O Espace Cardin também é usado para promover novos talentos artísticos, como conjuntos de teatro, de música, etc. Em 1981, comprou os famosos restaurantes franceses Maxim's.
Pierre Cardin foi o primeiro estilista a fazer parte da Academia Francesa de Belas Artes ainda em 1992. Um feito inimaginável realizado por um estilista, que, por mérito próprio é reconhecido ao mais alto nível pelos seus pares. Percebendo a existência de um mercado praticamente inexplorado, passou a investir no mercado de design masculino, conquistando alguns fãs famosos como os Beatles e Salvador Dalí, e chegou mesmo a ultrapassar o lucro obtido com as suas coleções femininas.
Pierre Cardin foi membro da Chambre Syndicale entre 1953 e 1993.Como muitos designers de moda da atualidade, em 1994, Cardin decidiu mostrar a sua coleção apenas a um pequeno círculo de clientes e jornalistas selecionados, tendo obtido um sucesso avassalador.
A sua marca, detém, atualmente oitocentas licenças em 140 países, e calcula-se que realize um movimento de aproximadamente 8 bilhões de euros em royalties, ou seja, na percentagem de lucro que a marca obtém sobre a venda dos seus produtos a terceiros. Com esta homenagem me despeço, por hoje, com um beijo de amizade e como teu amigo do peito,
Na sequência da luta dos trabalhadores do INEM, que agora são os filhos queridos da ministra da saúde, estão lutando pelos seus direitos de igual modo os bombeiros sapadores. Os quais são tratados sem dignidade nem respeito algum pela tutela. São os enteados do problema, são usados para tudo e mais umas botas, mas quando chega à devida compensação, ao que parece, qualquer passou-bem é suficiente.
Os bombeiros sapadores são não sei bem porquê o parente mais pobre do Estado. Há 20 anos que não lhes mexem nas carreiras. Estão a solicitar uma revisão do seu estatuto, querem 100 euros de aumento salarial, o que tendo em conta que começam a carreira com cerca de 1.075 euros e que nunca foram aumentados desde 2004, não deixa de ser absolutamente justo. Aliás, acho pouco, para quem tem de estar obrigatoriamente, sempre, na máxima forma física.
Também solicitam a revisão dos subsídios que atualmente se resumem a € 7,03, querem ver revistos os suplementos de penosidade e insalubridade e de risco, pois estão sujeitos a uma série de riscos graves na sua atividade profissional. Aliás, nem sei como foi possível a situação chegar a este ponto. Há uns anos fui presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Sintra.
Foi algures na primeira década do milénio e, já nessa altura, os voluntários ganham mais do que aquilo que os sapadores agora solicitam. Aliás, afirmo sem medo de errar que os sapadores são, de longe, uma força de elite. Para quem nunca viu uma demonstração das ações dos sapadores recomendo que assistam pelo menos a uma. Não dá mesmo para acreditar o que estes homens são capazes de fazer para salvar vidas alheias com risco pessoal das suas próprias vidas.
É inacreditável saber que esta gente, só foi aumentada por duas vezes desde o tempo do fogo nos Armazéns do Chiado, em 25 de agosto de 1988. E que estão há duas décadas sem passarem da cepa torta. Para além disso são das profissões com mais risco de contraírem uma parafernália de doenças profissionais e são obrigados a cumprirem 4 horários de 12 horas por semana e, como se não pudesse ser pior, ainda dependem diretamente das câmaras municipais.
Ó gente da minha terra, vamos pedir dignidade para esta gente que deixa diariamente tudo em campo pela nossa segurança e bem-estar. Não é justo que sejam filhos de um deus menor. Para ser reposta alguma equidade salarial terão de ser aumentados 100 euros no ordenado e outro tanto nos subsídios. Ou seja com 10 milhões de euros o Estado cobre todas as justas reivindicações dos bombeiros sapadores.
E se não há dinheiro criem uma taxa de 5 euros, na despesa da água, por residência, para os bombeiros sapadores, eu pago. O que é inadmissível é que estes profissionais continuem a ser tratados como carne para canhão na função pública. São dos profissionais mais solidários do país e, ao fim ao cabo, merecem o respeito do Estado. A ministra da Administração Interna tem de acordar porque se estes profissionais um dia param, ficam em risco as nossas principais cidades e monumentos e os nossos lares. Dignidade para os bombeiros sapadores! Já!!!! Que se faz tarde! Por hoje é tudo, minha querida, despeço-me com um beijo saudoso, Berta, o teu amigo de sempre,