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Alegadamente

Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente correto.

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Carta à Berta nº. 238: Memórias de Haragano - Confissões em Português - Parte XVI

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Olá Berta,

Tendo deixado em aberto a minha ideia sobre forças da ordem e fardas, acho que devo concluir essa linha de pensamento antes que avance para outras áreas, minha amiga, assim:

Memórias de Haragano: Confissões em Português – Parte XVI

“Regressemos, pois, às forças da ordem, mal pagos, rancorosos e prepotentes porque, até para darem um tiro, precisam de preencher seis ou sete impressos posteriormente. Depois existem, infelizmente, muitos deles com pouquíssima vocação para a profissão. A polícia devia cumprir a sua profissão com orgulho pela farda, pelo brio e pelo seu precioso auxílio na manutenção da ordem, na segurança e no combate aos malfeitores, que depois a justiça deveria tratar com sabedoria e eficiência.

Para além disso, não é necessário criar 20 diferentes forças policiais para fazer um mesmo serviço. Basta uma que esteja dividida por departamentos, áreas de atuação, campos de ação, zonas geográficas, ou seja lá o que for, mas uma chega.

As diferentes polícias, sejam elas a Polícia de Segurança Pública, a Guarda Nacional Republicana, a Polícia Judiciária, a Polícia Marítima, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, o Serviço de Informações de Segurança, a Guarda Prisional, a Autoridade Tributária e a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica já que têm todas, ao que parece, de existir em simultâneo, pelo menos, deveriam ter as acomodações e instalações, os efetivos, os meios e as condições mínimas asseguradas para com eficácia e segurança dignificarem os serviços onde estão inseridos. Ora, isso implica, inclusivamente, usufruírem de um pagamento compatível com os cargos e funções desempenhadas.

É precisamente a falta de algumas destas condições básicas de funcionamento que acaba por gerar, os defeitos e deficiências, a corrupção, o erro, as falhas na eficácia e pior ainda, a ausência de brio profissional. Afinal, como podemos pedir competência a uma PSP ou uma GNR se, ambas as polícias, têm metade da sua frota automóvel parada por carência de verbas para a oficina ou de capital para o combustível? Impossível. Só que as lacunas se estendem a todas estas forças e, pior ainda, cumulam com más remunerações, instalações degradadas, armamento e equipamento a precisar de reforma, e mais algumas dezenas de outras brechas em todo o sistema que deveria ser estanque e que urge calafetar.

Posso não gostar de fardas, conforme referi, mas exijo, pois é um direito meu enquanto cidadão, que as que existem tenham os meios e as condições para efetuarem e cumprirem eficaz e exemplarmente o seu papel na sociedade.”

Sendo eu, por nascimento, português, faço parte de um povo de brandos costumes e de uma tolerância à prova quase de choque. Mas sou, também, um daqueles que gosta de refilar por tudo e por nada, porque nós temos essa tendência meio masoquista de criticarmos o que é nacional, mas que, por acaso, até nem é nosso, pertence ao próximo seja ele o vizinho, conhecido, pessoa mais ou menos famosa ou até um VIP cá do burgo. O mexerico, os males de inveja e a saga do fado do coitadinho, são coisas que já não deveriam ter lugar numa sociedade que se diz evoluída.

Somos assim, podemos nem estar a sofrer com a crise, mas, como convém que ninguém saiba que até estamos bem, não se vão lembrar de nos chatear, lá alinhamos nós na desgraça nacional da crise que nunca mais passa. Temos a tendência incompreensível de nos acharmos vítimas de tudo e de todos. Com efeito, na atualidade, somos vítimas do Covid e do imenso problema de saúde que ele nos criou, gerando em simultâneo uma crise social e económica ímpar no país. Será necessária a coragem lusitana para enfrentar, lutar e vencer todas estas adversidades, mas temos de nos unir em torno desse objetivo que importa implementar.

Minha querida amiga Berta, deixo-te um amorangado beijo saudoso nesta despedida por hoje. Tens este teu amigo sempre ao teu dispor, usa e abusa,

Gil Saraiva

Carta à Berta nº. 236: Memórias de Haragano - Confissões em Português - Parte XIV

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Olá Berta,

Fiquei muito contente em saber que apoias a minha forma de ver a educação dos mais novos. Tristemente para mim, quando escrevi estas confissões, nem todos os leitores concordaram com o que eu afirmei. Para muitos a lamparina aplicada a uma criança, já é, por si só, um ato de covarde violência. Não conseguem distinguir, nem encontrar a noção de meio termo, que te expliquei na carta anterior. São opiniões que temos de respeitar numa sociedade civilizada, embora discordemos tanto delas, como essas pessoas discordam das nossas. Adiante…

Conforme é natural as nossas confissões, se as formos fazer todas, não cabem, mesmo que queiramos, num mero capítulo de um livro qualquer. Todavia, existem factos que nos chamam mais a atenção do que outros. Depois existem as relutâncias que nutrimos quanto a esta ou aquela situação ou organização. É assim contigo, comigo e com todas as pessoas. Nisto somos todos iguais. O que parece variar são os objetos da nossa atenção.

Eu, por exemplo, tenho um problema com fardas. Não sei se foi por causa do meu coma de 6 meses em 1982, causado por culpa do serviço militar, então obrigatório, se não me falha a memória, se por uma outra razão qualquer, que possa estar escondida ou mesmo profundamente enterrada no meu subconsciente. Mas passemos às Confissões. Assim:

Memórias de Haragano: Confissões em Português – Parte XIV

“Uma outra confissão é a minha séria aversão à autoridade. Seja ela criada para manter a ordem pública, seja a mais elementar segurança privada de uma qualquer instituição ou empresa. Consigo juntar até os militares ao mesmo role. A tendência natural da humanidade para abusar dos pequenos poderes é de tal forma gritante que, em vez de me sentir seguro e protegido, perante a presença de uma qualquer autoridade, me sinto, na maioria das vezes, intimidado, receoso, ameaçado, inseguro e de uma forma geral incomodado na sua presença.

Reconheço, contudo, que o defeito possa ser meu. Compreendo inclusivamente a necessidade da existência das forças de manutenção da ordem pública. Mas, a impunidade dos verdadeiros bandidos, deixa-me sempre naquele circuito fechado de não saber se essas autoridades existem para intimidar os pacíficos ou para agir sobre os violentos. Parece sempre que não é apenas a paz, a segurança e a manutenção da ordem pública que os faz agir. Provavelmente este raciocínio não passa de uma paranoia minha.

Já nem falo da justiça dos tribunais que, no caso nacional, parece atuar, de forma gritante, ao serviço de poderes e forças ocultas, de interesses que ninguém conhece muito bem e que quem conhece é somente porque faz parte da mesma teia. Dessa invisível malha que aperta uns para poder garantir que não se fala dos outros, daqueles a quem eu chamo de: os protegidos.”

Minha querida Berta, como me espalhei nos considerandos iniciais fui obrigado a ser mais curto nas confissões. Contudo, não te preocupes, pois amanhã continuo o raciocínio de hoje com toda a certeza. Despeço-me com um beijo amigo,

Gil Saraiva

 

 

Carta à Berta nº. 36: Eles andem aí, cuidado, muito cuidadinho...

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Olá, olá Berta,

Como vai a vidinha por aí? Espero que a adaptação esteja a correr pelo melhor. Por cá as notícias continuam a dar comigo em doido. Dias há em que penso não ligar às coisas que leio, mas a necessidade de opinar não me deixa descansado. A minha missiva de hoje é alegadamente a mais alega de todas elas. Ao fim ao cabo, é sobre o SIS, o Serviço de Informações de Segurança, a CIA à portuguesa.

O diretor-geral dos nossos serviços secretos, Adélio Neiva da Cruz, o senhor que se recusou no parlamento, mais concretamente na Comissão Parlamentar dos Assuntos Constitucionais, a responder, por 2 vezes, em 2014, se era ou não um elemento ativo e bem posicionado da maçonaria portuguesa, uma organização, ao que parece, mais secreta que os próprios serviços secretos nacionais, veio ontem a público, numa intervenção pública na Universidade do Minho, em Braga, dizer que: “a Europa não está livre de um novo ataque terrorista de larga escala”, terminando a sua intervenção com a seguinte informação: “Estamos hoje mais fortes e inequivocamente mais preparados e mais capacitados para combater a ameaça terrorista que se desenha no futuro”.

Sabes Berta, não sei o que me preocupa mais, se a propaganda de um diretor-geral sobre as futuras ameaças terroristas de que nada sabe, com vista à angariação de mais recursos financeiros para a sua organização, alegadamente liderada por um maçon cuja agenda me é desconhecida, se a possibilidade de uma ameaça terrorista em território nacional.

Afinal, se tivermos em conta que, só para medidas antiterroristas, Portugal gasta mais de 3 milhões de euros por ano, desde de 2004 até aos dias de hoje, bem perto dos 50 milhões se somarmos tudo, imagine-se a verba se a ameaça de larga escala se concretizar, seja a onde for, na Europa. É que o dinheiro em causa dava, por exemplo, para reforçar apoios socias de 417 euros, doze meses por ano, durante 10 anos, a pouco mais de mil pessoas.

Poderão os puritanos defensores do sistema dizer que eu estou a afirmar que não devia existir SIS em Portugal, o que não corresponde, em nada, às minhas palavras (até podiam ter razão, mas não é isso que está em causa). Eu não contesto a existência de uma polícia secreta, no contexto ocidental, em Portugal. Se calhar pareceria mal, aos nossos aliados, não termos nenhuma. Mas, sem contar com as quantias destinadas ao antiterrorismo, as secretas custaram-nos, só no presente século, em orçamento conhecido (ainda falta saber quanto passa por debaixo da mesa na atribuição de fundos secretos) qualquer coisa como 632 milhões de euros. Ou seja, mais de 2,6 milhões de euros por cada mês, durante os últimos 20 anos, para além dos já referidos fundos antiterroristas, entre outros.

Só para termos um termo comparativo, este valor é mais de metade do montante destinado à agricultura, florestas, desenvolvimento rural e recursos hídricos, em Portugal, em 2019, e isto antes das cativações de Mário Centeno.

Contudo, minha querida Berta, não me vou alargar muito mais com este tema sensível, apenas te digo que gostava imenso de saber onde, e em quê, aplica o SIS 3 milhões de euros todos os meses, deste 2000, ininterruptamente. Porém, como não me agrada a ideia peregrina de ter os ditos a investigarem-me seja lá por que razão for, faço minhas as palavras ditas, em 2007, por um idoso, alentejano e comunista ferrenho, de seu nome Manuel Machado, a propósito dos fascistas: <<Eles “andem” aí, cuidado, muito cuidadinho…>>.

Despeço-me com um sempre saudoso beijo, deste teu eterno amigo,

Gil Saraiva

 

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