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Alegadamente

Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente correto.

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Carta à Berta n.º 626: Um Livro por Fascículos. Vem aí "A Felina"

Berta 626.jpg Olá Berta,

Peço desculpa pela paragem destas cartas, mas como temos conversado mais telefonicamente mantivemos sempre, efetivamente, “a escrita em dia”. Acontece que, como sempre partilhámos estas cartas no meu blogue e Facebook, quem nos costumava ler tem sentido a falta delas.

Também se dá o caso de eu gostar do feedback de quem me lê, mesmo quando as opiniões são o oposto das minhas. Por isso mesmo, se não vires inconveniente continuarei a manter o blog e o Facebook ativos, seja com estas cartas, seja com a poesia, com os meus desabafos ou com os cartoons da “Miga, a Formiga”.

No outro dia desafiaste-me a publicar, como faço com os poemas, um dos meus livros, no blog. Por fascículos, dizias tu. Pois bem. Acabei de escrever o primeiro livro de uma série de aventuras de uma personagem chamada “Felina” e resolvi seguir a tua ideia. A partir de um de março, nos desabafos, vou começar a publicar o primeiro livro da saga “A Felina”. A primeira aventura chama-se “Noites de Lua Cheia” e espero que gostes.

Quem for ler a história através do Facebook, mas só der com ela depois de esta já ir adiantada, se tiver interesse, pode, indo ao blog, sempre começar do princípio e procurar pelo dia 01/03/2023 em: https://alegadamente.blogs.sapo.pt/. Sim, porque o dia um de março assinalará o início da história.

Já agora, tinhas-me perguntado quantas visitas teve o blog desde que em 28 de outubro de 2019 quando comecei a “Carta à Berta”, faz hoje 3 anos e 4 meses, pois bem, foram no total: 1.012.913 visitas. O que perfaz uma média de 830 visitas diárias. Tive dias de ter mais de 13.500, mas, como tem acontecido agora nestes últimos dois meses, também houve bastantes em que não cheguei sequer às 30 visitas.

Contudo, ter passado um milhão foi uma surpresa agradável. Sinceramente, nunca imaginei. Também foi surpreendente os locais de onde fui visitado. Para teres uma ideia, a nível de Portugal recebi visitas de: Águeda, Albufeira, Algueirão, Alijó, Aljustrel, Almada, Alverca, Amadora, Angra do Heroísmo, Aveiro, Barreiro, Beja, Braga, Bragança, Carregado, Cascais, Castelo Branco, Celorico da Beira, Coimbra, Covilhã, Entroncamento, Ermesinde, Espinho, Estoril, Évora, Fátima, Faro, Felgueiras, Figueira da Foz, Figueiró dos Vinhos, Funchal, Fuzeta, Gondomar, Guarda, Guimarães, Ílhavo, Lagos, Leiria, Lisboa, Loulé, Maia, Marinha Grande, Matosinhos, Melides, Mem Martins, Montijo, Olhão, Oliveira do Bairro, Oeiras, Paço de Arcos, Palmela, Perosinho, Pombal, Ponta Delgada, Portalegre, Portimão, Porto, Porto Salvo, Póvoa do Varzim, Queluz, Rio Maior, Sacavém, Sangalhos, Santarém, Santo Tirso, São Cosme, São Domingos de Rana, São João da Madeira, Setúbal, Seixal, Sines, Sintra, Tavira, Tomar, Torres Vedras, Valença, Viana do Castelo, Vila do Porto – Açores, Vila Nova de Famalicão, Vila Nova de Gaia, Vila Real, Viseu e Vizela.

Quanto a visitas de países, penso ser verdade que em todo o lado há um português, basta ver que recebi visitas de países e territórios como: África do Sul, Alemanha, Andorra, Angola, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Áustria, Bélgica, Bolívia, Brasil, Cabo Verde, Canadá, Chéquia, Chile, China, Croácia, Cuba, Dinamarca, Egito, Escócia, Eslováquia, Espanha, Estados Unidos da América, Estónia, Etiópia, Finlândia, França, Gana, Gabão, Honduras, Hong Kong, Hungria, Índia, Indonésia, Inglaterra, Irão, Irlanda, Irlanda do Norte, Islândia, Itália, Japão, Kuwait, Líbano, Liechtenstein, Luxemburgo, Macau, Madagáscar,  Malásia, Maldivas, México, Moçambique, Nigéria, Noruega, Omã, País de Gales, Países Baixos, Paquistão, Paraguai, Polónia, Portugal, Peru, Qatar, Quénia, República Dominicana, Roménia, Rússia, São Tomé e Príncipe, Sérvia, Singapura, Suécia, Suíça, Tailândia, Timor Leste, Trindade e Tobago, Turquia, Ucrânia, Uruguai, Venezuela, Vietname e Zâmbia.

Devido a esta diversidade de países e locais, quem quiser dizer de onde lê esta carta eu agradeço, basta fazer um pequeno comentário no blog ou no Facebook.

Portanto, e curiosidades à parte, o importante é que as minhas próximas intervenções serão na forma de livro. Não esqueças, amiga Berta, dia 1 de março de 2023 tem início “A Felina – Noites de Lua Cheia”. Deixo um beijo de despedida, este amigo de sempre,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta n.º 625: Cristiano Ronaldo Será Jogador do Benfica já em Janeiro de 2023 - Parte 3/3

Berta 625.jpg Olá Berta,

Como é evidente, minha querida, toda esta notícia, que te revelei no conjunto destas três cartas, e em primeira mão, encontra a verdade no restrito campo do alegadamente. Porém, convenhamos que, tudo isto, podia realmente acontecer e que seria tão realista ou mais do que o jogador viajar para as Arábias com um contrato de meio bilião de euros por uma, duas ou três épocas.

Ainda agora, que te relembro que toda a correspondência entre nós vive, hoje como sempre, no domínio do alegadamente, eu acho que toda a ideia tinha mais do que pernas para se concretizar. Bastava que, para isso, as pessoas certas tivessem as ideias corretas nos momentos exatos e envolvendo os devidos protagonistas numa total harmonia entre querer, crer e realizar.

Na verdade a realização dos sonhos de alguém só espera pela ideia peregrina e a vontade de quem pode e tem como realizar o que foi sonhado. É minha a frase de que: “o impossível apenas demora mais tempo” e eu acredito nela plenamente.

Todos temos direito às nossas fantasias, Berta. Sonhar não custa nada, não paga direitos de autor e é bem mais bonito do que ter de pensar como conseguir pagar uma dívida às Finanças ou como pôr o pão na mesa, todos os dias ao longo das semanas e meses do ano.

No meu caso concreto eu sonhei com Cristiano Ronaldo no Benfica e garanto-te, Berta: sonhar é lindo. Despede-se com um beijo de bom ano este teu eterno amigo,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta n.º 624: Cristiano Ronaldo Será Jogador do Benfica já em Janeiro de 2023 - Parte 2/3

Berta 624.jpg Olá Berta,

Na primeira parte desta Carta à Berta, conforme pudeste ler ontem num absoluto exclusivo mundial, disse-te, minha amiga, que Cristiano Ronaldo será jogador do Benfica já a partir, e isto agora é novo, de 2 de janeiro de 2023.

Mas, Berta, vamos diretamente ao assunto:

Como ficou a reunião de Rui Costa com os órgãos do clube e com Jorge Mendes?

A SAD do Benfica e a direção do Sport Lisboa e Benfica aprovaram por completo o plano, principalmente quando, ao princípio da tarde, os números apontavam para um retorno económico deveras substancial. Faltava saber, minha cara amiga, qual seria o resultado das conversações entre Jorge Mendes e Cristiano Ronaldo. A resposta veio pelo final da tarde. CR7 autorizara o seu empresário a iniciar as negociações.

Durante alguns dias, Bertinha, foram discutidos valores, formas de pagamento, mais a possibilidade de um terceiro ano de prolongamento do contrato se todas as partes estivessem satisfeitas com o mesmo. A ideia peregrina de Roger Schmidt não só vingara como estava prestes a tornar-se uma realidade. Ontem, algures durante as vinte e quatro horas de dia dezasseis de dezembro de 2022, Cristiano Ronaldo tornou-se jogador do Sport Lisboa e Benfica.

Não me perguntes, minha amiga, porque não consegui saber nada mais a respeito desse assunto concreto, quanto é que o Benfica vai pagar a CR7. Não faço a mínima ideia. Sei que o contrato foi assinado com data de segunda-feira, dia 2 de janeiro de 2023 e que só nessa altura, com a entrega e efetivação dos papeis, a que acrescerá a comunicação à CMVM, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, é que toda a situação se tornará oficial.

Para mim, minha caríssima amiga, o que me interessa mesmo é que vou ver Cristiano Ronaldo a jogar com a camisola do Benfica já nesta época, dentro de alguns dias, menos de um mês e, portanto, posso dizer-te que é a melhor notícia sobre o Benfica que eu poderia alguma vez ter recebido.

Se tudo se passar da forma como fui informado o jogador, por agora, Bertinha, vai continuar os seus treinos no recinto do Real Madrid, em Espanha, e só se apresenta às ordens de Roger Schmidt a dois de janeiro do ano que vem. No entanto, para mim, é como se já tivesse vestido o equipamento e iniciado os treinos. Afinal, CR7 vestirá de vermelho e andará de águia ao peito. Que mais poderia um fã como eu vir a desejar?

Na próxima carta, minha gentil amiga, termino esta notícia exclusiva que te queria transmitir em primeira mão. Não sei se gostarás, tanto como eu, todas as novidades, mas espero, sinceramente, que sim. Despede-se com um beijo de boas festas este teu eterno amigo,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta n.º 623: Cristiano Ronaldo Será Jogador do Benfica já em Janeiro de 2023 - Parte 1/3

Berta 623.jpg Olá Berta,

Esta é a primeira parte, de três, sobre a notícia desportiva mais incrível do ano. Estou a falar da até agora secreta negociação e contratação de Cristiano Ronaldo pelo Benfica já neste mercado de inverno. Sei, minha cara amiga, que tu, tal como eu, sendo benfiquista estás espantada com a revelação. No entanto, e por mais inacreditável que possa parecer, não são poucas as vezes que a realidade supera a ficção. Este é um desses casos.

Aqui há dias, Bertinha, ninguém sabia ao certo porque estaria o Cristiano Ronaldo a trazer a sua coleção de automóveis para Lisboa. Parecia mais a situação de alguém que estava de saída do Manchester United, do que a de quem se preparava para se mudar para a capital. A ideia de o Sport Lisboa e Benfica ir contratar Cristiano não passava pela cabeça de ninguém no mundo do desporto.

Um jornalista meu amigo, e que me ajudou com alguns dos pontos deste exclusivo, dizia-me que muita gente nem sequer conseguia entender porque é que CR7 tinha recomeçado os treinos no Real Madrid. Todavia, minha querida, a resposta era muito mais simples do que se pensava. Ronaldo, precisava de treinar perto da nossa capital sem que ninguém soubesse ao certo o que ele ia fazer com o seu futuro, pelo menos até as negociações entre Jorge Mendes e Rui Costa estarem terminadas.

A amizade entre Rui Costa e Cristiano Ronaldo vem dos tempos idos de 2004, aquando do Euro 2004, altura em que ambos confraternizaram na seleção e partilharam o balneário das quinas. Aliás, cara Berta, Cristiano Ronaldo nunca escondeu de ninguém que o seu clube de eleição enquanto adolescente fora o Benfica. Por outro lado, o facto do Sporting Clube de Portugal não estar atualmente a disputar a Liga dos Campeões, fez com que a hipótese de CR7 rumar a Alvalade ficasse, logo à partida, fora de questão. No entanto, e embora tenha sido guardado segredo, o melhor do mundo fez questão que Jorge Mendes informasse Frederico Varandas da situação, embora tendo-lhe pedido sigilo absoluto.

Mas o melhor de toda esta história é que a ideia não partiu da direção do Benfica, nem sequer de Rui Costa, nem mesmo de Jorge Mendes ou de CR7. Com efeito, amiguinha, o mestre por detrás desta verdadeira bomba é o atual treinador do Benfica. Foi Roger Schmidt o dono da ideia.

A reunião entre Schmidt e Costa ocorreu logo após a derrota da Seleção Nacional com Marrocos. Haveria, Berta, melhor forma de relançar o Benfica a nível internacional, agora que estavam a brilhar na Champions League da UEFA, do que lançando Ronaldo como reforço para os oitavos de final? Só a venda das camisolas e o retorno publicitário tornariam rentável a entrada de CR7 no clube encarnado. Já para não falar de todo o impacto positivo para o clube da Luz.

Na ideia do treinador a aposta tinha tudo para ser vencedora. Roger nem mesmo conseguia descortinar qualquer forma que fosse de o clube sair a perder com o negócio. Além disso, minha amiga, as possibilidades de conseguirem vencer a Champions aumentavam astronomicamente e, ainda por cima, tinham o jogador mais do que motivado para provar ao mundo que não estava acabado.

A possibilidade de Rui Costa contratar Ronaldo apanhou o Presidente do Benfica de surpresa. Pediu ao treinador vinte e quatro horas para se reunir com a direção do clube e da SAD e para sondar Jorge Mendes sobre a matéria. A ideia, minha amiga, que se lhe formava na cabeça era a de poder vir a contar com Cristiano por, pelo menos, uma época e meia e só esta possibilidade já era por demais sedutora. Ainda por cima com o Euro 2024 a chegar no final da segunda temporada, com tudo o que CR7 queria provar.

Para além disso, também seria uma forma de conseguir manter alguns dos seus melhores ativos no plantel por mais algum tempo, sem ter de lhes oferecer muito mais. O projeto tornar-se-ia, por si só, intensamente cativante.

Pois é, amiguinha, amanhã conto-te o resultado da reunião de Rui Costa com os órgãos do clube e com o empresário de Cristiano. Despeço-me com um beijo de Feliz Natal,

Gil Saraiva

 

 

 

Desabafos de um Vagabundo: Série II - n.º 5: Jardim da Parada - A Réstia de Esperança...

Desabafos S-II-5.jpg Desabafos de um Vagabundo

A Réstia de Esperança...

COMENTÁRIO À CARTA À BERTA (JARDIM DA PARADA - NÃO HÁ CU QUE NÃO DÊ TRAQUE) N.º 622 NO SAPO BLOGS, 

«Sandra, 08.11.2022 - 10:30 h.

Tenho acompanhado esta situação que, por todos os fatores e mais alguns, se tornou mediática. É incrível como os próprios órgãos de comunicação social se contradizem a eles próprios, e é de causar estranheza parecerem estar a "defender" um dos lados (neste caso, o lado errado) quando deveriam ser isentos e limitar-se a divulgar a notícia. Parece que dão destaque e voz a quem defende não ser prejudicial o avanço das obras, em vez de dar, de forma justa e equilibrada, igual destaque a quem tem como provar o prejuízo irreparável que a construção de tal linha traz.

Não estou ligada diretamente a Campo de Ourique, ou ao Jardim da Parada, mas sinto-me ligada indiretamente a esta situação por ela representar todos "os Jardins da Parada" e todas as "linhas do metro" país fora. Enfim. No meio de tudo, trata-se de uma luta desigual, onde, na pior das partes, impera não a sincera preocupação com a população e a sua acessibilidade a essa zona, mas o ponto que parece reger este país: o fator interesse económico.

O tal jogo de interesses entre " os grandes", em que uma mão lava a outra e todos ficam a ganhar. Neste caso, nem todos ganham. Peço desculpa pela "intromissão" mas após ler as suas partilhas, não consegui sair daqui calada.

Boa sorte nesta luta, que a meu ver, ainda está para durar...»

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Cara Sandra,

Quando na Antiguidade Clássica se queria falar em lutas desiguais vinha sempre ao debate a luta entre David e Golias. Neste caso concreto, da batalha entre o Metropolitano de Lisboa e o Movimento "Salvar o Jardim da Parada", a velha comparação peca por defeito. Teríamos de arranjar outros intervenientes, algo do tipo "a batalha entre o T-Rex e a Pulga".

Com efeito, e apesar de se saber, pelos outros exemplos já ocorridos com o metro em Lisboa, que nenhuma árvore de grande porte sobrevive mais de cinco anos depois de ser implementada uma estação de metro debaixo dela, os especialistas do Metropolitano afirmam descaradamente que desta vez é que é. De realçar que por detrás do Metropolitano de Lisboa está o Governo de António Costa e todo o poder a ele associado. Para piorar as coisas, na Junta de Freguesia de Campo de Ourique encontra-se o filho do Primeiro-Ministro, Pedro Costa, com o cargo de Presidente da Junta, que, por sinal, pouco se preocupa com os seus fregueses ou se interessa sobre o que eles pensam.

Pedro Costa entrou para a política pela mão do pai, como número dois desta Junta de Freguesia. Conforme combinado antecipadamente o então Presidente da Junta, um tal de Pedro Cegonho, foi promovido a deputado na Assembleia da República nas eleições legislativas seguintes e o Costinha ascendeu, quase sem saber ler nem escrever, a Presidente da Junta de Freguesia de Campo de Ourique. Finalmente, nas últimas eleições autárquicas, em que poucos eleitores sabiam da estratégia, foi eleito Presidente da Junta, com pouco mais que uma dúzia de votos do seu mais direto oponente.

Ora, Pedro Costa, não se preocupa com o que possa acontecer à Freguesia ou ao Jardim da Parada porque está em trânsito. Nas próximas eleições autárquicas já não será ele o candidato do PS a esta Junta. Seguirá o caminho de ascensão política desenhado pelo pai. Uma ascensão promovida pela genética, que não pelo mérito.

Pois é, cara Sandra, eu que sou socialista militante, daqueles com quotas em dia, tenho, contudo, a consciência que nem tudo é perfeito e são do seio do meio próprio partido. Há muito que no PS as promoções familiares são uma realidade. Posso, infelizmente, dar vários exemplos disso.

Depois a comunicação social, que depende bastante da publicidade institucional do Estado, só dá voz aos mais fracos quando a coisa é lançada em conjunto. Se todos contestam algo que o Governo faça, a situação passa e ninguém sofre consequências, mas se apenas um órgão de comunicação se manifesta ou tenta manifestar, aí o risco é bem maior e, normalmente a Direção de Informação censura a notícia.

Foi o caso da TVI, por exemplo, com uma boa reportagem feita sobre a polémica de se “Salvar o Jardim da Parada”. Essa notícia nunca viu a luz do dia. Ficou retida e enviada para arquivo pela Direção de Informação do canal.

Em conclusão, minha amiga, não é fácil ser-se pulga num mundo de T-Rex e outros gigantes de carapaça dura, quase impenetrável. Porém, por vezes, sem ninguém saber bem como, acontece uma exceção. É nessa réstia de esperança que a população do bairro se agarra. Quem sabe… quem sabe…

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta n.º 622: Jardim da Parada - Não Há Cu Que Não Dê Traque!

Berta 622.jpg Olá Berta,

Em 1980, o grupo musical denominado Banda do Casaco, lançou uma música que ficou para a história, minha querida. Chamava-se Natação Obrigatória e, a dada altura, cantava-se assim: «Viemos do "fundapique". Passamos no "tudasaque". Não há mal que mal nos fique. Nem há cu que não dê traque. Mal a gente vem ao mundo, logo a gente vai ao fundo…». (https://youtu.be/-MliQHJHqy0)

A realidade, amiguinha, é que a tendência, já bem conhecida no início dos anos 80, para que pessoas, grupos, organismos ou instituições tentem mandar-nos abaixo e com isso colocar-nos no respetivo lugar (uma avaliação muito duvidosa sobre nós por parte de quem não nos conhece), continua hoje, como há 42 anos, a ser uma evidência, onde as más práticas são por demais substanciais.

Não há cu que não dê traque! Atualmente, sem precisarmos de sair do Bairro de Campo de Ourique, é exatamente ao que assistimos por parte do comportamento do Metropolitano de Lisboa e das atitudes do Presidente da Junta de Freguesia. Alegadamente, em ambos os casos, minha amiga, tratam-se, de bufas fedorentas prontas a inquinar-nos a vontade e destruir de forma definitiva e permanente o que de melhor temos no bairro: o Jardim da Parada.

São, Berta, estes novos «… ”Aprendizes da política”, só na tática do "empocha…". “Vem a tempestade mítica e a cabeça dá na rocha.” Porque: “Mal a gente vem ao mundo, logo a gente vai ao fundo”» (assim reza a já referida música). As últimas ações são tão desprezíveis como as bufas fedorentas dos denominados “toupeiras”, e do seu cúmplice Pedrinho, aqui no Bairro e que já alastraram a outras organizações como foi, recentemente, o caso da TVI.

Vamos aos factos a que me refiro, Bertinha:

A primeira bufa fedorenta veio, cínica e maldosa, do Metropolitano de Lisboa que colocou um “mupi publicitário”, perto dos sanitários do Jardim da Parada onde, jocosamente, afirmava, através de um esquema do Jardim da Parada, estar no nosso coração. Depois, na mesma publicidade, representavam a estação do metro como uma gigantesca cruz sobreposta, bem por cima de toda a área verde do jardim, como que a garantir que as árvores centenárias estavam condenadas a morrer, não por qualquer forma de justiça, mas porque tal ato excita, ao que me quer parecer, as toupeiras cegas de bom senso e sádicas por natureza.

A segunda bufa fedorenta envolve, no seu cheiro arrasador, a administração da TVI que, depois de ter feito uma reportagem em que evidenciava os malefícios da Estação de Campo de Ourique sob o Jardim da Parada, debaixo da pressão das bufas do poder e das toupeiras malcheirosas, censurou a reportagem da sua própria estação de televisão, não permitindo que a mesma fosse emitida. Uma cedência que, alegadamente, envolveu luvas de pelica.

A terceira bufa fedorenta apareceu no formato de um “flyer”, ou seja, um panfleto publicitário, onde o Metropolitano de Lisboa mente descaradamente à população de Campo de Ourique. A imagem de capa deste desdobrável é a de uma criancinha com um ar feliz e inocente que nem tem noção que a linha vermelha para onde está a apontar é realmente uma linha vermelha que nunca deveria ser possível sequer de traçar quanto mais de executar.

No interior do tríptico publicitário, minha doce Berta, a cruz funerária da Estação do Metro de Campo de Ourique continua bem visível aos olhos de todos, mas continua-se a prometer este mundo e o outro como se de verdades inequívocas se tratassem.

Agora já não são apenas as árvores protegidas que não serão abatidas, mas também as centenárias, como se, por exemplo, o cipreste-dos-pântanos pudesse sobreviver com raízes que precisam de estar mergulhadas no lençol freático que se encontra a trinta e tal metros de profundidade sob o jardim. É vergonhosa, minha cara, a forma como a realidade é distorcida. Efetivamente o metro não abate a árvore, mas ela não tem como conseguir sobreviver. Aliás, segundo um ex-vereador da mobilidade da Câmara Municipal de Lisboa, nenhuma árvore centenária, do Jardim da Parada, estará viva em 2030, tal como aconteceu com as que existiam nas estações de metro no trajeto que vai de Entrecampos ao Areeiro.

“Com a verdade me enganas” poderias tu, amiga, dizer às toupeiras do Metropolitano de Lisboa. Eles podem não abater as árvores, mas todas elas estarão mortas cinco anos depois da obra estar concluída. E isso é irreparável e isso é inadmissível.

O panfleto do metro está em toda a parte. O Presidente da Junta tratou disso de forma eficaz. A junta tem resmas dessa publicidade nas suas instalações, espalhou-a aos montes pelos cafés, pastelarias e restaurantes do bairro, encheu deles escolas, biblioteca e outros locais públicos e invadiu, com o seu fedor enganador as caixas de correio de todo o bairro. Passou-se, Berta, uma linha vermelha que tem de ser travada. A da falta de respeito por uma população inteira de um bairro que vê, desta forma, uma cruz cravada no seu coração, aquele quarteirão verde a que chamamos Jardim da Parada.

Com efeito, não há cu que não dê traque, mas os habitantes do bairro, minha amiga, passam bem sem as bufas mortíferas do metro e do Presidente da Junta. Fica um beijo de despedida,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta n.º 621: Petição Contra o Metro no Jardim da Parada

Berta 621.jpg Olá Berta,

Vitória! Finalmente atingimos mais de 7.500 assinaturas (um total que já chegou às 7.600) contra a estação de metro no Jardim da Parada. Este é apenas o primeiro de muitos passos para tentarmos “Salvar o Jardim da Parada”. Um passo que vai obrigar a Assembleia da República a discutir em Plenário Parlamentar a opinião das gentes e do povo de Campo de Ourique e, quiçá, a uma mudança da localização da Estação do Metro para a Rua Saraiva de Carvalho, esquina com a Igreja Santo Condestável, ou para outro qualquer local que não o Jardim da Parada.

Relativamente às seis cartas subordinadas ao tema “O Metro no Jardim da Parada”, pode parecer-te que me estou a repetir e de facto estou mesmo. Esta necessidade de angariar as assinaturas (as 7.500) e mais uma ou duas centenas delas é premente, não vá alguma ser invalidada. Quanto às visitas à Carta à Berta, minha querida, ficaram-se pelas 18.220 leituras, nestes últimos 8 dias. Eu queria um valor perto das 22.500 leituras, o que significaria uma excelente leitura. Porém, pode ser que o número possa ser atingido lá para o final deste mês. Isso sim, seria mesmo o ideal.

Entretanto relembro aos que lerem esta Carta à Berta que, por favor, não deixem mesmo de assinar a petição pública que circula na internet, embora já tenhamos atingido as 7.500 assinaturas, a Assembleia da República pode sempre invalidar algumas delas por um ou outro motivo. Nunca se sabe. E tu, minha amiga, avisa os teus amigos também.

A petição ainda não terminou. É necessário que eles continuem a ir a salvarojardimdaparada.pt/peticao e a assinar a petição (aqueles que ainda não o fizeram). O processo é muito simples, e depois façam logo a confirmação da vossa assinatura (no respetivo email de cada um), assim que a petição vos enviar a mensagem de confirmação para o email.

Já não faltam assinaturas, Berta, chegámos às 7.600, atingimos cerca de um terço ou próximo da população adulta da freguesia de Campo de Ourique. Importa não esquecer e agradecer o apoio daqueles que já por cá passaram e passam e que ficam ou ficaram com fortes laços com Campo de Ourique e a quem estamos reconhecidos, bem como a todos aqueles que defendem a natureza em detrimento da estupidez e tacanhez dos homens.

É ainda preciso que todos passem a mensagem aos seus familiares e amigos. Precisamos de todos aqueles que, sem exceção, vivem ou já viveram no bairro, dos que aqui trabalham ou trabalharam e dos que nos visitam, para levar a bom porto esta missão, porque o objetivo é levar uma margem de segurança de assinaturas a mais, quando entregarmos a petição. Viva o Jardim da Parada! Viva o Movimento “Salvar o Jardim da Parada”.

Como sou um romântico e hoje estou particularmente satisfeito com esta prova de maturidade dada pelas gentes de Campo de Ourique ao conseguir levar a bom porto esta hercúlea tarefa de se conseguirem 7.600 assinaturas num bairro com apenas três vezes essa população e com tanta gente sem saber aceder às redes sociais e à internet, espero que me desculpes, Bertinha, se termino esta carta com três sonetos alusivos ao Jardim da Parada. Não são novos e fazem parte de dois dos meus livros de sonetos. Porém, espero que sejam do teu agrado.

Carta à Berta 621 c.jpg

"O CAVALEIRO DA PARADA"

Tomava a bica, ali, n’ «O Meu Café»

Quando a vi passar pelo jardim,

Qual figura romântica, que assim

Faz do nada um ateu conquistar fé.

 

Campo de Ourique ganhou nova sé

E o Jardim da Parada, para mim,

Do coreto fez lar de serafim.

Tentei-me aproximar, pé ante pé,

 

Não fosse a divindade eu assustar.

Atravessei a rua com cautela,

Qual monstro que se chega, ao pé da bela,

 

Com ar de peregrino em altar.

Mas antes de a abordar foi-se a alegria…

Um cavaleiro chegou e ela partia…

Gil Saraiva

Carta à Berta 621 b.jpg

“FIM DE TARDE”

O fim da tarde chega de mansinho

Ao seu lado trazendo o entardecer,

Mas o melhor de ver a luz descer

É saber meu amor lindo a caminho.

 

Vem do trabalho, de regresso ao ninho,

Atravessa Lisboa pra me ver

E ao chegar, o beijo que eu vou ter,

Faz-me esquecer as horas que sozinho

 

No Jardim da Parada eu esperei.

Campo de Ourique ganha nova vida,

As sombras do jardim viram guarida,

 

Num refúgio de amantes viro rei.

Do banco do jardim eu já governo

Mas só pelo teu beijo viro eterno!

Gil Saraiva

Carta à Berta 621 a.JPG

“JARDIM DA PARADA”

No Jardim da Parada pulsa vida,

Qual retrato moderno em bairro antigo,

Ali, onde se encontra sempre amigo

No viver na Lisboa concorrida…

 

Campo de Ourique lá lhe dá guarida,

Agradece o Jardim, se torna abrigo

Das gentes que partilham só consigo

Um espaço quase feito por medida…

 

Teófilo de Braga é o jardim

Onde brincam crianças todo o dia,

Onde uma “suecada” em alegria

 

Junto ao coreto quase não tem fim…

Cá namoram casais e a tarde tarda…

Que a Maria da Fonte a todos guarda…

Gil Saraiva

 

Despeço-me com um beijo muito amigo,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta n.º 620: O Metro no Jardim da Parada - Parte VI/VI

Berta 620.jpg (Jardim da Parada, fotografia de autor, todos os direitos revervados)   

Olá Berta,

Nesta sexta e última carta subordinada ao tema “O Metro no Jardim da Parada”, parte VI/VI, não posso dizer que esteja completamente satisfeito com o resultado das mesmas. As visitas à Carta à Berta, minha querida, embora ainda possam aumentar nos próximos dias, ficaram-se por um total, até à data, durante estes últimos 6 dias, em 15.240 leituras. Não sendo mau, não é de todo excelente. O valor que eu procurava andava perto das 22.500 leituras, o que significaria ter sido lido por cerca de um terço a um quarto dos eleitores do bairro. Porém, com alguma sorte, pode ser que o número por mim desejado seja atingido lá para o final deste mês. Isso sim, seria ótimo.

Ainda não te falei, minha amiga, num outro grupo de ilustres cidadãos de Campo de Ourique, que anda com outras ideias interessantes, como forma de mitigar o impacto da estação de metro no Jardim da Parada. Eles usam como slogan: Metro no Jardim da Parada – Minimizar Impacto + Potenciar Oportunidades. Como propostas principais avançam com a ideia de acabar com o trânsito no interior do quadrado urbano ladeado pela Rua Ferreira Borges, a Rua Coelho da Rocha, a Rua Francisco Metrass e a Rua Correia Teles.

Este quadrado gigante seria arborizado e passaria a ser constituído por passeios, sem ruas de trânsito, exceção feita apenas nos acessos às garagens dos prédios já existentes.

Seria um híper quarteirão onde as crianças poderiam brincar à vontade, sem estacionamentos por todo o lado, bem no centro do bairro, uma maravilha, Bertinha. Para além disso, com as árvores a colocar no meio dessas ruas a zona verde quase que duplicava. O coração do bairro ganharia mais alma, mais alegria e mais sossego depois de, um dia, as obras do metro estarem finalmente concluídas.

O projeto ainda prevê a construção de dois silos, um para 600 lugares no Pátio das Sedas e outro com 80 lugares na Travessa Bahuto. O conjunto de propostas é vasto e atinge a dúzia de forma equilibrada e verdadeiramente idílica, cara amiga. Para além disso, ao que parece, estes cidadãos estão bem inseridos na comunidade lisboeta e têm bons contactos no seio da malha política da capital, possuindo igualmente um tratamento facilitado junto da comunicação social tradicional (imprensa, rádio e televisão).

Os primeiros signatários desta proposta parecem saídos, a ver pelos nomes e apelidos, diretamente da Heráldica Portuguesa e Europeia, Bertinha, a saber: Ana Cordovil, António Quintão, Ariana Simões de Almeida, Filipa Pinto da Silva, Filipe Alfaiate, Helena Skapinakis, Inês Costa Pereira, Jorge Farelo, Jorge Wemans, Leonor Serzedelo, Manuel Queiroz, Maria do Rosário Rodrigues, Maria Tavares de Almeida, Miguel Brito e Abreu, Rita Castel’ Branco, Rui Loureiro, Sofia Rodrigues e Teresa Júdice da Costa. Esta reunião de talento e prestígio importa à nossa casta política.

Quando me apercebi que este louvável grupo de notáveis encabeçava o projeto, amiguinha, imaginei logo que ele teria pernas para andar e a bênção da Junta de Freguesia e talvez até do Governo e dos enfatuados administradores do Metropolitano. Porém, aquilo que este grupo organizado não explica é a única pedra no sapato da minha total aprovação.

Tentando apresentar a coisa de forma simples, cara correspondente, fica por explicar o que acontecerá depois das árvores de grande porte (quase todas) morrerem do Jardim da Parada, porque a estação de metro se mantém praticamente no mesmo local e à mesma profundidade projetada. Substituem por arvoredo de pequeno porte? Com 20% da folhagem em relação à mancha atual? Isso anularia a expansão da zona arbórea do grande jardim verde, onde também iriam ser colocadas árvores de pequeno porte. No final, iriamos ficar com 40% do verde face ao que agora possuímos.

Como seriam autorizados, realmente feitos e a que horas, os acessos aos quase 400 lugares de garagens que existem no interior deste grande projeto? É que, mesmo assim, amiga, 400 viaturas a entrar e a sair desta zona, enfim, não deixa as crianças a poderem brincar à vontade ou deixa? Para além de que não será fácil convencer os moradores que agora têm as suas viaturas (cerca de 513) estacionadas na zona prevista, a mudarem para silos pagos, relativamente distantes das suas habitações. Isto se é que os silos fossem realmente construídos. Já oiço falar nisso há 14 anos.

O que iria acontecer ao trânsito destas ruas, que teria de ser desviado para as ruas Ferreira Borges, Coelho da Rocha, Francisco Metrass e Correia Teles? Seria a aurora de um novo caos urbano, absolutamente absurdo e intransponível, minha amiga. Nestas ruas, aliás já sobrecarregadas com saídas e entradas para o metro, a despejar 11 milhões de pessoas no bairro por ano (segundo as previsões do Metropolitano de Lisboa), o estacionamento ilegal iria aumentar substancialmente. A ocupação de viaturas paradas nos cruzamentos geraria a aflição absoluta dos peões e a quantidade de viaturas a atravessar estas quatro artérias pioraria imenso a qualidade do ar nas mesmas, aumentaria potencialmente o ruído de forma estapafúrdia e perturbaria as dezenas de prédios feitos de tabique com 80 ou mais anos.

Contudo, e apesar da ideia me ter parecido bem-intencionada, ao princípio, chego a pensar se não será antes uma forma de tapar o Sol com a peneira, atirando areia para os olhos dos que querem realmente “Salvar o Jardim da Parada” com a sua petição. É certo que os signatários do Movimento “Salvar o Jardim da Parada” não têm, nem de perto, o “pedigree” deste novo grupo, são gente do povo, portugueses e estrangeiros, com paixão pelo seu bairro e pelo seu Jardim da Parada, mas merecem igual respeito.

Entretanto relembro aos que lerem esta última Carta à Berta subordinada ao tema “O Metro no Jardim da Parada”, parte VI/VI, a última deste grupo que, por favor, não deixem mesmo de assinar a petição pública que circula na internet. Avisa os teus amigos também, amiga Berta. Eles que vão a salvarojardimdaparada.pt/peticao e assinem a petição. O processo é muito simples, e depois façam logo a confirmação da vossa assinatura (no respetivo email de cada um), assim que a petição vos enviar a mensagem de confirmação, para o email.

Já só faltam 126 assinaturas, Berta, estamos mesmo quase lá, um terço ou próximo da população e da freguesia de Campo de Ourique já assinou, sem esquecer aqueles que já por cá passaram e passam e que ficam ou ficaram com fortes laços com Campo de Ourique. Que todos passem a mensagem aos seus familiares e amigos. Precisamos de todos aqueles que, sem exceção. vivem ou já viveram no bairro, dos que aqui trabalham ou trabalharam e dos que nos visitam, para levar a bom porto esta missão.  Despeço-me com um beijo terno e amigo,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta n.º 619: O Metro no Jardim da Parada - Parte V/VI

Berta 619.jpg  (Jardim da Parada, fotografia de autor, todos os direitos revervados)   

Olá Berta,

Na sequência da última carta que te escrevi convém referir que, conforme te prometi, há mais gente a apoiar o Movimento “Salvar o Jardim da Parada”, aliás é o que poderás ler nesta Carta à Berta: O Metro de Campo de Ourique – Parte V/VI. Sim, porque não é só a Quercus que se manifesta no apoio ao Movimento, Bertinha, a Associação Portuguesa dos Arquitetos Paisagistas (APAP) refere na sua Carta Aberta do Presidente da APAP ao Presidente da Câmara Municipal de Lisboa sobre o Projeto do Prolongamento da linha Vermelha-Sul do Metropolitano de Lisboa EPE num excerto que repetimos:

“… nos projetos do Metropolitano de Lisboa, as avaliações ambientais quando se trata da afetação de Jardins e Parques públicos, são feitas com o aligeirar de alguns impactes, fazendo sobressair … alguns descritores, explicitamente branqueados, em lugar de uma visão integrada do conjunto... é fundamental esclarecer à partida que estamos perante uma unidade de paisagem, constituída pelo perímetro do Jardim Teófilo Braga (Jardim da Parada), e não somente pelos 3 (três) exemplares arbóreos classificados de interesse público no interior do jardim… as dimensões do Jardim Teófilo Braga são reduzidas, equivalentes à superfície dos quarteirões envolventes do bairro… assinalando o jardim como o coração do bairro, que palpita de vida até hoje… atualmente, o que lá está, encontra-se protegido pelo passeio periférico acompanhado por uma cintura de Lódãos, assegurando o equilíbrio de uma natureza estável e madura. A paisagem do jardim possibilita singulares condições de conforto, atraindo pessoas e animais, sob copas de várias espessuras e tonalidades, que escondem vivências de muitas gerações. Neste ambiente romântico e preservado, encontramos o lago com água corrente, o coreto, os sanitários, a paragem de carros de praça, a esplanada, o jardim infantil e ao lado a premonitória estátua da Maria da Fonte. O conjunto do jardim resulta de uma escala própria, e da agregação ordenada das várias peças, num corpo uno. Tocar num membro ou num sector e o corpo ficará definitivamente destruído. Acontece assim nas coisas vivas e belas, quase perfeitas. Por isto, é de estranhar a naturalidade, com que o estudo e os especialistas complacentemente referem, a simples afetação de uma parte do jardim com a construção – veja-se bem, do poço da estação, dos elevadores, das escadas de emergência, e das grelhas de ventilação como é referido no EIA, como se tudo fosse recuperável ou reposicionável através da obra, escamoteando a destruição sumária e planeada do Jardim.

E para o fazer, é preciso também lembrar os profundos e irreversíveis impactos que a obra irá produzir durante a fase de estaleiro aberto, num tecido de enorme sensibilidade, ao ruído, às poeiras, e às vibrações, aos veículos pesados, independentemente das atenuantes técnicas previstas, não somente nos exemplares vegetais classificados, mas na globalidade da vegetação do jardim… não temos dúvida que a magnitude da obra face à escala do bairro e ao tipo de vivência do sítio, redunda numa brutal e cega ação, recaindo também sobre o edificado, das casas, das habitações e lojas, com o sacrifício do comércio não somente na orla do jardim, mas em grande parte do bairro. Nada disto é compensável com indemnizações, porque se trata de afetações irreversíveis, sem preço.

Num ato proativo de cidadania, o movimento criado por vizinhos e cidadãos, perante a notícia do traçado da linha, veio desde o primeiro momento apontar entre outras, a alternativa que dista 300 metros do ponto previsto, para localização da futura estação. Trata-se de um sector em talude ligeiro, entre a Igreja do Santo Condestável e a Rua Saraiva de Carvalho, o qual nos parece constituir uma alternativa racional, talvez a única, face às contingências observadas. Este local, apresenta clara aptidão, relativamente aos danos ambientais e paisagísticos, com profundas afetações sociais e urbanísticas que a variante atualmente em curso evidencia sobre o Jardim da Parada. Curiosamente este ponto, segundo o estudo do Metropolitano de Lisboa, já tinha sido avaliado pelos técnicos. Pelos vistos prevalece ainda, bizarramente, o Jardim como centro da obra. Esta alternativa, dispõe de boas acessibilidades, franca disponibilidade de espaço para construção das infraestruturas necessárias, área de operação de estaleiro facilitada, com reserva de distância às frentes construídas, diminuta presença de elementos vegetais de grande porte, proximidade com o terminal dos Prazeres da linha 25 e 28, disponibilidade de estacionamento rodoviário subterrâneo e à superfície, fatores que entre outros, justificam à partida que esta alternativa, entre em análise técnica, como peça de referência, no prolongamento da linha vermelha. No entanto o parecer da comissão de avaliação, do EIA, mantém os pressupostos sobre o estudo prévio da variante, sem qualquer menção à possibilidade de revisão daquele, o que nos faz pensar na intenção deliberada de evitar reavaliar ao nível do projeto novas propostas, deitando por terra a real utilidade da auscultação pública, dos debates com os cidadãos e do direito ao contraditório…” (APAP).

Mas os apoios não terminam por aqui. Quem desejar pode ler o que diz sobre o assunto a “Plataforma da Defesa das Árvores”, de fácil consulta na internet com o seguinte link a seguir: https://somosarvores.blogspot.com/2022/06/nao-aceitamos-que-se-destrua-um-jardim.html?m=1&fbclid=IwAR2f2UJSF1_VXLMdYB9NXfpCD__dqrJn-IHFBraT42jaCtR-KyFTEJU-wNE. Posso afirmar que se trata de mais um parecer positivo para a causa do Movimento, minha amiga. A lista de apoios é longa e bem fundamentada.

E o que dizer, por exemplo, da entrevista prestada no programa Contracorrente, na Rádio Observador, no dia 19 deste mês, pelo Ex-Vereador da Mobilidade, saído em 2013 da Câmara, Fernando Nunes da Silva da qual retirei o seguinte excerto, minha cara:

“- … a Obra vai destruir o Jardim da Parada. Vai mesmo! Basta ver que todas as estações de metro de Lisboa, onde antes haviam árvores, desde Entrecampos ao Areeiro, nenhuma árvore resistiu, passados alguns anos. Nenhuma! Vir dizer que agora vai ser diferente é atirar poeira para os olhos das pessoas. A estação do Jardim da Parada vai ficar a mais de 30 metros de profundidade, portanto, idêntica à do Chiado, desde o tempo em que eu era vereador. A manutenção da escada rolante e do elevador vão ser o mesmo caos, quer na Estrela, quer em Campo de Ourique, se não se parar com esta aberração. E obviamente, com aquela dimensão de escadas e volume de pessoas previsto, é óbvio que aquilo vai ter problemas de manutenção sérios… tem de se resolver isto de outra forma, evitando aquele tipo de situação…”

Com efeito, Berta, o movimento “Salvar o Jardim da Parada” não tem falta de apoios de associações e de pessoas coerentes e conhecedoras dos perigos em causa (de todo o espetro partidário e não só), tem é a necessidade imperativa de impedir um futuro e grave disparate. Ninguém do Movimento espera tirar com isto outras mais valias que não a de conseguir levar de vencida o Metropolitano Acéfalo. Nem um só elemento procura fama, lugar na política ou protagonismo. Todos desejam, unicamente, continuar as suas vidas como até aqui, mantendo o Jardim da Parada intocável.

Entretanto relembro aos que lerem esta Carta à Berta que, por favor, não deixem mesmo de assinar a petição pública que circula na internet. O processo é muito simples, vá a salvarojardimdaparada.pt/peticao, e depois façam logo a confirmação da vossa assinatura (no respetivo email de cada um), assim que a petição vos enviar a mensagem de confirmação.

Já só faltam 280 assinaturas, estamos quase lá, um terço ou próximo da população da freguesia de Campo de Ourique já assinou. Passe a mensagem aos seus familiares e amigos. Precisamos de todos aqueles que vivem ou já viveram no bairro, dos que aqui trabalham ou trabalharam ou dos que nos visitam, para levar a bom porto esta missão.  Despeço-me com um beijo,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta n.º 618: O Metro no Jardim da Parada - Parte IV/VI

Berta 618.jpg (Jardim da Parada, fotografia de autor, todos os direitos revervados)   

Olá Berta,

Chegam-me aos ouvidos, minha querida, recorrentemente, que esta malta a favor da petição “Salvar o Jardim da Parada” é um bando de velhas (umas vezes com a palavra Restelo, outras sem, junto à frase) que passa a vida a contestar por tudo e por nada e que, porque estão reformadas, já não precisam de metro e que só têm por motivo fazer parar o progresso. É com este rumor que inicio esta Carta à Berta: O Metro no Jardim da Parada – Parte IV/VI. Um bando de velhas?

Àqueles que defendem o Metro no Jardim, querida amiga, o mínimo que lhes podemos exigir é respeito. Faltas de respeito são coisas próprias de garotos, cuja educação dada pelos progenitores foi profícua em lacunas, e não de gente adulta que defende que o Jardim da Parada tem de sofrer com o avanço da mobilidade urbana em Lisboa.

Mesmo que fosse verdade, que não é, que apenas certas senhoras em idade de reforma, sem apelo pelo progresso e sem nada mais que fazer, fossem o cerne do Movimento “Salvar o Jardim da Parada” isso não daria, em caso algum, o direito aos seus opositores de as classificarem de bando, como se de malfeitores se tratassem, Bertinha.

Afinal, os mais idosos são a voz da experiência de um povo e, por isso mesmo, é-lhes devido um trato com educação e muito respeito. Um bando de velhas? Essa agora!

Todavia, minha cara, o Movimento tem gente de todas as idades e de ambos os sexos. Aliás, faz tanto sentido aqui o género como afirmar que o grupo de homens que joga à sueca no Jardim da Parada são um bando de velhos que jogam forte a dinheiro, a coberto do assobio para o lado da Junta de Freguesia.

Se é verdade que existem mesas de sueca ali onde se aposta forte e feio, isso não quer dizer que são todos idosos, nem que todos apostam, nem que a Junta de Freguesia assobie para o lado. É sim, algo que sempre acontece aqui ou ali, quando grupos de jogadores de cartas se reúnem para jogar, seja onde for. Ora, minha querida, tomar a parte pelo todo e faltar aos respeito a todos os envolvidos rotulando-os de isto ou daquilo, só porque não nos agradam certos procedimentos de alguns, é profundamente injusto.

Bando de velhas, é depreciativo, machista e deplorável. Mas porquê esta classificação tão decrépita dos elementos do Movimento? Porque, ao contrário do que é normal, este é um movimento genuinamente popular e espontâneo. O rosto do Movimento é uma jovem senhora que tenta, com todas as suas forças, representar o melhor que sabe e pode, todos os rostos deste grupo de pessoas que, independentemente das suas preferências partidárias, amiguinha, se uniram em torno de uma causa. Su não está aqui para se autopromover, é apenas a face simpática de um grupo já muito grande de residentes.

Com efeito, mais de 7.000 pessoas já se juntaram ao Movimento através da assinatura da petição “Salvar o Jardim da Parada”. Para ser mais preciso já são 7.160. Ora, doce amiga, algo assim acontecer num bairro com pouco mais de 22.000 eleitores é mais do que uma lança em África, é um feito de inigualável valentia, tão própria de um bairro que ostenta a estátua da Maria da Fonte e donde a revolução de abril partiu para nos abrir as portas da liberdade.

Mais uma vez, Berta, tudo começa num movimento popular, pela defesa do Jardim da Parada, um património que é um bem insubstituível de todo um bairro, no centro de Lisboa, o Bairro de Campo de Ourique. Aliás, 7.160 assinaturas, são mais do dobro do que os votos obtidos por Pedro Costa com que este ganhou a Junta de Freguesia de Campo de Ourique nas últimas eleições autárquicas, eleito, de facto, com apenas 3.500 votos.

Também há quem diga, mesmo assim, que o Movimento “Salvar o Jardim da Parada” não sabe bem o que quer e que a sua luta não tem pés nem cabeça. Se esta carta fosse como o Polígrafo da SIC, impunha-se saber ao certo se assim é. Ao fim ao cabo, quem defende a luta deste Movimento? Haverá gente credível a apoiar a tremenda batalha contra os poderes instituídos e contra o Metropolitano de Lisboa, que nem acesso aos estudos realizados para o prolongamento da linha vermelha dá aos afetados pela obra? Nestas coisas a verdade é sempre muito importante, cara amiga.

Desde logo, minha querida, o parecer da Quercus é bem demostrativo das razões do Movimento, de que é prova o seguinte excerto:

“… a construção da estação de Campo de Ourique, prevista para se situar a 31 metros sob o Jardim Teófilo Braga (Jardim da Parada), jardim histórico da cidade e dos poucos espaços verdes de Campo de Ourique, que, para além de um rico património arbóreo (cerca de 100 árvores, entre elas várias Ginko biloba, uma grevília de grande porte – a abater-, lódãos-bastardos, palmeiras das Canária, etc.), possui árvores classificadas de Interesse Público (2 metrosíderos, 1 cipreste mexicano, 1 sequoia). A construção nos termos previstos implicaria o abate de pelo menos treze árvores do lado da Rua Infantaria 16, alteraria as condições edáficas do solo e colocaria assim em risco diretamente uma das árvores classificadas, e indiretamente, todas as outras árvores existentes neste jardim, incluindo as demais classificadas. A construção desta estação, até pela implantação do poço de ataque, é totalmente incompatível com o desenvolvimento radicular das árvores de grande porte e conduzirá à destruição do mesmo. Não é sequer compreensível ou aceitável esta proposta porquanto existem alternativas viáveis, nomeadamente o Largo Afonso do Paço, a travessa de cima dos quarteis, ou a área fronteira á Igreja de Santo Condestável…” (Quercus - Contributo para a Consulta Pública - Parecer à Expansão da Linha Vermelha do Metropolitano de Lisboa).

Na próxima carta, a quinta de seis, continuarei, saudosa amiga, a dar-te mais alguns exemplos e declarações de associações e pessoas que concordam com este movimento porque, afinal, o que é preciso é mesmo: “Salvar o Jardim da Parada”. Entretanto relembro a todos os que lerem esta Carta à Berta que, por favor, não deixem mesmo de assinar a petição pública que circula na internet é simples, é só irem a salvarojardimdaparada.pt/peticao, e depois fazem a confirmação da assinatura no vosso email quando a petição vos enviar a mensagem de confirmação. Já só faltam 340 assinaturas, estamos quase lá, um terço ou quase da população da freguesia de Campo de Ourique já assinou. Despeço-me com um beijo saudoso,

Gil Saraiva

 

 

 

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