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Alegadamente

Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente correto.

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Carta à Berta nº. 677: Campo de Ourique - Um Dia a Casa Cai!

Berta 677.jpg Olá Berta,


Carlos Moedas não ganhou para o susto. A derrocada do prédio em Campo de Ourique aconteceu no preciso momento em que o autarca ia a passar no local. A queda do edifício em Campo de Ourique parece ter estado à espera pela passagem no Presidente da Câmara Municipal de Lisboa para desabar. O autarca, que assistiu ao vivo e a cores ao desabamento (dizem as más línguas), não ganhou para o susto. Não é portanto de admirar que o mesmo tenha afirmado: “Temos aqui uma obra e vai haver responsabilidades".


Na realidade, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa afirmou hoje que as responsabilidades na queda da parede lateral de um prédio em Campo de Ourique têm de ser apuradas e apontou o possível impacto de obras num terreno adjacente.


"Temos aqui uma obra e vai haver responsabilidades do empreiteiro. Parece-me muito estranho que um empreiteiro que está a fazer um prédio como este não tenha atenção ao muro de um prédio mais antigo", disse Carlos Moedas, em declarações aos jornalistas no local, ainda com as pernas bambas e pouco seguro de si, ao relatar os factos sobre o sucedido mesmo ao lado de um prédio que se encontrava em obras e a ser intervencionado.


O que aconteceu foi a queda da parede lateral do prédio de dois andares em Campo de Ourique na rua com o mesmo nome, no nº. 85, hoje, mesmo ao início da tarde, atingindo um carro, no entanto não foram registadas vítimas.


Ora, o presidente da autarquia, que estava a passar na rua e assistiu ao momento da derrocada, adiantou que os serviços municipais já estão a trabalhar para apurar responsabilidades. Pudera, amiga Berta, não é todos os dias que, por pouco, não se leva com um prédio em cima.


"É muito perigoso. Tivemos muita sorte, mas isto é muito grave, a responsabilidade tem de ser apurada", sublinhou o autarca, ainda atarantado, admitindo que o colapso da parede lateral do prédio possa ter sido provocado por obras que estão a decorrer no terreno adjacente, numa altura em que "o solo ainda está muito frágil" na sequência das chuvas das últimas semanas.


Não se trata de culpar o responsável das obras vizinhas do sucedido, mas é importante que, em cima da hora, se sacuda a água do capote. Alegadamente, há quem diga que Moedas se “ia borrando todo”.


A diretora do Serviço Municipal de Proteção Civil explicou à Lusa que os únicos habitantes do prédio não se encontravam em casa, mas existem outras 15 frações indiretamente afetadas, onde vivem 35 pessoas e que se localizam numa vila nas traseiras do número 85, através do qual é feito o acesso à via pública. Ora, Berta, os habitantes do prédio tiveram sorte, perderam o teto, mas estão vivos e bem (bem mal, diga-se, porque não só perderam os seus bens pessoais como ficaram sem teto – sobre esse assunto a autarquia ainda não se pronunciou).


Contudo, até ao momento, ainda não foi permitida a saída às pessoas que se encontravam em casa no momento da derrocada e aquelas que chegaram entretanto estão a ser acompanhadas pelos bombeiros para conseguirem entrar através de uma passagem pelo prédio ao lado.


Para já, esta tarde, a rua encontrava-se fechada para os trabalhos de limpeza e para depois serão avaliadas as condições de segurança, explicou Margarida Castro Martins. Em dessa avaliação é que será decidida a necessidade de realojar, e de que forma, os moradores afetados. Porém, uma coisa parece certa, estes residentes não ficarão no bairro.


Fachada lateral de prédio cai em Campo de Ourique. Carro fica destruído, o motorista que estava na viatura conseguiu sair ileso.
O alerta foi dado pelas 13h22.


A fachada lateral de um prédio na zona de Campo de Ourique, em Lisboa, caiu parcialmente, durante a tarde deste sábado, e destruiu um carro que estava estacionado junto ao local. Segundo o Notícias ao Minuto que contactou o Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa, o alerta foi dado pelas 13h22.


Em declarações à SIC Notícias, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, revelou que estava a passar naquela zona e que acabou por ser "testemunha ocular deste acidente que não deveria ter acontecido". Alegadamente o autarca teve que mudar de roupa interior, mas não há certezas sobre este facto.


"Felizmente, a pessoa que estava no carro, que imediatamente saiu e conseguimos acalmar, mas depois estavam todas as pessoas que estão lá atrás que têm uma única saída que é esta [referindo-se à zona onde estão os destroços]. A minha preocupação era saber se alguém vivia naquele apartamento. Felizmente, veio o filho da senhora que vivia anteriormente, mas que já não vive".


E acrescentou: "No fundo, tivemos aqui uma grande sorte, mas há aqui uma responsabilidade a apurar. Eu chamei imediatamente os bombeiros, a nossa polícia está aqui e vamos ter que apurar com os nossos serviços de urbanismo exatamente o que é que aconteceu porque é uma vergonha que um promotor desta qualidade a fazer um edifício novo, tenha deixado isto acontecer. Obviamente, houve aqui uma influência destas obras, num terreno que ainda está muito molhado…". – Acusou o assustado edil, ainda a recuperar do “cagaço” apanhado ao início da tarde.

 

O presidente da autarquia lisboeta, o mesmo que anda a arrancar, às dezenas, jacarandás em Lisboa, sublinhou que o sucedido vai ser investigado, tanto pelos serviços municipais, tanto pela PSP. Vai ser aberta a investigação, mas, realmente, é muito triste que isto aconteça. Sobretudo, são casas frágeis, mais antigas e, portanto, o promotor tem que ter todas as medidas de segurança".
"O mais importante é que não há vítimas nem feridos", notou Carlos Moedas, que não ganhou para o susto.


O edil explicou ainda que, "a primeira coisa" a ser feita, juntamente com os Sapadores Bombeiros e autoridades, foi fechar a rua porque "havia perigo, ainda há perigo que se desmorone o resto daquela fachada", acrescentando que é "importante dar segurança às pessoas".


"Penso que vai ser uma tarde longa, mas vamos conseguir resolver", afirmou o presidente da Câmara de Lisboa.
O casal vivia por cima do apartamento que ruiu, foi obrigado a sair da sua habitação por motivos de segurança.
Note-se que a estrada junto à zona da queda da fachada ainda está cortada.
Há "garantia de estabilidade". Câmara fará "visita técnica" na segunda-feira.


O presidente da Junta de Freguesia de Campo de Ourique, Hugo da Silva, afirmou, ao final da tarde deste sábado, que o edifício "aparenta condições de estabilidade" e, por isso, os 35 moradores do prédio vão permanecer nas casas. – Porque, afinal, o que importa nesta vida não é bem a realidade, mas as aparências. Porque a Junta não tem como dar qualquer garantia sobre esta afirmação, antes das avaliações técnicas necessárias. No entanto, ela serve bem o propósito de as pessoas não serem realojadas.


"Está também a ser restabelecida a instalação elétrica, estamos nos testes finais e, havendo a garantia de estabilidade, com a existência da instalação elétrica vão haver condições para que todos os moradores, que desejam permanecer em suas casas, assim o possam fazer", garantiu, em declarações à SIC Notícias, Hugo da Silva.


Já Margarida Castro Martins, diretora do Serviço Municipal de Proteção Civil da Câmara de Lisboa, explicou que o "entulho foi todo removido", mas ainda não é possível fazer o "acesso, em segurança, ao pátio". Por isso, os moradores vão "fazer a entrada por casa de um vizinho".
Os únicos habitantes do prédio não se encontravam em casa, mas existem outras 15 frações indiretamente afetadas, onde vivem 35 pessoas e que se localizam numa vila nas traseiras do número 85, através do qual é feito o acesso à via pública.


Até ao momento desta carta, ainda não era permitida a saída às pessoas que se encontravam em casa no momento da derrocada e aquelas que chegaram entretanto estão a ser acompanhadas pelos bombeiros para conseguirem entrar através de uma passagem pelo prédio ao lado.


Para segunda-feira está agendada uma "visita técnica conjunta dos serviços competentes da Câmara" para fazer a avaliação completa e definir os "passos seguintes".


"A parede toda que ruiu terá de ser avaliada, ou se faz reconstrução ou demolição. Ainda hoje, quando terminarem os trabalhos, reabriremos a rua e devolveremos normalidade a esta zona. O responsável pela obra assegurou a contratação de uma empresa de segurança privada que vai garantir a segurança da casa do vizinho que gentilmente cedeu para servir de passagem. Foi uma boa resposta do responsável da obra, foram muito rápidos e correu muito bem", acrescentou Margarida Castro Martins.


Em declarações aos jornalistas no local, o chefe de operações do Regimento de Sapadores de Bombeiros de Lisboa José Caetano admitiu que o colapso da parede lateral do prédio possa ter sido provocado por obras que estão a decorrer no terreno adjacente, hipótese levantada também pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas mas isso só a perícia técnica o poderá garantir.


Pouco mais há a acrescentar, a partir de hoje, Carlos Moedas só teme que um prédio lhe cai em cima, por força de um raio de Sol que sobre ele incida. Pode não ter ganho para o susto, mas a resposta, quando as coisas acontecem ao próprio, foi célere e pronta. Por hoje é tudo, querida Berta, despeço-me com um beijo,


Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta nº. 543: O Que Se Passa em Campo de Ourique? Conversa à Mesa do Café - IV - Os Bombeiros de Campo de Ourique - Até Onde - Parte II/III

Berta 542.jpgOlá Berta,

Sendo esta carta a segunda, de três, sobre “O Que Se Passa em Campo de Ourique - Conversa à Mesa do Café" – Os Bombeiros de Campo de Ourique – Até Onde. A narrativa, hoje versa, entre outras novidades, mais uma das surpresas que tive do diálogo com o Adjunto de Comando, o senhor André Fernandes, em representação dos Bombeiros de Campo de Ourique.

Fiquei a saber que a corporação ronda os quarenta bombeiros no ativo, descontando os oito estagiários e os alunos da Escola de Infantes e Cadetes, sim porque, querida Berta, esta associação também ensina, sendo que, de momento, a escola é frequentada por quinze pupilos, que também compõem os elementos ativos da fanfarra.

Para além do pessoal já referido a casa conta também com mais quatro pessoas entre o pessoal administrativo e de limpeza. Porém, não sei bem como, eles conseguem ir dando conta do recado, com um número relativamente escasso de soldados da paz, ainda mais que, como fiquei a saber, destes quarenta, apenas dezoito estão integrados como bombeiros profissionais, ou seja, os restantes bombeiros são voluntários e só estão disponíveis depois de acabarem os seus trabalhos na outra atividade, sejam eles enfermeiros, carpinteiros, lojistas ou trabalhadores de uma qualquer empresa. Fiquei a pensar que aqui existe muita alma.

Para meu espanto, e juro-te amiga Berta que estava assombrado, não tivesse eu já sido presidente dos Bombeiros Voluntários de Sintra, descobri que embora não tendo ligação direta ao INEM e não possuindo nenhuma viatura do organismo, tinham quatro ambulâncias ao serviço da população a funcionar através do DIPEPH, que mais não é que o Dispositivo Integrado e Permanente de Emergência Pré-Hospitalar.

Ora bem, o DIPEPH funciona como, deves estar tu, amiga Berta, a perguntar, pois pouco entendes de bombeiros? Ele é, para explicar resumidamente, um programa coordenado pela Câmara de Lisboa, através do Serviço Municipal de Proteção Civil, que trabalha, entre outras muitas valências, com o INEM, reforçando a assistência do mesmo, em viaturas, serviços e pessoal, quando esta é solicitada.

Berta 542 b.JPG(Imagens de Gil Saraiva - Parte da Sala Museu dos Bombeiros de Campo de Ourique)

Como fontes de rendimento as coisas não estão famosas para estes soldados da paz, pois os sócios (já para não falar nos voluntários) são cada vez menos, fruto da mudança de estratos sociais no bairro, penso eu que já lidei com estes assuntos. Com efeito, embora pareça contraditório, quanto mais educada e instruída é a população de um bairro, quanto mais este deriva da classe baixa para a média ou a média alta, como tem acontecido com Campo de Ourique, menor é o apoio económico dado aos bombeiros locais. Assim como também diminui drasticamente o número de gente disposta a ser bombeiro voluntário.

Aqueles que estão bem economicamente tendem a pensar que não é sua responsabilidade contribuírem para os seus bombeiros, porque estes devem ser obrigatoriamente apoiados pelo poder autárquico e pelo Estado. Ora, isso é verdade, mas apenas em parte, estas entidades cobrem as despesas mínimas da associação, mas não muito mais do que isso.

Assim, se é necessário adquirir mais uma viatura, reforçar o quadro de pessoal profissional, arranjar equipamento novo para substituir o obsoleto ou deitar mão a um novo serviço, os recursos vindos pela via institucional são, e serão sempre, muito inferiores às verdadeiras necessidades de uma corporação de bombeiros.

Por sorte, segundo me contou o Adjunto de Comando, existe um benemérito que tem ajudado com a aquisição de equipamento, só não me foi dito quem ele é porque a pessoa pretende manter o anonimato. Apesar deste auxílio as necessidades são muito superiores às receitas e era bom ver a população a aderir à condição de sócio dos bombeiros.

Como complemento extra a associação tem ainda um parque de estacionamento, para os residentes do bairro que aí pretendam guardar as suas viaturas, bem como um bar e restaurante, aberto a toda a população, mas concessionado, o que faz com que os bombeiros não tenham qualquer desconto nas refeições. Aliás, a escassez de recursos tem feito desenvolver o espírito inventivo dos homens da paz.

Com efeito, estão a ser pensadas ações de formação pagas para os sócios, empresas e população em geral, seja no âmbito dos primeiros socorros, seja na prevenção e combate a incêndios. Esta ideia de gerar novos recursos e de cativar a população numa modalidade de quartel aberto a todos veio do próprio combate à pandemia de Covid-19, e à diminuição ainda maior dos recursos disponíveis, sendo que o Plano de Contingência da Câmara Municipal de Lisboa sempre ajudou com o fornecimento atempado, dentro do razoável, de equipamento de proteção individual.

Berta 542 c.JPG(Mostra de equipamentos - usados em formação)

Porém, embora este extra fosse precioso, isso não tem impedido que, no decorrer deste ano e meio, não existam sempre dois ou três bombeiros infetados e outros tantos remetidos ao isolamento profilático, o que tem reduzido o número médio de ativos ao serviço em dez ou quinze por cento, desde o início da pandemia.

Mas o que me espantou, minha querida amiga Berta, aquilo que me fez ficar de boca aberta foi a novidade seguinte. Estava eu a dizer a André Fernandes (já sem o senhor, a pedido do mesmo), o Adjunto do Comando, que Campo de Ourique era um bairro e uma freguesia densamente populosa, e que considerava que eles estavam abaixo dos recursos necessários para fazer face a uma emergência maior que pudesse surgir, quando o vejo a sorrir para mim, como se eu estivesse a dizer uma asneira que, no entanto, não deixava de ser engraçada por ser tão fora da realidade.

Falta de recursos para o bairro não era coisa que alguma vez tivesse passado pela cabeça do Comando dos Bombeiros de Campo de Ourique. O problema era que a área dos bombeiros que eu julgava, induzido pelo nome, serem só para serviço da área da freguesia, também se estendia para além das fronteiras do bairro.

André Fernandes sorria enquanto me informava, orgulhosamente, que eles também eram os Bombeiros da Freguesia de Campolide, cobrindo todo o território do bairro vizinho, indo a sua área de influência até Benfica, São Domingos de Benfica, Avenidas Novas e Santo António com quem estabeleciam fronteira. Estava eu a argumentar que o espaço a cobrir em Campolide era quase duas vezes a de Campo de Ourique e o meu novo amigo André já não sorria, em vez disso, ria descaradamente.

Quis saber em que é que o meu espanto o fazia rir daquela maneira. Ele acalmou-se e esclareceu-me que os Bombeiros de Campo de Ourique, também eram os Bombeiros da Freguesia da Estrela, indo até ao Tejo e fazendo fronteira com Alcântara e Misericórdia, sendo que aí a área abrangida era mais de três vezes a do nosso bairro. A vantagem era que, em termos de densidade populacional, quer a Estrela quer Campolide, tinham cerca de um terço da densidade de Campo de Ourique. Não era uma tarefa fácil, reconhecia André Fernandes, mas até agora, com mais ou menos sacrifício, sempre tinham dado conta do recado.

Juro-te, querida Berta, que se tivesse levado o meu chapéu, aquele teria sido o momento ideal para o tirar àquele bem-disposto Adjunto de Comando. Adversidade e resiliência pareciam palavras tão corriqueiras como pandemia ou teimosia e orgulho. Nesta altura a minha admiração sobre os Bombeiros de Campo de Ourique estava em níveis elevadíssimos, contudo, ainda haveria de subir mais com a surpresa que deixo para a parte final, amanhã, desta entrevista à mesa do café. Por hoje é tudo, beijos,

Gil Saraiva

Berta 542 d.jpg(Imagem de Gil Saraiva às Homenagens sempre presentes aos bombeiros mortos no cumprimento do dever)

 

 

 

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