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Alegadamente

Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente correto.

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Carta à Berta nº 105: Campo de Ourique - 2019 em Revista - março

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Olá Berta,

Peço desculpa pela demora da carta de hoje, mas tenho estado meio engripado. Descansa que não é nada mais do que isso. Voltando ao tema que temos em cima da mesa, ou seja, o que aconteceu em Campo de Ourique em 2019 com relevância para mim, o que é sempre subjetivo, passamos para a revista do mês de março de 2019. Com a chegada deste mês terminamos o inverno do ano passado e afloramos a chegada da primavera. É engraçado seguirmos a evolução dos acontecimentos passados e tentarmos descobrir se alguns deles mostram a passagem pelas estações do ano ou se tudo parecerá mais ou menos indiferente.

É claro que este mês ainda não é a altura ideal para se poder notar com clareza essa alteração, porém, sendo a última semana a da chegada da época das flores, sempre me fica alguma expectativa. A ver vamos se as 2 coisas se correspondem entre si. Espero que, mais uma vez, este recordar seja do teu inteiro agrado e que aí, à distância, tires algum partido daquele que é, para mim, evidentemente, o melhor bairro de todo o universo conhecido.

Campo de Ourique em revista, março de 2019:

Fechou, logo no dia 1 de março, para uma remodelação geral, a Casa Fernando Pessoa. O prazo previsto para a reabertura, segundo fonte oficial, é apontado para depois do verão. Contudo, minha amiga, os gestores da Casa anunciaram já a reabertura, algures, durante o primeiro semestre de 2020. Cá para mim a 30 de junho de 2020.

A sexta-feira, dia 1, serviu de porta de entrada para a música. No mercado de Campo de Ourique, a banda “Groovelanders”, fez, a partir das 21 horas, as honras da casa. O Pop, o Rock, o Funk a Soul e finalmente o Disco, foram as sonoridades deste grupo dedicado aos “covers” dos clássicos da múcica nos últimos 70 anos. Acho que a banda te teria agradado, amiga Berta.

O dia 2 foi dedicado ao inglês, assim aconteceu porque a Academia de Inglês mais famosa do Mundo (estando presente nos 5 continentes em 36 países e possuindo um dos seus mil centros de ensino do inglês, para qualquer idade, como segunda língua, no nosso bairro), o “Helen Doron”, situado na Rua de Campo de Ourique no n.º 36B, realizou, desta vez para os mais jovens, um Workshop Especial gratuito, no Centro Comercial do Campo Pequeno, dedicado à ciência em colaboração com a “Science4you” entre as 4 e as 5 da tarde.

No domingo, dia 3, o Mercado de Campo de Ourique contou, com a presença do trio de música jazz “Out of the Blue”, tendo a banda atuado no horário nobre do mercado, entre as 20 e as 23 horas. Um parâmetro horário ligeiramente diferente do habitual neste grupo no espaço.

A música aconteceu, novamente, nos dias 5 e 6, na Mercearia do Campo, num número da Rua Saraiva de Carvalho, pertencente à Freguesia da Estrela, que teimosamente insiste em afirmar-se como sendo um espaço do Bairro de Campo de Ourique. Na sua cave, a “Mercearia -1” (leia-se: menos um), pudemos deliciar-nos escutando, ao vivo, sempre a partir das 21 horas, Areia Rotsen, no dia 5 e Ana Moreira no dia 6. A entrada foi, mais uma vez, livre e o espaço esteve, como seria de esperar com muito bom ambiente em ambos os dias.

Com a chegada de sexta-feira, dia 8, o Mercado de Campo de Ourique voltou a dar música a todos os seus clientes e apreciadores das mais diversas sonoridades. A banda “Brass & Brass” fez a sua aparição pelas 8 da noite e proporcionou algumas horas de bom som a todos os visitantes deste espaço onde se bebe, come e ouve com prazer. O mercado afirma-se, cada vez mais, como a grande referência musical do bairro.

O Mercado de Campo de Ourique reinou mais uma vez no sábado, dia 9, querida amiga, principalmente no que ao som diz respeito. Foi cerca das 21 horas que a banda “Bossa Alibi” iniciou a sua atuação. O duo trás consigo as sonoridades da Bossa Nova e algumas das sonoridades dos anos 50 e 60 do século passado com um “jazz lounge” fácil de ouvir e ainda mais fácil de apreciar com gosto.

A banda “Out of the Blue” regressou ao Mercado de Campo de Ourique no dia 10, para mais uma atuação. Reinaram as “Jam Sessions” uma vez mais no habitual horário entre as 6 da tarde e as 10 da noite.

Foi a 12 e 13 de março que terminou o ciclo de concertos intimistas da Mercearia -1. Pena que este tipo de iniciativas não tenham o apoio político que mereciam ter, quer pela qualidade, quer pelo bom gosto demonstrados. Desta vez, quem lá esteve pode apreciar as sonoridades de Meri e Nadia Leirão, no dia 12, com a música a variar entre a Soul e o chili RnB e, no dia 13, o Clube do Blues. Foram 2 dias e 2 valências que mereceram bem o registo que aqui faço, querida Berta.

O dia 15, à noite, pelas 21 horas dessa sexta-feira, foi um tempo para escutar no mercado do bairro, o “Fados e Guitarradas Trio” porque a organização faz questão de incluir no seu programa mensal, sempre que a oportunidade surge, o que a música portuguesa tem de mais popular e tradicional. Seria uma noite ao teu gosto Berta, sei bem como adoras noites de fado.

Para sábado, dia 16, foi a vez de o mercado apresentar, às 8 e meia da noite, a “Belle Blue Band”, uma banda de “covers” escolhidos a dedo, para, com a devida nostalgia, nos trazer à memória temas de outros tempos que nos foram tão queridos e sentidos, havias certamente de ter gostado amiga Berta.

Sempre no Mercado de Campo de Ourique foi possível escutar no dia 17, a banda de jaz “Out of the Blue”. A entrada livre, e a busca incessante da banda por novos temas tem transformado o horário de domingo das 18 às 22, num fenómeno de afluência de público, querida Berta. Ao que parece o jazz criou uma atmosfera perfeitamente compatível com o feitio sereno do bairro.

Foi a 18 deste mês que o Ginásio Clube Português celebrou o seu 144º Aniversário assinalado com uma cerimónia solene à altura das comemorações, que pelas 18 e 30 tudo se iniciou com uma missa na Igreja do Jardim das Amoreiras, onde se pode escutar o Coro do Clube. Pelas 7 e meia da tarde, agora no restaurante da Sede do GCP, houve um desfile de apresentação da nova linha de Merchandising “GCP Old School”. O ato seguinte foi a apresentação da Caderneta de Cromos do GCP e logo depois houve ainda lugar à Cerimónia de entrega de Galardões e Diplomas de Louvor, terminando a sessão com a esperada entrega de Emblemas e Diplomas aos sócios que completaram 25, 50 e 75 anos de membros efetivos e com a entrega de Diplomas aos atletas, Campeões Nacionais, de 2018.

Realizou-se nos dias 21, 22, 23 e 24 de março, mais uma vez por iniciativa da Junta de Freguesia e da Casa Fernando Pessoa, a Feira do Livro de Poesia, no Jardim da Parada. A programação, se a quiseres consultar, minha amiga, encontra-se, no formato PDF, na internet, basta copiares o endereço e procurar no google, em: http://www.jf-campodeourique.pt/wp-content/uploads/2019/03/cartaz-A4-Feira-do-Livro-JFCO-FPESSOA-2019.pdf.

O sábado, 23, pelas 20 e 30, começou com os sons, do fim-de-semana, no Mercado de Campo de Ourique. Em atuação esteve a banda “Philip Stones”, o quarteto, que deriva as suas influências entre os Blues e o Rock Psicadélico, esteve muito bem.

Domingo, 24, como de costume, pelas 18 horas e até à última badalada das 22 horas, no mercado, como não podia deixar de ser, o conjunto musical de jazz “Out of the Blue”, esteve mais uma vez a emprestar a sua sonoridade tranquila ao espaço envolvente.

Nos dias 25, 26, 27 e 28, sob a coordenação da instituição “Procjeto Alkantara”, decorreu, numa das zonas mais periféricas e desfavorecidas de Campo de Ourique, na Quinta da Cabrinha, a fazer fronteira com a freguesia de Alcântara, no Pátio da Cabrinha, no prédio bem no início da Rua da Fábrica da Pólvora, um projeto de arte urbana, onde Ivo Santos, um dos mais prestigiados artistas nacionais de “street art”, conhecido pelo nome de Smille, esteve a criar, para quem quis assistir, um enorme mural na empena cega do referido prédio. Aliás, amiga Berta, um outro imenso mural, denominado “hall of fame”, dessa vez coletivo, protagonizado por um grupo de artistas conhecido pelo nome de “Vale Encantado” tinha sido pintado na Quinta do Loureiro 15 dias antes, o qual, por lapso, eu não referi na revista ao passado mês de fevereiro.

Dia 29, estando a obra terminada, foi o Corvo, Sítio de Lisboa, a página noticiosa sobre a capital na internet, que fez as honras da reportagem e divulgação nacional de mais esta obra de arte criada onde menos seria de esperar.

Foi igualmente a 29, sexta-feira, às 9 da noite, que, no Mercado de Campo de Ourique, se pode assistir àquela que, para mim, querida Berta, foi a melhor atuação no espaço no primeiro trimestre de 2019. O rock e as baladas, em cover, de Francisca Costa Gomes, trouxeram ao bairro uma excelente voz, um timbre único, de alguém que, noutro país, com outro tipo de oportunidades, já estaria apenas a frequentar os grandes palcos com temas próprios, em concertos apinhados de fans e completamente esgotados. Foi uma maravilha que deu mesmo muito gosto de ouvir, ver e desfrutar.

Terminou no dia 30 de março na Biblioteca e Espaço Cultural Cinema Europa uma excelente “Exposição Coletiva de Pintura”, com mostra de 12 artistas do CNAP, o Círculo Nacional D’Arte e Poesia, com o patrocínio da Junta de Freguesia de Campo de Ourique.

O sábado dia 30, pelas 21 horas, foi de outras sonoridades, mais próprias da juventude. Essa foi a noite a que a organização dos eventos do Mercado de Campo de Ourique apelidou de “Dj no Mercado” e o nome, realmente, diz tudo em termos de sabermos o que se passou.

A honra de terminar o mês, dia 31, acabou por calhar à banda “Out of the Blue”, no Mercado de Campo de Ourique. Entre as 6 da tarde e as 10 da noite as “Jam Sessions”, o jazz, e alguns solos instrumentais deste grupo, embalaram os visitantes com a sua música, especialmente selecionada para produzir uma harmonia calma e bem-disposta a todos os presentes no recinto.

Como pudeste ler este foi um mês muito musical, com iniciativas que realmente nos aproximaram da primavera. Despeço-me com um beijo franco e saudoso,

Gil Saraiva

 

Carta à Berta nº. 56: Dante com a Funarte nas mãos

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Olá Berta,

Hoje, por aqui, está um dia frio. Um daqueles frios que nos invade a carne e nos afaga, com um prazer sádico, os ossos, sabes? Coisas que eu nunca tinha sentido até aos meus 40 anos, nem mesmo em situações muito mais gélidas do que a de hoje. Já sei o que estás a imaginar. Podes ter razão ao pensares que a PDI não perdoa e gosta de nos lembrar que existe. Porém, com as evidências posso eu bem. Contudo, o que eu gostava mesmo era de controlar este frio.

Aliás, foi o frio que me fez escrever a carta de hoje, porque, por antagonismo, lembrei-me das várias e deliciosas férias que já passei no Brasil, o qual, alegadamente, tem na presente legislatura um verdadeiro asno no poder. Como eu adorava provar isso de forma convincente e retirar a estes escritos a conotação alegada. Contudo, para isso, teria de mudar de blog, porque aqui é o reino das observações sem conhecimento da totalidade das informações e das fontes.

Esta carta, minha querida, merecia honras de edital, coisa séria deste teu amigo jornalista e cheio de calos onde eles não fazem falta, porém é aqui que escrevo e é aqui que a coisa terá de fazer sentido.

Deves estar a pensar que te vou falar dos falsos testemunhos de Bolsonaro, quando acusou o ator Leonardo DiCaprio de estar a pagar a uma organização para incendiar a Amazónia, o que, mal comparando, seria o mesmo que dizer que a Madre Tereza de Calcutá era uma velha maluca que envenenava os pobres para que estes não morressem de fome. Ambas as afirmações estão na mesma ordem de classificação e categoria, quer em termos de discurso quer de domínio: o do absurdo.

Todavia, considero o assunto igualmente inacreditável. A notícia, de que te vou falar, li-a no expresso online de hoje e relatava a nomeação de Dante Mantovani para presidente da Fundação Nacional das Artes, o organismo do Governo Brasileiro que fomenta as Artes Visuais, a Música, o Teatro, a Dança e as atividades circenses.

O maestro (sim, o alegado idiota chapado é maestro) foi nomeado ontem para o cargo em causa. Estamos a falar do sujeito que afirmou publicamente ter a certeza de que a UNESCO é uma “máquina de propaganda em favor da pedofilia” e que disse que: “O Rock ativa a droga, que ativa o sexo, que ativa a indústria do aborto. E a indústria do aborto alimenta uma coisa muito pesada, que é o satanismo. O próprio John Lennon disse abertamente, mais de que uma vez, que fez um pacto com o Satanás” (palavras do próprio Dante, que até tem um nome sugestivo).

É também de sua autoria a alegação, ainda a propósito do Rock, de que agentes soviéticos inseriam “elementos” nas músicas para fazerem aquilo a que ele chama de “engenharia social” com crianças e adolescentes.

Mais recente, nos discursos brilhantes desta alegada anta, afirma-se que “na esfera da música popular, vieram os Beatles para combater o capitalismo e implantar a maravilhosa sociedade comunista”.

A inteligente medida fazia, segundo afirma, parte de um plano para vencer os americanos e o capitalismo burguês a partir da destruição da moral da juventude e das famílias. Aliás, no seu site oficial, o alegado maestro mentecapto, defende que na música experimental contemporânea “é praticamente obrigatório imitar peidos, seja mediante o emprego de instrumentos musicais ou do famigerado aparato eletroacústico”. E, por mais estranho que te pareça as palavras são “ipsis verbis” as do próprio. Beethoven, que foi muito cedo considerado louco, é um menino do coro se comparado com a criatura de que agora falo.

No seu plano de uma nova música para infantes e adolescentes o maestro Dante Mantovani, aparece no Facebook a dirigir um coro onde o próprio acrescentou a legenda “canto gregoriano em latim para crianças, é nisso que acredito”.

Poderia, minha querida Berta, escrever mais uma boa meia dúzia de páginas com as alegações do alegado energúmeno, portador de uma deficiência mental obstrutiva crónica no que ao raciocínio e à inteligência diz respeito, pois que este é o animal que afirma que o fascismo é uma política de esquerda e que as “fake news” são uma conceção globalizante para impor ao povo a vontade da imprensa.

A Funarte, que gere os recursos do Brasil para as Artes, atrás referidos, está, como vês, entregue a este espécime de bípede, de mentalidade anterior aos nossos hominídeos de Neandertal.

Tenho pena de ver um país, que adoro, nas mãos desta gente nefasta, perigosa e absolutamente desprovida de senso comum, de sentido de história, de hombridade, de decência humana e de sentido crítico e criativo, apenas preocupados em evangelizar com um populismo que roça o <<non sense>>, da pior maneira possível, um povo alegre, feliz e maioritariamente crente no bem.

Atribuir a direção da Funarte a este louco maestro popularucho é o mesmo, que nós poderíamos fazer, se entregássemos as comemorações do 25 de abril a André Ventura. Um absurdo sem nome, nem classificação. Não sei como o meu povo irmão se vai livrar destes alegados percevejos, porém, com a máxima urgência, algo terá de ser feito.

Despeço-me tristonho e saudoso. Recebe um beijo deste teu amigo,

Gil Saraiva

 

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