gilcartoon n.º 1109 - Miga, a Formiga: Série "Dah!" - Fazer Grande Merd@ em Portugal Outra Vez!
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Olá Berta,
Como sabes, minha cara confidente, eu tenho administrado um grupo de bairro no Facebook. Estamos perto de chegar aos dez mil membros e embora se possa falar de política, mesmo satirizando este ou aquele político faz já algum tempo que ficou claro que não é permitido insultar seja que político for, como também está fora de questão dizer que são todos desonestos ou pior do que isso.
Esse tempo, amiguinha, já não tem mais lugar nesse espaço. Contudo, não escondo de ninguém que sou socialista e até militante do Partido Socialista. Todavia, uma coisa é ser socialista filiado, outra coisa é concordar com tudo o que o PS faz ou programa fazer. Aí, como sempre, eu e o partido nem sempre estamos de acordo.
A nível autárquico fui totalmente contra o apoio demonstrado pela Junta de Freguesia de Campo de Ourique, onde o PS ganhou por menos de duas dúzias de votos, à localização da estação do metropolitano no subsolo do Jardim da Parada, ao desvio do lençol freático e à condenação à morte lenta, minha querida, num prazo não superior a dez anos, das árvores centenárias do Jardim da Parada.
Penso até que, quando a população do bairro começar a ver as consequências desta decisão, o PS autárquico estará por muitos anos longe do poder em Campo de Ourique. Infelizmente, amiga, duvido que me engane.
A vida tem destas coisas e, proximamente, no dia dez de março, vamos ter eleições legislativas. Ora, ao contrário de muita gente, eu gostei bastante da governação socialista. Aliás, apoiei internamente António Costa e fiquei muito satisfeito quando ele ganhou o partido, exatamente do mesmo modo, Berta, como fui contra José Sócrates desde o princípio. Ser socialista não é ser estúpido, nem deixei de ter pensamento próprio, eu sei que há várias crises em curso, desde o gravíssimo problema da habitação, passando pelas várias crises do SNS, até ao problema dos professores e das forças armadas e de segurança.
Mas também sei que o poder de compra em minha casa não desceu, subiu quase 25% em oito anos. Sei que não posso ser retirado da minha casa, pela senhoria, pois estou num regime protegido, graças à teimosia do PS em manter esse regime. Mesmo assim, querida amiga, a Lei Cristas fez-me pagar cinco vezes mais renda do que anteriormente pagava. Claro que nem tudo está bem. Porém, o PS fez o país crescer, face à Europa, aguentou sem se ir abaixo uma pandemia, e suportou o rebentamento de duas guerras quase à nossa porta, conseguindo, mesmo assim, fazer diminuir a divida pública e recuperar Portugal de uma economia no lixo para um “raiting” de nível A, novamente. Já nem falo na superação da crise do petróleo.
Agora, aquilo a que eu apelo no grupo, não é para os membros votarem PS, é apenas para irem votar. No PS, na AD, na IL, no Livre, no PAN, na CDU ou no Bloco de Esquerda, não importa, votem na democracia, esqueçam dos partidos que garantem a banha da cobra, que são populistas, e que só prometem coisas porque sabem que nunca as terão de cumprir. Se não querem votar em ninguém votem em branco, mas votem. Não ir votar aumenta a abstenção e beneficia diretamente a estrema direita. Não me vou alargar mais por hoje, minha doce Berta, deixo um beijo saudoso, deste teu amigo,
Gil Saraiva
Olá Berta,
Hoje, esta carta serve para te esclarecer a ti, à Margarida Vicente, à Comissão de Utentes da Unidade de Saúde Familiar Santo Condestável (USF) e a todos os 13.605 utentes desta Unidade de Saúde Familiar a que, normalmente, apenas chamamos de Centro de Saúde de Campo de Ourique, sobre o que o Ministro da Saúde, Manuel Pizarro, respondeu no “II ENCONTRO SECÇÕES SECTORIAIS E TEMÁTICAS” da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL), ontem, dia 13 de Maio de 2023, no nº. 6 do Hotel Roma, em Lisboa, no que concerne às questões colocadas pela Comissão de Utentes USF Santo Condestável e para as quais, minha amiga, eu apenas servi de mensageiro.
Quanto aos emails enviados pela Comissão é reconhecido que os sistemas de correio eletrónico do Ministério da Saúde, não andam a funcionar devidamente e que o Ministério está a trabalhar com a Modernização Administrativa, amiguinha, para fazer do mesmo um verdadeiro instrumento de comunicação e não um entrave ao esclarecimento daqueles que o usam, como atualmente acontece.
Presentemente, Bertinha, o Ministério da Saúde não tem um prazo para poder dar aos utilizadores sobre a resolução do problema, porque não está diretamente sob a sua alçada a resolução do mesmo. Contudo, espera ter as devidas soluções num espaço de tempo aceitável.
Relativamente à segunda questão, minha cara, a resposta veio anexada à terceira pergunta, num conjunto que visa tranquilizar todos os utentes do Centro de Saúde de Campo de Ourique e até aqueles que ainda o não são e que aguardam a sua aceitação nesta Unidade de Saúde Familiar.
Existe, Berta, por parte do Ministério da Saúde, a intensão de transformar a USF de Santo Condestável numa USF tipo B, a quanto da criação do novo Centro de Saúde ou, no limite, num espaço temporal que não se prolongue para além da atual legislatura, permitindo a inclusão dos 2.440 sem médico de família na respetiva USF. Todavia, contrariamente ao que alegadamente proferiu o Presidente da Junta de Freguesia de Campo de Ourique, querida amiga, ainda não está resolvido o problema do Contrato de Arrendamento com o proprietário do imóvel, ou seja, ainda não existe acordo sobre o prolongamento do mesmo.
No que respeita às alegadas afirmações da Vereadora da Habitação da Câmara Municipal de Lisboa, pelo PSD, com os pelouros da Habitação e Desenvolvimento Local, minha amiga, fonte do PS alega que era melhor que a digníssima Professora Universitária e Arquiteta, não adiantasse nada sobre a nova USF de Campo de Ourique, porque o assunto ainda está inteiramente sob a alçada do Ministério da Saúde. Assim sendo, tudo o que a senhora vereadora possa afirmar sobre o assunto é, no mínimo, prematuro e demasiado especulativo para poder ser considerado seriamente.
Ainda sobre a possibilidade dos utentes do atual Centro de Saúde de Campo de Ourique deixar de existir ou de os utentes serem espalhados por outros Centros de Saúde das freguesias vizinhas foi afirmado, e pelo próprio Ministro da Saúde, minha querida confidente, que essa hipótese é, em absoluto, uma impossibilidade e um absurdo que jamais acontecerá.
Esclareço também, doce amiga, que, em todas as diligências que fiz durante toda a manhã do passado sábado, jamais usei o tom belicoso, conflituoso, arrogante e de confronto direto que me foi apresentado pela Comissão de Utentes USF Santo Contestável, através da formulação das questões que recebi no grupo de Campo de Ourique do Facebook, pela Margarida Vicente.
É entendível, minha cara, que a Comissão esteja a agir em desespero de causa e que a linguagem usada seja um reflexo disso, bem como a longa lista de insinuações, provocações e frustrações implícitas na exposição e nas questões. Porém, e por não me parecer crível que um Governo formado pelo PS, enquanto criador do SNS, tenha qualquer intuito em destruir a sua obra, o tom com que coloquei as questões foi educado, cordato, mas suficientemente assertivo para que as respostas fossem claras e esclarecedoras.
Aproveito, Berta, esta carta para esclarecer que alguns dos destinatários para quem a Comissão de Utentes enviou emails não tinham competência para darem uma resposta.
No entanto, minha querida, foi-me assegurado durante o II Encontro que, apesar de tudo, essas entidades, podiam e deveriam ter respondido aos emails da Comissão de Utentes USF Santo Condestável, pois nem todas enfrentam o problema de tráfego de emails e de atraso nas respostas que o próprio Ministério da Saúde atravessa. Mais informo que foram tomadas notas no sentido de se ir tentar apurar a falta de respostas, nem que fossem apenas para confirmarem que o assunto ainda não se encontrava sob a sua alçada.
Foi igualmente reconhecido que o direito constitucional à saúde, à organização de uma defesa e o direito à informação não estão em causa. No momento, o que se passa, cara amiga, é apenas que o Ministério da Saúde, ainda está a recuperar dos anos da Covid-19, que paralisou imensos serviços durante demasiado tempo. Para além disso, como esclareceu o próprio Ministro, o seu tempo no cargo ainda é curto para que tudo tenha voltado à desejada normalidade, mas deixou a garantia de que para lá caminha a passos largos.
Segundo garante o Ministro da Saúde, Manuel Pizarro, e contrariando a desinformação que circula nas redes sociais e nalguma comunicação social e que lavra no seio de certa oposição, Berta, ele só está interessado em desenvolver três vetores essenciais de momento: “Promoção da Saúde”, “Acesso à Saúde” e “Requalificação do SNS”. Nestes pontos enquadra-se a USF de Campo de Ourique.
Sobre o que se passa com a atual USF do bairro, caríssima, o Ministro da Saúde não só mostrou estar pessoalmente a par do problema como deu a garantia de que, e passo a citar: “Não vai deixar de haver um Centro de Saúde em Campo de Ourique. A USF não sairá de onde se encontra atualmente enquanto o problema não estiver resolvido.”
Manuel Pizarro assegurou que é o próprio ministério que está em negociações com o senhorio e que este tem toda a vontade de que a situação seja resolvida por acordo entre as partes, minha amiga.
Fiquei a saber, igualmente, Bertinha, mas não pelo Ministro, que o proprietário quer evitar, a todo o custo, que o Ministério da Saúde invoque o “Superior Interesse Nacional”, que o poderiam levar, em última análise, a perder o direito sobre a propriedade, cujo valor declarado nas Finanças se encontra bem abaixo do real valor do imóvel na atualidade, o que seria um verdadeiro inconveniente com perdas de verbas significativas para o senhorio.
Porém, cara amiga, quando, no final do “II ENCONTRO SECÇÕES SECTORIAIS E TEMÁTICAS” da Federação da Área Urbana de Lisboa do Partido Socialista, questionei o Dr. Manuel Pizarro se o podia dar com vinculado à certeza de que o Centro de Saúde se mantém onde está, para já, e que em altura alguma sairá de Campo de Ourique e que a nova Unidade de Saúde Familiar será uma realidade requalificada nos termos anunciados, este deu-me a sua garantia pessoal.
Mais do que isso, fui autorizado a transmitir esta garantia pessoal, enquanto pessoa e enquanto Ministro da Saúde, à Comissão de Utentes Unidade de Saúde Familiar Santo Condestável, coisa que estou a fazer através desta “Carta à Berta”. Espero ter ajudado em alguma coisa, principalmente devido à consideração que tenho pela Margarida Vicente e encontro-me ao dispor da mesma sempre que for preciso ajudar em mais algum assunto, em que eu possa ou consiga ser útil. Por hoje é tudo, minha querida Berta, despeço-me com um beijo,
Gil Saraiva
Olá Berta,
Já deves ter visto nas notícias, amiga, que Marta Temido, a Ministra da Saúde, apresentou na quarta-feira passada a sua demissão. O caso de Marta estava tremido e o que antes era temido tornou-se realidade. A super-ministra sai, a nova militante do PS desliga-se do Governo, a quinta Delfim de António Costa vira bacalhau com natas. Porquê?
Não é, certamente, Berta, pela morte de mais uma grávida às portas do SNS, conforme anuncia a comunicação social. Nada disso! Nem é cansaço com o peso do cargo, porque Marta pode bem com algum excesso de peso. Nem sequer é porque se tornou incompetente devido aos problemas que se agravam no seio do Serviço Nacional de Saúde.
Nem mesmo será por motivos pessoais, porque, nesse caso, não se ia manter no cargo até lhe ser possível apresentar a restruturação que tem programada para o Ministério, no âmbito do SNS. Nem tão pouco, minha querida, é devido às múltiplas calinadas da Direção Geral de Saúde e do comportamento errático da sua Diretora Geral, Graça Freitas, tornada, pela Covid-19, a taralhouca do Ministério.
Marta Temido, ao contrário dos companheiros de Astérix na BD, não teme que o céu lhe caia em cima da cabeça, Berta. O que faz tremer Marta é o novo Arséne Lupin, de nome Fernando Medina, que conspira, qual doninha fedorenta, nas catacumbas sombrias do Ministério das Finanças.
Porém, ao contrário do famoso ladrão da literatura francesa, amiguinha, este Arséne, tem mais de Arsénio do que de Arséne e se Lupin queria dar uma ideia de Loup (lobo em francês) ou seja, um predador bonzinho que roubava os ricos, distribuía pelos pobres e contentava-se com uma mera comissão pelos seus serviços, o nosso Arsénio é mais Lupin no verdadeiro sentido da palavra em francês (uma vez que Lupin é a palavra francesa para tremoço), é mais, dizia, um tremoço, ou seja, um tipo que não sabe a nada, nem nada sabe, a não ser que sendo um tremoço de Arsénio, é efetivamente um composto mortal. Seca tudo à sua volta.
Se não se adequa a Medina o lobo, já a raposa, cruzada com um vampiro, é bem mais adequada para o nosso Arsénio. Este animal, graças à sua fusão com o venenoso elemento, o Arsénio, na sua fatiota preta, consegue, minha querida, passar disfarçadamente pelos pingos da chuva, sem que ninguém se aperceba bem da sua letal figurinha insignificante. Sim, porque, Fernando Medina, enquanto homem de pequeno porte, nada tem de bailarino. É muito mais um velhaco cínico de sorriso sibilino.
Isto vem, Berta, desde que António Costa o escolheu como Delfim, nos tempos da Câmara Municipal de Lisboa como presidente, para seu sucessor na autarquia de Lisboa. Medina tem de soberba o que Temido tem de capacidade. E este Delfim penteadinho não vai descansar enquanto não limpar do executivo todos os outros Delfins de Costa.
O escorregadio e sebento Delfim continuará a sua senda de eliminar, caso a caso, as duas Ministras políticas de Costa, bem como o barbudo responsável pelas Cavernas, Infraestruturas e Transportes, esse novo Brejnev Coração-de-Leão que cuida da TAP como se ela fosse sua filha porque, minha amiga, Fernando Medina é, mais uma vez, recorrendo à Banda Desenhada de Goscinny, como o Grão-Vizir Iznogoud (leia-se “he’s no good”, ou seja, “ele não presta”). Ele quer ser Califa no lugar do Califa. Ele quer ser, em suma o sucessor de António Costa. E não se vai inibir de, na devida altura, espetar a faca nas costas largas de Costa.
Face ao que já referi, cara amiga, nem sequer considero que esteja em causa a capacidade de Marta para reestruturar as carreiras Médicas, de Enfermagem e dos respetivos Auxiliares no seio do Serviço Nacional de Saúde, penso até que ela sabe bem como reformular a gestão hospitalar e o restante SNS, porém, nada pode fazer contra o tenebroso Arsénio. Também sei que não devo escrever este tipo de afirmações sobre o nosso Ministro das Finanças, pelo que, reitero que as minhas conjeturas se alojam no nublado mundo daquilo que poderia ser alegadamente verdade, mas que só o será depois de provado com factos e evidências.
É claro que, sobre Fernando Medina, o que atrás vai dito apenas são as minhas alegadas conclusões do seu comportamento político, mas posso estar enganado e tratar-se de uma pessoa que até seja um verdadeiro poço de virtudes, mas, Berta, embora não tenha olho clínico estou longe de pensar estar a errar.
Tenho pena de ver sair Marta Temido, mas esta batalha foi vencida por outro Delfim… talvez nem mesmo um Delfim, mas antes um tubarão branco disfarçado de golfinho, não há como saber, pelo menos por agora, deixemos o tempo correr e vamos esperar pelo desenrolar dos acontecimentos… deixo um beijo de despedida, querida amiga,
Gil Saraiva
Olá Berta,
Vem aí a Caralhampana. Perguntarás tu, certamente curiosa, e com razão...” — Mas o que é uma Caralhampana?” Pois bem, uma Caralhampana é uma Geringonça do “Carvalho”. O termo é importado do Brasil, mas é realmente expressivo. Se a Geringonça já é uma Engenhoca difícil de engendrar, uma Caralhampana é, sem dúvida, o superlativo desta dificuldade. E foi o único que encontrei para ilustrar o que, segundo o nosso último Primeiro-Ministro, se adivinha em perspetiva, depois de trinta de janeiro.
Pelo pedido e matemática de António Costa não é complicado entender que, caso o PS falhe a maioria absoluta poderá muito bem ter de constituir um governo à esquerda cujos aliados se tornam mais complicados de alinhar no mapa desenhado pelo líder do PS.
Convém acentuar que, amiga Berta, para alguns dos estudiosos da linguagem, a palavra que importei dos nossos irmãos poderá ter uma outra origem e derivar de outra, também brasileira, a saber, “Cralhampana”, que mais do que ser apenas uma geringonça é bem mais aproximada do significado de um “Trambolho de uma Traquitana”. Ora, aqui já estamos numa termologia bem mais lusitana. Todos conhecemos bem o significado de “Trambolho” e de “Traquitana”.
Dito isto, fica particularmente difícil imaginarmos que uma Engenhoca, que combina ambos os termos, seja algo que realmente funcione. Mas a análise a fazer a esta importante temática não se fica por aqui.
Vamos, para nosso conforto, minha querida amiga, analisar o significado destas duas últimas palavras de forma a podermos aumentar as possibilidades de entender o que nos espera dentro de dias, após a realização do ato eleitoral, quando, provavelmente, o PS tiver de formar governo.
“Trambolho” (segundo o que consta no Dicionário Online Priberam): Palavra de origem obscura.
“Traquitana” (segundo o que consta no Dicionário Online Priberam): — Palavra de origem obscura.
Em resumo, minha amiga Berta, a Caralhampana é um termo tão obscuro como os seus significados e sinónimos, seja na origem brasileira original ou seja nas palavras sinónimas em português de Portugal. O seu verdadeiro significado parece, com efeito, ser portador de uma carga não só negativa como superlativamente depreciativa.
É também um facto que Geringonça também já era, pelo seu significado, uma coisa ou construção improvisada ou com pouca solidez ou uma construção pouco sólida e que se escangalha facilmente ou, ainda, um aparelho ou máquina considerada complicada ou, até, uma coisa consertada que funciona a custo, para não dizer uma sociedade ou empresa de estrutura complexa e pouco credível ou, pior ainda, uma ideia engendrada de improviso e que funciona com dificuldade, ou seja, no caso político, uma combinação ou acordo partidário pouco credível, criado de improviso, que funcionou a custo.
Ora, querida Berta, devido ao seu fator periclitante a Geringonça criada pelo Partido Socialista não conseguiu sobreviver mais de setenta e cinco por cento do tempo para que tinha sido projetada. Ficou, como é sabido, a dois anos de realizar plenamente a sua função integralmente. Mas, mesmo assim, não foi mau de todo se tivermos em conta que os analistas lhe davam, no máximo, um a dois anos de existência.
O problema hoje em dia põe-se, contudo, de outra forma. Quando se pega numa Geringonça que gripou (ou «covidou») talvez fruto da própria pandemia de Covid-19, e se tenta consertar este equipamento, tentando aproveitar o mesmo princípio de engenharia e usar partes da Caranguejola para assim criar uma obscura Caralhampana que funcione, arriscamo-nos, minha amiga, a entrar diretamente no domínio da ficção científica.
A acontecer, segundo parece crer piamente António Costa, esta nova Traquitana, tanto se pode tornar rapidamente um Trambolho, ditado ao fracasso, se a máquina for construída com partes do PAN, como pode conseguir funcionar por algum tempo, talvez até um ciclo inteiro de quatro anos, se o Livre conseguir eleger um ou dois deputados e se juntar ao PS para formarem conjuntamente a dita Caralhampana. O mais difícil para Costa será convencer Rui Tavares a fazer parte de uma solução sem que este exija a agregação novamente o Bloco de Esquerda e a CDU na Caralhampana.
O Livre poderia ajudar a Caralhampana a tornar-se não uma mera Traquitana, mas um verdadeiro Calhambeque funcional se, como exige Rui Tavares, António Costa permitisse a entrada, uma vez mais, do Bloco e da CDU num Calhambeque de quatro cilindros.
Quanto ao PAN será certamente o Empecilho disfuncional de uma futura governação à esquerda e disso não tenho qualquer dúvida. Com efeito, não me parece viável a reconversão das Touradas em Corridas de Touros, em que os animais correm à volta da praça, na perspetiva de ver qual deles apanha o lencinho vermelho primeiro. Já no caso do lítio, como o elemento não é verde, não poderia vir a ser explorado em Portugal apesar de, no entender do PAN, ele possa ser substituído, quiçá, por sumo de limão, embora este não sirva para fabricar baterias, mas, em compensação, seja excelente para gerar ótimas limonadas.
Também não estou a ver António Costa a aceitar obrigar a Autoeuropa a construir apenas viaturas que funcionem a Etanol, Hidrogénio ou por simples empurrão. Muito menos me parece possível o país a alimentar os seus Canídeos com uma dieta especial onde a carne esteja ausente, tipo “Bobi, toma lá o teu molho de brócolos” ou, ainda, a transformar a caça num desporto de tiro ao repolho.
Dito isto, hoje termino esta carta por aqui, querida Berta, na espectativa do que possa vir a acontecer depois do dia trinta de janeiro, sendo que uma coisa me parece certa: não sei como conseguirá funcionar mas vem aí a Caralhampana. Recebe um beijo saudoso deste teu amigo de sempre,
Gil Saraiva
Olá Berta,
Termino, nesta terceira carta, a temática que tenho vindo a abordar, ou seja, que “Andam a tentar manipular, alegadamente, as próximas eleições legislativas de 2022.” Coisa que, dita assim, por quem é absolutamente contra teorias da conspiração, me angustia seriamente.
Terminei a última carta a falar-te da forma como o partido Livre, de Rui Tavares, foi alvo por parte das empresas de sondagens e dos grandes grupos da comunicação social de uma tentativa descarada de abafamento da sua legitimidade democrática. Ora, eu não tenho nada a favor ou contra o Livre, mas acho que não o referir nas sondagens, e exclui-lo previamente dos debates, foi uma jogada atentatória e clara de manipulação de resultados eleitorais e sobre esta, as provas não deixam quaisquer dúvidas.
Não tivesse havido reclamação, e sem a intervenção da Comissão Nacional de Eleições, o Livre estaria hoje fora dos debates televisivos. Todavia, a análise não se fica por aqui, pois há muito mais.
Com efeito, embora concentrando os votos da direita no PSD, esta última sondagem coloca o Chega quase à frente da CDU e do Bloco de Esquerda, e nomeiam este partido como estando na luta para poder vir a ser o terceiro maior partido nacional, pois anunciam estar em fase crescente. Mais uma vez num claro, enquanto alegado por mim, jogo de interesses em favorecer a direita do espectro político nacional.
Eu falo em manipulação das sondagens pela incongruência das mesmas. Se era possível, há dois meses, aceitar que o Chega pudesse ser a terceira força partidária nacional numa altura em que o PSD oscilava entre os 25% e os 29% nas intenções de voto, tal situação deixa de ser coerente com as próprias sondagens quando concentram os votos da direita no PSD. Quer isto dizer que não faz qualquer sentido, manter a força eleitoral do Chega num possível terceiro lugar, se for correto que o PSD está realmente a congregar as forças à sua direita.
A bota não bate com a perdigota. E a situação agrava-se quando a mesma sondagem mantém os votos do Iniciativa Liberal equiparados aos votos da CDU e do Bloco de Esquerda. A situação é simples, ou o PSD está mais forte, e as outras forças à sua direita perderam fulgor, ou inversamente o PSD continua fraco e os outros partidos à direita reforçam as suas posições. Agora, as duas coisas em simultâneo é um absoluto contrassenso político, que considero, mesmo que apenas no âmbito virtual, absurdo.
Na mesma perspetiva de análise, fazer baixar o PS e manter os níveis historicamente baixos da CDU e do Bloco de Esquerda, sofre da mesma estúpida deturpação das tendências eleitorais. É evidente que se o PS estiver mais fraco os votos à esquerda ganharão mais relevo e importância. Nada disto, querida Berta, faz sentido nas sondagens.
Veremos, aliás, se o Livre não vai aparecer novamente com um ou mais representantes eleitorais e se não supera até os votos do CDS, um partido (finalmente) que acredito estar certo nas análises das sondagens e, por isso, quase em vias de extinção no que à sua representatividade no parlamento diz respeito.
Ainda no campo puramente das sondagens, a manutenção do PAN dentro dos mesmos parâmetros de há dois anos, depois do partido ter perdido o seu carismático líder André Silva para a trapalhona Inês Corte Real, já envolta em várias polémicas que chegaram à comunicação social, parece-me propositado e mais uma vez a tentar justificar a descida do Partido Socialista.
Aliás, a sondagem da Pitagórica anterior a esta, tem mesmo o descaramento de apresentar o Chega como a terceira força nacional, para além de outras alarvidades que a realidade, mesmo com estas tentativas de manipulação, se encarregará de demonstrar.
Quando a mim, não é importante quem vença se o fizer de forma justa e embora eu me considere um homem de esquerda. O fundamental é que as eleições sejam transparentes.
Por hoje é tudo, querida Berta, despeço-me desta trilogia desejando-te umas Boas Festas, com tudo a correr pelo melhor. Por aqui, recebe o saudoso beijo do costume, deste teu amigo que nunca te esquece,
Gil Saraiva
Olá Berta,
Aqui estou eu a escrever-te sobre o tema de ontem e passo de imediato à segunda parte do tema. “Andam a tentar manipular, alegadamente, as próximas eleições legislativas de 2022.” Voltando à vaca fria, eu falava na possível manipulação das sondagens por parte das empresas que as realizam.
Porém, se eu estiver correto, a lei que regula estas empresas terá que sofrer grandes alterações para impedir tais manipulações e para que se deixe de usar os eleitores portugueses como simples marionetes de um jogo de interesses. Importa pois voltar à última sondagem da Aximage, e tentar ver o que dizem.
Segundo esta gente o PS e o PSD encontram-se agora, no momento presente, numa situação de empate técnico (com 35,4% e 33,2% de votos respetivamente), dentro das balizas da margem de erro da própria sondagem (3,44%) o que significa que qualquer um dos partidos poderia, eventualmente, vir a ganhar as eleições.
Ora, eu acho que estão completamente enganados e que tal informação é passível de influenciar a reação dos votantes à direita, canalizando votos para o PSD. Nada do que aconteceu no último mês e meio justifica uma aproximação tal de dois partidos, que há tão pouco tempo estavam separados por 12% nas intenções de voto. Mais ainda, considero que as sondagens têm, de uma forma quase que generalizada, vindo a aproximar estes partidos, gradualmente ao longo destes 45 dias, para chegarem às vésperas da campanha eleitoral neste preciso patamar.
Mais grave ainda, acho que vários grupos de comunicação social estão, velada e alegadamente, a favorecer esta tendência. Entre eles estão aqueles que dominam a SIC, a TVI, a CMTV, Renascença, TSF, ou os jornais, Correio da Manhã, DN, JN, Expresso, Observador, I, etc., pela forma como vão encandeando notícias e sondagens.
Para mim, que sempre fui contra as teorias da conspiração, esta conclusão é avassaladora e extremamente irritante. Porém, tive recentemente uma pequena prova de que posso não estar enganado, e foi ela que me fez despertar o alarme.
Estou a falar do complô, da combinação concertada das televisões generalistas, que pretendiam deixar fora dos debates eleitorais o partido Livre, que elegeu um deputado nas últimas legislativas, da mesma forma que as sondagens também o excluíram da análise eleitoral. Foi preciso a reclamação do Livre para a Comissão Nacional de Eleições para esta vir repor a legitimidade democrática da presença deste partido nos debates televisivos.
Por hoje é tudo e na próxima carta, querida Berta, que ainda tentarei enviar hoje, espero terminar esta abordagem que me tem consumido o juízo. Despeço-me com o carinho usual, deixando um beijo saudoso, este teu eterno amigo de hoje e de sempre,
Gil Saraiva
Olá Berta,
Conforme sabes é generalizada a opinião dos portugueses de que as empresas de sondagens políticas em Portugal não batem certo com a realidade dos factos, uma vez chegada a hora da verdade. Há quem diga, inclusivamente que estas empresas se encontram presentemente a ser manipuladas por interesses ocultos, muitas vezes ligadas a este ou àquele interesse económico ou político. Vou ter que dividir esta carta em três partes para não te massacrar com o assunto de uma só vez.
Sobre a questão de os interesses por detrás das sondagens existirem ou não, minha querida amiga, não me interessa pronunciar, contudo, não posso criticar quem assim o acha, devido às tremendas coincidências que se vão constatando face aos resultados finais sobre os quais as mesmas recaíram.
O que me interessa realçar e, isso sim, parece-me importante é que, efetivamente, as sondagens se têm equivocado, e bastante, ao ponto de, segundo a minha opinião, terem condicionado os resultados das últimas eleições autárquicas em Lisboa.
Eu, que acompanho de perto a política nacional, estou mais uma vez convencido que as sondagens continuam erradas, e começo a ficar inclinado para pensamentos que preferia não ter, ou seja, que este serviço anda a reboque de interesses, sejam lá eles quais forem. Se assim for o caso é grave, pois é suposto acreditarmos na isenção destas empresas.
Como exemplo uso a última sondagem da Aximage para o Jornal de Notícias (JN), o Diário de Notícias e a TSF, divulgada neste sábado, que coloca PS e PSD em empate técnico nas intenções de voto dos eleitores, para além de colocar os outros partidos, com assento parlamentar, distribuídos de forma que não me parece a mais correta com aquilo que eu tenho analisado.
O que me parece é que estas últimas sondagens, e não apenas esta, pretendem levar os eleitores a concentrarem os seus votos no PSD, dando esperança aos eleitores não socialistas de que a batalha eleitoral não está ainda decidida e de que tudo é possível, contribuindo eficazmente com isto para adulterar resultados eleitorais, por manipulação dos eleitores.
Contudo, para mim, esta afirmação ainda se encontra dentro do chapéu do alegadamente, pois não tenho quaisquer provas concretas sobre o que acabei de afirmar. Para já esta alegação é apenas uma conjetura política, baseada na minha experiência de quarenta anos de jornalista e tenho alguma esperança de poder estar enganado.
Por hoje despeço-me, mas voltarei amanhã com as duas cartas ainda em falta sobre este tema, deixo um beijo de despedida, com a mais elevada consideração, saudosamente, este teu amigo do coração,
Gil Saraiva
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