Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
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Pablo Rivadulla Duró, no mundo da música conhecido pelo nome de Pablo Hasél é um rapper originário do país vizinho. Poderíamos dizer que é um espanhol, mas o seu nascimento em Lérida em 9 de agosto de 1988, coloca-o como natural da Catalunha e ele considera-se um catalão e não um espanhol.
Aos 32 anos caiu sobre ele aquela que é, para já, a sua segunda sentença da balança da justiça espanhola, e que se traduz em nove meses de prisão efetiva. Mas andava armado este rapper? Gerou desacatos e provocou tumultos tais que interferiram na ordem pública? Não! Pablo Hasél apenas escreveu. Concretamente escreveu contra a monarquia, a dependência de Espanha e o direito da libertação da Catalunha daquilo que ele considera ser o jugo espanhol. Na escrita usou palavras fortes, ofensivas dirão muitos e instou ao terrorismo acusarão outros.
Eu, pessoalmente não gosto, de Rap. Aqui ou ali, aparece uma composição dentro do estilo que vem mais ao encontro do meu gosto, mas essa é uma situação muito rara. Mas não é o meu gosto que está em causa. O Rap funciona exatamente como um estilo provocador, ofensivo e corrosivo contra os padrões sociais instituídos. É parte do ADN deste espectro musical a agressão verbal, sendo que o Rap deve ser, tanto quanto possível for, chocante e incomodo.
Não é à toa que nas américas já foram assassinados quase uma dúzia deles nos últimos anos. Dizem as más línguas que foram liquidados pelo sistema, o qual, não querendo fazer dos músicos vítimas da liberdade de expressão, os silenciou prematuramente de forma definitiva, imputando culpas a terceiros ou a guerrilhas e rivalidades entre gangues e outros grupos. Todavia, nada disso se encontra provado e, até prova em contrário, deve ser considerado como «fake news».
Eu, amiga Berta, que abomino fascistas, leninistas, maoístas, terroristas, nazis e outros desgovernados mentais de direita ou de esquerda ou de fanatismo religioso, continuo a pensar que não se podem proibir textos, livros ou músicas ou panfletos que, em caso de incumprimento de qualquer regra, possam levar os seus autores à prisão. Não é preciso nada disso, basta esperar pelos atos em si para, aí sim, punir quem atentar contra a liberdade.
A única exceção que considero possível de legislar e que acho que devia ser punível com cadeia são as «fake-news». Porque a distorção da realidade não tem nada a ver com a liberdade de expressão, mas sim com a criação de falsas verdades que podem atentar contra a dignidade dos próprios factos.
Mas uma coisa é uma notícia manifestamente falsa, outra bem diferente, é alguém ter uma interpretação desses factos, fora do senso comum e, mesmo assim, defendê-la como sua verdade. Isso pode ser idiotice, mas nunca poderá ser crime, por mais inverosímil que seja a interpretação.
Regressando a Hasél, que se afirma como um rapper político, de consciências, poético e alternativo, um artista da palavra oral, condená-lo e mantê-lo preso só lhe traz mais força e lhe amplia uma razão que pode nem ter. Nem é preciso ir muito longe para entender que o Estado tomou a opção errada, basta ver o caos que se tem gerado em Madrid, na Catalunha e atualmente já em outras zonas de Espanha, como Sevilha, por exemplo, devido à sua condenação e prisão efetiva.
Como pode a Europa defender a libertação do líder da oposição russa, Alexei Navalny, se permite que um país da União tenha presos políticos, como é o caso de Espanha, só para falar apenas do caso em análise? Existem ou não uma série de ex-líderes catalães presos por defenderem a independência da Catalunha? Pode ser difícil de aceitar a desagregação de um país, mas não se pode obrigar, pela força das armas, escondida numa justiça que apenas pende para o lado do opressor, a manutenção dessa união.
Eu, se os espanhóis viessem agora defender a integração do antigo condado portugalense, e consequentemente, por tabela, de Portugal, na sua área territorial, seria por certo mais um terrorista da palavra contra o domínio espanhol das terras lusas. Se nós, há quase nove séculos, impusemos a nossa independência, é natural que a Catalunha tente fazer o mesmo, ainda que com 878 anos de atraso relativamente a nós. Ou só é justo o que nós fizemos?
Eu posso ser um romântico, mas o Sol, quando nasce, é para todos. Para finalizar, sobre Hasél ou outros artistas que usam o palavrão como linguagem, é mais simples proibir genericamente o uso indevido de linguagem obscena, pornográfica ou violenta em determinados suportes, como os musicais ou outros, o que, apesar de tudo e quanto a mim, não adiantaria muito porque a palavra sempre encontra um jeito de se manifestar. Agora, prender alguém, por contestação política ou social, praticada apenas por palavras, é algo profundamente errado.
Chegado que sou ao fim desta temática, e já indo eu adiantado no texto, resta-me, minha muito querida Berta, deixar aqui expressa a minha saudade e despedir-me até à próxima carta que será, por certo amanhã, recebe um beijo deste amigo de todos os dias,
Os jornais e as televisões deram conta que a Lei das Rendas, o conhecido NRAU, ainda mais conhecido pela famigerada Lei Cristas, vai manter-se em banho Maria por mais 2 anos. Esta lei que levou ao suicídio de um elevado número de idosos no tempo do Governo de Passos Coelho, que se viram postos na rua de casas que habitavam, muitos deles, há mais de 30 anos, vai prolongar o seu compasso de espera.
Na verdade, a lei salvaguardava alguns idosos, aqueles que tinham mais de 65 anos e os portadores de deficiência igual ou superior a 60 porcento. Para estes, as rendas, não puderam ser atualizadas mais do que um valor equivalente a cerca de um quarto ao seu rendimento total, quando este se situava abaixo dos 1000 euros, ou algo assim, porque a fórmula era mais complexa.
Para os outros, e durante um período que começou por ser de 5 anos, os valores, depois do primeiro acerto, não poderiam ser mexidos, dando esse tempo aos inquilinos para procurarem outra habitação. Decorrido o prazo as rendas poderiam ser atualizadas aos preços de mercado. No entanto, mais uma vez, o PS adiou para 2022 a entrada em vigor desta parte da nefasta lei.
Quando uso a palavra nefasta sei que parece protecionista de uma faixa da população, que vive em zonas muito valorizadas a preços baixos. É verdade.
Porém, estamos a falar de uma população idosa, de muito poucos recursos económicos, que não teria para onde ir, se a lei já tivesse integralmente entrado em vigor. Em muitos casos, os valores das suas pensões nem chegam para alugar um quarto na província e sobreviver.
Se o Estado quer fazer justiça aos senhorios, por outro lado, acho perfeitamente razoável que a faça, contudo, salvaguardando, ele próprio, os montantes diferenciais em causa. Segundo um artigo recente do DN, nos 4 piores anos de crise, no tempo da Troika, foram quase 15 mil os homens com mais de 65 anos, que se suicidaram em Portugal, tendo esse número sido reduzido para um terço desse valor, a partir dos anos que se seguiram ao fim do desgoverno da austeridade cega.
Mesmo assim, e agora generalizando para toda a população, parece que ainda estamos a recuperar da crise, uma vez que, segundo a Organização Mundial de Saúde, a OMS, e embora o suicídio tenha baixado imenso por terras lusas, enquanto que a taxa deste tipo de morte é de 10,7 para cada 100 mil habitantes em termos médios mundiais, em Portugal, que está no primeiro lugar do ranking no globo, esta taxa ainda se cifra nos 13,7; ou seja, valores mais de 20 porcento acima da média existente em todo o resto do mundo.
Desculpa a abordagem, mas existem coisas, nesta nossa existência, que me revoltam imenso. Os 10 mil suicídios extra, no tempo da Troika, deveriam ter levado Passos e Cristas ao banco dos réus, num tribunal, por homicídio massivo de portugueses, mesmo que pudessem alegar ter sido involuntário. Há coisas que nunca se deveriam fazer e que, uma vez feitas, jamais terão perdão. Como é hábito nas minhas cartas, tudo aqui é dito alegadamente, ao fim ao cabo até a OMS se pode equivocar, quanto mais eu.
Mas voltemos ao tema destes dias. O desafio das quadras sujeitas a mote, desta vez para falar de animais domésticos. Aqui vai a minha tentativa, que, modéstia à parte, me parece bem conseguida:
Série: Quadras Populares Sujeitas a Tema - 10) Os Animais.
Os Animais
(Maltratados)
Quem maltrata gato e cão
Por apenas malvadez,
Não precisa de prisão,
Mas sim provar do que fez…
Gil Saraiva
Com a quadra me despeço, não sem antes deixar-te um beijo saudoso, minha querida amiga, deste amigo de todos os dias e de muitos mais, certamente,
Perguntar-te se estás bem parece-me desnecessário visto que ainda ontem conversámos. Conto que continues fina e alegre como sempre te conheci. Não sei se tens acompanhado as notícias do nosso país irmão. Irmão, digo eu, porque para alguns brasileiros somos mais um primo afastado, quase desconhecido, que interessa manter longe da restante família. Mas esses são a exceção, pelo menos eu prefiro pensar assim.
Ontem, um tal de Jesus, adotado pela enorme massa adepta do Flamengo, conseguiu cumprir mais um jogo vitorioso frente a um Bota-Fogo, constituído principalmente por caceteiros profissionais. Porém, o Mister continua, serenamente, passo a passo, a fazer a sua caminhada em direção à consagração. Uma tarefa impressionante, tendo em conta que a média de sobrevivência de um treinador pelas terras do samba é de 4 meses, mais coisa menos coisa.
Quando Jorge Jesus chegou ao Brasil, para treinar o Mengão, este estava a 8 pontos de distância do primeiro lugar e a Taça dos Libertadores era uma miragem muito ao fundo de um negro túnel sem ponta de visibilidade.
Hoje, a 7 jogos do final do Brasileirão, o Flamengo, tem 8 pontos de vantagem sobre o segundo classificado, o Palmeiras, Jesus, que já bateu o recorde de pontos no campeonato, continua a sua escalada em ascensão a caminho do título. Em pouco mais 3 meses e 3 semanas, o treinador recuperou 16 pontos e está já apurado para a final da competição favorita de todos os brasileiros, a Taça dos Libertadores, disputada entre os melhores clubes dos diferentes países da América do Sul, que muitos consideram uma espécie de Liga dos Campeões do continente sul americano.
Eu, que nunca fui fã de Jorge Jesus, desde que ele saiu do Sporting de Braga, vejo-me agora a torcer pelo homónimo do Cristo Rei, com ganas de adepto fervoroso. Ai-ai, as voltas que a vida dá, minha querida amiga. Com a minha idade já devia ter aprendido a ficar calado porque nem sempre se pode dizer “desta água não beberei” com certezas absolutas.
Outra notícia que me espantou foi a da libertação de Lula da Silva, o ex-Presidente do Brasil. Aconteceu hoje. A ordem foi dada e cumprida no próprio dia. Embora muita gente considere o homem um corrupto, que fez e que aconteceu, eu, que acompanhei o caso com a máxima atenção, continuo a pensar que o julgamento foi político e não criminal. As provas apresentadas contra Lula nunca saíram da esfera do circunstancial e, cá para o meu sentido de justiça, ou se prova sem dúvidas a culpa de alguém ou essa pessoa não pode ser culpada com o que parece ser.
É claro que, hoje em dia, depois do juiz que o condenou, um tal de Moro, ter ido parar ao governo de Bolsonaro, já existem muitos mais a pensar como eu. Todavia, mantenho todas as reservas que sempre tive, ou seja, se algures, num qualquer processo judicial, se provar inequivocamente que o sujeito é culpado, sem margem para dúvidas, então que se prenda o homem e se deite fora a chave pelo tempo que demorar a pena proferida na sentença. Porém, primeiro a prova e depois a pena. Nada mais simples.
Por falar nisso ainda te hei de mandar a minha opinião sobre a prisão dos governantes na Catalunha e sobre um tal de Presidente dos Estados Unidos da América. Contudo, não será hoje que já vou longo nos desabafos de um vagabundo cheio de supostas alegações. Recebe um beijo saudoso deste que não te esquece,