gilcartoon n.º 1105 - Miga, a Formiga: Série "Dah!" - Bocas Foleiras: Mal me Quer, Bem me Quer...
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Olá Berta,
Cá estou eu feliz por retomar estes meus desabafos contigo. Foste votar? O que achaste das eleições autárquicas? Votaste bem? Certamente que sim. Só vota bem quem vota em consciência e sabe porque o faz. Eu também votei fazendo justiça às minhas convicções políticas e não me saí nada mal. Adorei os resultados e as surpresas eleitorais. Hoje envio-te a primeira parte do que eu chamei de “Pedro Costa e o “Eu É Que Sou o Presidente da Junta”.
Sabes, minha amiga, fez-me lembrar o tempo em que pertenci a uma comissão política distrital de um partido e depois à sua comissão executiva, juntamente com lugar na comissão política do mesmo partido num conselho algarvio. Ainda me lembro das duas eleições autárquicas em que participei como responsável de campanha autárquica e ajudei a eleger, em ambas, o Presidente da Câmara.
Como deves saber porque me conheces, amiga Berta, eu sou um pacato vagabundo de esquerda, embora nada tenha de radical. Mas é essa origem, tão contrária à minha família, que me faz ter pena de ver o PS perder a Câmara de Lisboa. Porém, embora me custe, não foi nada de que eu não tivesse à espera. Fernando Medina descurou todos os sinais e deixou-se estar soberbamente deitado à sombra da bananeira.
As duas grandes barracas deste ano deviam ter sido bandeiras vermelhas para o autarca, mas não foram. O mal é que ninguém avisou Medina, minha querida, que as suas atitudes perante as situações não estavam a ser bem aceites.
Não se defendeu convenientemente das celebrações da vitória do Sporting no Campeonato e, pior ainda, geriu pessimamente o caso das comunicações das manifestações às embaixadas. Em ambas as situações, Berta, se sentiu negligência e soberba, como se ele estivesse, enfim, bem acima da carne seca. Fernando Menina, digo, Medina, ficou na manicure, fiou-se na virgem, ou seja, nas “santas sondagens” e não saiu da sombra fresca da bananeira.
Em sentido contrário agiu o antigo dono do Winston Bar, situado na Rua do Sol ao Rato, em Campo de Ourique. Pedro Costa, filho de António Costa, é o exemplo perfeito de um percurso político, planeado ao detalhe (não me perguntes por quem). Contudo, esse planeamento só se iniciou há cinco anos, em 2016, mas já lá irei.
Aliás, continuo esta trilogia na próxima carta, para não me alongar demasiadamente hoje. Deixo um beijo de despedida, certo de que estás curiosa por saber como vai terminar esta saga, porém, para já, vais ter de aguardar um pouco mais, com amizade, saudosamente,
Gil Saraiva
Olá Berta,
André Ventura é o sétimo e último candidato às Eleições para Presidente da República de que te vou falar. Como tenho feito até aqui, nestas cartas que te escrevo, aquilo a que refiro nada mais é do que o que eu penso sobre cada candidato.
Eu vou tendo em conta o que deles li e ouvi na comunicação social, seja pelas entrevistas a cada candidato, seja pelo que deles foi dito pelos diferentes comentadores ou, ainda, o que retiro das notícias sobre eles publicadas, escritas na imprensa, faladas na rádio ou transmitidas pela televisão, seja qual for o canal.
Digo isto porque, pessoalmente, abomino André Ventura e tudo aquilo que ele representa. Gosto, quando assim é, de deixar claro o que me vai na alma, antes de me pôr a falar da pessoa em causa. O facto de apresentar a minha opinião não faz dela uma realidade de facto, embora seja baseada em factos do domínio público.
Por isso é que tudo o que te escrevo nestas cartas pertence ao campo restrito do alegadamente, pela forma como as coisas são narradas pelo meu próprio processo interpretativo. Se apresento este preambulo é porque com este menino… nunca fiando, e mais vale prevenir do que remediar.
André Ventura vem dos subúrbios de Lisboa, nomeadamente da Freguesia de Algueirão/Mem Martins, do Concelho de Sintra, onde nasceu há 38 anos atrás. Vem de um perímetro repleto de migrantes que, por não se poderem instalar diretamente na capital foram, a pouco e pouco, povoando e sobrelotando a periferia e arrabaldes de Lisboa.
O negócio do pai, uma loja de bicicletas, e o trabalho de empregada de escritório da mãe, foram suficientes para conseguir pagar-lhe os estudos até ao secundário e, mais tarde, a universidade.
Para fugir à influência do berço, já com 14 anos de idade cumpridos, tornou-se católico, batizou-se, fez o crisma e ingressou no “Seminário de Penafirme” no Concelho de Torres Vedras para seguir uma suposta vocação religiosa que seria rapidamente interrompida porque, segundo alega, se apaixonou no entretanto.
Fez o curso de direito na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, onde se formou com 19 valores (prova de que de burro nada tem o mestre André). E, mais tarde defendeu, já em 2013, a tese de doutoramento em Direito Público pela Faculdade de Direito da Universidade de Cork, na Irlanda, financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, na qual criticou o "populismo penal" e "estigmatização de minorias", revelando preocupação com a "expansão dos poderes policiais”.
Poderás pensar, amiga Berta, que estou a inventar, mas não. O André Ventura de há oito anos atrás tinha sérias preocupações com as minorias marginalizadas e com o aumento notório do poder policial. Todavia, tal como o amor o fez desistir de ser padre, também a ambição lhe toldou as ideias e os ideais.
Na sua passagem pelo ensino superior acabaria por lecionar na Universidade Autónoma de Lisboa, de 2013 até 2019, e na Universidade Nova de Lisboa, de 2016 até 2018. Foi comentador desportivo na CMTV entre 2013 e 2019, até ser dispensado da função pela administração da Cofina. Durante 2018 e 2019 foi ainda consultor de uma sociedade de advogados e depois da empresa Finpartner, entre 2019 e 2020.
No campo partidário militou uns anos pelo PSD e foi candidato, pelo partido, à Presidência da Câmara de Loures contra o então Presidente, o comunista Bernardino Soares, em 2017.
Foi a partir daqui que André Ventura descobriu a sua vocação de troca-tintas ao manifestar algumas das suas ideias sobre aquilo a que apelidou de “povos ciganos”. No entanto, já no ano anterior, também gerara alguma polémica no seio do PSD ao defender publicamente "a redução drástica da presença islâmica na União Europeia”.
Em abril de 2019 fundou o CHEGA e com ele, pelo círculo de Lisboa, conseguiu ser eleito Deputado da Assembleia da República. Na época dizia que o seu partido defendia ideias "liberais economicamente, nacionalistas culturalmente e conservadoras em questões de costumes”. Aliás, não teve qualquer problema em ir adaptando a filosofia programática do seu partido de forma a congregar descontentes.
Descontentes e, acrescente-se, gente da direita radical, muita dela órfã de uma ditadura finda há quase meio século, e que lhe poderiam permitir criar um nicho político com elevado potencial de crescimento, bem à medida das suas ambições.
Muitas foram as polémicas a envolver André Ventura. Os setores foram variando entre a islamofobia, o preconceito étnico, a homofobia escondida em valores conservadores, o machismo, a xenofobia e o racismo, conforme ia dando jeito à angariação de simpatizantes e militantes do seu partido heterógeno, neofascista e disfuncional.
No meu entender, André Ventura, não acredita em nada do que defende ou diz defender. Ele ruma ao sabor da maré na busca fácil do populismo e do protagonismo político. O narcisismo e o egoísmo são as suas verdadeiras convicções.
A tarimba de comentador desenvolveu-lhe um diálogo fácil de quem, sem responder ao que lhe é perguntado contra-ataca com afirmações ou questões que têm por objetivo único irritar e tirar discernimento aos adversários.
Esperto, inteligente, ambicioso e sem princípios morais que não lhe advenham do umbigo. É assim que eu vejo este Ventura que, um dia, fruto destas mesmas “qualidades” poderá, por fim, cair em desventura, desde que os adversários nunca o menosprezem.
Por hoje é tudo, amiga Berta, vou beber uns sais de fruto, pois que escrever sobre este individuo me dá uma tremenda azia. Despede-se este teu amigo com um beijo de até amanhã,
Gil Saraiva
Olá Berta,
O sexto e penúltimo candidato à eleição para a Presidência da República de que te falarei hoje é Vitorino Silva, vulgo Tino de Rans, o candidato do povo, com o povo e para o povo. Ele que já é presidente do seu próprio partido, o RIR (Reagir, Incluir e Reciclar), o partido de um homem que afirma precisar tanto da perna direita como da esquerda para poder andar, um partido, efetivamente, de um homem simples, modesto e franco.
O Tino, que pede aos portugueses que votem e que votem com Tino, já nada tem a ver com o parolo calceteiro que um dia ganhou visibilidade ao participar nos “reality shows” “Quinta das Celebridades” em 2005, e “Big Brother VIP”, em 2011, na televisão, ou que fez levantar António Guterres da cadeira, no remoto ano de 1999, num Congresso do Partido Socialista, para o ir abraçar ao púlpito onde tinha acabado de botar discurso, ou até aquele que foi eleito Presidente da Junta de Freguesia de Rans, Concelho de Penafiel, em 1993 e 1997.
Vitorino Silva cresceu como homem, ganhou status, cultura e presença, sem perder o seu típico ar popular, a sua genuína ligação às metáforas simples, na transmissão das ideias e pensamentos sobre a forma como vê o mundo e o poder em Portugal. Os diamantes em bruto às vezes dão pedras de enorme valor quando não se espera grande coisa deles, a magia da transformação está na transmutação da pedra em joia. Uma arte que poucos trabalham com mestria.
Lembro-me que, sem o Professor Joaquim Magalhães, António Aleixo nunca teria sido conhecido de ninguém, nem a beleza da sua simples e sábia poesia popular teria alcançado fama e glória e perpetuado a memória do homem para além da sua própria vida. É precisamente isso que eu acho que falta a Tino de Rans.
Tino precisa de um especialista em transformar pedras em joias, um alguém que ajude o calceteiro a passar de um lapidador em bruto cheio de potencial e valor num perito da joalharia nacional. Afinal, não foi à toa que Vitorino Silva transformou o ingénuo personagem com que se deu a conhecer na televisão num homem que, sendo calceteiro, já conseguiu dar à filha um curso universitário, ser Presidente de uma Junta de Freguesia pelo PS por dois mandatos e, também por duas vezes, o que é obra, angariar 7.500 assinaturas para ser candidato, por direito próprio, a Presidente da República Portuguesa.
Até levou a cabo a hercúlea tarefa de fundar e legalizar um partido político, o que na Lusitânia não é obra fácil de concretizar. Tenacidade, perseverança, simplicidade, honestidade, trabalho, persistência, resistência contra a ostracização e muita luta, são caraterísticas fáceis de lhe reconhecer. A metáfora das pedras coloridas da praia e a sua oferta ao outro candidato com quem debatia, aludindo a que Portugal tem no seu povo gente de todas as raças e etnias, fez furor no país e pôs na ordem o seu opositor.
Concluía nesse debate, o senhor Vitorino Silva, com a sua metáfora, que a ser Presidente o seria de todos os Portugueses. E concluía bem, pois obrigou o opositor a reconhecer que isso era algo que jamais conseguiria fazer, por ter de excluir muita gente, logo à partida, devido ao seu apertado crivo na escolha e seleção daquilo que considerava ser gente de bem.
Tino de Rans, já fez um filho(a), já plantou uma árvore e já escreveu um livro (uma autobiografia “A… Corda p’rá Vida”, com prefácio do Bispo Dom Manuel Martins), que diabo, até já editou um disco, o “Tinomania”, onde se incluía a música de sucesso "Pão, Pão Fiambre, Fiambre”. Não precisa de muito mais para ser uma pessoa que será lembrada na história da sua terra natal, quer como um lutador quer como um verdadeiro vencedor, independentemente de a onde este homem de 49 anos possa ainda vir a chegar.
Vitorino Silva é alguém fascinante. Um português do povo que nunca quis ser populista e que ganhou a simpatia e admiração do país. É com um sorriso na alma que me despeço, querida Berta. Amanhã termino esta série de cartas sobre os candidatos à Presidência da Républica Portuguesa. Recebe um chi-coração deste que sempre te recorda na alma,
Gil Saraiva
Olá Berta,
Eis-nos chegados ao quinto candidato às Eleições para Presidente da República Portuguesa em 2021, aquele que vem de uma esquerda bem demarcada, o Partido Comunista Português, também apoiado pelos Verdes e que dá pelo nome de João Ferreira. Trata-se de um candidato alfacinha, casado, com dois filhos, comunista convicto que integrou as hostes vermelhas aos 16 anos, através da JCP. Licenciado em Biologia, deputado europeu desde 2009 e vereador, sem pelouro da Câmara Municipal de Lisboa, desde 2013.
Entre todos os candidatos nesta corrida presidencial ele é, de longe, o mais reservado. Evita, contorna e foge de assuntos relacionados com a sua vida privada, mantendo a família protegida à exposição mediática a que se encontra sujeito. Todavia, este concorrente não é apenas reservado e, até mesmo dentro do seu partido, de que é membro do Comité Central, ele é considerado por demais alguém muito concentrado, sério, austero e ponderado.
Os apoios que tem recebido de franjas não comunistas são por si só uma surpresa quase que inesperada. Com efeito ainda no passado dia 11 de janeiro uma lista de personalidades de Coimbra, encabeçada por muitos dos históricos militantes do Partido Socialista, se manifestou em apoio à sua candidatura. Mas os casos sucedem-se noutras áreas e noutros Distritos.
São várias as vozes que se ouvem a realçar que este João não tem telhados de vidro, nem qualquer esqueleto no armário. Por exemplo, Sílvia Vasconcelos, médica veterinária e coordenadora regional do Movimento Democrático das Mulheres, escreve exatamente isso num artigo de opinião no Jornal Económico, onde manifesta publicamente o seu apoio ao candidato.
João Ferreira afirma-se 100% democrata e um paladino na defesa da Constituição da República Portuguesa. Esclarece frontalmente, sem problema, que a sua visão comunista do mundo nada tem a ver com as distorções históricas do comunismo, como as que existiram no passado, ou como algumas que ainda se mantém em certos países ditos comunistas. Aliás, afirma ser contra qualquer tipo de ditadura, incluindo a do proletariado.
Ora, uma afirmação assim tão clara, para quem faz parte do Comité Central do PCP, é realmente uma novidade assinalável e com um relevo que ganha uma importância maior por ser apontado como o provável próximo líder máximo do seu partido. Não admira por isso o apoio expresso e público que tem de mais de cem personalidades da vida e da sociedade portuguesa, gente de todas as áreas das artes, à ciência da educação ao desporto, onde se incluem vários dos atuais deputados do Partido Socialista e alguns dos autarcas do PS em lisboa como é o caso da vereadora Paula Cristina Marques.
É por tudo isto que considero João Ferreira um candidato frontal, que diz ao que vem, sério e ponderado, pronto a enfrentar qualquer desafio, com uma visão de esquerda europeia bem diferente daquela que era a forma de estar de outros candidatos comunistas do passado. Para ele um Presidente da Républica só tem de defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa. Se o fizer não existirão extremismos nem de esquerda nem de direita, os direitos humanos serão todos cumpridos, a liberdade jamais será ameaçada e o caminho contra a desigualdade será assegurado, bem como o acesso à saúde, à habitação e ao trabalho.
Por hoje fico-me por aqui, minha querida Berta. Obrigado pelo apoio que me tens dado nestas cartas, que muito me tem agradado. É bom saber que somos lidos e apreciados por quem por nós tem consideração e estima. Despede-se carinhosamente este teu amigo, com um beijo de até à próxima,
Gil Saraiva
Olá Berta,
Hoje vou falar-te da quarta candidata à Presidência da República, nestas Eleições Presidenciais de 2021, a ex-diplomata, embaixadora e antiga eurodeputada pelo Partido Socialista, Ana Gomes. Nasceu, antes dos idos de março, em Estremoz, no ano de 1954, há quase 67 anos atrás.
Embora muitas vezes alcunhada de peixeira e recentemente de cigana (por outro concorrente à Presidência da República), muito pela forma firme e veemente com que defende (e sempre defendeu) as causas pelas quais luta, Ana Gomes é considerada, diria que mundialmente, uma verdadeira dama.
Aliás, ela é Dama da Ordem da Bandeira da Hungria, Dama da Ordem da Fénix da Grécia, Dama da Ordem do Mérito da República Italiana, Oficial da Ordem do Mérito Civil e Militar de Adolfo de Nassau do Luxemburgo, Dama da Ordem do Mérito do Congo, recebeu a Condecoração de Honra em Ouro da Grande Condecoração de Honra por Serviços à República da Áustria, é Comendadora da Ordem de Leopoldo II da Bélgica, ostenta a Ordem Soberana e Militar de Malta e Cruz da Ordem Pro Mérito Melitensi da Ordem Soberana e Militar Hospitalária de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta, é Oficial da Ordem do Dannebrog da Dinamarca, Dama da Ordem do Falcão da Islândia, para além de Tenente Honorária da Real Ordem Vitoriana da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, foi ainda agraciada com a Quarta Classe da Ordem do Mérito do Egito, e a Insígnia da Ordem de Timor-Leste, porém, como se não fossem honras suficientes foi ainda galardoada em Portugal com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo, sendo também Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e, para finalizar, Comendadora da Ordem do Mérito de Portugal. Só em distinções quase que cansa ler-lhe o mérito e o reconhecimento quer nacional quer internacional.
Na verdade, não conheço mais nenhuma mulher, no nosso país, com tão elevado número de distinções e tamanho reconhecimento mundial da sua pessoa. De todo o perfil de Ana Maria Rosa Martins Gomes, é esta entrega à luta por uma causa o que mais me impressiona. Não me interessa saber se foi membro do MRPP entre 1975 e 1976, se foi casada duas vezes ou se usa ou não usa batom. Importa-me sim, e muito, saber que a mulher e jurista Ana Gomes, luta de todas as formas que conhece pelas causas em que acredita, seja contra a corrupção, seja pelos direitos humanos, seja pelo que for.
Diz-se que Amália Rodrigues era a Rainha do Fado, pois bem, a meu ver, Ana Gomes é a Rainha das Causas. Podemos concordar ou não com ela, mas é impossível tirar-lhe o trono. Se fosse homem teria sido agradecida com outro respeito, reconhecimento e dignidade.
Afinal, quem tem provas dadas não precisa de se pôr em bicos dos pés. Com isto termino, minha querida Berta, esta abordagem de hoje. Despede-se com um beijo de amizade e muito carinho, este teu grande amigo,
Gil Saraiva
Olá Berta,
SNS e DGS: Mentira ou uma grande coincidência? Se as tuas cartas tivessem título, esta questão devia ser o que constaria, como legenda titular, na carta de hoje. Era para a ter escrito ontem, todavia, ainda pensei, umas quantas vezes, que estava a ficar como aqueles maluquinhos, que vêm teorias da conspiração em todo o lado. Resolvi deixar passar 24 horas. Afinal, achei necessário pensar bem no assunto, antes de escrever e parecer ridículo, neste meu raciocínio.
Contudo, as 24 horas passaram e, em vez de achar que tudo não passava de um pensamento absurdo da minha parte, cada vez mais penso que tenho mesmo razão. Ou seja, o Governo, o Presidente, enfim, o Estado anda a esconder-nos informação. Eu sei, amiga Berta, que as minhas cartas para ti são todas, sem exceção, incluídas no domínio do alegadamente. Mesmo assim, após 40 anos de jornalismo, prefiro ter as minhas fontes, sobre qualquer tema que escrevo, o melhor documentadas e verificadas que me for possível.
Não é essa a situação de hoje. Não tenho, efetivamente, como fazer prova sobre o que se passa de concreto no âmbito das minhas interrogações, nem sequer sei se tudo o que agora afirmo poderá alguma vez sair do universo do alegadamente. Apenas tenho a enorme convicção de que alguma coisa se está a passar e de que a verdade está a ser distorcida.
Deves estar a interrogar-te sobre que raio é que eu estou para aqui a escrever. Para te responder a isso tenho que te explicar que, dos meus 40 anos de atividade profissional enquanto jornalista, mais de metade foi passada a fazer investigação. Ainda por cima, manter uma carteira profissional nos últimos 25 anos, na qualidade de freelancer, em Portugal, não é pera doce.
A importância da investigação gera em nós, enquanto investigadores, uma espécie de instinto para detetar quando algo não bate certo. Podemos nem saber ao certo do que se trata, mas se algo estiver errado, no meio de um conjunto de informações que nos vão chegando, algures, cá dentro do meu cérebro, toca uma espécie de alarme como que a prevenir que há um erro seja lá onde for. Foi esse alarme que eu passei a sentir desde o último sábado.
Já agora, falando concretamente do que me chamou a atenção, no sábado, eu vi e ouvi uma reportagem com o Jorge Jesus, em que este se mostrava visivelmente abalado, com o facto de ter perdido um grande amigo, nesta luta contra o Covid-19. No entanto, a única morte confirmada pelo SNS apenas teria lugar na segunda-feira, tendo sido anunciada como um óbito, efetivamente, ocorrido na segunda. (Um aparte: eu digo “o” Covid-19 porque se trata de um vírus e não “a” Civod-19 por ser uma doença, aliás, também digo o Cancro ou o Ébola, mas admito que existam opiniões divergentes sobre masculino ou feminino na designação).
Ora bem, pela entrevista de Jorge Jesus, o que me pareceu, na altura, foi que a família do antigo massagista do Estrela da Amadora, um homem de 80 anos, tinha acabado de comunicar o óbito, derivado por infeção com o coronavírus, ao treinador, mostrando-se esse sinceramente consternado com a notícia. Já a repeti por diversas vezes, pois guardei o videoclip, e chego sempre à mesma conclusão: Mário Veríssimo faleceu a 14 de março de 2020.
Contudo, o Serviço Nacional de Saúde, apenas declara a morte no dia 16 de março. Como se esta tivesse ocorrido na madrugada desse dia. Para ainda me deixar mais incomodado, no dia 15 dá-se a transmissão de um novo clip de Jorge Jesus, 24 horas depois da sua primeira declaração, com o homem notoriamente atrapalhado, a dizer que fez confusão, que sabia que o amigo estava em risco de vida e que poderia perecer, tentando dar o dito por não dito, coisa que não se pode pedir a este ilustre homem do futebol, devido à sua falta de jeito para as artes teatrais.
Porém, alguém, na minha interpretação a própria Direção Geral de Saúde ou o Ministro da tutela, solicitou este desmentido. O óbito acaba por ser declarado dia 16, provavelmente alguns dias antes do que o SNS pretendia, para que não se levantasse a lebre sobre a fiabilidade das informações da DGS ao público em geral. Em conclusão, passei a achar que o fluxo diário das informações da DGS, todos os dias ao meio-dia, não passa de um cozinhado.
Repito, um cozinhado, criado para nos ir dando, ao ritmo desejado, as notícias sobre o vírus que o Governo julga aconselhável transmitir. Aliás, se este fosse um caso único, se esta fosse a única ação fora de contexto, eu até poderia estar realmente a imaginar uma Teoria da Conspiração. Todavia, juntando esta coincidência (e eu não acredito em coincidências) a outros detalhes ocorridos durante todo este mês, desde o dia 2, levam-me a acreditar que a informação está a ser globalmente manipulada pelo Estado.
Algumas das incongruências foram assinaladas na Sic, por Miguel Sousa Tavares, outras fui apanhando nos diferentes noticiários, imprensa e nas notícias que recebo via Agência Lusa. Por exemplo, na semana passada o Infarmed ia distribuir um milhão de máscaras, a notícia foi transmitida e ninguém mais se lembrou disso. Contudo, este passado fim-de-semana, os dentistas, o pessoal dos aeroportos, algum pessoal médico, e outros, queixaram-se de não ter máscaras, bem como diversos equipamentos de proteção, também, anteriormente anunciados como prontos para entrega, pelo Infarmed.
Hoje, perante a insistência dos repórteres, o mesmo Instituto anunciou a distribuição de 2 milhões de máscaras e mais equipamentos, entretanto, passou uma semana. As ordens da DGS saíram, rigorosas e nacionais, mas os portugueses que regressam a Portugal, por fronteira terrestre, vindos por ou de Espanha, não estão a ser monitorizados.
Então estamos a receber pessoal de elevado risco e não estamos a verificá-los? O mesmo se passa nos aeroportos, quem lida com aquela gente toda, funcionários, seguranças, polícia, e por aí em diante, não tem sequer uma máscara para se proteger dos magotes de gente que acedem ao local e aos balcões. Estranho, não?
Estou convicto que não só não temos conhecimento de toda a estratégia global do Estado, como considero ser real a manipulação dos dados relativos ao Covid-19, por parte da DGS, como punha as mãos no fogo como temos muito menos material de proteção do que aquele que tem sido anunciado publicamente de 2 de março até ao dia de hoje.
Há outros detalhes que não jogam uns com os outros, nem batem certo, como as explicações dadas para a instalação dos hospitais de campanha ou de triagem, ou, ainda, a forma como foram amontoados os 70 nepaleses, num único local, no Algarve. Todos estes detalhes não combinam com o plano concertado e anunciado aos portugueses, como sendo aquele que está a ser posto em prática.
Até a quarentena do Presidente da República me parece, neste momento, uma estratégia forjada, para amanhã, se anunciar o Estado de Emergência, saltando 2 patamares de uma vez, o Estado de Contingência e Estado de Calamidade. O caso de Ovar, então, soa incrivelmente a gato escondido com rabo de fora. Só espero que toda esta estratégia de segredo esteja a ser concertada para se evitar o pânico.
Em conclusão, parece-me evidente, pelo desenrolar dos eventos e pelas discrepâncias que vou detetando, ajudado por 40 anos de atividade jornalística que o SNS, a DGS, o Infarmed, o Governo e a Presidência da República, nos estão a mentir descaradamente, contudo, até prova em contrário, espero que seja porque eles pensam ser essa a melhor maneira de manter a população calma. Caso seja por isso ainda lhes dou o benefício da dúvida, embora, pessoalmente, preferisse saber a verdade.
Fica descansada, amiga Berta, que continuarei atento. Darei novidades sobre a pandemia, sempre que se justificar. Despeço-me com um beijo fofo,
Gil Saraiva
Olá Berta,
Tudo serve, a alguns grupos noticiosos do nosso Portugal, para tentar despertar, e trazer para a ribalta, as múmias nacionais do nosso passado recente ou nem tanto. Ainda estou a tentar entender se esta espécie de exorcismos se fica a dever a um interesse político determinado e orientado propositadamente por esses grupos ou a qualquer outra razão mais obscura. Como sempre, minha querida, tudo o que aqui escrevo não pode sair do domínio do alegadamente, porque, para isso, precisava de outros recursos, que já não possuo, para poder sair deste enquadramento.
Porém a questão pode ser, inversamente, a preocupação de voltar a vender mais exemplares das suas publicações, uma vez que, na época em que esses espécimes existiram, enquanto seres alegadamente vivos e pensantes, deram provas excelentes no que economicamente importa, isto é, relativamente, aos resultados das vendas nas bancas de jornais e das subidas de audiências televisivas.
Aqui há dias atrás foi a vez de uma voz indignada, qual múmia de um distante passado além político (graças aos céus), vir a público botar discurso. Como por assombração, Cavaco Silva, que regressou das masmorras do arquivamento político, assombrou-nos para se insurgir contra a eutanásia.
Podes pensar que estou a exagerar, mas o “Tutáskakon” nacional até uma profecia arrastou para os microfones, com a sua voz de ido que não sabe que já foi, eu recordo-te as palavras da maldição:
“…a decisão mais grave para o futuro da nossa sociedade que a Assembleia da República pode tomar”. E depois a profecia: “…abrir uma porta a abusos na questão da vida ou da morte de consequências assustadoras”.
Tenho todo o respeito por homens de 80 anos, mas, quando digo respeito pelos homens refiro-me aos vivos. Agora, zombies, mortos-vivos e "políticos-levados-ao-colo-por-Balsemão", não entram no grupo desses valorosos séniores. Aliás, nos meus tempos de jornalista de investigação, escutei mais do que uma vez Francisco Balsemão, outra múmia das catacumbas, afirmar que elegia presidentes. Foi verdade com Cavaco e depois alargou o seu mágico poder das trevas à cadeira de Primeiro-Ministro, com a invenção macabra do “Frankenpassos Rabitelho”, que nos trouxe a santa inquisição “troikiana”.
Mas voltemos aos despertares de seres do além político, mais uma vez o expresso e a SIC (porque será que este grupo consegue manter, com tanta facilidade, aberto este portal oculto com os politicamente acabados? Cheira a bálsamos macambúzios, à mão esquelética de um Balsemão de 82 anos que resiste, por força da poção mediática da influência de massas, a descer os degraus escorregadios de esquecimento anunciado que tarda em efetivar-se.) trouxeram à luz noticiosa a opinião do “Frankenpassos” para vir uivar aos microfones um suposto ajuste de contas com António Costa. Se quiseres, minha amiga, podes ler tudo no expresso online, mas é mais do mesmo, são as tortuosas mentes de uma direita esclerosada a tentarem profetizar e provar que a razão lhes assiste, mesmo depois de condenados ao esquecimento.
Em resumo, o que eu gostava de saber é o que significam estas aparições, seguidas e bem planeadas, destes mumificados dejetos da política nacional? O que está por detrás de assombrações cirúrgicas como estas? Serão as autárquicas, prepara-se algo para as presidenciais? Alguma coisa está para acontecer. Esperemos sentados, de arma com balas de prata numa mão e um cinturão de alhos na outra.
Tinha-te dito que estavam terminadas as quadras sujeitas a mote. Contudo descobri nos meus arquivos umas que ficam bem neste conjunto.
Série: Quadras Populares Sujeitas a Tema - 22) Santo António do Beijinho.
Santo António do Beijinho I
Beijo, que é Stº. António,
Dia 13, sexta-feira,
Que o santo do matrimónio,
Não vai cair da cadeira.
Santo António do Beijinho II
Beijo nesta lua cheia,
Noite de marchas e festa,
Que beijar não dá cadeia,
Se for dado assim na testa.
Santo António do Beijinho III
Beijo p’ra a doce menina,
Dado com muito carinho,
Que o santo não se amofina,
Nem vai fazer beicinho.
Gil Saraiva
E assim me despeço, com um abraço carinhoso e muito apertado, este teu amigo de sempre,
Gil Saraiva
Olá Berta,
Hoje, ao entrar na terceira parte da nossa história, alegadamente credível, apercebi-me que, pelo material de que ainda disponho, não vou conseguir enfiar tudo nas 2 próximas cartas. Pelo que decidi fazer um epílogo após a quarta parte desta demanda. Deixo precisamente a primogénita de José Eduardo dos Santos, Isabel dos Santos para esse epílogo.
Quando me perguntam onde é que eu arranjei a Cédula Pessoal de José Eduardo, poderia pôr-me a inventar, mas isso não faz parte do meu feitio, como bem sabes minha amiga. Durante as últimas semanas de investigação sobre toda esta temática descobri-a num blogue moçambicano de 2017. Junto com um artigo confuso, obscuro e ressabiado de uma tal Melissa Santos. Julgo que um certo ramo da família dos Santos, sempre levou a peito o cruzamento com os Van-Dunem.
Contudo, não restam dúvidas que o avô paterno de José Eduardo tinha no seu nome, por parte da mãe, ganho o direito ao apelido dos Santos. Ou seja, a bisavó paterna de José era efetivamente uma dos Santos. O apelido desaparecera novamente com o seu pai, mas ele arranjara maneira de o fazer regressar ao seio do clã, obliterando deliberada e permanentemente o uso do Van-Dunem. Aliás, esta repulsa pelo apelido nem faz muito sentido, a não ser talvez para o próprio José Eduardo ou estarei errado?
Pelo que consegui apurar José Eduardo não queria ter um apelido holandês no seu nome por razões que considerava estratégicas na sua ascensão política, mas sabia que sem os Van-Dunem, muito mais próximos do poder, nunca chegaria a lugar algum. Resolvi, por isso, querida Berta, espreitar o protagonismo das famílias Santos e Van-Dunem em Angola, ao mesmo tempo que termino a história de José Eduardo.
Começo por Aristides Pereira dos Santos Van-Dunem, um antigo preso político, que acolhe em sua casa, em 1975, o José Eduardo. Ao proteger o primo, Aristides relembra a família que este é neto de Avelino Pereira dos Santos Van-Dunem, fazendo com que o homem acabe por ser reconhecido e devidamente integrado no clã.
Volto um pouco atrás no tempo, querida Berta, porque preciso contar-te o que falta do percurso de José Eduardo dos Santos até 1975. Íamos em 1963 quando este, apenas com 21 anos, foi o primeiro representante do MPLA, em Brazzaville, a Capital da República do Congo. Ora, como reconhecimento do bom papel representado José Eduardo ganha, em novembro do mesmo ano, uma bolsa de estudos soviética e vai estudar para o Instituto de Petróleo e Gás de Baku.
Quando termina, tem a Licenciatura em Engenharia de Petróleos e o Curso Militar de Telecomunicações soviético. Durante esse tempo casa com a campeã de Xadrez Tatiana Kukanova e é lá que acaba por nascer, a 20 de abril de 1973, na atual capital do Azerbaijão, a única filha do casal, Isabel dos Santos, em pleno solo da URSS à data.
Durante 4 anos entre 1970 e 1974, a vida de José Eduardo é repartida entre a guerrilha do MPLA, em Angola (onde, logo em 1970, passa a exercer funções nos Serviços de Telecomunicações da 2.ª Região Político-Militar do MPLA, em Cabinda) e a URSS. É durante este período, conforme já te contei atrás, Berta, que nasce, ainda em Baku, Isabel dos Santos. Em 1974, depois de um excelente desempenho de funções no MPLA é promovido a subcomandante. Foi representante do partido para a Jugoslávia, a República Democrática do Congo e República Popular da China, sendo eleito para o Comité Central e para o Politburo do MPLA em Moxico em setembro de 1974.
A 11 de Novembro de 1975 é proclamada a independência de Angola e José Eduardo dos Santos, que entre 1974 e 1975 voltara à sua antiga função de representante do MPLA em Brazzaville, é nomeado Ministro das Relações Exteriores do Governo de Agostinho Neto. Com uma habilidade ímpar consegue levar a bom porto a tarefa do reconhecimento diplomático do seu governo entre 1975 e 1977. É nesta altura que, enquanto ministro das Relações Exteriores, conhece Filomena Sousa, uma alta funcionária do seu ministério com quem se junta e de quem tem um filho, numa tentativa de esquecer a relação matrimonial, entretanto terminada com Tatiana Kukanova, com quem sempre manteve excelentes relações e a quem encarregou de acompanhar a educação e os estudos da filha de ambos, Isabel dos Santos.
Graças ao seu papel no Ministério das Relações Exteriores, sobe mais um degrau na escada do poder e é nomeado Vice-Primeiro-Ministro. Segue-se a sua reeleição, em finais de 1977, para o Comité Central e para o Politburo, onde reforça a sua posição, passando a ter um lugar de destaque em ambos.
Cerca de um ano depois, consegue um dos seus principais objetivos ao ser escolhido para Ministro do Planeamento e Desenvolvimento Económico. Contudo, querida Berta, a Guerra Civil de Angola não lhe permitia brilhar da melhor forma. De um lado tinha a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e do outro a UNITA, a União Nacional para a Independência Total de Angola.
Nem um ano passara desde que se assumira como um dos principais ministros de Agostinho Neto, quando este falece, vítima de um cancro no fígado, na União Soviética, a 10 de setembro de 1979. Doze dias mais tarde substitui o presidente interino por inerência, por ser à data presidente do MPLA, Lúcio Lara, que governou o país por 11 dias, e é eleito a 20 de setembro, pelo partido, Presidente do MPLA e, no dia seguinte, assume os cargos de Presidente da República Popular de Angola e de Comandante-em-Chefe das FAPLA, as Forças Armadas Populares de Libertação de Angola.
Contudo, como se isso não bastasse, no ano seguinte, a 9 de novembro de 1980, José Eduardo dos Santos assume também o cargo, após eleições, de Presidente da Assembleia do Povo, que substituíra o antigo Conselho da Revolução e que, em 1991, com as reformas administrativas, se passaria a chamar de Assembleia Nacional, na mesma altura em que Angola deixaria cair a expressão “Popular” para se passar a designar República de Angola. Porém, para o seguimento da história, amiga Berta, apenas importa a tomada total do poder.
Com esta tomada me despeço até amanhã, ainda há muito que dizer, mas, para o que realmente me importa, a compreensão começa a ser evidente. Beijos deste teu amigo do peito,
Gil Saraiva
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