Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
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Ontem analisei a direita, mas, analisando a esquerda, a situação não é melhor. O Livre anseia por ver a saída da sua ex-deputada do parlamento, Joacine Katar Moreira, e voltar a ganhar um lugar no hemiciclo. Porém, amiga Berta, era muito mais inteligente se conseguisse ir a votos associado ao PS (coisa que na direita o Chicão vai tentar fazer com o PSD para que não seja visível a sua enorme queda de apoiantes). O PAN por seu turno meteu os palitos ao touro e às touradas. Afinal, a líder do partido tinha garantido o apoio ao orçamento e apenas se absteve. Com isso perdeu a subida do IVA das touradas, a proibição dos adolescentes poderem ir às touradas, entre outras conquistas que tinha conseguido.
O PCP e os Verdes queriam ir a votos já, ontem se possível, pois que, mesmo que percam de momento mais um ou dois deputados, isso será preferível a perderem meia dúzia, ou mais, se o ato eleitoral se mantivesse apenas para 2023. O PCP tenta a todo o custo evitar ficar com o lugar do CDS, como o partido do Táxi e foi por isso que o Orçamento de Estado foi chumbado. Já o Bloco de Esquerda e a Catarina Martins estão todos pelos cabelos. O Bloco receia perder metade dos seus eleitores. Todavia, no que diz respeito ao PS e a Costa não estão felizes de ir a votos, fingem estar, mas receiam mais uma surpresa desagradável como a que aconteceu, minha amiga, com a recente derrota na Câmara de Lisboa. A dúvida pode inclusivamente prejudicar a campanha do Partido Socialista nestas eleições. Costa sente-se sozinho e no escuro. À espera tem muitos sucessores, com vontade de liderarem o partido.
Este é o resumo do filme, contudo, falta dizer que o encolher de ombros de Marcelo não lhe retira a culpa de ter anunciado antecipadamente, e cheio de orgulho tolo e mal fundado na sua influência na esquerda, que partiria para a dissolução da Assembleia da República se o orçamento fosse chumbado.
A esquerda não ligou às suas ameaças e deixou o presidente sem alternativa que não marcar mesmo as eleições legislativas para o início do ano de 2022. Há ainda um último problema que pode ser bastante preocupante. Refiro-me à data de para quando as eleições serão marcadas.
Excetuando o Iniciativa Liberal e o adversário de Rui Rio nas eleições internas do PSD, e estou a falar do convencido Paulo Rangel, que quer eleições em fevereiro, todos os outros líderes partidários propuseram ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o dia 16 de janeiro de 2022, domingo, como o dia ideal para a realização urgente do ato eleitoral.
Ora, a marcação das eleições por parte de Marcelo para dia 23 de janeiro, ou outro domingo ainda posterior a esse, implica um auxílio direto a Paulo Rangel. Significa a ingerência da presidência, num assunto interno de um partido político e um apoio específico a um candidato, o que seria péssimo quer para um estado democrático, quer para a própria imagem presidencial. É este o motivo, amiga Berta, que me leva a estar expectante no que à marcação das eleições diz respeito. Faço votos que o presidente dos afetos consiga escapar da armadilha de se tornar o presidente dos afetados. A ver vamos, já falta pouco tempo.
Espero que tenhas encontrado algum sentido nesta minha análise. Pode ser que me engane, porém, se o curso dos próximos tempos for como eu prevejo, o PS vai subir em votos e em deputados, perto da maioria absoluta, o PC e o Bloco descem, o CDS, se for sozinho, elege apenas um deputado, assim como o Partido Livre (que talvez chegue aos dois). O PAN desce também para metade e a Iniciativa Liberal pode eleger um segundo deputado. O PSD não melhora e o CHEGA talvez atinja os quatro deputados. Todavia, o melhor mesmo é esperar para ver, porque, afinal, a política é uma arte circense, mas sem rede e de elevado grau de risco extremo.
Já basta de pensar em política minha querida amiga Berta. Voltarei a escrever se aparecerem mais notícias interessantes como, por exemplo, a COP 26, ou o vulcão Cumbre Viella em La Palma, nas Canárias. Despeço-me com um beijo solidário e de amizade,
Conforme comprovaste esta semana o Orçamento do Estado não passou. Agora já me podes dar razão relativamente ao meu parecer do fim-de-semana passado. Conforme eu te tinha dito o Bloco de Esquerda estava fiado na abstenção do PCP, dos Verdes e das duas deputadas independentes, que lutavam para segurar o poleiro e do voto a favor do PAN, que já o tinha prometido.
Porém, Catarina Martins não imaginou que o PCP queria ir já a eleições, minha amiga, para tentar minimizar prejuízos na queda de eleitores que vem tendo, pois ir só a votos em 2023 poderia retirar-lhe muitos lugares na Assembleia da República, assim, mesmo que perca mais um ou dois, ainda mantém um grupo parlamentar talvez na casa dos dois dígitos, ou seja, o tiro saiu pela culatra ao Bloco de Esquerda que poderá perder imensa força já nestas eleições. Afinal, o partido de Catarina é tido como um dos principais culpados pelo fim da geringonça e da maioria de esquerda.
Ora, o Presidente, que se julgava mais influente do que é, à esquerda do parlamento, queimou todas as possibilidades de deixar o PS, querida Berta, apresentar um novo orçamento ao garantir, repetida e insistentemente, que, se o primeiro não passasse dissolveria a Assembleia da República e marcaria eleições antecipadas. Ninguém entenderia que, face ao acontecido, desse agora o dito por não dito.
Assim, postas as coisas nestes termos, Marcelo Rebelo de Sousa, vê-se obrigado a dissolver a Assembleia da República e a convocar eleições. Consta que, para os lados de Belém, a simpatia do nosso Presidente recai, no que aos candidatos a líder no seio do PSD diz respeito, para o jeitinho de Rangel, que fez questão de ir ao beija-mão presidencial. Para Marcelo, Rui Rio, parece demasiado tolerante com o Governo de Costa e o nosso presidente tem outro tipo de perfil em vista para a liderança do seu antigo partido político, que não passa, evidentemente, por Rio.
Mas, fazendo uma breve síntese de como os partidos estão a ver a dissolução da AR, podemos dizer que o mais feliz é o Chega de André Ventura. A ânsia de ter um grupo parlamentar é superior ao ganho que teria com o aumentar do descontentamento dentro de dois anos. Já o Iniciativa Liberal está aflito, Cotrim acha que lhe falta tempo para fazer uma campanha que lhe traga mais deputados. Por outro lado, minha querida, o CDS tem uma crise de poder grave e o Chicão, preferiu atirar com a escolha do novo líder para depois das eleições, desterrando Nuno Melo. Quanto a Rangel está convencido que pode ser alternativa a Costa e, na sua vaidade infinita, não consegue antever que o apoio que tem no partido existe apenas no aparelho e não nas bases, onde a maioria dos militantes são do Norte e do interior do país e que, quer ele queira quer não, ainda são bastante homofóbicos, coisa com que Rio conta para vencer.
Amanhã termino esta breve análise, minha querida Berta, pois não quero ser demasiado maçador. Deixo um beijo saudoso, deste que todos os dias tem imensas saudades das nossas antigas conversas de fim de tarde, o teu eterno amigo,
Não sei se já te chegou aos ouvidos, mas há quem defenda que há uma nova “Maioria Silenciosa” em Portugal, em crescendo. Provavelmente tu nunca ouviste falar da “Maioria Silenciosa”, mas eu, que estava a pouco mais de um mês de fazer 13 anos, ainda me recordo bem, talvez por ter vivido no seio de uma família que seguia de perto os acontecimentos políticos do país, como os tinha seguido antes do 25 de abril e como o continuou a fazer depois disso.
Porém, sendo tu uns anos mais nova do que eu, talvez não tenhas dado pelo evento. A dita maioria da altura tentava apoiar o General Spínola, o então Presidente da República, a fazer uma viragem à direita. O apoio nuclear vinha de antigos elementos do antigo regime, principalmente antigos membros da Legião Portuguesa, da ala militar mais conservadora do MFA e de um conjunto substancial de dirigentes dos partidos políticos ligados à direita do espectro político, entre eles, muitos elementos do PP/MFP (Partido do Progresso / Movimento Federalista Português), do PDC (Partido da Democracia Cristã) e do PL (Partido Liberal).
A intenção era gerar uma Manifestação da chamada “Maioria Silenciosa” no dia 28 de setembro de 1974, de apoio a um novo rumar político, com Spínola, à direita. Um golpe travado por Otelo Saraiva de Carvalho, que viria a colocar o General Costa Gomes na presidência e Vasco Gonçalves no lugar de Primeiro-Ministro. É a mudança do Primeiro PREC (Processo Revolucionário em Curso), com a ala direita da Revolução a tentar consolidar o poder, para o segundo PREC com os comunistas a instalarem-se na liderança do país, com unhas e dentes.
Há quem diga que os Estados Unidos da América estavam por detrás do apoio a Spínola (pois queriam evitar um regime comunista em Portugal) e que o nome da “Maioria Silenciosa” era uma inspiração vinda do Presidente Nixon, que a usara pela primeira vez para designar a parcela do povo americano que, segundo ele, o apoiaria na sua política da guerra no Vietnam, algo que historicamente nunca ficou provado existir na realidade. Nixon pediu a demissão em agosto de 1974 sendo substituído por Gerald Ford, quando a organização da “Manifestação da Maioria Silenciosa” em Portugal estava em marcha.
Mas, voltando ao rumor desta nova “Maioria Silenciosa” existente no país, agora, ela tem tudo a ver com os apoiantes declarados (poucos na atualidade) e os outros ocultos (muitos, segundo o rumor) de José Sócrates, que, tendo-lhe dado em eleições a única maioria absoluta que o Partido Socialista já teve em legislativas, nunca engoliram a tese do bandido preso em direto na televisão. Pela primeira vez, trata-se de um silêncio do centro e da esquerda moderada, gente que deixou de se pronunciar, para não ser alvo do populismo crescente dos últimos sete anos.
Ora, quem lê ou escuta os comentadores e analistas políticos na comunicação social em Portugal, não encontra sequer vestígios de que tal maioria possa existir. Segundo eles o povo está, na sua quase totalidade, contra o ex-Primeiro-Ministro, José Sócrates. Nem Miguel Guedes, que em agosto de 2020 falava de uma “Nova Maioria Silenciosa”, a identificava com o renascer deste político.
Todavia, há quem ache que aqueles que clamam e se revoltam contra o juiz Ivo Rosa, mais os que se indignam da pronúncia do mesmo relativamente à instrução do processo para julgamento da Operação Marquês, que fazem vergonhosas petições online, não passam de uma minoria barulhenta de gente de direita.
Há quem reforce que a estes se juntaram muitos dos intelectuais, pensadores e analistas míopes de uma esquerda ressabiada, associados aos populistas crescentes das “fake news”, das teorias da conspiração e do “novo riquismo pseudo-salazarista do passismo iluminado” de Passos Coelho, que provocou a queda do último governo de Sócrates, num passado, não assim tão remoto, como agora nos parece ser, mas que ainda está bem presente na memória dos que sofreram com os anos da austeridade imposta sob a bitola da ameaça e do medo.
Para os defensores desta dita “Maioria Silenciosa” os críticos de Sócrates são os analistas ingénuos, os políticos rivais, os crentes nas versões tabloides do “Correio da Manhã” e das teorias conspirativas de Manuela Moura Guedes, associados aos populistas e ao povo que ainda acredita nos noticiários.
Pessoalmente, minha querida amiga Berta, eu estou como São Tomé no meio de toda esta história. Por outras palavras, preciso de ver para crer. Se, daqui para a frente for visível um movimento crescente de apoio a José Sócrates, se daqui a cinco anos, em 2026, ele for candidato a Presidente da República e se ganhar a eleição (coisa que hoje penso ser inverosímil) eu juro que dou a mão à palmatória.
Até lá, ficarei instalado na primeira fila, pronto para acompanhar o espetáculo, a ver o renascer da Fénix Política na pessoa de Sócrates (situação da qual me afasto, enquanto crente ou defensor de tal ideia). Se a dita terceira “Maioria Silenciosa” existir (coisa que se provou ser falsa nas duas primeiras vezes), cá estarei para dar razão aos defensores deste milagre político português. Porém, até lá, conforme já referi, por muito que eu não goste do populismo em voga, dos analistas de sofá, dos tabloides com agenda política, dos acéfalos pseudointelectuais, dos linchadores de trazer por casa, dos alimentadores de “fake news”, dos políticos de direita assanhados e dos de esquerda acomodados no status quo das conveniências, ficarei pacientemente à espera de ver tão inacreditável resultado.
Se hoje trouxe o assunto a esta carta, minha amiga, foi para que não se diga no futuro que não dei pelo fenómeno, quer ele seja real ou apenas uma vontade de alguns socráticos. Por hoje é tudo, recebe um beijo deste teu amigo,
No rescaldo destas eleições ouvi, em quase todas as televisões, serem tiradas conclusões que me deixaram abismado. Parece que os analistas políticos, em vez de se preocuparem apenas em fazer um trabalho sério sobre os resultados eleitorais, apenas lhes interessa promover aquilo que está na moda ou o que parece ser uma nova onda ou uma vertente de onde podem vir a tirar frutos no futuro (isto, para não dizer que muitos aparentam estar não ao serviço da análise política, mas de outros interesses menos claros, os quais são pagos para promover).
Para que entendas o que eu quero dizer dou apenas, a título ilustrativo, dois exemplos claros. O primeiro tem a ver com a análise ao resultado de João Ferreira, candidato apoiado pelo Partido Os Verdes e pelo Partido Comunista Português, o qual, na generalidade das análises, pese embora o facto de ter ficado precisamente no meio das preferências nacionais, é apelidado de ser um dos grandes derrotados destas presidenciais.
Ora, não entendo como se consegue tirar essa conclusão. O terceiro lugar de João Ferreira no Alentejo, não é mais demonstrativo do enfraquecimento do PCP do que do PS. Mais, os comunistas sobem, relativamente às anteriores presidenciais quatro décimas em número de votos no país. Como pode uma subida ser uma derrota? Logo depois, nas legislativas os verdes e os comunistas conseguiram mais de 6,4% dos votos, fazendo eleger 12 deputados, ou seja, mantendo as proporções, o PEV-PCP deverá fazer eleger nas próximas legislativas 14 deputados. Isso é mau? Sinceramente não consigo entender, a não ser pela vontade oculta de deitar abaixo os comunistas.
O outro exemplo é o do candidato da IL que é dado como um dos grandes vencedores da noite. A coisa é tão ridícula, para quem ficou em penúltimo lugar que me deixa parvo. O argumento de que a Iniciativa Liberal triplicou os seus votos é, na melhor das hipóteses, uma falácia. Nestas eleições apenas concorreram 7 candidatos, nas legislativas concorrem 20 a 25 forças políticas. Um cenário completamente diferente. Pior ainda se repararmos que um partido com representação parlamentar apenas conseguiu mais 11.684 do que o Tino de Rans. Este sim, devia estar feliz pois o seu partido, o RIR, subiu de 34, 637 nas últimas legislativas para 122,743 agora, quase quadruplicando a votação.
Enfim, minha querida Berta, com isso se conclui, pois podia dar muito mais exemplos, que há uma intensão geral dos analistas em deitar abaixo a esquerda e promover os novos partidos da direita. Dizer o quê? É a nova moda pós-geringonça. Despede-se este teu amigo de sempre, com um imenso chi-coração,
Marisa Matias é a candidata que se segue na contagem decrescente, da minha análise aos proponentes, desta próxima eleição presidencial. Sendo a terceira pessoa a ser apresentada numa escala aleatória dos candidatos.
Marisa é, entre todos os sete intervenientes, a candidata do mérito. Não importa sequer que os seus nomes do meio sejam Isabel dos Santos, pois isso apenas representa uma curiosidade, nada mais. Aliás, apenas prova que não é o nome que trás dinheiro, como que por arrasto. O mérito de Marisa Matias vem desde a infância.
Sendo natural de Coimbra, onde nasceu, é de Alcouce, no Concelho de Condeixa-a-Nova, que lhe veem as origens. Uma aldeia que conhecia como a palma das suas mãos. Fazia diariamente quase meia dúzia de quilómetros de marcha para chegar à escola e, ao regressar ajudava os progenitores na agricultura e no pastoreio do gado.
Aos 16 anos entrou na vida ativa para poder continuar a estudar, apoiando em simultâneo o equilíbrio do orçamento familiar. Fez limpezas, serviu à mesa, pintou a manta e aos 22 anos foi a primeira pessoa da família a conseguir uma licenciatura. De fevereiro de 1976 até 1998 não foram anos fáceis, porém, uma vez aí chegada, acabou por dar o seu primeiro grande salto: Tinha o curso superior de Sociologia. A primeira grande batalha estava ganha.
Porém, em 2009 é com o título: "A natureza farta de nós? Saúde, ambiente e novas formas de cidadania" que apresenta a sua tese de doutoramento, concluída, com louvor e distinção, na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, sob orientação de João Arriscado Nunes, cinco anos depois de ter aderido ao Bloco de Esquerda. Mantendo o ritmo apertado na sua corrida de obstáculos onde a cada novo salto tentava alcançar um novo objetivo.
Os últimos 12 anos da vida de Marisa Matias são mais conhecidos e, para trás ficaram os seus anos de professora do secundário ou de investigadora assistente no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Desde 2009 até aos dias de hoje que construiu um currículo vastíssimo no Parlamento Europeu, enquanto eurodeputada eleita em representação do Bloco de Esquerda. Para além disso detém a honra de ser a mulher mais votada para a Presidência da República Portuguesa, votação ocorrida em janeiro de 2016, atingindo quase meio milhão de votos.
Vale a pena, para os mais interessados, consultar o site https://www.marisa2021.pt/biografia, para se inteirarem do seu papel enquanto eurodeputada. Contudo, uma coisa é certa, Marisa Matias é, sem qualquer dúvida, a candidata do mérito, do brio e do profissionalismo e não é a cor do seu batom que, por certo, a determina enquanto pessoa, mas sim as causas, as lutas e o seu trabalho notável.
Durante esta investigação, amiga Berta, o meu respeito por Marisa Matias foi elevado a níveis onde nunca pensei chegar. A determinação de alguém ainda consegue, neste nosso país, embora raramente, vencer sobre a cunha e o compadrio. Com esta afirmação me despeço por hoje. Fica bem e até amanhã. Recebe um beijo deste teu eterno amigo que não te esquece,
Hoje venho falar de Tiago Mayan Gonçalves, um homem de 43 anos, nascido no Porto, filho de pais licenciados em Engenharia Química, apoiante de Rui Moreira para a Câmara Municipal do Porto e foi, pelo movimento independente “Porto, o nosso Partido”, eleito membro suplente da Assembleia de Freguesia da União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde nas eleições autárquicas de 2017, ex-PSD, e um dos fundadores do partido liberal, fruto das suas origens numa classe média de bem-estar.
Sem nada que o comprove arrisco-me a dizer, alegadamente, que o Tiago Pedro de Sousa (os três primeiros nomes de Mayan Gonçalves), é filho único, solteirão, vaidoso, machista, com um tique para o pedantismo e amante de um protagonismo para o qual lhe falta o dom da palavra. Ele que se assume como um homem do Norte, é o protótipo estereotipado de quem nasceu depois de abril de 74, no seio de uma família com posses. Diz dominar 7 línguas, mas na realidade só se sente à vontade no inglês, para além da sua língua nativa que enrola com facilidade.
Já na vela deve realmente ter conhecimentos, já que começou a praticá-la aos 12 anos, como muitos dos filhos queques da burguesia nortenha da altura. Porém, na minha modesta opinião, este Tiago Pedro vai de vela e em nada me admiro se terminar em último lugar na corrida à presidência.
Quanto ao perfil moral, à honestidade e à honra tenho muitas dúvidas sobre a firmeza destas qualidades. Apanhei, por diversas vezes, o Tiaguinho a mentir descaradamente aos outros candidatos nos debates televisivos, em detalhes que os outros desconheciam. Pior, verificado o desconhecimento, usou as mentiras para apontar falhas ao Governo e ao atual Presidente.
Dou um exemplo: apontou, em quase todos os confrontos com os adversários, o facto de Portugal estar destacado em primeiro lugar na Europa e no mundo como um dos países onde os óbitos não-covid foram mais elevados. Uma mentira descarada. Passei algumas horas a verificar os elementos, os dados, as fontes e os gráficos dos sites internacionais onde se fazem esses estudos comparativos, e nunca, nem nas tabelas semanais, desde março de 2020, Portugal encabeçou essa lista funesta. Fazer uso de mortes a mais para se autopromover não é apenas macabro, demonstra, isso sim, falta de brio e de caráter.
Mas basta de falar sobre aquele que, no meu entender, chegará na cauda desta corrida presidencial. De mim, ele não merece nem mais uma palavra. Despede-se este teu amigo sempre ao dispor, querida Berta, com um forte abraço,
Hoje, respondendo ao teu pedido, vou iniciar as sete cartas sobre os sete candidatos a Presidente da República Portuguesa. Porém, como tu és uma pessoa devidamente informada, culta e a par da política, decidi, se não vires inconveniente, falar mais naquilo que penso dos candidatos do que propriamente do seu posicionamento político e ideológico. Vou começar a primeira carta pelo vencedor óbvio e antecipado, ou seja, o atual Presidente, o Professor e ex-comentador Marcelo Rebelo de Sousa.
Marcelo Rebelo de Sousa é, ao contrário do que possa parecer, um homem vaidoso, egocêntrico e algo mesmo narcisista. Nada de muito grave, se nos lembrarmos do anúncio “se eu não gostar de mim, quem gostará?”
Na verdade, Marcelo gosta da sua pessoa. Adora ser o centro das atenções e delira com o protagonismo. A sua matriz de centro-direita é sincera, não engana e sobre ela não há que ter dúvidas, contudo, mais do que a inspiração política, ele adora ser popular.
Pode até não ter tanto afeto como parece demonstrar, mas, sendo essa atitude que o torna próximo e querido do povo, isso irá até ao fim do mandato sobrepor-se às ideologias, ao narcisismo ou a qualquer outro defeito que se lhe possa encontrar. Marcelo, tudo fará para ficar na história desta república como o mais querido e popular dos presidentes.
Sobre isso não tenhas dúvidas, minha querida Berta. Ora essa circunstância não é de somenos importância. A conquista e a perseguição do cognome de “O Adorado”, torná-lo-á, até ao fim do segundo mandato, um elemento de ponderação, estabilidade e apoio governativo, seja qual for a composição política do governo no poder.
Não evitará de, aqui ou ali, tentar deixar uma marca das suas raízes partidárias, mas apenas como sublinhado de quem não vira a casaca. Por tudo isto ele é o homem ideal, no lugar certo, no momento exato, defeitos à parte, pois todos os temos, um verdadeiro Senhor.
Chego assim ao fim desta primeira análise. Amanhã será a vez de outro candidato. Despede-se este teu amigo, com um beijo virtual de saudades bem reais,
SNS e DGS: Mentira ou uma grande coincidência? Se as tuas cartas tivessem título, esta questão devia ser o que constaria, como legenda titular, na carta de hoje. Era para a ter escrito ontem, todavia, ainda pensei, umas quantas vezes, que estava a ficar como aqueles maluquinhos, que vêm teorias da conspiração em todo o lado. Resolvi deixar passar 24 horas. Afinal, achei necessário pensar bem no assunto, antes de escrever e parecer ridículo, neste meu raciocínio.
Contudo, as 24 horas passaram e, em vez de achar que tudo não passava de um pensamento absurdo da minha parte, cada vez mais penso que tenho mesmo razão. Ou seja, o Governo, o Presidente, enfim, o Estado anda a esconder-nos informação. Eu sei, amiga Berta, que as minhas cartas para ti são todas, sem exceção, incluídas no domínio do alegadamente. Mesmo assim, após 40 anos de jornalismo, prefiro ter as minhas fontes, sobre qualquer tema que escrevo, o melhor documentadas e verificadas que me for possível.
Não é essa a situação de hoje. Não tenho, efetivamente, como fazer prova sobre o que se passa de concreto no âmbito das minhas interrogações, nem sequer sei se tudo o que agora afirmo poderá alguma vez sair do universo do alegadamente. Apenas tenho a enorme convicção de que alguma coisa se está a passar e de que a verdade está a ser distorcida.
Deves estar a interrogar-te sobre que raio é que eu estou para aqui a escrever. Para te responder a isso tenho que te explicar que, dos meus 40 anos de atividade profissional enquanto jornalista, mais de metade foi passada a fazer investigação. Ainda por cima, manter uma carteira profissional nos últimos 25 anos, na qualidade de freelancer, em Portugal, não é pera doce.
A importância da investigação gera em nós, enquanto investigadores, uma espécie de instinto para detetar quando algo não bate certo. Podemos nem saber ao certo do que se trata, mas se algo estiver errado, no meio de um conjunto de informações que nos vão chegando, algures, cá dentro do meu cérebro, toca uma espécie de alarme como que a prevenir que há um erro seja lá onde for. Foi esse alarme que eu passei a sentir desde o último sábado.
Já agora, falando concretamente do que me chamou a atenção, no sábado, eu vi e ouvi uma reportagem com o Jorge Jesus, em que este se mostrava visivelmente abalado, com o facto de ter perdido um grande amigo, nesta luta contra o Covid-19. No entanto, a única morte confirmada pelo SNS apenas teria lugar na segunda-feira, tendo sido anunciada como um óbito, efetivamente, ocorrido na segunda. (Um aparte: eu digo “o” Covid-19 porque se trata de um vírus e não “a” Civod-19 por ser uma doença, aliás, também digo o Cancro ou o Ébola, mas admito que existam opiniões divergentes sobre masculino ou feminino na designação).
Ora bem, pela entrevista de Jorge Jesus, o que me pareceu, na altura, foi que a família do antigo massagista do Estrela da Amadora, um homem de 80 anos, tinha acabado de comunicar o óbito, derivado por infeção com o coronavírus, ao treinador, mostrando-se esse sinceramente consternado com a notícia. Já a repeti por diversas vezes, pois guardei o videoclip, e chego sempre à mesma conclusão: Mário Veríssimo faleceu a 14 de março de 2020.
Contudo, o Serviço Nacional de Saúde, apenas declara a morte no dia 16 de março. Como se esta tivesse ocorrido na madrugada desse dia. Para ainda me deixar mais incomodado, no dia 15 dá-se a transmissão de um novo clip de Jorge Jesus, 24 horas depois da sua primeira declaração, com o homem notoriamente atrapalhado, a dizer que fez confusão, que sabia que o amigo estava em risco de vida e que poderia perecer, tentando dar o dito por não dito, coisa que não se pode pedir a este ilustre homem do futebol, devido à sua falta de jeito para as artes teatrais.
Porém, alguém, na minha interpretação a própria Direção Geral de Saúde ou o Ministro da tutela, solicitou este desmentido. O óbito acaba por ser declarado dia 16, provavelmente alguns dias antes do que o SNS pretendia, para que não se levantasse a lebre sobre a fiabilidade das informações da DGS ao público em geral. Em conclusão, passei a achar que o fluxo diário das informações da DGS, todos os dias ao meio-dia, não passa de um cozinhado.
Repito, um cozinhado, criado para nos ir dando, ao ritmo desejado, as notícias sobre o vírus que o Governo julga aconselhável transmitir. Aliás, se este fosse um caso único, se esta fosse a única ação fora de contexto, eu até poderia estar realmente a imaginar uma Teoria da Conspiração. Todavia, juntando esta coincidência (e eu não acredito em coincidências) a outros detalhes ocorridos durante todo este mês, desde o dia 2, levam-me a acreditar que a informação está a ser globalmente manipulada pelo Estado.
Algumas das incongruências foram assinaladas na Sic, por Miguel Sousa Tavares, outras fui apanhando nos diferentes noticiários, imprensa e nas notícias que recebo via Agência Lusa. Por exemplo, na semana passada o Infarmed ia distribuir um milhão de máscaras, a notícia foi transmitida e ninguém mais se lembrou disso. Contudo, este passado fim-de-semana, os dentistas, o pessoal dos aeroportos, algum pessoal médico, e outros, queixaram-se de não ter máscaras, bem como diversos equipamentos de proteção, também, anteriormente anunciados como prontos para entrega, pelo Infarmed.
Hoje, perante a insistência dos repórteres, o mesmo Instituto anunciou a distribuição de 2 milhões de máscaras e mais equipamentos, entretanto, passou uma semana. As ordens da DGS saíram, rigorosas e nacionais, mas os portugueses que regressam a Portugal, por fronteira terrestre, vindos por ou de Espanha, não estão a ser monitorizados.
Então estamos a receber pessoal de elevado risco e não estamos a verificá-los? O mesmo se passa nos aeroportos, quem lida com aquela gente toda, funcionários, seguranças, polícia, e por aí em diante, não tem sequer uma máscara para se proteger dos magotes de gente que acedem ao local e aos balcões. Estranho, não?
Estou convicto que não só não temos conhecimento de toda a estratégia global do Estado, como considero ser real a manipulação dos dados relativos ao Covid-19, por parte da DGS, como punha as mãos no fogo como temos muito menos material de proteção do que aquele que tem sido anunciado publicamente de 2 de março até ao dia de hoje.
Há outros detalhes que não jogam uns com os outros, nem batem certo, como as explicações dadas para a instalação dos hospitais de campanha ou de triagem, ou, ainda, a forma como foram amontoados os 70 nepaleses, num único local, no Algarve. Todos estes detalhes não combinam com o plano concertado e anunciado aos portugueses, como sendo aquele que está a ser posto em prática.
Até a quarentena do Presidente da República me parece, neste momento, uma estratégia forjada, para amanhã, se anunciar o Estado de Emergência, saltando 2 patamares de uma vez, o Estado de Contingência e Estado de Calamidade. O caso de Ovar, então, soa incrivelmente a gato escondido com rabo de fora. Só espero que toda esta estratégia de segredo esteja a ser concertada para se evitar o pânico.
Em conclusão, parece-me evidente, pelo desenrolar dos eventos e pelas discrepâncias que vou detetando, ajudado por 40 anos de atividade jornalística que o SNS, a DGS, o Infarmed, o Governo e a Presidência da República, nos estão a mentir descaradamente, contudo, até prova em contrário, espero que seja porque eles pensam ser essa a melhor maneira de manter a população calma. Caso seja por isso ainda lhes dou o benefício da dúvida, embora, pessoalmente, preferisse saber a verdade.
Fica descansada, amiga Berta, que continuarei atento. Darei novidades sobre a pandemia, sempre que se justificar. Despeço-me com um beijo fofo,