Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
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Termino hoje, minha amiga, com esta quarta carta o tema dos 4 Cavaleiros da Minha Indiferença - Parte IV/IV - Não Há Clemência Para Dom Clemente. O líder nacional da igreja católica, o Cardeal-Patriarca Dom Clemente não deve e não pode ter qualquer tipo de clemência por parte da justiça portuguesa, nem por parte do Estado ou da Presidência da República, nem por parte da Assembleia da República ou do Governo, e, muito menos ainda, por parte os católicos portugueses, dos fiéis e em última análise de todo o Povo português.
Vamos aos factos, Bertinha. Dom Clemente é acusado de pedofilia? Não!
Dom Clemente é acusado de saber da existência de casos de pedofilia no seio da sua igreja e não apontar os criminosos à polícia. Dom Clemente é acusado de dar guarida, sob o manto da igreja católica a padres pedófilos e sobre isso guardar segredo. Certo, querida amiga?
O Cardeal-Patriarca Dom Clemente devia ser julgado e preso por ter sido cúmplice de tão hediondos crimes praticados, com o seu conhecimento, no seio da igreja e não ter apresentado os padres à justiça para serem julgados pelos atos criminosos que praticaram, vezes sem conta, impunemente, durante anos a fio. Não achas minha amiga? É disso que se trata. É isso que não tem perdão!
Recentemente, depois de revelado publicamente o primeiro caso (o que me parece, minha querida, sinceramente, apenas a ponta de um gigantesco iceberg) deste “clemente” encobrimento por parte do nosso Cardeal-Patriarca, o mesmo foi a Roma, ao Vaticano (diz-se), pôr o seu lugar à disposição.
E foi triste por uma coisa destas, feita de acordo com as práticas da Igreja na época, desculpa-se o homem, estar a manchar-lhe os seus cinquenta anos de entrega absoluta ao sacerdócio (tendo o patriarcado escrito até que: “na altura, foram tomadas decisões tendo em conta as recomendações civis e canónicas vigentes”), também tens pena, Berta?
Coitadinho de Dom Clemente, que soube que um padre seu andava a meter o pirilau na boca e no ânus de um rapazinho, repetidamente, entre outras práticas ainda menos católicas, não tendo o crime não ocorrido apenas por uma vez, e concordou com a pena do seu antecessor no cargo (Dom Policarpo) de castigar o prevaricador tirando-o da paróquia onde este se encontrava e pondo-o a cuidar de crianças num outro local. Para quê? Novamente junto de crianças? Isto é clemência, minha querida? Já não chegava o padre ter andado a empurrar o cocó para dentro a um rapazinho, pelo ânus, com o seu santo bacamarte? Não! Isto é injustiça, compadrio, cooperativismo, incompetência, encobrimento, vergonha, irresponsabilidade, indecência, nojo, repulsa e crime. Por isso mesmo tem de ter castigo! Isso é justiça!
Ah, mas o crime até já prescreveu. Se prescreveu não devia ser possível que prescrevesse, não te parece, amiga? Será que eu vivo num país onde a sodomia pedófila e a cumplicidade de uma instituição religiosa não é punida por práticas hediondas por prescrever, mas onde uma dívida ao Estado ou aos bancos não prescreve? É isto um Estado de Direito? Que raio de justiça é esta? Então, as dividas às Finanças ou aos bancos não prescrevem, mas a pedofilia sim? Se a banca e as Finanças têm artifícios legais para fazerem parar os prazos de prescrição isso não se pode aplicar à pedofilia?
É isto tudo constitucional? A nossa constituição defende este tipo de práticas e atuações, Berta? Ou porque não há quem peça a análise constitucional do assunto ao tribunal respetivo, por compadrio e cooperativismo, a prática inconstitucional se mantém? Caramba, Berta, eu quero uma resposta clara. Aliás, não sou apenas eu, é todo o país.
Sou absolutamente inclemente para a clemência de Dom Clemente com a prática de um sacerdote seu andar a molhar o pincel na boca de um menor. É preciso ser claro a dizer que esperma de padre não mata a sede, nem é água benta que deva ser ingerida por crianças, não concordas, Bertinha?
Eu sei, amiga, que parece mais leve dizer que se trata de pedofilia praticada por membros da Igreja. Mas o que isso quer realmente dizer é que andam padres, e outros membros (ou outras) membros da Igreja Católica, a usar meninos (e, quiçá, também meninas) menores de idade, crianças ainda na idade de se formarem enquanto pessoas, infantes que deviam confiar nos sacerdotes da sua Igreja como nos seus pais, a ser usados por homens (e, quiçá, mulheres) para práticas sexuais impróprias para as suas idades.
Miúdos cujos ânus e bocas, servem de recetáculo para receberem o pau santo dos diabólicos sacerdotes. Miúdos, cujas pilinhas são usadas como palhinhas de refresco e manipuladas impropriamente pelas mãos, bocas e ânus destes selvagens sacerdotes. É isso que pedofilia quer dizer. Porém, não julgues, minha querida amiga, que as freiras, as madres superiores e as outras mulheres da Igreja estão isentas destas práticas. Antes assim fosse, apenas ainda não chegámos lá, nas revelações que a investigação já pôs a nu, mas acabaremos por saber também muito desse mundo não menos porco da pedofilia feminina da Igreja.
Por isso, Berta, de nada valem a Dom Clemente, os cinquenta anos ou mais de boas práticas e ações no seio e exercício do seu patriarcado. Se foi cúmplice de um (ou mil) encobrimentos de casos de pedofilia é cúmplice e culpado com ou sem prescrição do caso (ou casos). Não há clemência para Dom Clemente. Ninguém perdoa a um assassino porque, coitadinho, só matou uma vez. Ninguém perdoa a um cúmplice do assassino porque só ajudou a esconder o corpo. Crime merece castigo, prescrição é cooperativismo! Crimes desta natureza não podem ter perdão! Despeço-me amargurado, recebe um beijo deste teu amigo de sempre,
Ontem (e no dia anterior também), durante todo o dia, fiquei à espera de ver aparecer nos noticiários, nos diferentes canais televisivos, alguma notícia referente ao excelente trabalho de investigação da revista “The New Yorker”, com a assinatura de Rachel Aviv. Trata-se de um magazine que tento acompanhar sempre que posso, pois tem excelentes jornalistas de investigação. Daqueles que nos fazem lembrar que ainda há quem se importe, investigue e preocupe suficientemente para, depois de averiguados os factos e as fontes, dar o alerta.
O artigo desta semana, publicado dia dezanove de julho de dois mil e vinte e um, envolve a exposição de uma prática hedionda praticada na Alemanha desde os anos sessenta até dois mil e três, ou seja, uma prática que foi seguida por mais de quarenta anos, ininterruptamente, sem que ninguém, aparentemente averiguasse os factos e acompanhasse o assunto de perto o suficiente para acabar com ele.
A divulgação de Rachel Aviv é extensa, dura de ler e vai-nos indignando cada vez mais, ao longo dos quase cem parágrafos que constituem a história agora divulgada. Custa mesmo a acreditar que não se trate de ficção e que Aviv se cinja apenas e só ao relato dos factos descobertos e agora tornados públicos. O desenrolar da trama envolve a região de Berlim, um dos dezasseis estados alemães.
Não vou aqui traduzir ou reescrever a investigação de Rachel. Quem o quiser fazer poderá consultar a revista “The New Yorker” desta semana, que também se encontra online, sendo, por isso, de acesso fácil. Vou tentar, isso sim, resumir, o melhor que sei, o conteúdo desta imensa pesquisa e fazer o meu comentário. Porém, como não sou o autor do trabalho em causa, e embora reconheça a idoneidade da publicação que refiro, deixo tudo bem coberto pelo manto do que alegadamente aconteceu.
Ora, vou-me então referir ao Projeto Kentler, um programa experimental, desenvolvido por um eminente psicólogo alemão, que acreditava (a julgar pelos seus escritos) que poderia proporcionar um acolhimento de integração social às crianças órfãs, traumatizadas pela perda dos pais, ao coloca-las à guarda, com adoção incluída, de pedófilos registrados e cadastrados, que quisessem uma oportunidade de se poderem vir a tornar pais devotos.
Este programa experimental de dupla integração e interação durou quarenta e tal anos, com a bênção e o subsídio (incluindo uma vertente económica e financeira atribuída aos pedófilos que integrassem a experiência) do Estado de Berlim, quer na velha como na nova Alemanha unificada, por muito que isto nos custe a aceitar.
Aliás, um ano antes da queda do muro de Berlim, o Senado do Estado de Berlim, em mil novecentos e oitenta e oito, um relatório apresentado no Senado, pelo Professor Helmut Kentler, então considerado e reconhecido como um dos sexólogos e psicólogos mais influentes da Alemanha, descreveu o projeto como um sucesso total.
O anunciado sucesso do programa, sempre e continuadamente, desde a sua criação, fez com que cedo fosse alargado o espectro da tipologia de crianças colocadas à guarda destes pedófilos, mesmo daqueles que, por força da sua perversão, já possuíam registo criminal, passando a estar incluídas no programa não apenas as crianças órfãs com também as que fossem retiradas pela justiça a pais violentos, em que houvesse comprovados indícios de maus tratos por parte dos seus progenitores..
Kentler, o iluminado psicólogo, viria a ocupar um lugar importante na investigação educativa de Berlim, chegando ao ponto de ser considerado a autoridade máxima do país em matérias de educação sexual. Não era difícil vê-lo a afirmar em entrevistas televisivas que o contacto sexual entre adultos e adolescentes era inofensivo, no âmbito do seu programa, porque a prática da pedofilia era eficazmente substituída pelo sentimento de paternidade.
Kentler morreu em dois mil e oito sem nunca, até essa data, as suas teorias terem sido contestadas. O seu projeto tinha sido descontinuado cinco anos antes apenas porque o Senado do Estado de Berlim entendeu que havia que atender a outras prioridades sociais e que já não era necessário continuar a subsidiar os pedófilos que se tornavam pais.
Para a sua tese de doutoramento, a professora Teresa Nentwig, em 2016, projetou apresentar, na sua candidatura a lente da universidade, um estudo sobre Kentler, mas esbarrou com imensas dificuldades, ora faltavam importantes arquivos onde deveriam estar, ora se sentia perseguida pelos apoiantes e amigos do falecido Kentler.
Era, por fim, aconselhada a não mexer no passado da eminente figura até porque Kentler, enquanto perito judicial de renome, era também responsável por ter conduzido a justiça à declaração de inocência de mais de trinta pedófilos acusados de atos hediondos.
A reportagem da revista “The New Yorker” revela também como o governo alemão ajudou, com pleno conhecimento, a colocar crianças abandonadas em casas geridas por pedófilos. As primeiras revelações sobre o Projeto Kentler foram publicadas em 2016 pela Universidade de Göttingen. Desde essa altura, várias vítimas desse programa vieram a público descrever os horrores a que foram submetidas, algumas durante muitos anos.
A jornalista de investigação do magazine, Rachel Aviv afirma convictamente que, durante o tempo de duração do programa denominado Projeto Kentler, as vítimas ascendem às muitas centenas, senão milhares, de crianças não apenas no Estado de Berlim, mas em toda a Alemanha. Até à presente data o Senado do Estado de Berlim nunca pediu desculpas públicas às vítimas.
Não sou, querida Berta, um homem dado a muita violência, mas às vítimas e aos seus familiares, era correto dar a oportunidade de fazerem alguma justiça pelas próprias mãos. Esta gente imunda não pode continuar imune. Agoniado, despeço-me com um beijo solidário, como teu amigo de sempre,
Concluindo a minha narrativa dos últimos dois dias, segue-se agora a última parte da Carta Aberta que publiquei, em 2004, endereçada a Carlos Cruz. Incrivelmente, 17 anos depois, a saga deste homem continua por concluir. Foi com ele que <<nasceram>> em Portugal os mega juízes, os casos de justiça hiperbólica, os segredos de justiça incumprida e nunca penalizada, todavia, agora que Carlos Cruz já tem 77 anos de idade, agora que já sabemos que existe corrupção e ao mais alto nível na justiça portuguesa, não seria a altura de julgarem este senhor, com a inclusão, devida e mais do que justa, de todas as provas? Porém, para já, voltemos à minha carta aberta.
Carta Aberta a Carlos Cruz (Parte III - 2004)
“Mas meus senhores e minhas senhoras, o mais grave disto tudo é: e se o Sr. Carlos Cruz for inocente? Aí a coisa fica feia, mesmo muito feia, porque não há valor monetário que pague uma injustiça deste calibre. Em quanto se indemniza um cidadão, com a imagem que a pessoa em causa tinha no país, pelos danos causados? Seria a falência do Estado Português! Porque a indemnização teria que ser realmente exemplar. Mas seria também a falência de todo o sistema judicial português, porque não serve, nem vale, dizer que foi um erro e lavar as mãos. Alguém teria que sofrer as devidas consequências e ser responsabilizado.
Às vezes falamos da prepotência americana no mundo, mas um americano só pode estar preso sem provas 48 horas... quarenta e oito horas, qual dois anos e meio qual carapuça... Que raio de democracia existe no meu país onde o Ministério das Finanças aliado ao da Justiça nos recorda os tempos da Velha Senhora e os métodos e perseguições tão familiares a organizações como a Pide-DGS. Já viram que existe de novo medo no ar? Não notaram? As pessoas calam-se nos empregos para não serem despedidas. São tratadas pelos bancos que lhes deram todo o crédito do universo, como limões a quem se tem de espremer até ao último cêntimo, e o que os bancos não apanham, apanha o Fisco. Mas fazer barulho, revoltarmo-nos, nem pensar, que o sistema judicial está como todos sabemos.
Em resumo, Carlos Cruz, Senhor Carlos Cruz, eu acho que o Senhor não tem qualquer hipótese de sair inocente deste processo, mesmo que seja efetivamente inocente. A sua inocência remeteria a nossa democracia, o estado e o poder judicial para o Banco dos Réus e eles não vão permitir tal situação. Resigne-se! À partida será culpado: tenha ou não praticado qualquer crime, porque o inverso seria catastrófico. Se lhe serve de consolo, existe um português, que sem nunca o ter sequer conhecido pessoalmente e apertado a mão, acredita em si!”
Agora, em 2020, no ano da pandemia, já é tempo de acabar com tanta hipocrisia. Não tardará muito fará um ano que o último recurso de Carlos Cruz entrou na justiça. Estamos em tempo de desconfinamento, pois bem, julguem-no outra vez, como ele vos solicitou, agreguem ao processo, finalmente, todas as provas. Se, no final, o acusarem que assim seja, mas é preciso que seja feita justiça de uma vez por todas. Ou será que só um tal de Paulo Pedroso, o protegido do atual Presidente da nossa Assembleia da República, o socialista Ferro Rodrigues e o Herman José é que conseguiram sair limpos da acusação do então Procurador Geral da República, o senhor José Souto Moura? Como foi que cada um deles conseguiu provar a sua inocência, alguém sabe? Muitos devem, por certo, sabê-lo. Até consigo acreditar que ambos estariam realmente inocentes e que lhes foi permitido apresentar todas as provas disso perante a justiça. Mas, então, porque não se procede do mesmo modo com Carlos Cruz?
Não consigo entender. Mas, um caso que se iniciou em 2002, com acusações nominais feitas em 2003, já está em tempo de terminar. A justiça tem de prevalecer. Que se julgue de novo Carlos Cruz com inclusão, porque tal é imperioso, de todas as provas.
Então, minha querida Berta, fui demasiado teimoso da defesa da minha dama chamada Justiça? Espero que não e que a história te tenha agradado. É tempo de acabar com os bodes expiatórios, é tempo de fazer renascer a justiça em Portugal, para bem do Povo Lusitano. Nós merecemos isso hoje e sempre. Recebe um beijo deste teu amigo, em despedida até outra carta,
Continuando a minha narrativa de ontem, segue-se agora a segunda parte da Carta Aberta que publiquei, em 2004, dirigida a Carlos Cruz. Amanhã enviarei o final dessa carta, uma vez que a primeira te agradou. Sabes, se na altura em que tudo isto começou tivessem acusado Carlos Cruz de uso, consumo e talvez até abuso de drogas elícitas, eu não ficaria espantado. Como te disse eu não o conheço pessoalmente, mas o ritmo de trabalho e a frescura que ele permanentemente conseguia apresentar sempre me pareceram para além das normais capacidades de um homem comum. Porém, embora houvesse quem o afirmasse, nunca falei com ninguém, dentro do meio, que me dissesse na cara que o tinha testemunhado. Portanto, tudo poderia até ser apenas mais um boato e nada mais do que isso.
Aliás, agora então, nada disso importa. O que me parece relevante é continuar a transmitir-te a carta que escrevi na altura e na qual me continuo a rever.
Carta Aberta a Carlos Cruz (Parte II - 2004)
“Quando penso que o Senhor Carlos Cruz não era ligado aos <<Laranjas>> então no poder; quando penso que nenhum dos outros implicados no caso hasteava a bandeira dos <<citrinos>> (a fugir para o amarelo cínico de uns populistas que de populismo apenas usavam o nome); quando penso que a bronca estoirou precisamente quando a coligação governamental parecia entrar em colapso, por falta de apoio dos portugueses; quando penso que apenas elementos da oposição, nem que fosse em termos de simpatia ou tendência partidária, ou os a ela ligados, foram envolvidos no escândalo; quando penso que um mês depois já os laranjinhas tinham recuperado mais de uma dezena de pontos nas sondagens; quando penso nas escutas telefónicas feitas à sombra de uma justiça cega e de base salazarista caduca e totalitária, a tudo e todos os que fossem ou apoiassem os socialistas; quando penso num país onde um juiz só pode ser julgado e condenado por uma dúzia de seus pares cooperativos e cooperativistas, sendo por isso esse magistrado eleito Português de Primeira Classe face aos outros filhos Lusos; quando penso... (e que raio, eu nem sou dos que acreditam em coincidências), cheira-me a esturro, a jogada bem montada, a cabala, a conjura desenvolvida ao mais alto nível.
Se o Sr. Carlos Cruz fosse culpado, já devia ter sido julgado e condenado há meses. (E não serve de nada afirmarem que ele não era o único nesta situação, que a coisa estava assim montada, que estas investigações demoram, que havia muitas pessoas nas mesmas circunstâncias... etc. Se havia não deveria haver! Nem um único!).
Correndo até o risco da fuga do suspeito, a justiça não pode ter o direito de prender por meses a fio um presumível qualquer coisa, sem o poder provar num muito curto espaço de tempo. E não pode fazê-lo porque isso é injusto esteja o conceito expresso ou não na lei nacional. É imoral, não respeita a ética das instituições e a Lei portuguesa ainda tem uma base de decoro, penso eu, ou deveria ter.”
Bem, amanhã termino esta carta, contudo, não posso deixar de referir que agir e condenar sem que todas as provas possam entrar num determinado processo, com desculpas processuais ou outras, não mostra o melhor e o mais isento lado da justiça. Tudo me pareceu passar-se como se um qualquer tipo de sociedade secreta, tipo Maçonaria, Opus Dei ou outros do mesmo calibre estivessem a puxar cordelinhos usando o Senhor Comunicação como bode expiatório.
Não estou a afirmar que foi isso que aconteceu, mas foi o que eu, na altura com 24 anos de jornalismo e quase 9 de carteira profissional, pensei na época e, se queres saber, minha querida amiga, nem nisso fui o único ou original. Porém, infelizmente, todos se calaram, não fosse o prato derramar para o lado deles. Afinal, é preciso ter em conta que telhados de vidro existem em todo o lado. Despede-se, com um beijo franco e muita amizade, este rapaz aqui, o mesmo de sempre,
Como correu este Carnaval aí para os lados do Algarve? Espero que o bom tempo te tenha ajudado a ter diversão e alegria com fartura e talvez também com farturas. A minha carta de hoje, contudo não tem graça, é que se no “Carnaval, tudo vale, menos ir para o hospital com as cuecas embrulhadas num jornal”, a prisão preventiva de mais um alegado pedófilo que, de há 3 anos a esta parte, abusava sexualmente da filha, hoje com 8 anos, e da enteada com 12, dá-me uma volta ao estômago como poucas coisas que vamos ouvindo são capazes de o fazer.
Na idade média, já no século XV, existiu um reino, a Valáquia, onde atualmente se situa geograficamente a Roménia, onde o Rei, de nome Vlad Dráculea, empalava os seus inimigos e os conterrâneos que decidia condenar à morte. O monarca chegou ao cúmulo de o fazer massivamente, numa altura em que se viu atacado por uma força armada muito superior à sua, empalando, num mesmo campo, a céu aberto, mais de 20 mil homens, mulheres e crianças.
A força opositora fazia parte do Império Otomano e a intenção do Sultão era obrigar Vlad a manter o pagamento de uma vassalagem ao império, que já vinha dos seus antecessores, e que este tinha interrompido bruscamente. Tal pagamento não representava apenas um tributo, mas o reconhecimento por parte do rei de que a Valáquia se encontrava sob o domínio otomano. Aconteceu, porém, que quando o exército inimigo chegou ao campo onde se encontravam recentemente empaladas as 20 mil vítimas, muitas delas ainda vivas e em total agonia, o sultão, totalmente horrorizado com o espetáculo, abandonou o ataque e ordenou a retirada do seu contingente de Valáquia, perdendo a vassalagem definitivamente.
Faço aqui um aparte para te contar que, estudos recentes, provaram que Dráculea poderia efetivamente ter conseguido que, após muitas experiências, do tipo tentativa e erro, as suas vítimas de empalamento, atravessadas por uma vara de pinho desde o ânus até à saída pela boca, sobrevivessem, algumas delas, até 48 horas, nessas condições.
Aliás foi este tipo de práticas sangrentas e horrorosas que inspiraram Bram Stoker a criar a personagem de Drácula, Senhor da Transilvânia (também parte da atual Roménia) vizinha de Valáquia, criando o vampiro sedento de sangue, seguindo a inspiração sanguinária de Vlad Dráculea, o Empalador.
Embora eu seja, normalmente e, poderei mesmo dizer, em princípio, contra a pena de morte, esta seria a pena mais justa para todos os violadores consumados e devidamente comprovados de crianças. Era um instante enquanto se acabavam os violadores no nosso país.
Não consigo sequer entender a demência de um predador deste tipo. Julgo até que se trata, realmente, de uma doença do foro psiquiátrico gravíssima, mas que não devia ter qualquer perdão. Os seus praticantes não merecem sequer a dádiva de continuarem vivos. Tal como aqueles que optam por comer carne humana e mais um bom role de transviados que infelizmente continuam a existir entre nós.
Em última análise porque, como disse, sou contra a pena de morte, deveriam, no mínimo, ser castrados e sujeitos a prisão perpétua sem possibilidade de redução de sentença.
Desculpa se te incomodei com esta carta, minha querida amiga, mas este é um dos assuntos que me faz sempre perder a calma, a lógica e a ponderação. Como despedida, por hoje, recebe um beijo deste teu amigo,
Hoje, por aqui, está um dia frio. Um daqueles frios que nos invade a carne e nos afaga, com um prazer sádico, os ossos, sabes? Coisas que eu nunca tinha sentido até aos meus 40 anos, nem mesmo em situações muito mais gélidas do que a de hoje. Já sei o que estás a imaginar. Podes ter razão ao pensares que a PDI não perdoa e gosta de nos lembrar que existe. Porém, com as evidências posso eu bem. Contudo, o que eu gostava mesmo era de controlar este frio.
Aliás, foi o frio que me fez escrever a carta de hoje, porque, por antagonismo, lembrei-me das várias e deliciosas férias que já passei no Brasil, o qual, alegadamente, tem na presente legislatura um verdadeiro asno no poder. Como eu adorava provar isso de forma convincente e retirar a estes escritos a conotação alegada. Contudo, para isso, teria de mudar de blog, porque aqui é o reino das observações sem conhecimento da totalidade das informações e das fontes.
Esta carta, minha querida, merecia honras de edital, coisa séria deste teu amigo jornalista e cheio de calos onde eles não fazem falta, porém é aqui que escrevo e é aqui que a coisa terá de fazer sentido.
Deves estar a pensar que te vou falar dos falsos testemunhos de Bolsonaro, quando acusou o ator Leonardo DiCaprio de estar a pagar a uma organização para incendiar a Amazónia, o que, mal comparando, seria o mesmo que dizer que a Madre Tereza de Calcutá era uma velha maluca que envenenava os pobres para que estes não morressem de fome. Ambas as afirmações estão na mesma ordem de classificação e categoria, quer em termos de discurso quer de domínio: o do absurdo.
Todavia, considero o assunto igualmente inacreditável. A notícia, de que te vou falar, li-a no expresso online de hoje e relatava a nomeação de Dante Mantovani para presidente da Fundação Nacional das Artes, o organismo do Governo Brasileiro que fomenta as Artes Visuais, a Música, o Teatro, a Dança e as atividades circenses.
O maestro (sim, o alegado idiota chapado é maestro) foi nomeado ontem para o cargo em causa. Estamos a falar do sujeito que afirmou publicamente ter a certeza de que a UNESCO é uma “máquina de propaganda em favor da pedofilia” e que disse que: “O Rock ativa a droga, que ativa o sexo, que ativa a indústria do aborto. E a indústria do aborto alimenta uma coisa muito pesada, que é o satanismo. O próprio John Lennon disse abertamente, mais de que uma vez, que fez um pacto com o Satanás” (palavras do próprio Dante, que até tem um nome sugestivo).
É também de sua autoria a alegação, ainda a propósito do Rock, de que agentes soviéticos inseriam “elementos” nas músicas para fazerem aquilo a que ele chama de “engenharia social” com crianças e adolescentes.
Mais recente, nos discursos brilhantes desta alegada anta, afirma-se que “na esfera da música popular, vieram os Beatles para combater o capitalismo e implantar a maravilhosa sociedade comunista”.
A inteligente medida fazia, segundo afirma, parte de um plano para vencer os americanos e o capitalismo burguês a partir da destruição da moral da juventude e das famílias. Aliás, no seu site oficial, o alegado maestro mentecapto, defende que na música experimental contemporânea “é praticamente obrigatório imitar peidos, seja mediante o emprego de instrumentos musicais ou do famigerado aparato eletroacústico”. E, por mais estranho que te pareça as palavras são “ipsis verbis” as do próprio. Beethoven, que foi muito cedo considerado louco, é um menino do coro se comparado com a criatura de que agora falo.
No seu plano de uma nova música para infantes e adolescentes o maestro Dante Mantovani, aparece no Facebook a dirigir um coro onde o próprio acrescentou a legenda “canto gregoriano em latim para crianças, é nisso que acredito”.
Poderia, minha querida Berta, escrever mais uma boa meia dúzia de páginas com as alegações do alegado energúmeno, portador de uma deficiência mental obstrutiva crónica no que ao raciocínio e à inteligência diz respeito, pois que este é o animal que afirma que o fascismo é uma política de esquerda e que as “fake news” são uma conceção globalizante para impor ao povo a vontade da imprensa.
A Funarte, que gere os recursos do Brasil para as Artes, atrás referidos, está, como vês, entregue a este espécime de bípede, de mentalidade anterior aos nossos hominídeos de Neandertal.
Tenho pena de ver um país, que adoro, nas mãos desta gente nefasta, perigosa e absolutamente desprovida de senso comum, de sentido de história, de hombridade, de decência humana e de sentido crítico e criativo, apenas preocupados em evangelizar com um populismo que roça o <<non sense>>, da pior maneira possível, um povo alegre, feliz e maioritariamente crente no bem.
Atribuir a direção da Funarte a este louco maestro popularucho é o mesmo, que nós poderíamos fazer, se entregássemos as comemorações do 25 de abril a André Ventura. Um absurdo sem nome, nem classificação. Não sei como o meu povo irmão se vai livrar destes alegados percevejos, porém, com a máxima urgência, algo terá de ser feito.
Despeço-me tristonho e saudoso. Recebe um beijo deste teu amigo,