Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
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Concluindo a minha narrativa dos últimos dois dias, segue-se agora a última parte da Carta Aberta que publiquei, em 2004, endereçada a Carlos Cruz. Incrivelmente, 17 anos depois, a saga deste homem continua por concluir. Foi com ele que <<nasceram>> em Portugal os mega juízes, os casos de justiça hiperbólica, os segredos de justiça incumprida e nunca penalizada, todavia, agora que Carlos Cruz já tem 77 anos de idade, agora que já sabemos que existe corrupção e ao mais alto nível na justiça portuguesa, não seria a altura de julgarem este senhor, com a inclusão, devida e mais do que justa, de todas as provas? Porém, para já, voltemos à minha carta aberta.
Carta Aberta a Carlos Cruz (Parte III - 2004)
“Mas meus senhores e minhas senhoras, o mais grave disto tudo é: e se o Sr. Carlos Cruz for inocente? Aí a coisa fica feia, mesmo muito feia, porque não há valor monetário que pague uma injustiça deste calibre. Em quanto se indemniza um cidadão, com a imagem que a pessoa em causa tinha no país, pelos danos causados? Seria a falência do Estado Português! Porque a indemnização teria que ser realmente exemplar. Mas seria também a falência de todo o sistema judicial português, porque não serve, nem vale, dizer que foi um erro e lavar as mãos. Alguém teria que sofrer as devidas consequências e ser responsabilizado.
Às vezes falamos da prepotência americana no mundo, mas um americano só pode estar preso sem provas 48 horas... quarenta e oito horas, qual dois anos e meio qual carapuça... Que raio de democracia existe no meu país onde o Ministério das Finanças aliado ao da Justiça nos recorda os tempos da Velha Senhora e os métodos e perseguições tão familiares a organizações como a Pide-DGS. Já viram que existe de novo medo no ar? Não notaram? As pessoas calam-se nos empregos para não serem despedidas. São tratadas pelos bancos que lhes deram todo o crédito do universo, como limões a quem se tem de espremer até ao último cêntimo, e o que os bancos não apanham, apanha o Fisco. Mas fazer barulho, revoltarmo-nos, nem pensar, que o sistema judicial está como todos sabemos.
Em resumo, Carlos Cruz, Senhor Carlos Cruz, eu acho que o Senhor não tem qualquer hipótese de sair inocente deste processo, mesmo que seja efetivamente inocente. A sua inocência remeteria a nossa democracia, o estado e o poder judicial para o Banco dos Réus e eles não vão permitir tal situação. Resigne-se! À partida será culpado: tenha ou não praticado qualquer crime, porque o inverso seria catastrófico. Se lhe serve de consolo, existe um português, que sem nunca o ter sequer conhecido pessoalmente e apertado a mão, acredita em si!”
Agora, em 2020, no ano da pandemia, já é tempo de acabar com tanta hipocrisia. Não tardará muito fará um ano que o último recurso de Carlos Cruz entrou na justiça. Estamos em tempo de desconfinamento, pois bem, julguem-no outra vez, como ele vos solicitou, agreguem ao processo, finalmente, todas as provas. Se, no final, o acusarem que assim seja, mas é preciso que seja feita justiça de uma vez por todas. Ou será que só um tal de Paulo Pedroso, o protegido do atual Presidente da nossa Assembleia da República, o socialista Ferro Rodrigues e o Herman José é que conseguiram sair limpos da acusação do então Procurador Geral da República, o senhor José Souto Moura? Como foi que cada um deles conseguiu provar a sua inocência, alguém sabe? Muitos devem, por certo, sabê-lo. Até consigo acreditar que ambos estariam realmente inocentes e que lhes foi permitido apresentar todas as provas disso perante a justiça. Mas, então, porque não se procede do mesmo modo com Carlos Cruz?
Não consigo entender. Mas, um caso que se iniciou em 2002, com acusações nominais feitas em 2003, já está em tempo de terminar. A justiça tem de prevalecer. Que se julgue de novo Carlos Cruz com inclusão, porque tal é imperioso, de todas as provas.
Então, minha querida Berta, fui demasiado teimoso da defesa da minha dama chamada Justiça? Espero que não e que a história te tenha agradado. É tempo de acabar com os bodes expiatórios, é tempo de fazer renascer a justiça em Portugal, para bem do Povo Lusitano. Nós merecemos isso hoje e sempre. Recebe um beijo deste teu amigo, em despedida até outra carta,
Continuando a minha narrativa de ontem, segue-se agora a segunda parte da Carta Aberta que publiquei, em 2004, dirigida a Carlos Cruz. Amanhã enviarei o final dessa carta, uma vez que a primeira te agradou. Sabes, se na altura em que tudo isto começou tivessem acusado Carlos Cruz de uso, consumo e talvez até abuso de drogas elícitas, eu não ficaria espantado. Como te disse eu não o conheço pessoalmente, mas o ritmo de trabalho e a frescura que ele permanentemente conseguia apresentar sempre me pareceram para além das normais capacidades de um homem comum. Porém, embora houvesse quem o afirmasse, nunca falei com ninguém, dentro do meio, que me dissesse na cara que o tinha testemunhado. Portanto, tudo poderia até ser apenas mais um boato e nada mais do que isso.
Aliás, agora então, nada disso importa. O que me parece relevante é continuar a transmitir-te a carta que escrevi na altura e na qual me continuo a rever.
Carta Aberta a Carlos Cruz (Parte II - 2004)
“Quando penso que o Senhor Carlos Cruz não era ligado aos <<Laranjas>> então no poder; quando penso que nenhum dos outros implicados no caso hasteava a bandeira dos <<citrinos>> (a fugir para o amarelo cínico de uns populistas que de populismo apenas usavam o nome); quando penso que a bronca estoirou precisamente quando a coligação governamental parecia entrar em colapso, por falta de apoio dos portugueses; quando penso que apenas elementos da oposição, nem que fosse em termos de simpatia ou tendência partidária, ou os a ela ligados, foram envolvidos no escândalo; quando penso que um mês depois já os laranjinhas tinham recuperado mais de uma dezena de pontos nas sondagens; quando penso nas escutas telefónicas feitas à sombra de uma justiça cega e de base salazarista caduca e totalitária, a tudo e todos os que fossem ou apoiassem os socialistas; quando penso num país onde um juiz só pode ser julgado e condenado por uma dúzia de seus pares cooperativos e cooperativistas, sendo por isso esse magistrado eleito Português de Primeira Classe face aos outros filhos Lusos; quando penso... (e que raio, eu nem sou dos que acreditam em coincidências), cheira-me a esturro, a jogada bem montada, a cabala, a conjura desenvolvida ao mais alto nível.
Se o Sr. Carlos Cruz fosse culpado, já devia ter sido julgado e condenado há meses. (E não serve de nada afirmarem que ele não era o único nesta situação, que a coisa estava assim montada, que estas investigações demoram, que havia muitas pessoas nas mesmas circunstâncias... etc. Se havia não deveria haver! Nem um único!).
Correndo até o risco da fuga do suspeito, a justiça não pode ter o direito de prender por meses a fio um presumível qualquer coisa, sem o poder provar num muito curto espaço de tempo. E não pode fazê-lo porque isso é injusto esteja o conceito expresso ou não na lei nacional. É imoral, não respeita a ética das instituições e a Lei portuguesa ainda tem uma base de decoro, penso eu, ou deveria ter.”
Bem, amanhã termino esta carta, contudo, não posso deixar de referir que agir e condenar sem que todas as provas possam entrar num determinado processo, com desculpas processuais ou outras, não mostra o melhor e o mais isento lado da justiça. Tudo me pareceu passar-se como se um qualquer tipo de sociedade secreta, tipo Maçonaria, Opus Dei ou outros do mesmo calibre estivessem a puxar cordelinhos usando o Senhor Comunicação como bode expiatório.
Não estou a afirmar que foi isso que aconteceu, mas foi o que eu, na altura com 24 anos de jornalismo e quase 9 de carteira profissional, pensei na época e, se queres saber, minha querida amiga, nem nisso fui o único ou original. Porém, infelizmente, todos se calaram, não fosse o prato derramar para o lado deles. Afinal, é preciso ter em conta que telhados de vidro existem em todo o lado. Despede-se, com um beijo franco e muita amizade, este rapaz aqui, o mesmo de sempre,
Hoje vou-te enviar a primeira parte da Carta Aberta que publiquei, faz tempos, dirigida a Carlos Cruz. Nos dias seguintes enviarei a segunda e a terceira parte. Estou a fazê-lo agora porque me lembrei, ao reler as crónicas que escrevi na altura, que o caso ainda não chegou ao seu termo. Porquê? Porque Carlos Cruz conseguiu dar como provado, no recurso que apresentou ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, que as suas garantias de defesa enquanto arguido não foram respeitadas no que se refere à admissão de novas provas que na altura apresentou e que foram à data recusadas, para apreciação do caso em sede de recurso a que teria direito.
Em agosto do ano passado Carlos Cruz avançou com o seu último recurso, visando não apenas a inclusão das provas em falta no processo, como a realização de um novo julgamento face à importância e ao conteúdo das mesmas. Este procedimento teve lugar porque o Estado português não reclamou da sentença do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, o que lhe permitiu pedir novamente a reabertura do processo, facto que poderá permitir um novo julgamento do caso no que se refere à sua pessoa.
Em última análise, o caso Casa Pia ainda não se encontra completamente encerrado, pois que o recurso apresentado no passado verão aguarda ainda a decisão da justiça. Da minha parte espero a reabertura e o desfecho de tudo isto.
Carta Aberta a Carlos Cruz (Parte I - 2004)
“Gostaria de dizer umas coisas a Carlos Cruz e sobre Carlos Cruz ou o que o envolveu. Não sei se é por ser jornalista desde 1981, se é pelo meu interesse desde bem jovem nas atualidades e nas notícias, mas sempre que posso acompanho com interesse, pelo menos, os grandes temas nacionais e alguns dos internacionais.
E para mim Carlos Cruz foi e ainda é um grande tema nacional. Mais alto e mais forte que o escândalo que o envolveu, neste que foi o primeiro grande caso mediático do terceiro milénio em Portugal.
Pessoalmente, mas sem o conhecer em pessoa, sempre nutri uma enorme admiração por Carlos Cruz. Há 2 anos (em 2002) o homem era o símbolo de uma nação. O responsável por irmos ter EURO 2004 em Portugal, a imagem da Franqueza, do Brilhantismo Profissional, do Sucesso conquistado a palmo. Chamavam-lhe o SENHOR COMUNICAÇÃO. A presença era de tal forma forte que até os seguros usavam a sua imagem para nos tranquilizar e dar confiança através da sua publicidade televisiva.
De repente... virou pedófilo!
Pessoalmente não acredito e espero sentado para ver o desfecho desta novela das vidas reais. Mas não é sobre as minhas convicções que venho falar.
É que, mesmo que venha a ser inocentado, o Sr. Carlos Cruz já cumpriu um ano e meio de prisão (nesta altura) e já lhe destruíram por completo a imagem. Já lhe arruinaram os negócios, já arrastaram toda a família pela lama, já estragaram completamente uma geração de valores e de confiança, várias vidas, uma carreira, um ser humano e uma alma.”
Minha querida Berta, amanhã continuo esta minha temática pois não quero ser demasiado longo em cada carta que te escrevo. Contudo, se o tema te surpreendeu, lembro-te que para quem vive o drama este não passa da mesma forma, o que é o caso do próprio, e eu nunca fui de entrar em carneiradas e linchamentos públicos ou populares ou condenações realizadas por uma imprensa mais interessada em vender escândalos do que na verdade. Recebe um beijo amigo,
Como correu este Carnaval aí para os lados do Algarve? Espero que o bom tempo te tenha ajudado a ter diversão e alegria com fartura e talvez também com farturas. A minha carta de hoje, contudo não tem graça, é que se no “Carnaval, tudo vale, menos ir para o hospital com as cuecas embrulhadas num jornal”, a prisão preventiva de mais um alegado pedófilo que, de há 3 anos a esta parte, abusava sexualmente da filha, hoje com 8 anos, e da enteada com 12, dá-me uma volta ao estômago como poucas coisas que vamos ouvindo são capazes de o fazer.
Na idade média, já no século XV, existiu um reino, a Valáquia, onde atualmente se situa geograficamente a Roménia, onde o Rei, de nome Vlad Dráculea, empalava os seus inimigos e os conterrâneos que decidia condenar à morte. O monarca chegou ao cúmulo de o fazer massivamente, numa altura em que se viu atacado por uma força armada muito superior à sua, empalando, num mesmo campo, a céu aberto, mais de 20 mil homens, mulheres e crianças.
A força opositora fazia parte do Império Otomano e a intenção do Sultão era obrigar Vlad a manter o pagamento de uma vassalagem ao império, que já vinha dos seus antecessores, e que este tinha interrompido bruscamente. Tal pagamento não representava apenas um tributo, mas o reconhecimento por parte do rei de que a Valáquia se encontrava sob o domínio otomano. Aconteceu, porém, que quando o exército inimigo chegou ao campo onde se encontravam recentemente empaladas as 20 mil vítimas, muitas delas ainda vivas e em total agonia, o sultão, totalmente horrorizado com o espetáculo, abandonou o ataque e ordenou a retirada do seu contingente de Valáquia, perdendo a vassalagem definitivamente.
Faço aqui um aparte para te contar que, estudos recentes, provaram que Dráculea poderia efetivamente ter conseguido que, após muitas experiências, do tipo tentativa e erro, as suas vítimas de empalamento, atravessadas por uma vara de pinho desde o ânus até à saída pela boca, sobrevivessem, algumas delas, até 48 horas, nessas condições.
Aliás foi este tipo de práticas sangrentas e horrorosas que inspiraram Bram Stoker a criar a personagem de Drácula, Senhor da Transilvânia (também parte da atual Roménia) vizinha de Valáquia, criando o vampiro sedento de sangue, seguindo a inspiração sanguinária de Vlad Dráculea, o Empalador.
Embora eu seja, normalmente e, poderei mesmo dizer, em princípio, contra a pena de morte, esta seria a pena mais justa para todos os violadores consumados e devidamente comprovados de crianças. Era um instante enquanto se acabavam os violadores no nosso país.
Não consigo sequer entender a demência de um predador deste tipo. Julgo até que se trata, realmente, de uma doença do foro psiquiátrico gravíssima, mas que não devia ter qualquer perdão. Os seus praticantes não merecem sequer a dádiva de continuarem vivos. Tal como aqueles que optam por comer carne humana e mais um bom role de transviados que infelizmente continuam a existir entre nós.
Em última análise porque, como disse, sou contra a pena de morte, deveriam, no mínimo, ser castrados e sujeitos a prisão perpétua sem possibilidade de redução de sentença.
Desculpa se te incomodei com esta carta, minha querida amiga, mas este é um dos assuntos que me faz sempre perder a calma, a lógica e a ponderação. Como despedida, por hoje, recebe um beijo deste teu amigo,