Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
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Estive a ouvir as declarações de João Ferreira à SIC Notícias, a propósito da guerra da Rússia contra a Ucrânia. Sinceramente, não entendo como é que uma pessoa inteligente e evoluída, por quem eu tenho elevada consideração, consegue fazer uma análise tão absurda da guerra. Porque raio é que João Ferreira prefere usar argumentos para desculpabilizar a invasão russa?
Francamente, muito sinceramente, não consigo entender. Se João Ferreira estivesse a defender a antiga Rússia Comunista ou a antiga URSS eu até entendia. Embora sendo uma ditadura, nesses tempos, a União Soviética dizia-se comunista, estando de acordo com a génese da fundação do PCP. Todavia, atualmente a coisa não faz o menor sentido, pensemos de que forma pensarmos.
A Federação Russa de hoje, financia partidos de extrema direita em todo o mundo, da França a Portugal, passando por Espanha, Hungria e por aí em diante. Quanto à política o comunismo russo foi há muito substituído por uma ditadura czarista autocrática, de direita, focada no culto da personalidade de Putin e apoiada numa tropa fandanga de oligarcas escolhidos a dedo pelo poder, para o representarem no mundo. Nenhum destes senhores defende o proletariado ou os trabalhadores. Então porque raio defende João Ferreira a invasão da Ucrânia e quase a guerra?
Sinceramente não consigo entender. Será o hábito da ligação à antiga ex-URSS? Têm receio de, agora, se sentirem repentinamente órfãos? O Partido Comunista Português já tem 101 anos de história, o que é idade suficiente para cortar o cordão umbilical com a falecida mãe, por muito que as teorias da mesma possam ter sido inspiradoras de um novo mundo que, diga-se, nunca se concretizou.
Se observarmos em detalhe o principal da entrevista de João Ferreira, até podemos concluir que ele condena a guerra da Rússia com a Ucrânia, só que, a forma rebuscada com que tenta atenuar a culpa russa dá vontade de lhe dizer que mais lhe teria valido ter ficado calado.
Vamos aos factos:
João Ferreira diz que a existência de forças "com cariz paramilitar assumidamente fascista e nazi" no exército ucraniano está "devidamente demonstrada".
João Ferreira defende que a posição do PCP em relação à guerra na Ucrânia tem sofrido de uma enorme "manipulação" por parte da comunicação social.
João Ferreira informa que o partido acredita que esta guerra que nunca devia ter acontecido e que deve acabar "o mais rápido possível".
João Ferreira diz que para "perceber a guerra é preciso saber como cá chegámos" e afirma que a invasão: "insere-se num conjunto de outros atos representativos de uma escalada".
João Ferreira informa que "houve um conjunto de forças: o Batalhão Azov, o Setor Direito (Pravyy sektor), o Svoboda - qualquer uma delas de cariz paramilitar, assumidamente fascista e nazi, defendendo a reabilitação de colaboracionistas nazis como Bandera”, a terem sido integrados nas tropas ucranianas.
João Ferreira explica que: “Isto não é propaganda russa, encontram todas estas referências ao longo destes últimos anos, em órgãos de comunicação social ocidentais. Tem sido dito que os neonazis foram a eleições e que têm expressão mínima, mas a expressão e o peso que têm ao longo dos últimos anos não pode ser medido por aí”.
João Ferreira reitera que os nazis: “Foram inseridos no exército ucraniano e estiveram ao longo destes últimos anos a bombardear as populações do Donbass. Todo um contexto que não deve ser desvalorizado. Tivemos uma situação de ilegalização de forças políticas”.
João Ferreira refere-se ainda ao conflito no Donbass, que "acontece há 8 anos", diz que os acordos de Minsk não foram respeitados e que esta é também uma situação que ajudou à escalada.
João Ferreira avança que para pôr fim à guerra é preciso o: "regresso aos acordos de Minsk, a desmobilização dos meios da NATO que foram colocados na fronteira da Rússia, o cessar-fogo imediato com o fim de todas as hostilidades", tendo este comportamento de levar à saída das forças russas da Ucrânia.
João Ferreira afirma que este é o caminho concreto para quem quer a paz, porém sublinha que: "a União Europeia não parece querer nada disto", aproveitando para esclarecer o seu desacordo com o envio de armas para a Ucrânia.
João Ferreira acredita haver margem para negociar, e não vê incompatibilidade em condenar a invasão da Ucrânia por Putin e, simultaneamente, apontar o dedo a todas as situações que descreveu.
João Ferreira termina dizendo que: “É possível constatar isto tudo como factos demonstrados, não os apagar, inseri-los no contexto que nos ajuda a explicar esta situação e ao mesmo tempo reconhecer na ação da Rússia uma violação do direito internacional que é condenável e não devia ter acontecido, como é condenável todo o processo.“.
O que João Ferreira não diz é que, mesmo que todo o seu contexto seja absolutamente verdadeiro e real, nada disso justifica a invasão da Ucrânia por parte da Rússia. Basta pensarmos que no seio da polícia portuguesa também parece existir um movimento neonazi fortemente enraizado e isso não desculparia uma invasão espanhola de Portugal. Quanto às atitudes da NATO e da União Europeia, são atitudes externas, no momento da invasão, à própria Ucrânia. Não justificam, portanto a guerra da Rússia com o seu vizinho.
O que João Ferreira não diz é que os acordos de Minsk, nem sequer deveriam existir, bastava para isso que a Rússia não tivesse há oito anos invadido a Crimeia, território ucraniano, e criado no Donbass em Donetsk e de Lugansk o fermento necessário para a anexação de mais duas províncias ucranianas.
O que João Ferreira não diz é que se não fosse o auxílio do Ocidente em armamento à Ucrânia estaríamos agora a assistir ao genocídio do povo ucraniano. Porque a Rússia invadiu antes de qualquer auxílio ter acontecido.
O que João Ferreira não diz é que condena o que os russos têm feito nestes oito anos no Donbass apoiando os separatistas, nem sequer condena, pelo menos eu não o ouvi a falar nisso, a anexação da Crimeia por parte da Rússia. Será que João Ferreira condenaria a anexação do Algarve por parte de Espanha, nomeadamente pela Andaluzia?
O que João Ferreira devia ter dito era simples e unicamente que condenava a invasão e a guerra iniciada unilateralmente pela Rússia contra a Ucrânia. Depois podia falar de todos os erros ucranianos, desde a corrupção, às tropas com infiltrados de movimentos nazis, mas também dos erros e do narcisismo de Putin, da sua ditadura e ânsia de mais poder, esta sim, a verdadeira causa do conflito.
A Ucrânia pode ter ainda uma democracia em crescimento e ainda carregada de problemas, mas isso também teve Portugal nos primeiros anos da nossa democracia. Bem, querida Berta, fico-me por aqui, tristemente desiludido com João Ferreira por quem tinha imensa consideração. Nunca se deve tentar tapar o Sol com a peneira. Por hoje é tudo, despede-se este teu grande amigo,
Eis-nos chegados ao quinto candidato às Eleições para Presidente da República Portuguesa em 2021, aquele que vem de uma esquerda bem demarcada, o Partido Comunista Português, também apoiado pelos Verdes e que dá pelo nome de João Ferreira. Trata-se de um candidato alfacinha, casado, com dois filhos, comunista convicto que integrou as hostes vermelhas aos 16 anos, através da JCP. Licenciado em Biologia, deputado europeu desde 2009 e vereador, sem pelouro da Câmara Municipal de Lisboa, desde 2013.
Entre todos os candidatos nesta corrida presidencial ele é, de longe, o mais reservado. Evita, contorna e foge de assuntos relacionados com a sua vida privada, mantendo a família protegida à exposição mediática a que se encontra sujeito. Todavia, este concorrente não é apenas reservado e, até mesmo dentro do seu partido, de que é membro do Comité Central, ele é considerado por demais alguém muito concentrado, sério, austero e ponderado.
Os apoios que tem recebido de franjas não comunistas são por si só uma surpresa quase que inesperada. Com efeito ainda no passado dia 11 de janeiro uma lista de personalidades de Coimbra, encabeçada por muitos dos históricos militantes do Partido Socialista, se manifestou em apoio à sua candidatura. Mas os casos sucedem-se noutras áreas e noutros Distritos.
São várias as vozes que se ouvem a realçar que este João não tem telhados de vidro, nem qualquer esqueleto no armário. Por exemplo, Sílvia Vasconcelos, médica veterinária e coordenadora regional do Movimento Democrático das Mulheres, escreve exatamente isso num artigo de opinião no Jornal Económico, onde manifesta publicamente o seu apoio ao candidato.
João Ferreira afirma-se 100% democrata e um paladino na defesa da Constituição da República Portuguesa. Esclarece frontalmente, sem problema, que a sua visão comunista do mundo nada tem a ver com as distorções históricas do comunismo, como as que existiram no passado, ou como algumas que ainda se mantém em certos países ditos comunistas. Aliás, afirma ser contra qualquer tipo de ditadura, incluindo a do proletariado.
Ora, uma afirmação assim tão clara, para quem faz parte do Comité Central do PCP, é realmente uma novidade assinalável e com um relevo que ganha uma importância maior por ser apontado como o provável próximo líder máximo do seu partido. Não admira por isso o apoio expresso e público que tem de mais de cem personalidades da vida e da sociedade portuguesa, gente de todas as áreas das artes, à ciência da educação ao desporto, onde se incluem vários dos atuais deputados do Partido Socialista e alguns dos autarcas do PS em lisboa como é o caso da vereadora Paula Cristina Marques.
É por tudo isto que considero João Ferreira um candidato frontal, que diz ao que vem, sério e ponderado, pronto a enfrentar qualquer desafio, com uma visão de esquerda europeia bem diferente daquela que era a forma de estar de outros candidatos comunistas do passado. Para ele um Presidente da Républica só tem de defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa. Se o fizer não existirão extremismos nem de esquerda nem de direita, os direitos humanos serão todos cumpridos, a liberdade jamais será ameaçada e o caminho contra a desigualdade será assegurado, bem como o acesso à saúde, à habitação e ao trabalho.
Por hoje fico-me por aqui, minha querida Berta. Obrigado pelo apoio que me tens dado nestas cartas, que muito me tem agradado. É bom saber que somos lidos e apreciados por quem por nós tem consideração e estima. Despede-se carinhosamente este teu amigo, com um beijo de até à próxima,
Fiquei na terceira parte da nossa história na chegada ao poder de José Eduardo dos Santos. No final desse ano este homem era simultaneamente, se fizéssemos um paralelo alegadamente absurdo com os órgãos de poder portugueses, Presidente da República, Primeiro-Ministro, Presidente da Assembleia da República, Chefe Supremo das Forças Armadas, para além, é claro, de ser igualmente presidente do partido no poder, no caso concreto, o MPLA. Só que, não são estes os seus únicos poderes, porque ele controla igualmente, embora de forma menos direta, o Poder Judicial e o Poder do Tribunal Constitucional.
Quer isto dizer, minha amiga, que em 1980, sentou-se na cadeira do poder angolano alguém que, alegadamente, detinha o poder absoluto sobre Angola. Um verdadeiro paradoxo se pensarmos que o país vivia numa suposta democracia e que era simultaneamente governado sob um poder absoluto.
Nesta quarta parte da história não vejo grande sentido em pôr-me a explicar toda a governação dos anos seguintes neste nosso país irmão. A maioria das pessoas tem uma ideia do que foi acontecendo. Porém, é impossível não realçar alguns aspetos para podermos chegar ao momento em que nos encontramos hoje e que abordarei na próxima carta a qual resolvi chamar de epílogo.
Contudo, acho que é importante saberes, querida Berta, que Agostinho Neto, tinha oposição dentro do partido, precisamente na altura em que José Eduardo dos Santos é nomeado Vice-Primeiro-Ministro, quando estala o verniz no MPLA. De um lado da barricada estão os apoiantes de um comunismo de pendor maoísta e do outro, os marxistas-leninistas, com a China e a União Soviética a pressionarem em sentidos contrários.
Em maio de 1977 dá-se uma tentativa de Golpe de Estado, liderada por Nito Alves, um dos ministros de Agostinho Neto, que fracassou, principalmente graças ao forte apoio das FAR (um contingente de forças armadas cubanas estacionadas em Angola, principalmente em Luanda). Estamos no auge do “Fraccionismo”, em que este movimento político sob o comando de Nito, tudo tenta fazer para chegar ao topo da hierarquia do Estado.
Quando o golpe fracassa, as coisas parecem normalizar no seio do MPLA e do Governo, contudo, contrariando esta bonança, pouco tempo depois, dá-se a tentativa, também falhada, de assassinato de Agostinho Neto e as suas repercussões geram uma guerra interna de quase 2 anos. É um período terrível em que são varridos da face da terra muitos milhares de apoiantes de Nito Alves. Convém esclarecer que este homem, que lutara nas fileiras do MPLA desde 1961, quando se dá o 25 de abril em Portugal, já era o líder militar do MPLA e operava, a partir da região de Dembos, a nordeste de Luanda, uma verdadeira saga esta, minha querida amiga.
Em conclusão, este não era, por isso mesmo, um qualquer militar. Tinha apoiantes não apenas nas forças armadas, mas dentro do próprio Governo. A história tem nesta altura variadíssimos contornos, porém, para aquilo que nos interessa, o importante foi mesmo o papel estratégico de José Eduardo dos Santos que, pela primeira vez, tem de lidar com o clã Van-Dunem e dos Santos divididos entre os 2 lados do conflito em posições mais do que relevantes. A limpeza dá-se de forma implacável e dura até quase à morte de Agostinho Neto.
José Eduardo dos Santos, não só nunca abandona o Governo, como consegue, quase sem dar a cara, ser o principal responsável dos sucessos alcançados nesse período. A coisa foi tão bem estruturada que nunca é acusado de ter diretamente sido responsável pela morte de quem quer que fosse. No entanto, José Van Dunem, na altura o comissário político das Forças Armadas, e a esposa Sita Valles, são supostamente assassinados, não se sabendo ao certo, amiga Berta, o que lhes aconteceu realmente, nesse 27 de maio de 1977.
Convém referir que este José Van Dunem (sem hífen no nome), era irmão da nossa atual Ministra da Justiça, Francisca Van Dunem e que a falecida cunhada desta, Sita Valles, provém de uma família tradicional goesa que, tal como a de António Costa, o nosso Primeiro-Ministro, fazia parte da elite de Goa. Ambos pertencentes à casta Brâmane, a mais rica e elitista casta indiana. Em Goa, as famílias eram próximas, porém, enquanto uns acabaram por emigrar para Portugal, caso do pai de António Costa, Orlando Costa, outros optaram por um destino mais próximo, como Moçambique, o que foi o caso da família Valles, que mais tarde se mudaria para Angola.
Contudo, as ligações de amizade e origem mantiveram laços de relacionamento que, alegadamente, ajudam a explicar a chegada de Francisca Van Dunem à chefia do Ministério da Justiça português. Sim, porque eu, querida Berta, sou dos que não acredita em coincidências. Basta lembrar que Orlando Costa e Sita Valles se conheceram muito bem, enquanto militantes e ferrenhos ativistas do Partido Comunista Português, entre 1972 e 1975.
É relevante referir também a influência do ex-Embaixador de Angola em Portugal, Fernando José de França Dias Van-Dúnem, primo de Francisca Van Dunem, e seu padrinho de batismo, no que aos corredores do poder diz respeito. Afinal, este homem ocupou vários cargos em Luanda entre os quais: Primeiro-Ministro, Ministro da Justiça, Ministro das Relações Exteriores, Embaixador na ONU e Presidente da Assembleia Nacional de Angola e aos 86 anos, a acreditar na sua página no Wikipédia, exerce ainda o cargo de primeiro Vice-Presidente do Parlamento Pan-Africano e mantém-se como Professor da Universidade Católica de Angola.
Mais uma vez, Berta, temos de voltar a apanhar o fio à meada. Regressemos por isso a 1980, ano em que José Eduardo dos Santos se torna “Senhor e Dono” de Angola. Não tem relevância para esta história saber como, o então Presidente angolano, manteve o poder durante os 37 anos seguintes, convém, todavia, saber um ou outro detalhe para que se entenda a saga que descrevemos até aqui.
Porém, é importante explicar que José Eduardo dos Santos se viu a braços com imensos movimentos internos (e externos vindos dos mais variados setores e até da Africa do Sul), tendo, com uma precisão quase cirúrgica, distribuído poderes, empresas estatais e outras, originadas pelo próprio Estado, aos principais generais angolanos e aos seus próprios filhos, pelo menos aos 10 originários das suas 6 uniões passageiras, de facto ou matrimoniais conhecidas.
Fala-se de uma tentativa de assassinato em 2011, mas, minha amiga, tenha ela existido ou não, o facto é que foi ultrapassada. Um facto importante é o de que o Presidente sempre salvaguardou o bem-estar das ex-companheiras e da sua descendência, tão bem como o fez com aqueles que o poderiam ameaçar no comando do país. Para além disso, conseguiu voltar a unir, os clãs Van-Dunem e dos Santos em redor da sua figura.
O que é absolutamente certo é que a estratégia resultou e que durante os já referidos 37 anos ele governou como Presidente de Angola. A partir de 2002 a paz regressou finalmente ao país, com a morte de Jonas Savimbi. Também, poucos anos depois, os últimos grandes conflitos foram resolvidos habilmente em Cabinda, tendo a paz total chegado em 2006. Em 2010 fez alterar a Constituição da República de Angola e, a 31 de agosto de 2012, o MPLA ganhou as eleições gerais sendo José Eduardo dos Santos automaticamente eleito, uma vez mais, Presidente, legitimando dessa forma a sua permanência no cargo por mais 5 anos.
Interessante é referir que o Presidente manteve sempre debaixo de controlo a Sonangol. Sendo um homem formado na área dos petróleos, estava perfeitamente habilitado para o fazer. É sabido, querida Berta, que durante este tempo os lucros da Sonangol passaram de 3 biliões de dólares em 2002, para uns muito mais expressivos 60 biliões em finais de 2008. Contudo, a acreditar nas contas do Fundo Monetário Internacional, cerca de 32 biliões destas receitas petrolíferas sumiram dos registos do Governo de Angola.
Isso passou-se 8 anos antes de, em junho de 2016, o Presidente ter nomeado a sua filha primogénita, Isabel dos Santos, para as funções de Presidente do Conselho de Administração da Sonangol. Uns 3 meses antes, em março, tinha anunciado que iria abandonar em 2018 a vida política ativa. Entretanto reeleito, ninguém sabia se o Presidente continuaria o seu mandato até 2021 ou se, conforme anunciara, sempre abandonaria o cargo em 2018.
Com efeito foi a segunda hipótese que prevaleceu. O Congresso Extraordinário de setembro do MPLA, confirma a nomeação de João Lourenço, um dos últimos grandes delfins de José Eduardo dos Santos, como Presidente da República de Angola. O ex-presidente retira-se da política ativa e vai morar para uma “fortaleza” em Barcelona, pelo que se sabe para poder tratar convenientemente uma doença grave (que se mantém oculta, até à data, por constituir segredo de Estado).
Na carta com que termino esta saga, aquela que designei por epílogo, falarei uma vez mais dos clãs Van-Dunem e dos Santos, para a terminar com Isabel dos Santos, a princesa de Angola, agora, alegada e aparentemente, caída em desgraça. Despeço-me, amiguinha com o carinho do costume, deste teu parceiro de muitas aventuras,