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Alegadamente

Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente correto.

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Carta à Berta nº. 641: Cavaco e a Semente do Mal - Parte I/II

Berta 641.jpgOlá Berta,

Eu sei que te prometi falar de João Galamba ontem ou hoje, minha querida. Só que algo surgiu no panorama político nacional há dois dias atrás. Um senhor de avançada idade, a quem só faltam os dentes de vampiro, apareceu viperino, minha querida, com uma verborreia própria das múmias do Antigo Egipto, a proferir profecias maléficas e insultuosas contra António Costa e logicamente contra o PS.

Ora, quando as trevas se levantam no horizonte luso, há que comentar, vou fazê-lo em duas cartas porque uma seria demasiado extensa. Pese embora a minha humilde opinião, não passe disso mesmo, minha amiga, isso não quer dizer que o meu alegadamente, não possa vir a provar-se como algo absolutamente correto.

Pode não ser fácil quando apelido Cavaco de vampiro ou de múmia paralítica, mas isso, Bertinha, não pretende ser factual, apenas procura representar o que me faz sentir quando o oiço, como sempre, revoltado contra quem está no poder, que não seja ele mesmo.

Aliás, minha amiga, nem sequer tem a ver com o facto de o homem já ter 83 anos, porque há muita gente dessa idade sem um décimo do fel que, para mim, esse “Velho do Restelo” consegue produzir.

Para além disso, cara amiga, também não me considero culpado por comparar a sua lividez, hostilidade e forma quase esquelética, à de um vampiro ou de uma múmia amaldiçoada do Antigo Egipto.

Se o casaco de Cavaco Silva tivesse as abas elevadas em torno do pescoço, seria quase como olhar para o próprio Conde Drácula, em pessoa, bastava enquadrá-lo num castelo medieval, à luz das velas, aparecendo por detrás de uma porta empoeirada, cheia de teias de aranha ou a emergir, no escuro de uma cripta, de um caixão forrado de veludo bordeaux, envergando o seu tradicional sorriso seráfico, não te parece, amiga? Mas isso é apenas culpa minha e da fértil imaginação que possuo a funcionar.

Tenho dúvidas, doce confidente, que Cavaco alguma vez tenha conseguido amar alguém que não o venere na cripta sombria onde descansa, não sei a que horas, entrapado pelas suas vestes de múmia a que certamente chama de pijama.

O Presidente que aconselhou os portugueses a investir no BES, enquanto ele retirava de lá as suas economias, quando já sabia que o banco ia colapsar, acusou no sábado o primeiro-ministro, António Costa, de perder a sua autoridade, dizendo que, por vezes, os primeiros-ministros “decidem apresentar a sua demissão” devido a “um rebate de consciência”, coisa que o próprio não sabe em que consiste, nem para que serve, Berta.

É claro, para mim, minha cara, que se Lucifer quisesse arranjar um representante seu na Lusitânia, só poderia ter escolhido o Aníbal.

Se tivesse optado por Salazar, minha querida, teria perdido tempo, o homem já era mau por si mesmo, e não o escondia de ninguém.

Já, por outro lado, amiguinha, o Diabo escolher André Ventura, seria outro insulto para os infernos, pelo pouco significado do sujeito em si.

Porém, Cavaco, Bertinha, serviria como a acha perfeita para a fogueira, escondido no seu seráfico sorriso donde não vem ponto sem nó.

A múmia paralítica disse, minha cara, e cito: “Em princípio, a atual legislatura termina em 2026. Mas às vezes os primeiros-ministros, em resultado de uma reflexão sobre a situação do país ou de um rebate de consciência, decidem apresentar a sua demissão e têm lugar eleições antecipadas – foi isso que aconteceu em março de 2011”.

Ora, neste tom inocente, perfeitamente seráfico, Berta, o senhor Silva está a comparar Sócrates com António Costa, como se fossem ambos farinha do mesmo saco. É verdade que foi Ministro no Governo de Sócrates, mas também muitos outros que nada sabiam sobre a vida pessoal do então Primeiro-Ministro.

Assim sendo, como é que alguém totalmente desprovido de “consciência” consegue usar a palavra “consciência” sem que lhe caiam os dentes todos ou sem que os olhos lhe saltem das órbitas, isso é inexplicável para mim, minha cara, e um dos mistérios deste ser nefasto residente num mundo pérfido e oculto.

Cavaco Silva falou no fecho do 3.º Encontro Nacional dos Autarcas Social-Democratas, em Lisboa. Numa verborreia cínica sobre a governação socialista, chamando-a de “desastrosa”, defendendo que o primeiro-ministro “perdeu a autoridade” e que, amiguinha, “não desempenha as competências que a Constituição lhe atribui”.

Olha quem fala! Afinal, estamos perante o homem que “nunca se engana e raramente tem dúvidas”. Se António Costa tivesse perdido a autoridade aceitaria a demissão de João Galamba e, aí sim, não teria desempenhado as competências que a Constituição da República Portuguesa lhe atribui, que te parece, amiga? Para desgosto do senhor Silva, que teve de dar posse ao primeiro Governo de Costa, isso não aconteceu.

O Conde, minha querida, vai ao ponto de, no seu inqualificável discurso de ódio, palavrear que o Governo de Costa não passa de: “um somatório desarticulado e sem rumo de ministros e secretários de Estado, incapaz de lidar com a crispação social e os grupos de interesse, a sua tendência será para distribuir benesses e comprar votos e para despejar dinheiro para cima dos problemas e não para preparar um futuro melhor para Portugal”.

Este é o mesmo homem que mandou construir um mamarracho junto aos Jerónimos, em vez de tentar fazer baixar uma inflação, na altura, quase o dobro da atual, conforme te deves lembrar, minha cara.

Este, que foi o Primeiro-Ministro das autoestradas e do betão, em tempos em que os juros bancários em Portugal batiam recordes nunca mais superados no país, tem a desfaçatez, Berta, de proferir enormidades como se estivesse, como outros, a comer um gelado Santini.

Todavia, caríssima, as acusações do vampiro foram ainda mais longe, segundo ele o PS “passa a vida a mentir” e “nunca desceu tão baixo”. “Ainda se pode acreditar num o Governo que passa o dia a mentir?”, chegou a perguntar.

Afirmando ainda, Berta, que este Governo é perito em: “Mentiras, propaganda e truques.” E ainda que: “O Governo é um vazio. A palavra socialista é apenas um slogan. A ação do PS resume-se a manter-se no poder e controlar o Estado sem olhar a meios.”, e mais: “Este Governo é uma oligarquia que se considera dona do Estado”.

Os dois últimos parágrafos são tão nojentos, negativos, macabros e viperinos que apenas merecem desprezo total e absoluto. Concluirei na próxima carta, minha querida. Beijo,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta nº. 440: SEF - Quem sai aos seus... - Parte I/II

Berta 419.jpg

Olá Berta,

Todos nós, em nossas casas, temos sido bombardeados, com uma frequência insana, com as notícias sobre o SEF e sobre o assassinato do cidadão ucraniano, Ihor Homeniuk, no aeroporto de Lisboa, em instalações do Estado Português no dia 12 de março do corrente ano.

Ora, eu entendo o espanto da generalidade da população com os comportamentos bárbaros do SEF que levaram à morte de um homem. Mas a prepotência, e o velho hábito do «quero, posso e mando», desta dita polícia especializada e dos seus agentes, ditos inspetores, tem barbas e já há tempo que deixaram de ser grisalhas.

O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras foi criado em 1974, definido por decretos de maio e de novembro do mesmo ano, em pleno período revolucionário, com o intuito de substituir-se, no que aos estrangeiros dizia respeito, à PIDE_DGS, nomeadamente à parte mais específica da Direção-Geral de Segurança.

Muitos dos quadros intermédios e baixos da extinta direção-geral acabaram por integrar a nova força policial o que explica, em muito, a manutenção de uma postura prepotente nesta força. Durante o ano de 1974, a Direção-Geral das Alfândegas, a PSP e a GNR ficaram incumbidas de absorver os serviços da antiga PIDE-DGS, para este âmbito. Os decretos citados criaram posteriormente a DSE, a Direção de Serviços de Estrangeiros, ainda sob o comando da PSP. A nomenclatura SEF (Serviços de Estrangeiros e Fronteiras) e a autonomia surgem apenas em 1976, através de um Decreto-Lei específico datado de junho do mesmo ano.

Bem, minha querida amiga Berta, não quero ser maçador com este tema. Amanhã termino com mais alguns dados. Por hoje se despede este velho companheiro, saudoso e com um beijo,

Gil Saraiva

 

 

 

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