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Alegadamente

Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente correto.

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Carta à Berta nº. 449: Um olhar sobre o CHEGA e André Ventura - Parte I/III

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Olá Berta,

Ao contrário de muitos daqueles que comandam a nossa vida política, daqueles que aspiram ao poder, dos comentadores e analistas políticos e de muitos cronistas, eu, que gosto muito de pensar por mim, não considero que um partido como o CHEGA seja perigoso. Nem sequer acho que constitua uma ameaça à nossa forma de estar, de ser e de viver ou ainda que o mesmo possa estar ferido de qualquer inconstitucionalidade.

Com efeito, no meu modesto entender, o CHEGA é um partido de direita (uma direita muito à direita) que defende, bem no âmago dos seus militantes e apoiantes, um regresso a uma espécie de Salazarismo requentado, sem o brilhantismo político e estratégico de Salazar.

Se o antigo ditador estivesse na génese deste partido seria coerente dizer que o elefante pariu, tardiamente, um hámster, já dentro da rodinha e a exercitar as patitas enquanto a mesma gira e volta a girar. É mesmo assim que vejo este grupo de gente que se aglomerou à volta de André Ventura.

Também não me admiro muito de ver o PSD, de Rui Rio, a ver com bons olhos possíveis alianças à sua direita, afinal muitos dos antigos Barões dos Sociais Democratas e alguns dos Monárquicos do PS, que tentaram, e ainda tentam a todo o custo, que os filhos lhes sucedam nos lugares antes ocupados pelos seus monárquicos assentos, só não mudam para lá por terem vergonha de assumir a sua verdadeira matriz familiar e dinástica.

Fosse André Ventura um líder com os tomates de Pedro Passos Coelho e tivesse ele o nível cultural e intelectual de Diogo Freitas do Amaral e a história seria contada de forma bem diferente daquela que leremos daqui a uns anos sobre o CHEGA.

Amanhã continuarei esta minha análise, todavia, por hoje, este teu amigo despede-se com um beijinho carinhoso, sempre ao teu dispor, caso necessites de ajuda ou de um ombro amigo,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta nº. 411: O Colecionador de Beijos - CONCLUSÃO - Parte I - VI/VII

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Olá Berta,

Chego hoje, por fim, à conclusão do livro: “O Colecionador de Beijos”. Amanhã termino os textos que rodeiam os beijos propriamente ditos e espero com isso que fiques com a noção do que significou elaborar este ensaio sobre o beijo e, se possível, quais eram as minhas intensões ao realizá-lo. Mas chega de conversa, querida amiga, aqui vai a primeira parte da conclusão.

 

“Conclusão

 

À pergunta “É ou não relevante o beijo no contexto do comportamento humano em sociedade?” a única resposta que consegui encontrar é de que ele é primariamente essencial. Mais do que relevante ele é conjugado com o humor, um dos mais importantes fatores do quotidiano para a manutenção de uma vida saudável e feliz.

Para os desportistas e para todos aqueles que gostam de manter a forma física ou até emagrecer. É interessante informar que um beijo pode movimentar até 29 músculos só na boca e língua e mais de 50 músculos, apenas considerando também o rosto e o pescoço. Já o número de calorias consumidas durante um beijo, por minuto, varia, dependendo da intensidade, entre as 4 e as 42 calorias, o que significa, por exemplo, que 8 beijos muito intensos, e com o envolvimento da língua, queimam as calorias de uma garrafa de cerveja. Já uma refeição de lasanha exigira uma frenética meia hora do ato de bem beijar. Por falar em gastar calorias, o Kama Sutra defende cerca de 30 diferentes maneiras de se partilhar um beijo.

Mas o beijo tem outros poderes ocultos. Ele é responsável, durante todo o seu percurso, pela libertação de hormonas e endorfinas ou neurotransmissores, entre as quais a serotonina, que aumenta o humor, e a ocitocina, que instiga os vínculos entre participantes, tal como a sua produção liga um bebé à sua mãe na amamentação, a feniletilamina, esta diretamente relacionada com as sensações de amor e a dopamina, que se conecta diretamente com as emoções amorosas, para além das diversas endorfinas associadas ao prazer.

Destaca-se ainda a capacidade extra do beijo de fazer disparar o batimento do coração de uma média na casa das 70 batidas por minuto para as 150 ou, até, um pouco mais acima disso, fazendo afluir bastante mais sangue a toda a cara o que estimula a produção de colagénio, contribuindo, com isso, para uma melhor elasticidade da pele, dando firmeza, suavidade e ajudando a rejuvenescer a pele do rosto.  Este aumento cardíaco, oxigena o sangue e diminui drasticamente sintomas de dor, retrai dores de cabeça e enxaquecas, minimiza o risco de doenças cardiovasculares, evitando até o aparecimento de ataques cardíacos.

O beijo diminui o cortisol e tem ainda a capacidade de reduzir a tensão arterial alta, regulando a pressão sanguínea. Aliás, ele possui outras capacidades. A partilha de bactérias, que no caso de um beijo intenso pode atingir números na ordem dos milhões, provoca uma redução acentuada da imunoglobulina E, responsável pelo desenvolvimento de alergias, criando anticorpos, fortalecendo o sistema imunológico.

Este facto, associado ao aumento que beijar provoca na produção de estamina, elimina espirros, congestão ocular, secreção nasal e combate a acumulação da placa bacteriana na boca. Na verdade, o beijo relaxa, alivia os processos traumáticos e de stress, aumenta a autoestima e a confiança.”

Com mais esta achega fico a uma carta de terminar este tema. Grato por me teres deixado à vontade para te enviar estas deixas importantes sobre o livro e por me teres encomendado um com a devida dedicatória personalizada e assinado. Assim farei. Recebe um beijo de até amanhã do teu amigo,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta nº. 408: O Colecionador de Beijos - Introdução - Parte I - III/VII

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Olá Berta,

Continuando na saga de “O Colecionador de Beijos” segue a primeira parte da introdução ao livro. A minha decisão de te enviar a introdução em três partes prende-se com o facto da mesma ser um pouco extensa e de eu não querer abusar da tua paciência. Assim, cá vai: introdução -Parte I.

 

“Introdução

 

O Colecionador de Beijos, ensaio jornalístico e literário, de matriz sociológica, do ato de bem beijar, procura a vertente sociológica e cultural, não perdendo as raízes históricas e a composição literária e humanista do beijo. Não é, porém, um ensaio académico de base científica porque, objetivamente, nunca o poderia ser. Por mais que se tente não se consegue sintetizar ou analisar, o beijo, nem mesmo o ato de beijar, isoladamente, sem ter em conta toda a imensidão de afetos, respostas sensitivas e sensoriais que o rodeiam e influenciam.

O beijo é um produto composto e, embora se apresente com uma identidade singular, muita tinta precisa de correr para que ele se realize numa das suas tão variadas formas e feitios. Diferente seria se estivesse a escrever um ensaio sobre a introdução sociológica do papel higiénico na sociedade portuguesa. Aí sim, teríamos à mão um produto final que poderia ser analisado de um modo bem mais académico, sistematizado cientificamente e enquadrado com razoáveis limites de precisão em termos históricos, sociológicos e culturais, fosse ou não a analise ensaísta literária e jornalística.

Mas não é esse o caso aqui. Nem poderia ser, derivado da imensa complexidade que o mais simples beijo exige. Por isso, este ensaio, é declaradamente um ensaio jornalístico e literário de análise sociológica, humanista e cultural. Pode-se até incluir uma lufada sistematizada de psicologia e inteligência emocional, mas não há, no meu entender, maneira de ir mais longe num ensaio que verse esta temática, usando esta abordagem.

A pergunta que esta introdução deixa no ar é a seguinte: É ou não relevante o beijo no contexto do comportamento humano em sociedade? Proponho-me a demonstrar que a resposta é afirmativa sem qualquer margem para erro, mesmo nas sociedades onde o beijo só é praticado na privacidade do lar ou do leito conjugal. Se analisarmos, por exemplo, o Japão tradicional e conservador vamos descobrir que o beijo, não sendo um ato público, continuou determinante portas dentro, no seu papel aglutinador de um determinado par ou no seio de uma família. Só agora, ainda a título de exemplo, é que, no país do Sol Nascente, já 28% dos jovens urbanos se beijam em público e, mesmo assim, só se não se encontram sob o olhar atento dos progenitores. Mas se este é um comportamento fruto da globalização, dos filmes e das redes sociais, está ainda a léguas de se tornar efetivamente uma conduta tipicamente japonesa.

Tendo iniciado a minha atividade jornalística em 1981, há trinta e oito anos atrás, e tendo conseguido a carteira profissional em 1996, exatamente quinze anos depois do início, conforme a lei da altura o previa e regulamentava, julgo poder afirmar, com segurança, que a realização deste ensaio tem, na experiência acumulada, base suficiente para poder vingar. Ainda para mais que, muitos desses anos, foram passados no âmbito da investigação jornalística, para jornais locais onde o apuramento da verdade dos factos ou dos feitos é muito mais importante do que nos grandes títulos nacionais. Como a minha atividade académica, a nível universitário, se pautou por cerca de 18 anos de estudo interessado, fosse no Curso de Direito em Coimbra, nos Estudos Portugueses, Cultura e Expansão em Faro, na Filosofia no Porto ou na Psicologia Clínica no Polo Universitário de Loulé, julgo poder afirmar ter garantido uma plataforma estrutural suficiente para, conjuntamente com a experiência jornalística, conseguir desenvolver este projeto de forma cabal e conseguida. Porém, a minha convicção não deixa de ser apenas e somente uma mera opinião sobre um tema que me é caro.”

Despeço-me até amanhã com o costumeiro beijo da praxe, com muito carinho, o teu eterno amigo,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta nº. 363: Emigrantes - Parte I - Antigamente era assim...

Berta 341.jpg Olá Berta,

A um e dois de outubro de 2020, ainda durante o tempo em que estiveste incomunicável, minha querida, escrevi-te duas cartas seguidas, parte um e dois sobre imigração e emigração, temas que hoje em dia voltam a estar na moda. Essas cartas nunca chegaram até ti, por isso agora volto a enviar-tas, com a devida atualização, todavia, mantendo a ordem cronológica em que foram originariamente escritas, tentando manter-me fiel ao que já tinha escrito.

Portugal, durante grande parte da segunda metade do século XX foi um país de emigrantes. Era difícil viver condignamente, doce amiga, numa ditadura que se esforçava por manter o povo inculto, pobre, iletrado, sem grandes condições de saúde, com um muito limitado sistema de saneamento básico, num país onde as mulheres eram propriedade masculina, não podiam votar, nem podiam viajar sem autorização escrita dos pais ou dos maridos.

Na verdade, minha cara, nem sequer podiam ter opinião ou voto em matéria de propriedade, nem mesmo podiam votar, pese embora o facto de as eleições serem uma farsa até abril de 1974.

Lutando para sobreviver, no seio de um regime fascista o povo optou por emigrar. Em 1961, quando eu nasci, residiam em Portugal 9 milhões de pessoas. Dessas, Bertinha, 3 milhões não tinham a quarta classe.

Em apenas 9 anos, 500 mil portugueses emigraram. Ao chegarmos à década de 70, amiguinha, eramos apenas 8,5 milhões de residentes. Muita gente mudou de ares para o Brasil, Venezuela, Angola, Moçambique, Estados Unidos da América, e, em geral, para toda a Europa, com grande relevância da França, Suíça, Alemanha, Holanda e Luxemburgo, como destinos de eleição.

Os emigrantes a residir em Portugal rondavam os 27 mil estrangeiros e em 1970 eram já tão poucos que desapareceram das estatísticas. Uma vez no estrangeiro, os nossos emigrantes ocuparam-se, maioritariamente, dos trabalhos não qualificados, dos serviços menores ou da agricultura. O preconceito estrangeiro para com os portugueses era dominante e eramos considerados um povo de segunda categoria, minha querida.

A falta de cultura era deveras gritante e apenas 250 mil pessoas tinham o curso dos liceus completo e somente umas 50 mil possuíam uma licenciatura. Existiam 2,7 milhões de habitações, mas apenas 32% delas tinham banheira ou duche. Hoje existem quase 6 milhões e apenas 115 mil têm falta dessas condições, sendo a maioria habitações ilegais e improvisadas. A vida era dura no nosso país para os portugueses, minha cara confidente.

Hoje, amiga, calcula-se que Portugal ultrapasse os 3 milhões de emigrantes. Embora atualmente Portugal exporte, contrariamente ao passado, uma população qualificada.

A explicação para serem tantos emigrantes é simples. Quem saiu instalou-se e criou raízes lá fora, poucos decidiram voltar porque ganham lá fora quase o dobro, e nalguns casos mais, pelo mesmo serviço, do que aqui. Ora, é fácil de entender, minha querida, porque se dizia que o povo português não era racista, nem xenófobo, nem nada dessas coisas agora tão em voga. Eramos nós quem vivia na mó de baixo e afinal, nem tínhamos imigração que nos incomodasse fosse porque razão fosse.

A primeira vez em que o povo português se sentiu seriamente invadido e em que o preconceito pareceu existir como um facto problemático foi, amiguinha, quando, após a independência das nossas ex-colónias, recebemos, em poucos anos, meio milhão de retornados.

A vida em Portugal melhorou muito nos últimos 50 anos. Mas o povo tem memória curta. Bastam meia dúzia de anos para darem como direito absoluto o que levaram décadas a conquistar. A educação e um outro nível de vida também os ajudou a ver a realidade de outra maneira e a exigirem mais. É normal. Todavia, agora, a história é outra porque a vida é assim... falarei sobre ela já na próxima carta, na segunda parte deste tema. Por hoje, Berta, recebe um beijo de despedida deste teu eterno amigo,

Gil Saraiva

 

 

 

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