Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
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Morreu hoje, em Barcelona, mais um ex-ditador da Língua Portuguesa, o antigo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos. O homem que governou Angola durante trinta e oito anos e o grande arquiteto não apenas da paz em Angola, mas do seu próprio clã, o clã dos Santos. O seu afastamento do poder foi ditado pela saúde e não pelo raciocínio.
Amado pelos que o rodeavam e odiado por quase todos os outros, liderou sucessivos governos onde reinou a rainha corrupção. Foi esta mesma imperatriz que lhe permitiu criar um império em torno da família. Sendo o rosto mais visível o da sua filha mais velha, Isabel dos Santos, que, durante anos a fio, foi a mulher mais rica de África e uma das mais poderosas do mundo.
José Eduardo dos Santos sucedeu a Agostinho Neto e, quase quatro décadas depois, escolheu João Lourenço para liderar os destinos de Angola em vez de se fazer suceder por um elemento do seu próprio clã. Se o antigo presidente esperava clemência de Lourenço, no respeitante à sua pessoa, esta foi-lhe concedida. Mas o mesmo não aconteceu com o resto do clã. João Lourenço herdou Angola em plena crise petrolífera e necessitava dos fundos desviados pelo clã para repor alguma ordem nas contas públicas.
Na minha pouco romântica perspetiva, a mudança de presidente não terminou com o reinado da corrupção em Angola, longe disso. À primeira vista ela apenas mudou de mãos, sendo que desta vez, os intervenientes estão mais opacos que nunca. Para Portugal tudo continua na mesma. Não importa ao nosso Governo a falta de democracia no país irmão nem mesmo a perseverança da maldita corrupção, apenas desejamos manter forte a relação comercial e o intercâmbio com Angola, porque, se rezarmos à Nossa Senhora de Fátima, um dia, deixará de haver fome nesse país africano de que tanto parecemos gostar.
A hipocrisia do poder tem destas coisas. Mesmo que o canibalismo fosse uma realidade em Angola, que não é, o Governo de Portugal diria que se tratava apenas um fenómeno residual, proveniente de uma cultura ancestral do povo e, em ano de Europeu Feminino de Futebol, chutaria para canto a vergonha de tais práticas, exatamente como faz com a malfadada corrupção. O que importa é manter o status e a influência de Portugal em África, mesmo que para isso se percam os largos milhões de euros do BES Angola. Do alto do seu corta-palha sorridente, Marcelo Rebelo de Sousa, estará novamente disposto a ir distribuir beijinhos e abraços ao povo irmão, se for necessário reforçar mais os laços desta paz podre pós-colonial.
José Eduardo dos Santos morreu hoje, em Barcelona, e Tchizé, uma das filhas do antigo tirano, que já tinha apresentado queixa por tentativa de homicídio do seu pai contra a sua madrasta, Ana Paula dos Santos, e o médico pessoal do líder em coma, é o rosto mais visível do inconformismo. O clã divide-se depois da morte do imperador. Nada voltará a ser como dantes. A história é inflexível no seu percurso e não reza pelos fracos, por muito poderosos que possam ter sido no passado. Durante os próximos dias a nossa comunicação social aflorará ao de leve os defeitos do ditador e do clã, dando largo realce às excelentes e solidarias relações pós-coloniais entre Angola e Portugal. Se algum idiota se lembrar de tentar decretar luto nacional pela morte de um líder da Língua Portuguesa não se admirem em demasia, afinal Camões está morto e as suas cinzas já não se mexem na tumba. Vale tudo para manter o relacionamento. Adeus José Eduardo dos Santos!
Olá Berta, Há quase 4 anos, a 27 de fevereiro de 2021 a Covid fazia das suas e entre janeiro e abril teve o seu maior pico registado em Portugal. Hoje, na memória dos portugueses, só se lembram desses dias aqueles que perderam familiares para a praga. Para os outros, coisas como confinamento e proibições de viajar entre concelhos, são conceitos perdidos na memória dos tempos.
António Costa prometera um Natal com poucas restrições e os portugueses agradeceram, durante 15 dias, na época, a pandemia foi posta para trás das costas e, tal como hoje, foi tempo de festejar. O preço, bem pesado, viria depois, e vivemos um terrível inferno até à páscoa. Durante meses batemos recordes de mortos, de infetados, de internados. Parecia mesmo que não haveria amanhã. Mas houve e, como na vida, “tudo passa, tudo passará” já lá dizia a velha canção.
Marta Temido aguentou estoicamente o ministério, o serviço nacional de saúde, e os trabalhadores da saúde foram aclamados como se fossem heróis nacionais, trabalhando até à exaustão, até as forças lhes faltarem nas pernas e nos braços, até a vacina começar a diminuir a mortalidade da pandemia. Aliás, não fossem as vacinas e a mortandade teria sido épica. Apareceu na hora certa, quase um milagre de última hora, de que ninguém estava à espera.
Eis que o na altura Vice-Almirante Henrique Eduardo Passaláqua Gouveia e Melo, aparece como Coordenador da Task Force para o Plano de Vacinação contra a COVID-19 em Portugal, em 3 de fevereiro de 2021. O moçambicano, nascido a 21 de novembro de 1960, em Quelimane, no último dia do signo do Escorpião, veio por ordem na casa.
Henrique Passaláqua, nomeado por António Costa, mostra-se determinado em combater ferozmente a Covid-19 e os abstencionistas e negacionistas que se tentavam erguer contra a vacinação. O certo é que cumpriu fielmente a missão que lhe foi entregue, tão bem, diga-se, que sonha agora com o lugar de Presidente da República.
Mas voltando à pandemia, ao longo de janeiro de 2021, só nos primeiros 26 dias, foram confirmadas quase 975 mil infeções pelo novo coronavírus. O ritmo de casos disparou neste mês janeiro, com a chegada em força da variante Ómicron a Portugal. Entre 1 e 26 de janeiro foram registados nos boletins da DGS um total 988.172 casos de Covid-19, mais 13 mil do que no total dos 12 meses de 2020. Em relação ao número de mortes por Covid-19, em 2021 faleceram 10.108 pessoas em Portugal, de acordo com a soma dos dados oficiais da DGS.
Entre 1 e 26 de janeiro de 2021, morreram 748 pessoas, o equivalente a uma média de 29 óbitos por dia. Desde a chegada da pandemia a Portugal, em março de 2020, estão confirmadas 19.703 mortes, dois milhões 377 casos de infetados e um milhão 842 recuperados. Portugal registou só num dia um novo máximo diário de 65.578 novos casos de Covid-19 desde o início da pandemia, indicava então o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde. Na soma de casos ativos e contactos de vigilância, Portugal tinha a 26 de janeiro um novo máximo histórico a rondar um milhão e 62 mil pessoas em isolamento.
Foram outros tempos, já ninguém se lembra e pouco ficará na memória coletiva do povo. Porque, a esperança e a expectativa de melhores dias fazem-nos andar para a frente. Por outro lado, dá-nos determinação e imprime coragem nos corações dos mais fracos.
Esta era a última das 40 cartas que tinham ficado por te enviar, cara Berta, durante os meses em que te perdi o contacto, fico satisfeito por termos posto a escrita em dia. Despede-se com um beijo, este teu velho amigo,
Em 2020, quando esta crónica foi iniciada eu falava de o governo israelita estar a impor restrições severas e discriminatórias aos direitos humanos dos palestinianos e a restringir a circulação de pessoas e bens para dentro e fora da Faixa de Gaza, bem como a facilitar a instalação de cidadãos israelitas em assentamentos na Cisjordânia ocupada, o que já era então uma prática ilegal segundo o Direito Humanitário Internacional.
As forças israelitas alocadas do lado israelita das barreiras que separam Gaza e Israel continuavam a realizar disparos com munição real contramanifestantes dentro de Gaza que, diga-se não representavam nenhuma ameaça iminente à vida, seguindo ordens de funcionários de alto escalão para abrir fogo, violando os padrões internacionais de direitos humanos. Segundo o al-Mezan, um grupo de direitos palestinos, as forças de Israel executaram 34 palestinos e, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, feriram 1.883 pessoas com munição real durante os protestos em 2019 até 31 de outubro.
Durante os primeiros nove meses de 2019, as autoridades israelitas aprovaram planos para 5.995 unidades habitacionais em assentamentos na Cisjordânia, excluindo Jerusalém Oriental, em comparação com 5.618 em todo o ano de 2018, de acordo com o grupo israelita Peace Now. Em setembro, autoridades do governo israelita aprovaram retroativamente o assentamento avançado de Mevo'ot Yericho no vale do Jordão, que até então era ilegal mesmo sob a lei israelita e poucos dias depois de o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometer anexar o vale do Jordão caso fosse reeleito. Ora fazendo a atualização para 4 anos depois é preciso fazer algum enquadramento histórico.
Nada tenho contra os israelitas, nem contra Israel, por outro lado o que os judeus sofreram ao longo da história é ímpar na história da humanidade e isso é algo que merece o reconhecimento do mundo inteiro. Para além disso o atentado do Hamas que matou 1.200 pessoas e raptou 2,5 centenas é por demais condenável.
Porém, a resposta engendrada por Benjamin, quer na Faixa de Gaza, quer no Líbano, quer ultimamente na Síria é, porque não existe outra palavra para o descrever: Genocídio do Povo Palestiniano. Benjamin Netanyahu não permite sequer a passagem dos corredores humanitários mínimos para assistir o Povo Palestiniano e estes morrem aos milhares perante o olhar condescendente de um Ocidente complacente e adormecido que não reconhece o fanatismo cego e expansionista do Governo Israelita.
Benjamin Netanyahu é um criminoso de guerra e devia ser tratado como tal. Não se matam mais de 45 mil palestinianos com a desculpa que eles escondem terroristas do Hamas. Nem vou falar da invasão israelita à Síria ou ao Líbano, ambas absolutamente ilegais, nem das mortes e da destruição que estas causaram, basta ver as imagens de Gaza, para ver que estamos a lidar com facínoras fanáticos que parecem só querer parar a quando da extinção do Povo Palestiniano.
A ONU há mais 6 anos que denúncia as ações de Israel como ilegais. Ocupam e expropriam territórios que não lhes pertencem, expulsam populações a eito. E atualmente fazem da Palestina terra queimada, como se estivessem a desparasitar ratos de esgotos.
Se ninguém trava este facínora chamado Benjamin Netanyahu e o põe de vez atrás das grades ainda vamos assistir a muito sangue derramado. O que os terroristas do Hamas fizeram por altura do atentado é, neste concreto momento da história, uma gota de água se comparado com a reação do bárbaro e cruel exército de Israel. Por hoje, fico-me por aqui, despede-se com um beijo, este teu amigo de sempre,
Pierre Cardin morreu em dezembro de 2020, aos 98 anos, e 4 anos depois, este ano, também em dezembro, morreu Isak Andic, o co-fundador, junto com o irmão, da marca de pronto-a-vestir Mango. Andic morre por andar a fazer escalada aos 71 anos de idade e cair por uma ravina abaixo numa queda de 150 metros. E foi por estas mortes estarem separadas por estes 4 anos, Berta, que usei a ligação entre elas para te falar de Pierre Cardin 4 anos depois da sua morte, um homem único que inscreveu a pulso o seu nome na história da moda mundial. Já a história da ascensão e queda de Isak Andic é muito menos interessante e nada tem a ver com a alta costura.
Retomando o assunto de Pierre Cardin, fez 4 anos que te escrevi sobre a morte deste homem da moda. E isto porque Pierre Cardin é mesmo um dos poucos estilistas por quem tenho consideração e respeito. Nasceu no pequeno vilarejo de Sant'Andrea di Barbarana, no Vêneto, nordeste da Itália, e os seus pais, uns pobres agricultores, emigram para França em 1924. Tinha Pierre apenas 2 anos de idade.
Em 1936, o jovem Pierre começou a sua aprendizagem aos quatorze anos, com um alfaiate de Saint-Étienne. Depois de uma passagem no atelier de Manby, em Vichy, em 1945, após a Segunda Guerra Mundial, transfere-se para Paris, onde estuda arquitetura e trabalha com Madame Paquin, que, diga-se, em boa verdade, foi uma das primeiras verdadeiras estilistas da história da moda e teve forte influência da art déco nas suas criações, do início do século XX.
Trabalhou com Elsa Schiaparelli, a percursora da moda criada para a mulher moderna, até se tornar chefe do atelier dos alfaiates de Christian Dior, em 1947, aos 25 anos de idade, ou seja, quis a sorte que trabalhasse com alguns dos mais emergentes e posteriormente famosos nomes da moda francesa de então.
Porém, nem tudo foram rosas e a sua candidatura não foi aceite pela casa de moda Balenciaga, do estilista espanhol Cristóbal Balenciaga, considerado o arquiteto da alta costura pelo seu amplo conhecimento na confeção dos trajes e utilização de linhas puras contando ainda com o perfeccionismo, que era sua imagem de marca e que desde 2001 pertence ao Grupo Gucci.
Perante este revés Cardin funda a sua própria casa em 1950, aos 28 anos e lança-se na alta costura três anos depois. Acabaria por ficar conhecido pelo seu estilo de vanguarda e pelos seus trabalhos inspirados na "era espacial", com formatos e motivos geométricos, frequentemente ignorando a forma feminina. Cardin investiu também nas roupas unissexo, algumas vezes experimentais. Em 1954, introduziu o "vestido bolha". Ao lado de Paco Rabanne e André Courrèges, Cardin formou a "tríplice aliança" do futurismo na moda, tornando-se assim, um dos fundadores do movimento. Chegando, inclusivamente, a desenhar um fato espacial para a NASA.
Cardin foi igualmente o primeiro costureiro a considerar o Japão como um mercado de alta moda, quando para lá viajou em 1959. Esse foi o ano em que Pierre Cardin foi expulso de Chambre Syndicale de la Haute Couture por lançar uma coleção Prêt-à-porter (pronto-a-vestir) para a cadeia de grande consumo da Printemps, mas não demorou a ser reintegrado.
Contudo, em 1966, renuncia ao seu lugar na Chambre Syndicale e passa a exibir suas coleções no seu próprio espaço, o Espace Cardin, (outrora Théâtre des Ambassadeurs) aberto em 1971 na capital francesa. O Espace Cardin também é usado para promover novos talentos artísticos, como conjuntos de teatro, de música, etc. Em 1981, comprou os famosos restaurantes franceses Maxim's.
Pierre Cardin foi o primeiro estilista a fazer parte da Academia Francesa de Belas Artes ainda em 1992. Um feito inimaginável realizado por um estilista, que, por mérito próprio é reconhecido ao mais alto nível pelos seus pares. Percebendo a existência de um mercado praticamente inexplorado, passou a investir no mercado de design masculino, conquistando alguns fãs famosos como os Beatles e Salvador Dalí, e chegou mesmo a ultrapassar o lucro obtido com as suas coleções femininas.
Pierre Cardin foi membro da Chambre Syndicale entre 1953 e 1993.Como muitos designers de moda da atualidade, em 1994, Cardin decidiu mostrar a sua coleção apenas a um pequeno círculo de clientes e jornalistas selecionados, tendo obtido um sucesso avassalador.
A sua marca, detém, atualmente oitocentas licenças em 140 países, e calcula-se que realize um movimento de aproximadamente 8 bilhões de euros em royalties, ou seja, na percentagem de lucro que a marca obtém sobre a venda dos seus produtos a terceiros. Com esta homenagem me despeço, por hoje, com um beijo de amizade e como teu amigo do peito,
Na sequência da luta dos trabalhadores do INEM, que agora são os filhos queridos da ministra da saúde, estão lutando pelos seus direitos de igual modo os bombeiros sapadores. Os quais são tratados sem dignidade nem respeito algum pela tutela. São os enteados do problema, são usados para tudo e mais umas botas, mas quando chega à devida compensação, ao que parece, qualquer passou-bem é suficiente.
Os bombeiros sapadores são não sei bem porquê o parente mais pobre do Estado. Há 20 anos que não lhes mexem nas carreiras. Estão a solicitar uma revisão do seu estatuto, querem 100 euros de aumento salarial, o que tendo em conta que começam a carreira com cerca de 1.075 euros e que nunca foram aumentados desde 2004, não deixa de ser absolutamente justo. Aliás, acho pouco, para quem tem de estar obrigatoriamente, sempre, na máxima forma física.
Também solicitam a revisão dos subsídios que atualmente se resumem a € 7,03, querem ver revistos os suplementos de penosidade e insalubridade e de risco, pois estão sujeitos a uma série de riscos graves na sua atividade profissional. Aliás, nem sei como foi possível a situação chegar a este ponto. Há uns anos fui presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Sintra.
Foi algures na primeira década do milénio e, já nessa altura, os voluntários ganham mais do que aquilo que os sapadores agora solicitam. Aliás, afirmo sem medo de errar que os sapadores são, de longe, uma força de elite. Para quem nunca viu uma demonstração das ações dos sapadores recomendo que assistam pelo menos a uma. Não dá mesmo para acreditar o que estes homens são capazes de fazer para salvar vidas alheias com risco pessoal das suas próprias vidas.
É inacreditável saber que esta gente, só foi aumentada por duas vezes desde o tempo do fogo nos Armazéns do Chiado, em 25 de agosto de 1988. E que estão há duas décadas sem passarem da cepa torta. Para além disso são das profissões com mais risco de contraírem uma parafernália de doenças profissionais e são obrigados a cumprirem 4 horários de 12 horas por semana e, como se não pudesse ser pior, ainda dependem diretamente das câmaras municipais.
Ó gente da minha terra, vamos pedir dignidade para esta gente que deixa diariamente tudo em campo pela nossa segurança e bem-estar. Não é justo que sejam filhos de um deus menor. Para ser reposta alguma equidade salarial terão de ser aumentados 100 euros no ordenado e outro tanto nos subsídios. Ou seja com 10 milhões de euros o Estado cobre todas as justas reivindicações dos bombeiros sapadores.
E se não há dinheiro criem uma taxa de 5 euros, na despesa da água, por residência, para os bombeiros sapadores, eu pago. O que é inadmissível é que estes profissionais continuem a ser tratados como carne para canhão na função pública. São dos profissionais mais solidários do país e, ao fim ao cabo, merecem o respeito do Estado. A ministra da Administração Interna tem de acordar porque se estes profissionais um dia param, ficam em risco as nossas principais cidades e monumentos e os nossos lares. Dignidade para os bombeiros sapadores! Já!!!! Que se faz tarde! Por hoje é tudo, minha querida, despeço-me com um beijo saudoso, Berta, o teu amigo de sempre,
Olá Berta, Quem diria, há 4 anos, que o segundo mandato de Marcelo Rebelo de Sousa seria aquilo que viria a ser. Na época escrevi-te uma carta sobre o assunto, em que te disse que íamos assistir ao nascimento de outro Marcelo e, infelizmente, não me enganei muito. Volto a pegar no assunto agora que o Presidente está de saída de Belém.
Na realidade depois do mandato dos afetos assistimos ao mandato dos ajustes de contas e daqui a um ano Marcelo Rebelo de Sousa, quando sair de Belém é, como será, um homem só. Rebelo de Sousa fica na história da democracia portuguesa como o presidente que mais Governos fez cair. Não apenas no continente como igualmente nas regiões autónomas.
Entre as suas práticas ficam registadas todas as artimanhas a que se pôde agarrar para deitar António Costa ao tapete, sendo que o golpe final viria a ser fatal e fez cair por terra uma maioria absoluta estável por vontade do mesmo e claramente por puro desejo de protagonismo. Mas disso já te falei anteriormente.
O cerco de Marcelo a Costa teve vários protagonistas sendo inarrável a persistente teimosia em fazer sair João Galamba do Governo. Aliás, este é um daqueles episódios em que se prova claramente que Marcelo emprenha pelos ouvidos e acaba sempre por ter de parir uma “merdaleija” qualquer.
Mas a tristeza revoltante deste último segundo mandato nem é o que mais me importa aqui. Porque, afinal, qualquer pessoa consegue bem ver as diferenças entre os dois mandatos sem ser preciso estar eu para aqui a apontar detalhes e pormenores. São muitos, são tantos que se os fosse enunciar todos te escreveria uma carta com mais de 35 páginas. Desde o Veto à alteração do poder cooperativo das Ordens Profissionais, à legislação sobre a eutanásia, as traições de Marcelo são mais que muitas.
O que me interessa agora é que dentro de um ano Marcelo Rebelo de Sousa sai da Presidência da República como um homem só. Tão só que nem a família, esse laço sagrado que sempre propagou aos 7 ventos, o acompanha no abandono do cargo. O homem dos mil esquemas ficou finalmente sem gás. Da presidência vai sair um velho triste e macilento, do género daqueles maluquinhos que falam consigo mesmos, sem dignidade e sem qualquer ponta de prestígio nacional e internacional.
Posso estar enganado, no entanto acho que nem o seu partido o quererá relembrar saudosamente. O testemunho será passado sem brio, sem carisma, sem sequer o carinho que teve dos portugueses durante o primeiro mandato. Parece histórico, mas os Presidentes da República eleitos para um total de 20 anos de mandatos pela direita, acabaram inevitavelmente os seus segundos mandatos de forma muito impopular.
Ao fim de 10 anos Marcelo Rebelo de Sousa sai só, pela porta dos fundos e não deixa saudades. É triste Berta, muito triste, mas a vida é assim. Deixo um beijo de despedida, deste teu amigo de sempre,
A Carta de hoje é quase uma segunda parte da carta de ontem. Porquê? Porque o assunto volta a ser sobre Ana Paula Martins, a Ministra da Saúde, e sobre o seu ministério onde, afirma: “Enquanto for titular desta pasta, farei a organização do meu ministério como entender, perante a lei”.
E lei, neste caso, significa que a Ministra se esqueceu de todo que faz parte de um Governo minoritário onde deveria tentar encontrar consensos. Porém, empossada pela teimosia e com uma arrogância ímpar no cargo, eis que volta a anunciar que as Centrais do INEM vão usar Inteligência Artificial. “Vou organizar o ministério como eu entender”. Ora, do alto do seu pedestal, a Ministra da Saúde tentou explicar no Parlamento como vai funcionar a “refundação” do INEM.
Porém, apesar de tudo, ela não admite colapso do Instituto, mas fala em “caos” no dia 4 de novembro, quando quase metade das chamadas ficaram por atender. E reafirma que: “Este Governo não vai privatizar o Centro de Orientação de Doentes Urgentes” (CODU), diz a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, ouvida esta quarta feira no Parlamento, citada pelo Expresso.
O INEM será, então, a partir de agora, requalificado como um instituto público de regime especial, com um conselho de administração com mais um vogal (fica com dois), e um presidente. A ministra quer, segundo relata o Jornal Público, “alterar de forma profunda o funcionamento” do INEM, e por isso vai utilizar Inteligência Artificial no CODU. “O CODU tem muitas deficiências e equipamentos muito pouco modernos”, disse, e por isso os sistemas de Inteligência Artificial chegarão “dentro de poucas semanas”.
“Se isto não é refundar o INEM, eu pergunto o que é”, lança a ministra, que nem consegue explicar minimamente, ao Parlamento, como funcionará a tal dita e proclamada Inteligência Artificial. Porquê? Porque a ministra não faz a mínima ideia sobre o que é que está a falar. Tudo leva a querer que alguém vendeu, tipo banha da cobra, um programa de IA à ministra, e esta comprou a ideia sem saber muito bem qual é o seu conteúdo.
O Público avançou na passada quarta feira, noutro artigo, que no pior dia de greves no INEM, a 4 de novembro, ficaram 2300 chamadas por atender, ou seja, quase metade das 4815 chamadas recebidas nesse dia, sendo que este foi o número mais baixo de chamadas a serem atendidas pelo serviço nos últimos 10 anos. Porém, e agora de acordo com o que escreve o Jornal de Notícias a ministra já admitiu que “no dia 4 de novembro houve caos no INEM, mas afirma ainda que isso não se traduziu num “colapso”.
A ministra, que aparenta andar sob o efeito de antidepressivos, calmantes e outros tranquilizantes, explicou ainda, citada nesse mesmo artigo, que o INEM assegura menos de 10% da atividade, sendo o resto passado aos bombeiros, à cruz vermelha e aos helicópteros: “Externalizamos 93% da atividade do INEM”, disse Ana Paula Martins, abrindo a possibilidade de ter de constituir parcerias plurianuais com os bombeiros e Cruz Vermelha, que podem incluir contratos-programa.
Outra medida “peregrina” anunciada é a utilização, daqui em diante, de desfibrilhadores automáticos externos (DAE). “O modelo de utilização da DAE é muito restrito e deveríamos iniciar um processo de liberalização do uso de dispositivos de fibrilação externa, com o alargamento da obrigatoriedade aos cidadãos e obrigatoriedade de formação para os alunos do 12.º ano”, diz a ministra. Como se o alargamento do uso de desfibrilhadores automáticos fosse algo brilhante, enquanto ideia, para pôr nas mãos de adolescentes.
Ainda sobre o facto de ter reivindicado a tutela do INEM, a ministra disse que “por enquanto, que eu saiba, ao Governo e a cada ministro compete aquilo que entende que a sua equipa pode ou não pode, deve ou não deve fazer”. “Neste caso concreto”, continuou, “entendi que o INEM, nomeadamente pela situação gravíssima que estávamos a viver, devia depender da superintendência da ministra, razão pela qual decidimos, em conversa com a minha secretária de Estado, que passaria para a minha superintendência”.
Ana Paula Martins corre assim, contra tudo e contra todos, numa demanda, sem fim, na sua luta desenfreada para dominar e domar a saúde em Portugal e para isso pretende vir a colocar equipamentos sensíveis, nas mãos de gente sem o mínimo de experiência profissional. Aliás, de forma a garantir que vai ter o apoio do INEM prepara-se para aumentar disparatadamente o pessoal deste serviço e reformular-lhes as carreiras indo diretamente ao encontro de velhas reivindicações deste setor com aumentos superiores a 250 euros mensais entre outros bónus e acordos.
Para já, querida Berta, eu vou ficar a assistir de camarote, o que vai acontecer aos outros profissionais de saúde, quando virem os seus colegas do INEM aumentados, nalguns casos em mais de 25% da sua habitual remuneração salarial? Não sei se Ana Paula Martins sofre de alguma demência ou patologia grave, mas sou tentado a pensar em algo parecido. Por hoje é tudo, despede-se com um beijo, este teu amigo do coração,
Há 4 anos estávamos precisamente a entrar no confinamento parcial em vésperas da terceira vaga de Covid-19 que nos atacaria forte e feio em fevereiro do ano seguinte. As novas infeções diárias rondavam os 7.500 casos e as mortes estavam muito perto das 7 dezenas de fatalidades por dia.
Era uma coisa quase irracional o que Portugal estava disposto a considerar como uma espécie de novo normal. Tudo passa e a nossa memória apaga muito rapidamente as recordações das grandes tragédias, fica apenas aquela vaga sensação de que já vimos pior. Dou graças aos céus termos sido governados pelo PS nesses tempos de verdadeiro horror.
Nem quero pensar no que teria sido se quem estivesse no cargo fosse a atual Ministra da Saúde que ainda hoje se queixou de que: "Mais de 80% dos meios acionados poderiam ser rentabilizados. Muitas vezes acionamos meios para situações que não precisavam de um nível tão diferenciado de meios", disse Ana Paula Martins, que hoje está a ser ouvida na Comissão Parlamentar de Saúde sobre o INEM. Segundo a Ministra apenas 20% das chamadas do INEM deveriam estar a ser canalizadas para este serviço.
Questionada sobre o facto de ter chamado a si a responsabilidade da Inspeção Geral das Atividades em Saúde (IGAS), que está a inspecionar a falta de respostas do INEM que alegadamente poderá estar na origem de 11 mortes durante as greves na saúde, a ministra respondeu: "Nada do que eu diga vai convencer quem acha que isto foi para ter controlo sobre as decisões da IGAS". Afirmou cinicamente a responsável pela saúde em Portugal.
Aliás, para Ana Paula Martins, os portugueses chamam o INEM como quem chama, digo eu, um táxi para ir ao hospital e essa triagem é que tem de ser feita de uma forma mais eficaz. Na mesma postura a ministra reconheceu aos bombeiros "fundamentação em muitas queixas que colocam" e afirmou: "A articulação tem de ser melhor". Como se ao sacudir a água do capote o problema ficasse magicamente resolvido e não fosse tudo devido à falta de condições de dignidade laboral proposta por este Governo aos soldados da paz.
Ainda a propósito das condições em que o INEM opera, apontou a falta de georreferenciação, de uma aplicação que possa ajudar a responder a alguém que fale outra língua, assim como meios tecnológicos que permitam "traduzir a informação recolhida para os hospitais".
Porque, pasme-se o que a ministra precisa mesmo é de uma app que possa ser aplicada diretamente ao Instituto Nacional de Emergência Médica. Caramba Senhora Ministra uma app? Portugal está como um péssimo Serviço de Emergência Médica porque lhe falta uma app? E isso será algo parecido a uma algália?
Questionada novamente pelos deputados, insistiu que o INEM não poderá deixar de ter meios próprios de triagem, rejeitou qualquer privatização do Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) e sublinhou a necessidade de encontrar soluções tecnológicas, com apoio de Inteligência Artificial, para facilitar o trabalho dos técnicos.
Ora bem, segundo a assumida inteligência da nossa Ministra da Saúde, Portugal não tem falta de uma triagem médica mais especializada, o que faz falta, caramba, é mais apps e mais Inteligência Artificial. A minha vontade mesmo era dizer à ministra, preto no branco, onde é que ela poderia meter as apps e a put@ da Inteligência Artificial. E mais não digo Berta que o que já falei até enjoa, este teu amigo despede-se com um beijo franco,
Olá Berta, Foi a propósito do 4º. aniversário da imagem de Omran Daqneesh, que há 4 anos te escrevi esta carta, estava longe de imaginar que passado pouco mais de 4 anos eu voltaria ao tema. Desta vez é com uma primavera fora de tempo que aí regresso.
Uma primavera que se concretiza finalmente 13 anos depois de ter começado, em pleno outono. Finalmente o facínora Bashar al-Assad claudicou às mãos da oposição que o combatia, mas eu só recordo o menino de Aleppo. Daqui em diante, falta saber se nascerá para o povo sírio uma democracia ou um novo regime de fanatismo religioso.
A guerra na Síria só me faz relembrar o menino de Alepo quase 8 anos depois de ter sido colocado naquela ambulância. A sua imagem é das poucas que revejo muitas vezes, de noite, ao fechar dos olhos, como se aquela criança ainda hoje gritasse por justiça. Estou a falar do menino de Alepo, de rosto perdido, quase zombie, alheio ao mundo, retirado dos escombros. Aqui fica uma vez mais a minha homenagem…:
"O MENINO DE ALEPPO…"
Aleppo, Síria, Oito horas e trinta minutos da manhã, Bairro de Al-Qatergui, Verão quente, Muito quente, Em pleno Outono, Terra de horrores, Uma ambulância acaba de chegar, Qual anjo descendo até às portas do Inferno…
Rapidamente O socorrista Ammer Hamami, Corre para um edifício, Destruído à bomba, Para voltar Trazendo nos braços Omran Daqneesh, O menino de Aleppo, Que encontrou deitado sobre os escombros, Parecendo fatigado Depois de uma longa conversa Com a velha Morte… No rosto do infante O sangue quase secou, Mas tem demora…
O cabelo de pardal voando em liberdade É agora uma pasta turva, desalinhada, Sem brilho, cinzenta, A espaços arruivada por glóbulos secos Fugidos, há pouco, De um crânio fissurado Pelos detritos urbanos De um bombardeamento lançado Já noite finda. Nessa madrugada…
A boca não ri, O olhar parou de olhar Mas os olhos ainda Derivam sem sentido…
A face esquerda Está pintada de uma guerra Para a qual não foi chamado, Pintada não, manchada, Mas quase parece tatuagem, Uma rubra máscara de horror Só por zombies sonhada E os zombies nem existem…
Os lábios não falam, O menino não chora Nem chama por ninguém, O lado direito do rosto é obra prima de pó, De sangue, de barro, Dos aviões de Putin A mando do Governo Sírio, De Bashar al-Assad, Que o poder vicia, Corrompe (mas sabe tão bem).
Um verdadeiro tributo À hipocrisia Dos mandantes, Um dano colateral De cinco anos E pés descalços, Entre outros percalços…
A camisola de algodão, De mangas curtas, Ornada de bonecos coloridos, E o pequeno calção Subido a meio das coxas, Perderam juntos o design De pijama de verão, Viraram camuflado de soldado Que não vence batalhas, Que já perdeu a guerra Onde nunca tinha entrado…
Aleppo, Síria, Oito horas e quarenta minutos Da manhã, Ammer senta Omran Num banco cor de laranja Da ambulância De interior limpo, Quase imaculado, Um corpo estranho de puro Numa luta suja… E rapidamente o socorrista Volta a sair, Mais umas saídas, Na busca infinda por outras vidas…
O menino de Aleppo Ali só, ali, nessa viatura, Onde o contraste gritante da imagem Parece chorar As lágrimas Que Omran nunca verteu.
Subitamente, O menino leva a mão À face esquerda, Estrega o olho Invadido pelo seu próprio sangue E a máscara dessa face aumenta, Cresce, diaboliza E me atormenta. Enquanto a pele, Agora encarnada, Já chega ao queixo Ensanguentada… Com surpresa os seus olhos descem Sobre a mão Que, nesta hora, O sangue já mancha, Parece não entender a cor, A humidade ou o odor…
E eu vi tudo, E todo o mundo viu, Que o jornalista Mahmud Rastan Tudo filmou Para a História, para nós, Para as vergonhas do Século XXI, Nesta entrada sangrenta De um Terceiro Milénio Que continua negro, De trevas, de atrocidades, Coisas vulgares, Sem quaisquer novidades…
O menino de Aleppo Nunca chorou, Mas chorei eu por ele E vós também, Muitos de vós, E todos os outros Que viram o que eu vi. Voltará ele A sorrir na vida um dia? Entenderá alguma vez O que não tem sentido? O que se dá a um menino A quem a infância foi ceifada? O que se diz? O que se faz? Talvez o silêncio não diga nada… Talvez um dia ele fique em paz… Menino de Aleppo, Menino de Aleppo, Porque não choras de cara tapada?
Saí do sofá, Frente à televisão, E fui para a cama Estranhamente cansado Adormeci… Acordei de repente, Em sobressalto, Chorando o grito Mudo de Omran, O menino de Aleppo, O meu menino… Podia ser… podia…
Gil Saraiva
Por hoje me despeço Berta, deixo um beijo amigo, o mesmo de sempre,
Há quatro anos também ficou por te enviar uma carta sobre Mário Soares a propósito do seu 96º. aniversário de nascimento se fosse vivo. Na altura falei-te de como conheci a pessoa primeiro e o político posteriormente. O mundo que nos parece grande é na realidade uma aldeia pequenina.
Nos anos 70 pouco tempo depois da chegada de Mário Soares a Portugal conheci-o na Fuzeta onde ele através da mulher, a Drª. Maria Barroso passava, muitas vezes, férias. Ela tinha raízes familiares na aldeia e era frequente vê-lo na praia com os pés na água a conversar com os amigos da terra.
Foi na tasca de praia, do sr. Caetano onde o ouvi prometer, pela primeira vez, numa altura em que era ele que encabeçava o Governo Na Assembleia Constituinte, uma nova barra aos pescadores da Fuzeta, uma velha aspiração dos pescadores locais.
Anos mais tarde também o ouvi explicar que criar uma barra de raiz na terra era muito complicado pela forma como a areia, na barra, tinha a tendência de assorear, obstruindo a entrada.
Houve um domingo, pouco depois da hora do almoço, numa tarde quente de agosto, em que Soares e a esposa, tocaram à porta da minha casa. Fui eu quem foi abrir. Maria de Jesus Barroso perguntava-me simpaticamente se o Sr. Drº. Saraiva estava em casa e se poderia atendê-los. Mário Soares estava com um ar enjoado, visivelmente perturbado com alguma coisa.
Mandei-os entrar para a salinha da entrada que também servia de consultório médico do meu pai e fui chamá-lo. Soube nessa noite que o meu pai lhe diagnosticara uma ligeira intoxicação alimentar e três dias depois voltei a vê-lo na praia, na conversa, com duas pessoas que deviam ser visitas, pelo ar de Soares, bastante mais formal do que era hábito.
Em 1991 estive num jantar de campanha de Mário Soares à Presidência da República no restaurante do Hotel Eva, em Faro. Nessa altura já eu era, desde 1989, militante do Partido Socialista e ocupava um cargo na comissão executiva da Comissão Política Distrital do PS Algarve.
Logo à entrada para o hotel, ainda na receção, encontrei-me com Maria Barroso, que me reconheceu e me convidou para a sua mesa, durante o jantar que, diga-se, foi um jantar memorável em que estive mais de uma hora à conversa com Maria Barroso, que, posso afirmar sem problema de errar, era uma pessoa fabulosa.
Durante as passagens de Mário Soares pela Fuzeta falei por diversas vezes com ele e posso afirmar que era uma pessoa de uma simplicidade estonteante, simpático, cordial e bem-humorado. Agora que faria 100 anos a 7 de dezembro desde a data do seu nascimento, a minha melhor homenagem é mesmo dizer que Soares era fixe.
Uma pessoa simpática, nada petulante, muito cordial e com uma excelente memória para caras, tal como a esposa que me reconheceu imediatamente em 1991, uns 10 anos depois de me ter visto pela última vez. Por hoje é tudo, querida Berta, despede-se com um beijo carinhoso, este teu amigo,