Carta à Berta: Os Candidatos às Eleições Presidenciais de 24 de Janeiro - Vitorino Silva vulgo Tino de Rans
Olá Berta,
O sexto e penúltimo candidato à eleição para a Presidência da República de que te falarei hoje é Vitorino Silva, vulgo Tino de Rans, o candidato do povo, com o povo e para o povo. Ele que já é presidente do seu próprio partido, o RIR (Reagir, Incluir e Reciclar), o partido de um homem que afirma precisar tanto da perna direita como da esquerda para poder andar, um partido, efetivamente, de um homem simples, modesto e franco.
O Tino, que pede aos portugueses que votem e que votem com Tino, já nada tem a ver com o parolo calceteiro que um dia ganhou visibilidade ao participar nos “reality shows” “Quinta das Celebridades” em 2005, e “Big Brother VIP”, em 2011, na televisão, ou que fez levantar António Guterres da cadeira, no remoto ano de 1999, num Congresso do Partido Socialista, para o ir abraçar ao púlpito onde tinha acabado de botar discurso, ou até aquele que foi eleito Presidente da Junta de Freguesia de Rans, Concelho de Penafiel, em 1993 e 1997.
Vitorino Silva cresceu como homem, ganhou status, cultura e presença, sem perder o seu típico ar popular, a sua genuína ligação às metáforas simples, na transmissão das ideias e pensamentos sobre a forma como vê o mundo e o poder em Portugal. Os diamantes em bruto às vezes dão pedras de enorme valor quando não se espera grande coisa deles, a magia da transformação está na transmutação da pedra em joia. Uma arte que poucos trabalham com mestria.
Lembro-me que, sem o Professor Joaquim Magalhães, António Aleixo nunca teria sido conhecido de ninguém, nem a beleza da sua simples e sábia poesia popular teria alcançado fama e glória e perpetuado a memória do homem para além da sua própria vida. É precisamente isso que eu acho que falta a Tino de Rans.
Tino precisa de um especialista em transformar pedras em joias, um alguém que ajude o calceteiro a passar de um lapidador em bruto cheio de potencial e valor num perito da joalharia nacional. Afinal, não foi à toa que Vitorino Silva transformou o ingénuo personagem com que se deu a conhecer na televisão num homem que, sendo calceteiro, já conseguiu dar à filha um curso universitário, ser Presidente de uma Junta de Freguesia pelo PS por dois mandatos e, também por duas vezes, o que é obra, angariar 7.500 assinaturas para ser candidato, por direito próprio, a Presidente da República Portuguesa.
Até levou a cabo a hercúlea tarefa de fundar e legalizar um partido político, o que na Lusitânia não é obra fácil de concretizar. Tenacidade, perseverança, simplicidade, honestidade, trabalho, persistência, resistência contra a ostracização e muita luta, são caraterísticas fáceis de lhe reconhecer. A metáfora das pedras coloridas da praia e a sua oferta ao outro candidato com quem debatia, aludindo a que Portugal tem no seu povo gente de todas as raças e etnias, fez furor no país e pôs na ordem o seu opositor.
Concluía nesse debate, o senhor Vitorino Silva, com a sua metáfora, que a ser Presidente o seria de todos os Portugueses. E concluía bem, pois obrigou o opositor a reconhecer que isso era algo que jamais conseguiria fazer, por ter de excluir muita gente, logo à partida, devido ao seu apertado crivo na escolha e seleção daquilo que considerava ser gente de bem.
Tino de Rans, já fez um filho(a), já plantou uma árvore e já escreveu um livro (uma autobiografia “A… Corda p’rá Vida”, com prefácio do Bispo Dom Manuel Martins), que diabo, até já editou um disco, o “Tinomania”, onde se incluía a música de sucesso "Pão, Pão Fiambre, Fiambre”. Não precisa de muito mais para ser uma pessoa que será lembrada na história da sua terra natal, quer como um lutador quer como um verdadeiro vencedor, independentemente de a onde este homem de 49 anos possa ainda vir a chegar.
Vitorino Silva é alguém fascinante. Um português do povo que nunca quis ser populista e que ganhou a simpatia e admiração do país. É com um sorriso na alma que me despeço, querida Berta. Amanhã termino esta série de cartas sobre os candidatos à Presidência da Républica Portuguesa. Recebe um chi-coração deste que sempre te recorda na alma,
Gil Saraiva