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Alegadamente

Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente correto.

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Carta à Berta nº. 194: Só Eu Sei Porque Fico Em Casa! Crime Contra a Humanidade!

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Olá Berta,

No presente momento não sei se sou, ou não, portador assintomático do Coronavírus. Conforme já te contei, durante a minha última passagem pelo hospital entre 3 e 14 de abril, existiram 3 casos confirmados de Covid-19, entre os pacientes, no piso onde estive internado.

Embora bastante doente, do meu problema de vesícula, enquanto jornalista com 40 anos de terreno, fiz o que sempre fui ensinado a fazer, investiguei. Foi por isso mesmo que todo o pessoal hospitalar do meu piso foi enviado para casa, de quarentena, e testado na busca por mais casos positivos de Covid-19.

Uma excelente equipa e bons profissionais. Escaparam alguns médicos e um ou outro enfermeiro, ausentes durante as datas de aparecimento destes casos. Contudo, nós, os pacientes não fomos testados ao ter alta da instituição, pior, a administração abafou o caso, não nos informando do ocorrido, como se imbecil fosse sinónimo de paciente, e nem quero imaginar porquê. Contudo, no meu entender, nunca o teriam feito se a ordem não tivesse vindo da própria Direção Geral de Saúde.

Não sei se a ponderação de não divulgação se deveu ao facto de, na data dos acontecimentos, apenas estarmos 13 pacientes naquele andar ou se a habilidade serviu para evitar o encerramento do hospital.

Não importa, eu sou dos que ainda confia nas competências de saúde pública do nosso Governo, mesmo quando nos escondem certos factos. O importante aqui, neste momento, é que decidi manter o meu total isolamento social, em quarentena, até ao próximo dia 23 do corrente mês. Perguntar-me-ás se estou preocupado? Claro que sim, sou um paciente de risco não apenas pelos AVC, mas pelos problemas respiratórios de 51 anos de fumador e pelo facto acrescido de estar, presentemente, com uma grave inflamação na vesícula.

Aliás, estou convencido, pelas análises regulares que faço aos dados divulgados nacional e internacionalmente que existe uma estratégia mundial, liderada pela Organização Mundial de Saúde, a OMS, para apenas serem revelados 10% no número total de infetados, a nível mundial, como forma de se evitar o pânico generalizado. Se eu tiver razão, no final de 2020, se formos averiguar o aumento mundial de óbitos deste ano, face ao ano de 2019, verificaremos que cada milhão a cima dos 58 será devido ao aparecimento do Coronavírus.

Se na diferença final de 2020 o mundo tiver um registo superior a 62 milhões de fatalidades a minha análise estará correta. Aliás, cada milhão de mortos a mais, a cima dos 58 milhões, só pode ser devida ao Coronavírus. O número de óbitos anuais, no mundo, nos últimos 5 anos, tem estado estável.

A realidade aponta para um panorama regular de falecimentos anuais entre: um mínimo de 56 milhões e um máximo de 58 milhões, por cada ano. A cima disto a causa de morte deveria chamar-se: Covid-19. Esta é uma zona onde a realidade não poderá ser escondida.

Contudo, a decisão de Donald Trump, de retirar o apoio dos Estados Unidos à OMS, cujo montante ascende a quase 500 milhões de dólares, só este ano, não só é repugnante como precisaria ser considerado Crime Contra a Humanidade e o seu executor deveria ser julgado em Haia por este facto. Há coisas que nem a política amalucada de alguns líderes pode, de forma alguma, justificar.

Desde 1948, praticamente todos os países, com capacidade de participação, num total de 194, colaboraram sem qualquer interrupção, percentualmente, com uma pequena parcela do seu PIB para esta organização fundada no seio da ONU. A fatia paga pelos Estados Unidos da América é tão expressiva quanto a dos outros povos, ou seja, uma percentagem fixa do seu PIB anual.

No entanto, por ser quase um continente, a retirada da verba americana da equação, estrangula, por completo, a independência e viabilidade da OMS. Uma atitude sem precedentes que deveria ser julgada, no meu alegado entendimento, criminalmente. Prejudicar o mundo na luta contra a doença é um crime monstruoso sem precedentes na história universal.

Por hoje é tudo, recebe um beijo deste teu amigo,

Gil Saraiva

Carta à Berta nº. 87: A Teoria do Amor - Parte III - Viagem Para o Paraíso

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Olá Berta,

Desculpa ontem ter enviado 2 cartas, mas tive que desabafar. Há coisas que não devem ficar para o dia seguinte. Sei que não te importas destes pequenos abusos da minha parte, mas mesmo assim, por seres a amiga que és, acho que fica bem uma justificação.

Mando-te a terceira parte do poema que te tenho enviado aos poucos porque, ao fim ao cabo, são 4 poemas num só. Não quero que apanhes um enjoo de linguagem poética. Assim, aos poucos digeres melhor. Aqui vai:

 

"OS OUTROS - TRAGÉDIA EM QUATRO ATOS"

 

                   III

 

"VIAGEM PARA O PARAÍSO"

 

Perante os migrantes vindo do Oriente,

A Europa justa vai abrir os portões,

Dizem os líderes da União Europeia,

Criam cotas, repartem apoios, vão à televisão…

Mas a verdade esconde-se, abriga-se,

E o que se fala nada quer dizer, nem tem tradução;

Mas todos prometem intenções tão boas,

Numa teoria que jamais será Tese, Lei ou Saber.

 

Aceitam milhares, dizem os jornais,

Mas fazem-se muros, que é farpado o arame,

Entram meia dúzia, um pouco mais, mas de pouco não passa,

A custo, a medo, que a vergonha não esconde a cara…

 

Impera o cinismo, dizem que é cedo,

Mas para os migrantes o tempo parou,

E tentam entrar de qualquer maneira nessa Europa

Onde solidariedade se escreve a borracha,

Onde esperança é palavra oca que o vento varreu…

 

Por entre os milhares, fugidos da Síria curda,

Entre fome e sangue, entre dor, pânico e sobrevivência,

Uma família que o lar perdeu na perdida Kobane,

Já na Turquia, procura uma forma de chegar à Grécia, a Kos,

Nem terra, nem ar, que apenas o mar é solução…

 

E ali, em Bodrum, a dois passos da Europa,

Um casal com dois filhos decide arriscar,

Um entre os milhares que já são milhões.

 

Da praia de Ali Hoca partem de barco feito borracha

Que apaga vidas…

Onde cabem dez viajam cinquenta,

E dá-se a tormenta, o naufrágio, mais um,

Sobrevive o pai, sucumbe a mãe e as duas crianças,

De três e cinco anos que a idade é tenra

Mas a morte não.

 

A viajem acaba, como começou, em calamidade,

Igual a tantas outras que a precederam,

E assim chegaram, todos ou quase, por fim, finalmente,

A um paraíso que não tem país.

 

Sabes, minha amiga, costumo dizer que a maior sorte que tive em toda a minha vida foi ter nascido em Portugal. Para esta gente que nasceu nestes lugares, para onde o inferno tem os portões abertos, sobreviver já é uma aventura. Quando penso nisso e nos meus problemas acho que reclamo de barriga cheia.

Deixo-te um beijo de despedida, com as saudades que imaginas deste teu velho amigo de sempre,

 

Gil Saraiva

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