Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
Esta é a hora de concluir as origens do tal de Senhor da Bruma, que se assume como parte da imaterialidade que me constitui. É giro, mesmo que nesta estranha virtualidade, seja possível assumirmos identidades paralelas àquela para que fomos inicialmente moldados.
Continuo a aguardar as tuas impressões sobre a temática. Tens andado a poupar nas palavras ou achas este meu existir um perfeito disparate. Podes dizer livremente o que pensas minha querida Berta. Juro que não me zango.
----- " -----
Diário Secreto do Senhor da Bruma – Origens - 3.2
Contudo, a partir de abril de 1994, tudo se precipitou. Um seminário na capital, de nome “Portugal na Internet” apresentava aos jornalistas e ao público, pela primeira vez, com caráter oficial, a internet em funcionamento. Para quem não tinha tido a minha sorte, e não se movia nos meios universitários, foi quase como a segunda revolução de abril, depois da primeira, 20 anos antes.
Uns 2 anos e 3 meses depois fundei a minha própria empresa de informática no Algarve, a “Ciberlusa” e em 1995, em setembro, lancei o primeiro Cibercafé da Península Ibérica, o “CiberBar” em Faro. Depois apareceu, ainda nesse ano, o “Internet Café” em Madrid e, logo de seguida, o “Ciberbica” em Lisboa. Foi nesse ano, em que se venderam ao público os primeiros acessos à internet, tendo eu conseguido, com a minha empresa, vender sozinho, mil e cem dos primeiros 3000 acessos postos a funcionar no mercado português. A coisa foi tão surpreendente que fui convidado pela Telepac, do grupo Portugal Telecom, a ir a Lisboa apresentar numa reunião o porquê de tão surpreendente sucesso. Afinal tinha vendido, à minha conta, mais acessos que a Telepac e a empresa mãe, a Portugal Telecom. Cada uma delas com 900 e tal vendas.
Foi ainda nesse ano que lancei aquele que foi o primeiro livro inédito e integral a ser publicado na internet no mundo inteiro. Chamava-se “O Próximo Homem” e era um livro de poesia. Ainda não tinha sido inventado o nome de “ebook “.
O Senhor da Bruma foi evoluindo de plataforma em plataforma, do “irc” e da “efnet” para outras redes, incluindo a portuguesa “ptnet”, passou pelas redes sociais como o “badoo”, o “meetic”, a “sherezade” e o “two”, o “Messenger” da “msn” até chegar ao “Twitter” e ao “Facebook”, “Instagram”, “Linkedin”, entre outras.
Em 2019 o Senhor da Bruma virou personagem de ficção na trilogia dos romances das “Memórias do Senhor da Bruma”, de onde saem os romances “Senhor da Bruma”, “O Cavaleiro dos Limbos” e “Haragano, o Etéreo”. Contudo, as 2 últimas obras ainda estão em fase de conclusão, uma devendo estar terminada ainda em 2020 e a última em 2021, se tudo correr de feição.
Sem leitores o escritor só existe no etéreo mundo da imaginação. Àqueles que, de uma maneira ou de outra, me forem descobrindo, o meu muito obrigado. Estarei sempre aqui, neste espaço onde a imaginação é ilimitada.
Para prevenir eventuais publicações, indevidas ou não, da totalidade ou de parte deste diário, para além da eventualidade de processos judiciais, fica referido claramente que tudo o que aqui for escrito é apenas a minha visão e que as verdades descritas não são mais do que alegadamente reais, uma vez que, mais provavelmente, derivam do fruto exclusivo da minha imaginação.
----- " -----
Fico por aqui, com as origens terminadas está na altura de dar início ao diário propriamente dito. Despede-se carinhosamente como sempre, este teu amigalhaço, sempre ao teu serviço e disposição,
Depois da introdução está na altura de te explicar as origens do Senhor da Bruma. Para não ser demasiado longo vou fazê-lo em duas partes. Espero que a leitura continue do teu agrado e que esta carta te vá encontrar de boa saúde e mais desconfinada do que antes.
Ficas a saber que és a primeira pessoa a ter acesso a este documento que, por meio destas cartas, sai pela primeira vez da gaveta e entra na esfera pública. Espero, sinceramente, estar à altura das tuas expetativas.
----- " -----
Diário Secreto do Senhor da Bruma – Origens - 3.1
O Senhor da Bruma nasceu em 1992 com o primeiro acesso que tive à internet no Instituto Superior Técnico, em Lisboa. Isso foi pouco tempo antes de eu fazer o meu trigésimo segundo aniversário. A convite, de um amigo e professor da instituição, entrei numa rede internacional de Internet Relay Chat (IRC), de origem americana, que ligava através de servidores, colocados nas universidades de todo o mundo, os utilizadores entre si independentemente do ponto do globo onde se encontrassem. Existiam já várias redes dessas a funcionar, mas eu usei aquela a que o meu amigo me conectou: a “efnet”, porque, segundo ele, era a melhor.
Para usar a rede de conversas escritas cada utilizador tinha que escolher um pseudónimo (a que os americanos chamavam de “nick” ou “nick name”, que é o mesmo que dizer alcunha). Tentei vários, até que ao experimentar “Sir” consegui um nome ainda sem uso, livre para adotar como o meu eu na referida rede. Com o correr dos anos o pseudónimo foi tendo novos nomes, conforme os apetites da época. Fui “Sir”, “Vagabundo dos Limbos”, “Lord os the Ages”, “El Condor Pasa”, “Haragano”, “Etéreo” e, por fim, “Senhor da Bruma”.
Logo no primeiro dia falei, numa sala de conversação que pouco mais era que uma folha em branco com uma série de “nicks” alinhados à direita do monitor onde, de cada vez que alguém escrevia uma frase, aparecia o “nick” também à esquerda acompanhado pelo respetivo texto. Cada sala de conversação chamava-se um canal, e nalguns deles era preciso uma palavra passe para lhes aceder. Se um utilizador com capacidades de autorizar entradas (os “Masters”) nos permitia, nós acedíamos, se não, ficávamos de fora desse canal e tínhamos de procurar outro de acesso livre, onde pudéssemos entrar. Era assim que a coisa funcionava.
Também tínhamos a possibilidade de falar só com um outro utilizador, a janela de texto abria para os 2 apenas e era chamada de um “Privado”. Foi esse primeiro dia que me “agarrou” à internet. Entrei num canal, por convite de um utilizador, chamado de #Turma (todos os canais ou salas eram precedidos de um sinal de cardinal). Era uma sala onde só se falava em português. No espaço de 2 horas eu já tinha trocado diálogo com gente em Macau, Estados Unidos, Canadá, França, Angola, África do Sul, Goa, Timor, Reino Unido, Suécia, Brasil, México, Roménia, Itália, Japão e Austrália.
----- " -----
Por hoje é tudo, amanhã regresso com a segunda parte das origens. Despede-se, este teu grande amigo, sempre ao dispor para o que for preciso,
Hoje, e nos próximos dias, faço um intervalo no que concerne à revista dos eventos do meu bairro em 2019. Mandar-te-ei o segundo trimestre daqui a mais algum tempo, para que a coisa não se torne uma maçada, em vez de uma curiosidade interessante. Possivelmente voltarei ao próximo trimestre algures no mês seguinte.
Este domingo andei a ler e a rever outras coisas sobre o que se anda a passar por este mundo fora. Podia pegar em vários temas, mas vou dedicar esta carta e talvez as próximas apenas a um deles. Nem sequer vou falar das investigações que fiz no passado sobre ele, e que ainda foram algumas, nem na existência ou não das possíveis evidências. Nada disso, vou apenas referir o que me parece por demais evidente. Contudo, e como sempre, nas minhas crónicas mantenho-me no domínio estrito do alegadamente. Estou-me a referir a Isabel dos Santos e às origens que têm sido contadas de um modo que me parece, no mínimo, lírico e bem pouco próximo daquela que, para mim, é a realidade. Esta primeira carta é o início de um tema que divido em 4 atos, ou cartas.
Porém, e para agora, vamos esquecer a princesa de Angola e voltar atrás no tempo. Não são 10 nem 20 anos… imagina-te, querida Berta, num retrocesso longínquo, distante e nublado. Pensa numa época onde prevalecia a lei do mais forte, do mais apto e do hábil em impor a sua vontade, forma de estar e de agir. É nesse tempo que começo.
Em meados de mil e seiscentos a coroa portuguesa contratou um tal de Baltazar Van Dum. Um homem, de origem holandesa, especializado no comércio de escravos. Para muitos um pirata, nome dado aos mercenários e a alguns esclavagistas arrojados da época, que procediam a capturas, transporte e negócios de escravos intercontinentais. O nome de família de Baltazar evoluiu ao longo dos tempos até se tornar Van-Dunem. Mas a origem é toda deste homem que percorreu todos os territórios ultramarinos portugueses da época a que me refiro.
Baltazar Van Dum esteve em Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Moçambique, Angola, Guiné, no Brasil e em mais algumas regiões que, para a história em causa não são relevantes. O seu acordo com a coroa nacional incluía toda a África Portuguesa e o Brasil. É de assinalar que ele fez o possível e impossível por deixar bem marcada essa responsabilidade.
Diz uma espécie de lenda angolana que Baltazar teve mais filhos do que anos de idade. Filhos da própria mulher, uma negra que se dizia ser o símbolo da beleza africana, de concubinas, de prostitutas e de escravas. Contudo, ao contrário do macho latino, que tenta passar despercebido e tudo fazer à socapa, na sombra, sem assumir grandes responsabilidades, o muito ilustre pirata Baltazar funcionava precisamente ao contrário. Fazia questão de dar o seu nome a todos os seus descendentes, fossem eles filhos de que tipo de mulher fossem.
É por isso mesmo que o apelido, atualmente “Van-Dunem”, aparece difundido abundantemente por toda a África, América do Sul e Estados Unidos da América, onde o primeiro Van Dunem escravo aportou no século XVII, numa primeira remessa de 20 escravos enviados por Baltazar, tão importante que, ainda hoje, é assinalada nas relações bilaterais entre Angola e os Estados Unidos.
A poligamia estava para Baltazar como o vinho para Baco. Era, mais do que uma imagem de marca, uma questão de princípio. Rogam as histórias de então que não havia mulher negra que passasse na sua presença que não fosse devidamente testada e carimbada com o fálico selo de Van Dum. Certamente um exagero, contudo, bem demonstrativo da “fama cobridora” deste verdadeiro touro ou garanhão dos novos mundos que, então, ganhavam protagonismo para a economia mundial e para o desenvolvimento e enriquecimento da Civilização Ocidental.
Pode-te parecer, querida amiga, que estou a ser exagerado, mas, este meu primeiro herói, foi alvo de um livro de Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, sob o famoso pseudónimo de Pepetela, um dos nomes maiores do romance angolano, que sobre ele romanceou, descrevendo aquilo que eram os filhos legítimos da mulher, que ele chama de Dona Inocência, e os filhos das escravas da casa e não só, os chamados filhos do quintal. O livro tem um nome muito sugestivo que resume muito do que aqui disse e direi, de uma forma romanceada, mais restrita, mas com o mesmo significado; chama-se: “A Gloriosa Família”, e está deliciosamente escrito por um dos grandes escritores angolanos que, em Portugal, foi editado pelas Publicações Dom Quixote.
Mais te poderia descrever sobre este profícuo homem do passado, este Baltazar sem controle de natalidade, porém, para o cerne da questão, o que importa mesmo é saber que não existe na atualidade, em toda a América ou em África um Van-Dunem cuja origem não seja essa, única e comum, aliás, aquela que aqui descrevi.
Espero que estejas a gostar da narrativa, despeço-me com um gigante beijo de carinho, este que será sempre teu amigo enquanto o coração lhe bater,