Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
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No presente momento não sei se sou, ou não, portador assintomático do Coronavírus. Conforme já te contei, durante a minha última passagem pelo hospital entre 3 e 14 de abril, existiram 3 casos confirmados de Covid-19, entre os pacientes, no piso onde estive internado.
Embora bastante doente, do meu problema de vesícula, enquanto jornalista com 40 anos de terreno, fiz o que sempre fui ensinado a fazer, investiguei. Foi por isso mesmo que todo o pessoal hospitalar do meu piso foi enviado para casa, de quarentena, e testado na busca por mais casos positivos de Covid-19.
Uma excelente equipa e bons profissionais. Escaparam alguns médicos e um ou outro enfermeiro, ausentes durante as datas de aparecimento destes casos. Contudo, nós, os pacientes não fomos testados ao ter alta da instituição, pior, a administração abafou o caso, não nos informando do ocorrido, como se imbecil fosse sinónimo de paciente, e nem quero imaginar porquê. Contudo, no meu entender, nunca o teriam feito se a ordem não tivesse vindo da própria Direção Geral de Saúde.
Não sei se a ponderação de não divulgação se deveu ao facto de, na data dos acontecimentos, apenas estarmos 13 pacientes naquele andar ou se a habilidade serviu para evitar o encerramento do hospital.
Não importa, eu sou dos que ainda confia nas competências de saúde pública do nosso Governo, mesmo quando nos escondem certos factos. O importante aqui, neste momento, é que decidi manter o meu total isolamento social, em quarentena, até ao próximo dia 23 do corrente mês. Perguntar-me-ás se estou preocupado? Claro que sim, sou um paciente de risco não apenas pelos AVC, mas pelos problemas respiratórios de 51 anos de fumador e pelo facto acrescido de estar, presentemente, com uma grave inflamação na vesícula.
Aliás, estou convencido, pelas análises regulares que faço aos dados divulgados nacional e internacionalmente que existe uma estratégia mundial, liderada pela Organização Mundial de Saúde, a OMS, para apenas serem revelados 10% no número total de infetados, a nível mundial, como forma de se evitar o pânico generalizado. Se eu tiver razão, no final de 2020, se formos averiguar o aumento mundial de óbitos deste ano, face ao ano de 2019, verificaremos que cada milhão a cima dos 58 será devido ao aparecimento do Coronavírus.
Se na diferença final de 2020 o mundo tiver um registo superior a 62 milhões de fatalidades a minha análise estará correta. Aliás, cada milhão de mortos a mais, a cima dos 58 milhões, só pode ser devida ao Coronavírus. O número de óbitos anuais, no mundo, nos últimos 5 anos, tem estado estável.
A realidade aponta para um panorama regular de falecimentos anuais entre: um mínimo de 56 milhões e um máximo de 58 milhões, por cada ano. A cima disto a causa de morte deveria chamar-se: Covid-19. Esta é uma zona onde a realidade não poderá ser escondida.
Contudo, a decisão de Donald Trump, de retirar o apoio dos Estados Unidos à OMS, cujo montante ascende a quase 500 milhões de dólares, só este ano, não só é repugnante como precisaria ser considerado Crime Contra a Humanidade e o seu executor deveria ser julgado em Haia por este facto. Há coisas que nem a política amalucada de alguns líderes pode, de forma alguma, justificar.
Desde 1948, praticamente todos os países, com capacidade de participação, num total de 194, colaboraram sem qualquer interrupção, percentualmente, com uma pequena parcela do seu PIB para esta organização fundada no seio da ONU. A fatia paga pelos Estados Unidos da América é tão expressiva quanto a dos outros povos, ou seja, uma percentagem fixa do seu PIB anual.
No entanto, por ser quase um continente, a retirada da verba americana da equação, estrangula, por completo, a independência e viabilidade da OMS. Uma atitude sem precedentes que deveria ser julgada, no meu alegado entendimento, criminalmente. Prejudicar o mundo na luta contra a doença é um crime monstruoso sem precedentes na história universal.
Conforme sabes sou um fervoroso apoiante de todas as medidas que o Governo de Portugal tome, no sentido de combater o Covid-19, sejam restrições, contenções, encerramentos, uso da polícia e, se preciso for, dos militares, enfim, sou a favor de tudo o que nos ajude, enquanto povo, a combatermos a pandemia. Contudo, não te esqueças de que tudo o que aqui escrevo continua a ser no domínio estrito do alegadamente.
Defendo igualmente a forma como o Ministério da Saúde, e a Direção Geral de Saúde, têm vindo a implementar medidas, tornando flexíveis e evolutivos os protocolos definidos, seguindo uma política e estratégia balizadas numa convicção profunda de que estão a fazer o melhor, escolhendo, conjuntamente, aqueles procedimentos que consideram ser os mais ajustados, a cada momento e, por isso mesmo, os mais eficazes e corretos.
Também apoio as medidas tomadas a favor de proteger a vertente económica do problema, e estou, inclusivamente, convencido que, muito em breve, será o próprio Estado a inventar novas formas de tornar mais simples os processos, candidaturas a fundos, créditos, apoios e toda a quantidade de medidas. Afinal, sempre com a preocupação que visa evitar que a situação económica se afunde mais do que o necessário, que o desemprego não dispare e que as empresas não encerrem para todo o sempre, levando este país a uma situação que seria totalmente desastrosa.
Estou convicto que a nossa lusa capacidade do desenrasque há de encontrar maneiras de agilizar o acesso a tudo isso, permitindo que as medidas tomadas se tornem, efetivamente, úteis e, quanto mais simplificadas, melhores.
Estava até disposto a aceitar que este Governo, e outros Órgãos de soberania, em vez da transparência e política de verdade que comunicaram, decidissem revelar apenas aquilo que entendessem ser útil de anunciar ao país e que, guardassem para si mesmos, dados e elementos que pensassem ser mais melindrosos de divulgar ou poderem ser potenciais causadores de pânicos desnecessários.
Tudo isto eu tenho estado disposto a aceitar. Aliás, eu, e pelo que me tenho apercebido, a grande maioria do povo lusitano. Ninguém tem qualquer vontade de criar entraves ou problemas à forma como o nosso Estado está a lidar com todo este enorme pandemónio.
Tanto assim é que temos assistido pessoas, e entidades, a fazer doações e a prestar colaboração, sendo esta solicitada ou não, em benefício deste enorme bem comum que somos todos nós. Sejam os donativos do Cristiano Ronaldo ou os da EDP ou, ainda, tantos outros, que nos têm chegado aos ouvidos, vindos dos mais diferentes campos da sociedade que constituímos. É realmente bonito de se ver e de se sentir a solidariedade geral e os frutos que a mesma é capaz de produzir. Pessoalmente, nem pensava que as coisas viessem a ser assim tão claras e tão solidárias.
Ao dia de hoje, do conjunto mundial de cerca de 210 territórios e países, nós vamos em décimo sexto na lista dos mais infetados. Nesta perspetiva não somos os piores embora estejamos muito longe de estar entre os melhores. Aliás, sendo nós um povo espalhado pelo mundo e aberto a toda a pluralidade de pessoas, e ao turismo, seria, realmente, difícil não sermos alvo de um contágio bastante superior a muitos e muitos países.
Porém (e busílis está sempre neste, “porém”), começo a achar que a aclamada verdade e transparência é, mais baça e opaca do que eu imaginava. As suspeitas começaram a surgir-me por volta do dia 16 e o meu radar, de jornalista com 40 anos de atividade e principalmente com 25 anos de investigação, passou a tentar abranger aspetos sobre os quais não tinha pensado até à data.
O primeiro elemento irritante, qual alergia primaveril que se instala contra a nossa vontade, começou depois do Presidente da Organização Mundial de Saúde, anunciar os seus já famosos 3 conselhos, a todos os países do mundo, pela televisão. No dia 16 de março todos nós os ouvimos e resumem-se, também eles, a outras 3 palavras “testes, testes, testes”.
Chamada que foi a minha atenção para a necessidade de se fazerem testes resolvi ir ver quantos testes o nosso Governo, pelo comando da Direção Geral de Saúde, já tinha efetuado ao Covid-19. Para meu espanto a informação era omissa.
A pulga atrás da orelha só incomoda quando existe. Se não existir, certamente, não podemos dar por ela. Depois de muita averiguação constatei que, efetivamente, todos os principais países mais afetados por esta crise, principalmente os do top 20, tinham nos seus gráficos e sites de divulgação, o total de testes realizados até à data, bem como a quantidade diária que ia sendo processada, mas Portugal não.
Passei os últimos 7 dias a incomodar todos os amigos, que tenho na comunicação social, na política e na saúde, com as minhas perguntas: Quantos testes fazemos em cada dia? Quantos testes já fizemos até à data? Finalmente, nos últimos 2 dias, a pergunta começou a surgir mais insistentemente na televisão, na imprensa e na internet.
Coincidência, provavelmente (mas também pode ter sido que algumas das minhas amizades possam ter influenciado terceiros), comecei a ouvir e a ver a pergunta feita em vários sítios: Nas 2 últimas conferências de imprensa de ontem e de hoje na DGS, na Sic, e também, através de Paulo Portas e de José Alberto Carvalho, na TVI, e hoje até no Correio da Manhã, na sua televisão, na Visão e no Expresso.
Contudo, tal com uma enguia que escapa às mãos de quem a tenta apanhar, nunca, em momento algum, a resposta foi clara. A capacidade para fazer 15 mil testes, 9 mil testes, 4 mil testes, foi sendo dada, de forma avulsa e desconsertada. Até que hoje o Secretário de Estado da Saúde afirmou que estavam a fazer cerca de 2200 testes por dia.
Porém, mais uma vez o número estava incorreto, pois dia 22 a Diretora Geral de Saúde falara, muito a despachar, em terem realizado 1850 testes no dia 21 e, hoje, momentos antes desse número, o Subdiretor Geral da Saúde afirmara que tinham sido efetuados cerca de 1900 e tal testes no dia 23. Em resumo, números atirados para o ar, sem a preocupação de haver precisão nas declarações e sempre à pressa, desviando o tema e muito difusamente de fugida.
Mais grave ainda, eu que ouvira, em direto, o Presidente da Organização Mundial de Saúde a falar e a insistir na necessidade de se realizarem muitos testes, ouvi hoje pela boca do Secretário de Estado da Saúde, coadjuvado pelo Subdiretor Geral da Saúde, dizer que fazer muitos testes era uma má política, pois podiam dar uma falsa noção de segurança, não só aos próprios profissionais de saúde que os fizessem como à população que os realizassem. Efetivamente, afirmavam, todos podiam ficar infetados 5 minutos depois de terem feito os testes.
Se este despautério fosse verdadeiro, conforme afiançavam, testes à papeira, varicela, tuberculose, raiva ou sida eram igualmente desaconselhados, pois também nestes casos os que testassem negativos poderiam ser contaminados posteriormente, coisa que sabemos ser precisamente o inverso. Para ainda me deixar mais confuso, depois de ontem o Primeiro-Ministro ter dito na TVI que tinham confirmado a compra de 280 mil testes, hoje, o Secretário de Estado da Saúde, fala de apenas 180 mil. É que 100 mil testes é muita diferença para alguém se estar a enganar. Afinal, quantos adquirimos nós?
Já agora outra questão, se o Governo acha que fazer testes em massa (e 280 ou 180 mil nunca poderá ser fazer testes em massa, no meu modesto entender, pelo menos tendo em conta uma população de 10 milhões) para que é que agora estamos a encomendar tantos testes? Ou será que andámos a tapar o Sol com a peneira porque não nos preparámos a tempo, embora tivéssemos tido 2 meses inteiros para agir, nomeadamente janeiro e fevereiro?
Finalmente, ontem e hoje, durante a tarde, começaram-me a chegar por correio eletrónico algumas respostas de todos aqueles a quem eu havia contactado. Uns davam-me conta de alturas em que, alguém do Estado, tinha avançado, relativamente a certos dias, com o número de testes feitos, outros enviavam-me entrevistas ou comunicados onde constavam outras afirmações sobre o número de testes deste ou daquele dia. Enfim, depois de tudo ordenado e somado, consegui concluir que entre 25 de fevereiro e o dia 23 de março, somando os dados, pouco seguros, do privado aos do público, se realizaram cerca de 22 mil testes em Portugal até ontem.
Foi aí que eu entendi o porquê de toda esta trapalhada: Mesmo com um número diminuto de testes feitos, cerca de 11% foram dados como confirmados. Mas a percentagem nem sequer é esta, pois todos os confirmados num primeiro teste foram repetidos para confirmação dos resultados. Ora, isso atira para cima da mesa, com quase 20% de confirmações positivas e afirmativas no universo de testes realizados.
Um susto de meter medo. O que poderíamos nós descobrir se em vez de 22 mil testes já tivéssemos efetuado os 80 mil que, para estarmos em linha proporcional com o que foi realizado pela Coreia do Sul, China, Alemanha ou Itália, já deveríamos ter realizado? A julgar pela proporção, o mais provável, seria ficarmos a saber que temos mais de 9 mil infetados em Portugal.
Em conclusão, se o Estado acha que deve manter estes números ocultos do público que afirme claramente que existem dados e perspetivas que não consideram convenientes nem próprias para divulgação. Podem até nem assumir que não estavam preparados para a quantidade de testes que deveriam ter realizado, isso é passado e não importa mais. Todavia, não venham falar em transparência e verdade para depois se meterem numa embrulhada desta dimensão. Isso mina aquilo que mais nos interessa, ou seja, acreditar que estamos a ser conduzidos por quem tenta fazer o melhor que sabe e pode. Por favor, tenham juízo.
Por hoje fico-me por aqui minha querida amiga Berta, espero amanhã regressar à minha temática de “Os Segredos de Baco”. Já desabafei que chegue por esta semana. Contudo, se eu estiver correto, o pico da pandemia em Portugal, não será no próximo dia 14 como a Ministra da Saúde afirmou, mas no final de abril ou nos primeiros dias de maio. O tempo dará razão a alguém. Beijos deste teu amigo,