Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
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Hoje é o Dia Internacional do Beijo, e não há melhor altura para apresentar a nova sequela do meu livro “O Colecionador de Beijos – Ensaio Sobre o Beijo”, denominada: “O Angariador de Beijos – Uma Temática Para a Eternidade”.
Nos tempos difíceis em que a guerra é o assunto dominante não há nada mais simples do que contrariar a maré enviando um beijo a alguém. Por isso mesmo, minha querida amiga Berta, aqui vai, revelando um pouco deste novo livro, um novo beijo:
Beijo de Namoro, aquele que, embora possa parecer único e facilmente identificável, tem várias correntes ou vias de concretização. Para os românticos trata-se de um beijo de sedução, fascínio e entrega incondicional. Não tem condicionalismos que não sejam os que derivam da própria relação de entrega mútua. Porém, num cenário que envolva duas pessoas cumpridoras de rituais, sejam eles religiosos ou de mero pudor, traduz-se num beijo casto, impoluto, sem troca de línguas ou demoras exageradas pela paixão. Existem variadíssimos tipos de beijos de namoro, todavia, aquele que se considera mais representativo, mais clássico no género, é o que é partilhado na paixão sensual e mútua de quem se pensa entregar cegamente na fusão eterna entre dois seres, onde a pele sente o arrepio da espinha, o coração acelera batimentos sem motivo aparente, as secreções humedecem recantos na derme ardente e a vida parece, finalmente, ter encontrado a razão do seu perfeito existir.
Despeço-me enviando-te um especial beijo de amizade, este teu amigo saudoso que nunca te esquece, por muito que, por vezes, esteja ausente, mas sempre contigo no coração porque a amizade mais do que presença tem memória,
Acaba aqui a segunda parte da conclusão do ensaio sobre o beijo do livro “O Colecionador de Beijos” que editei pela Chiado Books em 2019. Espero como dizes que te tenhas divertido a ler os meus porquês. Hoje, envio também a Bibliografia. Não é para a leres obviamente. Apenas serve para o caso de teres interesse em ver uma ou outra fonte de que me servi na elaboração do ensaio. Assim, e sem mais demoras aqui vai:
“Conclusão
Enfim, beijar gera tranquilidade, conforto físico e psicológico, age neurologicamente proporcionando bem-estar e acelera o metabolismo. O beijo combate a impotência masculina e lubrifica os genitais femininos, promove o apetite sexual no homem e o desejo na mulher, aumentando significativamente a líbido em ambos os sexos. Em resumo, a ciência defende que o beijo prolonga a vida.
Os 435 beijos que aqui foram apresentados são dedicados ao público em geral e a todos os casais que, por um ou outro motivo, se sintam agradados por alguma das descrições apresentadas de maneira a que com isso, se tal lhes apaladar o apetite, possam recriar uma ou outra cena ou até adquirir uma renovada capacidade de inovação inspiradora.
Enquanto estrutura de apresentação decidi usar a ordenação alfabética por forma a facilitar a procura rápida e eficaz de cada beijo. Como curiosidade o número 435 poderia representar os 366 beijos que podem ser dados dia a dia, em ano bissexto, a que ainda se podem juntar mais os 52 ósculos semanais e, inevitavelmente, os 12 referentes aos meses, os devidos às quatro estações e o do ano em si. Porém, se somássemos aqui os beijos considerados equivalentes, como o Beijo de Afinismo que se equipara ao Beijo das Almas Gémeas então, seriam muitos mais, mas isso são contas de outro rosário que não deste ensaio.
O Colecionador de Beijos, enquanto ensaio jornalístico e literário, de matriz sociológica, do ato de bem beijar, embebido da vertente cultural e não perdendo as suas raízes históricas e a composição literária e humanista é, de facto, na minha opinião, um trabalho que ajuda a demonstrar a importância do ato de bem beijar, na senda de uma melhor qualidade de vida da humanidade, tendo em conta que cada ser humano consome, em média, durante toda a sua existência, considerando uma expetativa de 70 anos de sobrevivência, cerca de 20.000 horas a beijar. Beije bem, se tiver a quem.
Bibliografia
As Loucas Curiosidades Sobre Sexo, 2007, Sintra, Portugal, Impala Editores, S.A.
Beaty, Erin, 2017, O beijo Traiçoeiro, SP, Brasil, Editora Seguinte (Companhia das letras).
Ioga, O Caminho da Harmonia, 2009, Barcelona, Espanha, Black Dog & Leventhal Publishers
Jaf, Ivan, 1996, Beijo na Boca, Rio de Janeiro, Brasil, Moderna
James, Eloise, 2017, Um beijo à meia-noite, SP, Brasil, Editora Arqueiro
Johnson, Anne,2002, O essencial do Sexo Tântrico, Lisboa, Editorial Notícias
Kama Sutra, O Caminho da Sensualidade, 2009, Barcelona, Espanha, Black Dog & Leventhal Publishers
Kuraweil, Arthur. 2008, The Torah for Dummies, New Jersey, USA, Wiley Publishing,
Machado, Ana Maria, 1996, Beijos Mágicos, SP, Brasil, Editora FTD
Machado, José Pedro, 1990, Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, 6ª. Ed., Lisboa, Portugal, Livros Horizonte
Machado, José Pedro, 1981, Grande Dicionário da Língua Portuguesa, Sociedade de Língua Portuguesa, Tomo II, Tomo VIII, Lisboa, Portugal, Amigos do Livro
Magonet, Jonathan, 1995, Jewish Explorations of Sexuality, New York, USA, Berghahn Books
Mead, Richelle, 2017, O Beijo das Sombras, Rio de Janeiro, Brasil, Editora Nova Fronteira Participações, S. A.
Melyan, Gary G. & Chu, Wen-Kuang, 2009, I-Chig, O Caminho da Sabedoria, Barcelona, Espanha, Black Dog & Leventhal Publishers
Mitologia, Mitos e Lendas de Todo o Mundo, 2011, Sintra, Portugal, Caracter Entertainment
Moning, Karen Marie, 2001, O Beijo do Highlander, Lx, Portugal, Saída de Emergência
Nova Enciclopédia Larousse, Volume 3, (Dir. Edit. Oliveira, Leonel de),2001, Lisboa, Portugal, Círculo de Leitores, S.A.
Nyrop, Christoper, 1901, The Kiss and its History, London, GB, Sands & Co.
Os Mais Belos Contos de Fadas, 1961, Lisboa, Portugal, Seleções do Reader’s Digest
Pereira, Aldo, 1881, Dicionário da Vida Sexual, Volume 1, SP, Brasil, ABZ Ltda.
Perkins, Stephanie, Anna e o Beijo Francês, 2013, Lisboa, Portugal, Quinta Essência
Popozuda, Valesca, 2013, Beijinho no Ombro, Rio de Janeiro, Brasil, Pardal Records
Praça, Afonso, 2001, Novo Dicionário de Calão, Lisboa, Portugal, Editorial Notícias
Prontuário da Língua Portuguesa, 2005, Porto, Portugal, Porto Editora
Trevisan, Dalton, 2014, O Beijo na Nuca, SP, Brasil, Record, Grupo editorial
Vilhena, José, 2005, O Beijo Como Aperitivo para Outras Comidas. Lisboa, Portugal, Dom Quixote
Ward, J. R., 2015, Beijo de Sangue, SP, Brasil, Universo dos Livros Editora
Zen, O Caminho da Verdade, 2009, Barcelona, Espanha, Black Dog & Leventhal Publishers.”
Assim termino este ensaio sobre o beijo enquadrado no livro “O Colecionador de Beijos”. Foi um prazer repartir contigo esta minha viagem sobre o ato de bem beijar em toda a boca ou “quase” em todo o lado. Despeço-me com um beijo amigo e franco,
Chego hoje, por fim, à conclusão do livro: “O Colecionador de Beijos”. Amanhã termino os textos que rodeiam os beijos propriamente ditos e espero com isso que fiques com a noção do que significou elaborar este ensaio sobre o beijo e, se possível, quais eram as minhas intensões ao realizá-lo. Mas chega de conversa, querida amiga, aqui vai a primeira parte da conclusão.
“Conclusão
À pergunta “É ou não relevante o beijo no contexto do comportamento humano em sociedade?” a única resposta que consegui encontrar é de que ele é primariamente essencial. Mais do que relevante ele é conjugado com o humor, um dos mais importantes fatores do quotidiano para a manutenção de uma vida saudável e feliz.
Para os desportistas e para todos aqueles que gostam de manter a forma física ou até emagrecer. É interessante informar que um beijo pode movimentar até 29 músculos só na boca e língua e mais de 50 músculos, apenas considerando também o rosto e o pescoço. Já o número de calorias consumidas durante um beijo, por minuto, varia, dependendo da intensidade, entre as 4 e as 42 calorias, o que significa, por exemplo, que 8 beijos muito intensos, e com o envolvimento da língua, queimam as calorias de uma garrafa de cerveja. Já uma refeição de lasanha exigira uma frenética meia hora do ato de bem beijar. Por falar em gastar calorias, o Kama Sutra defende cerca de 30 diferentes maneiras de se partilhar um beijo.
Mas o beijo tem outros poderes ocultos. Ele é responsável, durante todo o seu percurso, pela libertação de hormonas e endorfinas ou neurotransmissores, entre as quais a serotonina, que aumenta o humor, e a ocitocina, que instiga os vínculos entre participantes, tal como a sua produção liga um bebé à sua mãe na amamentação, a feniletilamina, esta diretamente relacionada com as sensações de amor e a dopamina, que se conecta diretamente com as emoções amorosas, para além das diversas endorfinas associadas ao prazer.
Destaca-se ainda a capacidade extra do beijo de fazer disparar o batimento do coração de uma média na casa das 70 batidas por minuto para as 150 ou, até, um pouco mais acima disso, fazendo afluir bastante mais sangue a toda a cara o que estimula a produção de colagénio, contribuindo, com isso, para uma melhor elasticidade da pele, dando firmeza, suavidade e ajudando a rejuvenescer a pele do rosto. Este aumento cardíaco, oxigena o sangue e diminui drasticamente sintomas de dor, retrai dores de cabeça e enxaquecas, minimiza o risco de doenças cardiovasculares, evitando até o aparecimento de ataques cardíacos.
O beijo diminui o cortisol e tem ainda a capacidade de reduzir a tensão arterial alta, regulando a pressão sanguínea. Aliás, ele possui outras capacidades. A partilha de bactérias, que no caso de um beijo intenso pode atingir números na ordem dos milhões, provoca uma redução acentuada da imunoglobulina E, responsável pelo desenvolvimento de alergias, criando anticorpos, fortalecendo o sistema imunológico.
Este facto, associado ao aumento que beijar provoca na produção de estamina, elimina espirros, congestão ocular, secreção nasal e combate a acumulação da placa bacteriana na boca. Na verdade, o beijo relaxa, alivia os processos traumáticos e de stress, aumenta a autoestima e a confiança.”
Com mais esta achega fico a uma carta de terminar este tema. Grato por me teres deixado à vontade para te enviar estas deixas importantes sobre o livro e por me teres encomendado um com a devida dedicatória personalizada e assinado. Assim farei. Recebe um beijo de até amanhã do teu amigo,
Termino aqui a apresentação inicial do livro “O Colecionador de Beijos”. Depois desta carta apenas ficam a faltar mais duas outras referentes à conclusão do ensaio sobre o beijo e respetiva bibliografia. Assim sendo aqui vai a terceira e última parte da introdução.
“Introdução
Na Igreja Católica, o beijo pode ser um sinal de reverência, ao se beijar, por exemplo, o anel do Papa ou de membros da alta hierarquia eclesiástica. Já os romanos da Antiguidade tinham 3 palavras para beijo, “basium”, “osculum” e “suavium”, se o primeiro se dava entre conhecidos, o segundo era apenas partilhado entre os amigos íntimos e o terceiro destinava-se em exclusivo para os amantes. Aliás, o beijo tinha um papel nas lides do poder romano, com efeito, somente os nobres mais distintos podiam beijar o imperador nos lábios, os restantes tinham de se contentar com um beijo nas mãos e os súbditos apenas tinham direito a beijar o seu soberano nos pés. Efetivamente a partilha de beijos entre guerreiros, quer na Grécia, terra onde o beijo tinha um papel fundamental, quer em Roma, era comum no regresso das campanhas. Consta, também, que na Suméria, a antiga Mesopotâmia, os beijos serviam como prendas aos deuses.
Já na Rússia Czarina o beijo era uma verdadeira demonstração de poder porque, um beijo do Czar, traduzia uma das mais prestigiadas honras imperiais. O beijo era tão importante que, por exemplo, em França, no decorrer do século XV, os nobres tinham o privilégio de poderem beijar todas as mulheres que quisessem. Porém, na Itália medieval, um homem cavalheiro que beijasse uma dama em público era imediatamente obrigado a contrair o matrimónio, o assunto era tão sério que o costume se espalhou a uma grande parte do povo. Porém, na Escócia medieval era costume o padre beijar os lábios da noiva no final da cerimónia de casamento para haver felicidade conjugal.
Durante o copo de água, e ainda em prole da felicidade, a noiva devia beijar na boca todos os homens presentes, trocando cada beijo por uma quantia em dinheiro.
No caso português, e já no Brasil, D. João VI introduziu a cerimônia do beija-mão. Assim, em determinados dias, o acesso ao Paço Real era conferido a todos os que desejassem apresentar alguma demanda. Nessa ocasião, em sinal de respeito, tanto os nobres, como o povo, e até os escravos, tinham que lhe beijar a mão direita antes de fazerem o seu pedido. Esse costume foi mantido por D. Pedro I e por D. Pedro II. Porém, a troca de beijos entre portugueses e índias, no Brasil, era mal visto por estas, que achavam o ato nojento, quer por estarem habituadas a cheirar o corpo do parceiro, em busca das feromonas do sexo oposto, em vez de usarem os beijos, quer porque contraíam uma parafernália de maleitas vindas do continente europeu por via dessa troca.
Podemos encontrar o beijo representado e apresentado nas diferentes formas de arte, seja na pintura onde o génio da pintura Gustav Klimt deu cartas, como escultura, com Rodin, na literatura com imensos autores de diferentes épocas, na sétima arte e nas redes sociais. Pelo que investiguei o beijo propaga-se cada vez mais pelo mundo e até já tem um dia próprio. O Dia Internacional do Beijo a 13 de abril de cada ano. O ato de beijar em público é generalizado no mundo ocidental e nos territórios ocidentalizados dos diferentes continentes, mas cerca de dez por cento da humanidade simplesmente não usa o beijo e cerca de vinte e cinco por cento só o faz na esfera privada e íntima. O oriente é a zona do globo onde a prática pública do beijo apenas se encontra nas grandes urbes e mesmo aí, vê-se quase exclusivamente entre casais jovens ou em grupos onde a presença de pessoas de mais idade não se verifica.
Porém, o mais comum, hoje em dia, na cultura ocidental é o beijo ser considerado um gesto de afeição. Entre amigos, é utilizado como cumprimento ou despedida e entre amantes e apaixonados beija-se como prova da paixão, de agrado ou de dedicação. Resta-me desejar uma boa leitura deste ensaio jornalístico e literário, onde se apresentam, numa visão possivelmente esclarecedora, 435 beijos, esperando que este livro possa contribuir para um melhor entendimento cultural e sociológico e uma mais apurada compreensão das afinidades e das consequências desse fenómeno espetacular a que chamamos beijo. Mas passemos ao conteúdo...”
Assim chega ao fim esta introdução e com ela, sempre saudoso, me despeço uma vez mais, este teu amigo do dia-a-dia,
Nestas sete crónicas sobre a parte do livro “O Colecionador de Beijos” que não descreve propriamente os beijos em si, espero que fiques com a visão global da razão porque me meti nesta verdadeira aventura de compilar tanto beijo e de os descrever o melhor que consegui. Segue-se a segunda parte da introdução:
“Introdução
Também não descuro os anos de aprendizagem, na área das Artes Plásticas, passados com o grande Mestre da Pintura, conhecido como o pai do Neorrealismo em Portugal, Isolino Vaz e com a Pintora Susana Olga e os conhecimentos de Português, Latim e Grego adquiridos desde a infância, com a minha mãe, a Professora Maria José Gil Alexandre. Tudo ajuda na formação das ideias, na produção da criatividade e na elaboração de contos, romances, poemas, ensaios e fábulas. Até na criação de um simples quadro a óleo existe um distinto olhar sobre o mundo e uma perspetiva diferente de o observar.
Mas porque refiro eu, nesta introdução, este tipo de historial pessoal? Apenas é só porque o tempo acumulado no exercício da profissão de jornalista e investigador, a longa viagem de estudos académicos e universitários, a convivência com mestres, criativos e gente das letras e a consequente aprendizagem adquirida, permitiram, por fim, a deteção da falta de sistematização ensaística do beijo, enquadrado enquanto ato sociológico relevante, nas diferentes civilizações da história e da atualidade. É este olhar diferente que me proponho a deixar aqui registado. Porém, conforme já deixei subentendido, nem o tema acaba com as conclusões deste ensaio, nem o beijo se esgota numas dezenas de páginas sobre ele. Mas é um início, um instrumento de trabalho, um princípio, enfim. Depois dos pressupostos apresentados, que por si só justificam a presente escolha, importa sublinhar alguns aspetos relevantes sobre o beijo. Para além de se tratar, por um lado, de um laço do foro privado, entre duas pessoas, ele é, por outro, uma manifestação de cariz público, se bem que com uma relevância absolutamente diferente do anterior. Assim sendo o beijo acontece quer se cumprimente alguém ao chegar a um determinado lugar, quer nas despedidas, quer ainda nos atos de afeto, simpatia, carinho e, como não podia deixar de ser, de amor.
Poderíamos apelidar o beijo de ser o reóstato perfeito do relacionamento humano. Assim, a sua falta assinala com frequência um estado deteriorado de uma relação específica, no caso dos amantes, um historial clínico depressivo, na convivência social ou o estado de uma relação afetiva dependendo da intensidade deste. A deteção destes factos pode ajudar os envolvidos a efetuarem reavaliações e a procurarem corrigir essa falta procedendo ao seu resgate. No plano íntimo ele funciona como uma dança, quando mais se pratica, melhor é a execução e o prazer que dele se extrai.
Porém, nem tudo é positivo, uma pessoa doente pode transmitir através de um beijo, constipações, gripes, sarampo, rubéola, mononucleose e herpes, embora esses problemas não sejam culpa diretamente do beijo, mas sim, do estado clínico de um dos seus participantes.
No que se refere à sua origem, o beijo tem um passado algo obscuro. Não há certezas quando começou a ser praticado, porque se iniciou esta prática, nem mesmo onde é que esta possa ter a sua origem. Os primeiros registos encontrados, onde se faz prova do seu uso têm, porém, cerca de quatro milénios e meio. Com efeito, são de 2.550 a.C. os primeiros registos de beijos, talhados na pedra, pelas paredes dos templos de Khajuraho, na Índia.”
É com uma despedida oriental, à moda indiana, que termino esta carta. Porém, ciente das minhas limitações relativas a estes rituais fica omissa a respetiva descrição. Recebe também mais um beijo e um até amanhã do teu amigo,
Continuando na saga de “O Colecionador de Beijos” segue a primeira parte da introdução ao livro. A minha decisão de te enviar a introdução em três partes prende-se com o facto da mesma ser um pouco extensa e de eu não querer abusar da tua paciência. Assim, cá vai: introdução -Parte I.
“Introdução
O Colecionador de Beijos, ensaio jornalístico e literário, de matriz sociológica, do ato de bem beijar, procura a vertente sociológica e cultural, não perdendo as raízes históricas e a composição literária e humanista do beijo. Não é, porém, um ensaio académico de base científica porque, objetivamente, nunca o poderia ser. Por mais que se tente não se consegue sintetizar ou analisar, o beijo, nem mesmo o ato de beijar, isoladamente, sem ter em conta toda a imensidão de afetos, respostas sensitivas e sensoriais que o rodeiam e influenciam.
O beijo é um produto composto e, embora se apresente com uma identidade singular, muita tinta precisa de correr para que ele se realize numa das suas tão variadas formas e feitios. Diferente seria se estivesse a escrever um ensaio sobre a introdução sociológica do papel higiénico na sociedade portuguesa. Aí sim, teríamos à mão um produto final que poderia ser analisado de um modo bem mais académico, sistematizado cientificamente e enquadrado com razoáveis limites de precisão em termos históricos, sociológicos e culturais, fosse ou não a analise ensaísta literária e jornalística.
Mas não é esse o caso aqui. Nem poderia ser, derivado da imensa complexidade que o mais simples beijo exige. Por isso, este ensaio, é declaradamente um ensaio jornalístico e literário de análise sociológica, humanista e cultural. Pode-se até incluir uma lufada sistematizada de psicologia e inteligência emocional, mas não há, no meu entender, maneira de ir mais longe num ensaio que verse esta temática, usando esta abordagem.
A pergunta que esta introdução deixa no ar é a seguinte: É ou não relevante o beijo no contexto do comportamento humano em sociedade? Proponho-me a demonstrar que a resposta é afirmativa sem qualquer margem para erro, mesmo nas sociedades onde o beijo só é praticado na privacidade do lar ou do leito conjugal. Se analisarmos, por exemplo, o Japão tradicional e conservador vamos descobrir que o beijo, não sendo um ato público, continuou determinante portas dentro, no seu papel aglutinador de um determinado par ou no seio de uma família. Só agora, ainda a título de exemplo, é que, no país do Sol Nascente, já 28% dos jovens urbanos se beijam em público e, mesmo assim, só se não se encontram sob o olhar atento dos progenitores. Mas se este é um comportamento fruto da globalização, dos filmes e das redes sociais, está ainda a léguas de se tornar efetivamente uma conduta tipicamente japonesa.
Tendo iniciado a minha atividade jornalística em 1981, há trinta e oito anos atrás, e tendo conseguido a carteira profissional em 1996, exatamente quinze anos depois do início, conforme a lei da altura o previa e regulamentava, julgo poder afirmar, com segurança, que a realização deste ensaio tem, na experiência acumulada, base suficiente para poder vingar. Ainda para mais que, muitos desses anos, foram passados no âmbito da investigação jornalística, para jornais locais onde o apuramento da verdade dos factos ou dos feitos é muito mais importante do que nos grandes títulos nacionais. Como a minha atividade académica, a nível universitário, se pautou por cerca de 18 anos de estudo interessado, fosse no Curso de Direito em Coimbra, nos Estudos Portugueses, Cultura e Expansão em Faro, na Filosofia no Porto ou na Psicologia Clínica no Polo Universitário de Loulé, julgo poder afirmar ter garantido uma plataforma estrutural suficiente para, conjuntamente com a experiência jornalística, conseguir desenvolver este projeto de forma cabal e conseguida. Porém, a minha convicção não deixa de ser apenas e somente uma mera opinião sobre um tema que me é caro.”
Despeço-me até amanhã com o costumeiro beijo da praxe, com muito carinho, o teu eterno amigo,
Continuando hoje no campo dos beijos, passo para a devida explicação do título: “O Colecionador de Beijos”, espero que a leitura seja do teu agrado.
“Título
O Colecionador de Beijos é um ensaio que resulta da análise histórica e social do papel do beijo através dos tempos, desde o berço das civilizações até aos nossos dias. Contudo, sem procurar criar uma cronologia por região, época ou povo, como seria feito no caso de se tratar de uma abordagem iminentemente histórica.
O beijo é fruto, da concretização de um ato que exige sentimentos e sentidos, sendo resultado de um plano biunivocamente traçado. Tem a caraterística singular, se bem que muitas vezes aparente, de transmitir confiança a outro alguém, de demonstrar afeto ou de servir de cumprimento caloroso, quer num qualquer regresso ou chegada, quer num momento de partida ou de despedida mais ou menos breve. Visualmente é representado pelo desenho de uns lábios femininos rubros e semiabertos.
Aliás, este esboço é utilizado de maneira corrente nas redes sociais, quer através do próprio desenho, quer pelo uso de um “emoji” que o represente. Escolher o Título de “O Colecionador de Beijos” para o atual ensaio, ilustra, na minha perspetiva, por si só, a importância social do beijo. Afinal, ele até tem um papel curativo, de raiz bem popular. Quantas mães e avós não curaram já os “dói-dóis” das criancinhas a partir de um beijo no lugar afetado ou próximo deste?”
Nas próximas cartas será a vez de dar lugar à introdução que dividi em três partes. Por hoje é tudo, minha querida amiga, recebe um beijo do teu amigo,
Como deves ter reparado estou a entrar nos últimos beijos do meu livro de ensaio sobre o beijo, “O Colecionador de Beijos”. Como só tenho publicado os beijos e não a restante análise, será por aqui que o farei para que possas entender o enquadramento. Aqui vai:
“O COLECIONADOR DE BEIJOS
A palavra é só uma…
Dedicatória:
Um beijo especial de agradecimento à Marília, que sempre soube ser mulher, companheira, amiga e cúmplice, com um sincero obrigado pela ajuda na primeira revisão do livro, bem como por tudo o mais. Para a Locas nem tenho palavras.
O COLECIONADOR DE BEIJOS
ensaio jornalístico e literário, de matriz sociológica, do ato de bem beijar
Gil Saraiva
2019
Tema
O ensaio jornalístico e literário, de matriz sociológica, do ato de bem beijar versa o tema das relações humanas, através da forma mais pura: o beijo. Aborda-se aqui a convivência principalmente entre géneros, mas não só. Com efeito, a partilha de um beijo não se pratica apenas na dualidade masculino versus feminino, ela pode também ser encontrada facilmente no seio familiar, ou em relações minoritárias, como as que existem dentro de um mesmo género. A busca visa uma abordagem sistemática dos chamados beijos bons, os positivos, aqueles que contribuem para o bem-estar íntimo entre dois parceiros ou para a harmonia familiar ou, ainda, para a paz social.
O beijo, principalmente nas civilizações ocidentais, é tão remoto como a história das mesmas. Varia de nomes e funções com o correr dos tempos, mas volve sempre à temática da aproximação entre pessoas. Em casos mais arrebatados, até se encontra entre pessoas e os seus animais de estimação. Ou seja, beijar, tende a gerar laços de contiguidade.
No entanto, ao procurar registos escritos e compilados das diferentes formas de beijar dei-me conta da lacuna. Ora, não chegavam, para minha satisfação, os tradicionais beijos, beijocas e beijinhos que encontrei descritos, de forma avulsa, aqui ou ali na literatura, alguns, até, demasiado sucintamente. Nada disso. Nem muito menos me serviam certos beijos soltos que encontrei em blogs, sites e redes sociais. Havia que compilar, recriar e imaginar um completo universo do maravilhoso enleio de beijar enquanto ato íntimo, social, histórico e cultural. Foi isso o que me propus fazer.
Contudo, apenas se versam aqui, por opção e escolha deliberada, os beijos considerados positivos, excluindo-se os beijos de tendências e práticas minoritárias, ou assim consideradas, como os beijos entre masoquistas, os sádicos e os de “bondage”. Também não se referem os adversos, certos beijos religiosos, ou, ainda, os de cariz negativa, como o Beijo de Caca, o Beijo de Merda, o Beijo Cínico, o Beijo de Judas, o Beijo da Morte, o Beijo Político ou o Beijo de Poder entre outros, que não se enquadram no presente perfil deste ensaio jornalístico, sociológico e civilizacional.
Porém, sempre que um beijo possa ser praticado, enquanto ato de bem-estar, entre duas pessoas, embora pertencente a uma outra categoria, e pese o facto de ser mais frequentemente realizado por outras fações, este será referido e incluirá a presente abordagem sociológica.
Não estamos perante uma coletânea, nem a mesma estaria fechada se o fosse, nem ficam aqui esgotados os beijos ditos positivos. Contudo, mais importante, é este constituir de um primeiro passo em senda de uma realidade que nos é tão próxima.
Enquanto abordagem sistemática procurei não fazer juízos de valor sobre cada um dos diferentes beijos encontrados e transferidos para aqui. Porém, foram revestidos da roupagem devida e apropriada. Era imperativo que todos eles tivessem em comum uma mesma linguagem, uma mesma escrita e um mesmo tipo de apresentação. Carregar para um ensaio uma parafernália de beijos sem os sistematizar e lhes dar um estilo próprio e uniforme parecia-me descabido e desprovido do cunho pessoal que pretendia dar a este estudo sobre o tema. Tentei selecionar aqueles que me pareceram diferentes, originais, criativos, apelativos e tradutores do comportamento sociológico em causa.
Num ensaio de raiz eminentemente social achei relevante apresentar a diversidade em desfavor da quantidade. Se, em vez deste tipo de estudo, no qual a minha própria visão sobre o tema se reflete, eu tivesse querido apresentar um dicionário, então os mais de quatro mil beijos encontrados teriam de ser todos apresentados, correndo, ainda assim, o perigo de deixar escapar da colheita, talvez, mais umas centenas largas de beijos. Contudo, essa não era, de todo, a intenção.
Os 435 beijos selecionados, resumem, devido à forma como foram escritos por mim, os tais 4.000 de que falei atrás. Até porque existem muitos beijos que mais não são do que sinónimos uns dos outros, sem grandes diferenças que não a das palavras utilizadas por cada autor.
O tema que se explora e problematiza aqui versa a relevância de um agir aparentemente simples, como é o beijo, no convívio diário e continuo das gentes no espaço da sociedade ocidental e, mais recentemente, global, graças ao evoluir tecnológico dos últimos quarenta anos.”
Por hoje é tudo, amanhã continuo a enviar-te os textos em falta. Despeço-me com um beijo,
Escrevo-te pela segunda vez para te enviar os beijos do meu livro “O Colecionador de Beijos” sobre o dia dos namorados ou dia de São Valentim. Aqui vão eles:
Beijo de Namorados, obrigatoriamente um beijo envolvente, arrebatador nas intensões límpidas de renunciar a qualquer resistência, disposto ao abandono passivo da entrega, emocional e apaixonado no desejo ímpar da comunhão do ato. Um beijo sensual e quase lascivo pela volúpia imaginada de lábios que se tocam, cruzam, fundem, proporcionando a comunicação direta das línguas, o acesso a uma conversa sem palavras nem recurso a dicionário. Beijo de namorados, universalmente conhecido, conduzindo, a dada altura, à erosão dos sentimentos numa metamorfose em que estes se transformam em sentidos que se deixam conduzir pelo instinto fecundo da união, num querer tão forte que lhe chamam amor, mas que pode não passar de paixão.
Beijo de São Valentim, um beijo Santo diria o milenar elemento da Igreja. Um beijo para a eternidade, dirão outros. A data é também denominada por dia dos namorados, protegidos pelo santo. Por isso este beijo deverá acontecer entre pessoas com sentimentos mútuos, profundos e inequivocamente apaixonados, sem artifícios, oportunismos ou egoísmo. Um beijo a dois, ambos enamorados, se possível em absurdo. Um beijo quente, húmido, demorado, vibrante, inebriante, encantado, inesquecível, mas, acima de tudo, sincero, puro e verdadeiro. Um beijo especial pela renovação de um sentimento de amor, de uma entrega feita celebração, e exigente pela mutualidade do sentir. Um beijo soberano, uma força muito superior aos usuais poderes mundanos, oferecido com alma, executado pelos corpos, veiculado pelas bocas e línguas, assimilado pelos egos, impregnado nas essências, embebido de hormonas e fantasias arrebatadas, mas sempre entregue e tomado pelos corações.
Trata-os bem, eu por minha parte deixo-te um abraço deste amigo de sempre,
Estava a começar a escrever esta carta quando, na M80 começou a tocar a Aguarela de Toquinho. Não sei bem o que me deu, mas dei comigo a escrever um tributo à aguarela. Como é evidente, embalado pela musicalidade segui o ritmo de Toquinho, embora descrevendo apenas o meu desejo. Coisa que acontece em dias assim. Dias em que se pensa em amor, desejo e partilha e em que vindo do éter algo nos inspira e nos leva a escrever. Espero que te agrade o que aqui vai:
“TRIBUTO DE AGUARELA”
Se um diário eu puder
Transformar logo em caramelo
E assim que quiser
Desfazê-lo com um cutelo…
Para escrever imaginação
Ou um poema à chuva
Eu preciso saber
O que sente, espremida, uma uva…
Se há alguém que minta
Para o meu coração eu sinto o fel,
A dor, de sexta a quinta,
Uma imensa derrota escrita em papel,
Desprezando
A minha harmonia deste meu paul,
Dessa estrela, que brilhando,
Desta minha alma esconde o azul…
Vivo para ela
Porque me entregando
Sinto na minha vida o Norte e o Sul…
E aos sonhos vou pedindo
Desejos de vida e de oxalá
Onde agora tudo é lindo
Porque a sinto eu agora cá…
Quero acreditar nesses lábios rindo,
Olhar sorrindo,
Porque de ti mulher
Não vem coisa má…
Posso ser quem eu quiser,
Com empenho te dou a minha vida.
Sou teu homem, teu, mulher…
Sou um lar, nunca a saída,
Ser teu espaço no espaço
E chamá-lo de nosso mundo…
Ser a seta, ser o traço,
Que na alma chega ao fundo…
Se um sonho vira mina
De água, em nascente de futuro,
Porque a sonhar a mente
Ultrapassa vala, parede, muro ou mar…
E sem muro a cidade
Continua a aumentar
Procura a felicidade
Que quer vir a alcançar…
Meu amor avança
Como ela, querida,
Tu és minha vida
Só eu te quero amar…
És minha rocha, meu jade,
Joia minha, no alto a brilhar…
O princípio da saudade
Que mais não pode aumentar.
Menina linda e bela, nessa janela,
Uma aguarela
À beira jardim.
Ela me amará
Só porque me ama a mim…
E quero eu ser um caramelo
Que ela degustará,
Ser seu rei ou castelo
Feito de amor e de orixá
E que ela amará
Por instantes, um segundo
Tão imenso como o mundo
E que ela adorará…
Termino poeticamente a minha carta de hoje, despeço-me com um beijo saudoso, este teu grande amigo (bem... razoável, só tenho 1,82 metros de altura), sempre à disposição,