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Alegadamente

Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente correto.

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Carta à Berta: Bolsonaro... e o alegado caminho para a DITADURA!

Berta 50.jpg

Olá Berta,

Espero que o vento previsto aí para o Algarve não seja demasiado forte nem incomodativo. A região está habituada a brisas suaves e a ventos pouco intensos. Principalmente nessa zona do Sotavento onde te encontras.

Um dos alegadamente maiores idiotas da história do Brasil, ocupa, neste momento, a presidência do país, de seu nome, Jair Bolsonaro. Depois da COP25 e do papel mesquinho, ridículo e assustador a que o Brasil se prestou, por força das diretrizes presidenciais, é a vez de o próprio país, vir a público, revelar mais algumas facetas do alegado fanático de direita religiosa.

Segundo declarações, da Presidente da Federação Nacional dos Jornalistas do Brasil, <<Bolsonaro mostra-se hostil à liberdade de expressão e de imprensa e tem demonstrado essa hostilidade com diversos meios, não só pelos ataques verbais que faz aos jornalistas, mas também pelas tentativas de desacreditação dos “media”(…) Há no Brasil o princípio constitucional da liberdade de imprensa, mas o Governo tenta impor-se contra este princípio usando o seu poder>>.

Por outro lado, Rogério Christofoletti, professor da Universidade Federal de Santa Catarina e membro do Observatório da Ética Jornalística, afirma que está em movimento no Brasil a implantação de uma agenda anti jornalística.

O douto responsável mostra-se convicto quando diz: <<Estou convencido que esta estratégia faz parte das relações que o Presidente do Brasil tem com a sociedade, numa busca de inimigos claros e evidentes. Ele escolheu a imprensa como um desses inimigos e, para jogar com o seu público, faz críticas e acusações, promovendo uma campanha anti jornalística>>.

Para a Presidente da Federação Nacional dos Jornalistas do Brasil, Maria José Braga, e para o já referido membro do Observatório da Ética Jornalística, Rogério Christofoletti, é evidente que Jair Bolsonaro, enquanto Presidente do Brasil, promove uma política concertada de ataques à liberdade de expressão.

Aliás, a Presidente da FENAJ adiantou que Bolsonaro deixou claro, ainda como candidato, nos seus discursos de apologia à ditadura militar e à violência, que, os mesmos, uma vez implantados como métodos de Governo, gerariam a sua oposição ao papel dos meios de comunicação social de fiscalizar os poderes da democracia.

Maria José Braga afirma ainda: <<Ele é uma pessoa, um político, e agora um Presidente, que de facto não tem nenhum apreço pela democracia e, por isso, não respeita as regras democráticas (…) não só em palavras, mas por atos, o Presidente tem atacado e retaliado os “medias” brasileiros>>.

A Presidente da FENAJ é perentória ao afirmar que, após um estudo, realizado pela Federação a que preside, ao quase primeiro ano completo de Governo as conclusões são alarmantes.

Segundo a mesma fonte, Bolsonaro desenvolveu ataques sistemáticos à liberdade de expressão e de imprensa ao promover um determinado número de medidas, que passam por avançar com:

Críticas diretas a repórteres e órgãos de comunicação social; extinção da obrigatoriedade de registo para exercer a profissão de jornalista; restrições visando órgãos de comunicação social específicos, apresentando o caso particular das medidas contra o jornal “Folha de S. Paulo”, uma publicação impressa, líder em todo o país, que foi proibido de participar em concursos e licitações públicas.

Aliás o estudo, já referido, divulgado este mês de dezembro pela Federação, indicou que o Chefe de Estado terá realizado, pelo menos, 111 ataques públicos contra profissionais da comunicação social quer em entrevistas, quer em publicações nas redes sociais, isto só no ano de 2019, o que indica um ataque programado e bem direcionado a cada 3 dias.

Ainda segundo a mesma fonte, estes ataques seriam uma forma de o <<Presidente incitar os seus seguidores a não confiarem no trabalho jornalístico da maioria dos órgãos e dos profissionais, principalmente quando divulgam notícias críticas>>.

Por sua vez Rogério Christofoletti apresenta como resultado das suas avaliações ao longo deste ano a conclusão de que o Presidente do Brasil decidiu adotar ações semelhantes às do Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, quer na retórica quer no comportamento, que, reiteradamente, afirma que os meios de comunicação social críticos ao seu Governo propagam notícias falsas.

Segundo Christofoletti, o Presidente tenta assim, com esta atitude, estabelecer uma narrativa que quer ser preponderante aos factos e que, em última análise, sequestra a verdade dos mesmos. Acrescenta ainda que Bolsonaro faz transmissões ao vivo na internet, na rede social Facebook, todas as quintas-feiras e que usa como seu canal de comunicação, em direto com o público, o Twitter e que, deste modo, prescinde dos mediadores convencionais, ou seja, da comunicação social tradicional. Mas o membro do Observatório da Ética Jornalística vai mais longe, afirmando que o Presidente do Brasil sataniza e demoniza a imprensa brasileira e não só.

Os exemplos são muitos, mas, voltando apenas ao já referido, o Presidente, não só excluiu a Folha de S. Paulo das licitações e concursos públicos como, por retaliação, cancelou a assinatura do jornal da lista de periódicos recebidos pelo Governo brasileiro.

Esta medida causou uma reação de Lucas Furtado, o subprocurador-geral junto do Tribunal de Contas da União, o TCU, tendo, na sequência dos factos, apresentado um pedido formal para que a Folha de S. Paulo não fosse excluída das licitações. Até ao momento em que te escrevo, minha querida amiga Berta, este pedido ainda não foi sequer analisado, segundo é referido pelas mesmas fontes.

Quando no fim de outubro, Bolsonaro, declarou que nenhum órgão do Governo voltaria a receber a Folha de S. Paulo, adiantou, à laia de explicação, que o jornal era um órgão propagador de notícias falsas.

Visando criar a sua própria imprensa, devidamente moldada à sua imagem e semelhança e devido à falta de jornalistas devidamente creditados para a comporem, o poder executivo enviou em outubro para o Congresso, um projeto chamado “Verde e Amarelo” que prevê a extinção de registo profissional para quem exerça a profissão de jornalista.

Já em agosto último, Bolsonaro havia declarado publicamente que um outro jornal, o “Valor Económico” poderia ter de fechar as portas, uma vez que o Governo iria acabar com a norma que obrigava as empresas de capital aberto a publicarem os seus balanços financeiros em jornais nacionais, e, com isto, retirar os fundos necessários à sobrevivência da publicação, uma vez que esta ousara, por diversas vezes, criticar a sua gestão, nomeadamente, na vertente económica e financeira.

Contudo, a determinação do Presidente do Brasil, precisou, e ainda bem, de aprovação do Congresso, que inteligentemente a chumbou, sem propor sequer qualquer alternativa possível.

Este é um pequeno exemplo do que tem sido a governação de Bolsonaro. Muito pior do que isto tem acontecido numa imensidão de áreas, desde as questões ambientais, à tentativa de alteração de costumes, ao ataque sistemático às tribos indignas e à criação de uma legião de fanáticos. Em apenas um ano, ainda por terminar, o programa de implementação de uma alegada nova ditadura no Brasil vai adiantado.

A minha esperança, minha querida amiga, é que este povo que eu adoro como se fosse o meu, consiga arranjar forma de inverter esta vertiginosa sucessão de acontecimentos e que este alegado lunático consiga ser travado a tempo. Seja por eleições, seja por impugnação, seja por abuso de poder, seja pelo que for. Impõe-se o fim, a curto prazo, desta desastrosa governação de gente que acha que os peixes são inteligentes e as pessoas burras que nem calhaus.

Despeço-me, como sempre, enviando-te um beijo saudoso, deste que não te esquece,

Gil Saraiva

Carta à Berta: O Arrepiante Estado das Notícias Online

Iguarias a desaparecer.jpg

Olá Berta,

Esta minha carta hoje é mais um desabafo do que qualquer outra coisa.

Ando farto da publicidade escondida em notícias, sem o aviso, de que efetivamente se trata de propaganda e não de factos, o que antigamente era obrigatório. De estudos e anúncios científicos que fazem exatamente o mesmo, e que não passam de vulgares cartazes de venda de banha da cobra, envoltos em brochuras douradas, mas também estou cansado de notícias, sem verificação de fontes ou apuramento aprofundado do que realmente se passou e, por fim, de falsas notícias, produzidas para causar alarme. Ah, já me esquecia, e de divulgações distorcidas, apenas para defender uma causa qualquer, difundidas numa espécie de populismo bacoco, como se as pessoas fossem carneiros que seguem cegamente o respetivo divulgador, sem pensar duas vezes e sem qualquer seriedade.

Hoje abri o browser da Microsoft, o Microsoft Edge, e entrei diretamente no “msn notícias”. Acabei por sair irritado de lá. A quantidade de informação, teoricamente de notícias, que devia ser excluída, por ser claramente uma outra coisa qualquer é não apenas maioritária, como avassaladora.

Sabes, minha amiga, não sei se são os meus 38 anos de jornalista, 23 dos quais com carteira profissional, ou se é apenas o meu feitio reativo, mas faz-me impressão que isto se faça desrespeitando a lei de imprensa. Não entendo porque não há uma reação séria do Governo ou, no mínimo, da Comissão da Carteira Profissional de Jornalistas. Acho sinceramente que se deviam tomar medidas radicais neste sentido, sob pena, de um dia destes, já ninguém acreditar em nada do que lê na internet. Sim, porque basicamente me tenho estado a referir às notícias online.

Como não existe melhor maneira de te explicar o que quero dizer, vou usar como exemplo o “msn notícias” de hoje:

Em destaque, nos principais títulos do dia, vem no “meu feed” (a janela das relevâncias diárias), entre outras, uma notícia ligada à saúde. O título é sugestivo: “As iguarias que poderão desaparecer em breve.” O corpo da divulgação é seguido de 30 diapositos legendados que apresentam os principais produtos, entre muitos outros, que vão deixar de existir nos próximos 30 a 50 anos, por força das alterações climáticas (cujo lóbi do clima é o verdadeiro difusor deste alarme idiota, penso eu).

Vou enumerá-los, pela ordem de apresentação, para teres a real noção do ridículo. Produtos que vão desaparecer do mercado em breve: cerveja, peixe, maçãs, frango, vinho, morangos, laranjas, bananas, Tabasco, batatas, milho, cerejas, pêssegos, mel, arandos, grão-de-bico, chocolate, abóbora, feijão, soja, abacate, amendoins, arroz, peru, flocos de cereais, trigo, pão, xarope de ácer e café.

Segundo a “notícia” alguns dos itens enumerados no parágrafo anterior terão acabado algures no período que vai entre 2050 e 2080, pese embora a grande maioria deva desaparecer antes de 2050, ou seja, nos próximos 30 anos.

Esta barbaridade é colocada como resultado de estudos sérios, por um lóbi estúpido que cheira a pseudo-ambientalistas, com interesses ainda desconhecidos do público. Contudo, é difundida numa página de notícias que tinha obrigação de ser séria, uma das mais lidas no mundo por quem usa a internet, traduzida em todas as línguas, e difundida como realista.

Ora, Berta, este é só um exemplo, e embora seja ridículo, é apenas um dos 15 que encontrei, só nas notícias gerais do dia de hoje, nesta página da dita prestigiada Microsoft.

Espero que alguém com poder comece a pôr um travão na situação rapidamente, senão a palavra notícias deixará, a breve trecho, de ter qualquer significado. Despeço-me saudoso, com o beijo do costume, este teu eterno amigo,

Gil Saraiva

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