Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
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Eu sei que hoje deveria chegar ao fim a minha saga sobre o Malandro. Afinal, é o sexto e último episódio da saga programada para ser contada em seis partes. Contudo, o entusiasmo divertido da minha escrita criativa fez-me escrever um pouco demais sobre cada personagem e, assim sendo, só amanhã terminarei estas narrativas sobre o Malandro, com o acrescento de um epílogo final.
O Malandro de hoje é “O Homem da Noite” um gato pardo que vive, sem ter qualquer vocação para vampiro, habitualmente depois do crepúsculo. Ele é o homem das sombras, do mistério, dos ambientes pouco iluminados. Discreto, bem parecido de figura, com tendência para usar roupas escuras ou fatos que não o destaquem em demasia no meio onde se insere.
O «bafon», o secretismo dos seus negócios e a sua procura eterna por não ser notado, dão-lhe o ar de personagem de livro ou filme policial, por onde se move como ninguém, oculto na penumbra e normalmente afastado de quaisquer tipos de holofotes.
“O Homem da Noite” é normalmente romântico, nos meios noturnos onde se encontram as felinas da escuridão e costuma ser muito popular no seio do sexo oposto. Aliás, as meninas são não apenas amigas, como, enquanto confidente e próximo, servem de fonte inesgotável de informações.
Este Malandro transaciona influências, dinheiros de origem duvidosa, contactos, informações, organiza eventos clandestinos, tem sempre um ou dois amigos na polícia local, nos tribunais e no ministério público. Conhece a vida noturna como ninguém e embora chegue com facilidade às atividades marginais perigosas, dos negócios noturnos, nunca se envolve neles profundamente. Prefere fazer pontes entre contactos, receber comissões pelos serviços prestados e não entrar demasiadamente na marginalidade que invade a noite e que por vezes se torna altamente criminosa ou até letal, o que contraria, evidentemente, a sua necessidade de absoluta discrição e de «low profile».
Como bom profissional é amigo de porteiros e seguranças de bares, discotecas e clubes privados para quem realiza pequenos favores sem qualquer cobrança, exatamente da mesma forma como o faz com rececionistas e outro pessoal da hotelaria existente no seu raio de ação.
Mas este “O Homem da Noite” tem uma variante mais exuberante e apimentada, que entra na personalidade dos gigolos e dos conquistadores de charme, onde o papel das damas ganha uma enorme relevância. O amante oculto e misterioso atrai o sexo feminino com a luz atrai as traças, tornando-o irresistível. Este, contudo, dava por si só muito que contar e possivelmente um capítulo próprio.
Contudo, e porque está na hora de me despedir, essas são contas de outro rosário. Deixo-te um beijo de até amanhã,
Raramente te envio poesia nas cartas que te escrevo, mas já aconteceu e voltará, por certo a acontecer. Espero que te agrade. Não julgues que me esqueci que também tu gostas da noite.
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“O SER DA NOITE”
Para um vagabundo dos limbos,
Um haragano, o etéreo,
Um Senhor da Bruma,
A menina, enquanto mulher,
É a fragrância que lhes tolda a mente,
Fundindo-os a todos
Num ser ímpar que vive da sombra,
Buscando o odor feminino que,
Com a noite,
Lhe invade a razão,
Fazendo-o sonhar que o impossível
Apenas demora mais tempo.
Uma amálgama de sensações odoríferas
Onde a higiene, o perfume e sexo
Se transmutam num só cheiro,
Que embriaga o cérebro
E lhe desperta o corpo,
Tornando o mais pacato dos homens
Em predador feroz,
Sedento de uma presa que se anuncia
Na diáspora das sombras
E da bruma.
Tudo se desfoca na neblina da Lua,
Até a razão, a inteligência e o ego,
O instinto consegue fundir-se,
Em harmonia com o sentimento,
O amor com o sexo,
O animal com o racional,
Gerando aquela coisa estranha
A que se chama homem,
Esse urbano selvagem
Que busca insano
Pela alma gémea que o entenda,
Nessa demanda,
Consagrada pelos poetas,
A que muitos chamam de amor.
Enquanto mulher,
A presa torna-se armadilha,
Flor singular num jardim de espinhos,
Capaz de fazer sangrar a alma
Do mais empedernido predador.
Tornando-o escravo da demanda,
Doce vassalo e jardineiro
Que não teme os espinhos,
Os venenos, os caminhos sinuosos,
Da noite onde a bruma
Faz o papel de manto da Lua,
No jardim da essência emocional,
Rendida à paixão
A que simplesmente chama de sentimento.
A prosa de uma resposta
Transfigura-se em poema,
O sonho ganha moldes de imperfeita realidade,
O pensamento identifica-se como emoção,
O paradoxo vira quotidiano
E a mulher significa felicidade…
Para o ser da noite
A luz chega com o crepúsculo,
Na janela perdida,
Na bruma efémera de um luar.
Gil Saraiva
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Hoje, foi dia de poesia neste espaço de cartas e narrativas que normalmente te escrevo, querida Berta. Haverá, por certo, outros dias assim, nunca sei quando chegam, nem quando se vão. Por agora, vou-me eu. Recebe deste teu amigo o habitual beijo terno,
Peço imensa desculpa por ainda não te ter perguntado se tinhas namorado novo. Coisas de que efetivamente me lembro pouco. Não é muito educado, nem mesmo polido não me recordar de coisas tão básicas como estas, mas para mim amigo não tem sexo. Por isso me esqueço das delicadezas que se devem ter para com uma senhora. Resumindo, se tiveres namorado desejo que tenhas passado um bom dia dos namorados, se não tiveres espero que o dia tenha corrido de feição, mesmo sem esse apêndice.
Hoje não me vou pôr com outro tipo de considerações políticas ou sociais. É um dia para curtir e não para falar muito. Ora, quando digo curtir não é preciso ter namorado, basta que exista vontade para saíres e para te divertires um bocado, ao teu gosto, sem te incomodares com mais nada. Só por si, tirar uma noite para se ir beber um copo ou sair com os amigos já é uma coisa excelente.
Fico-me, portanto pela quadra sujeita a tema de hoje, ou seja, o jogo de interesses. Espero que te agrade, embora sendo tu uma dama possas não achar muita graça à pequena sátira que apresento. Contudo, garanto que foi escrita sem maldade, talvez, apenas com uma pequena pitada de malícia, mais nada.
Série: Quadras Populares Sujeitas a Tema - 12) Jogo de Interesses.
Jogo de Interesses
No calor das madrugadas,
Chamas-me amor, com paixão,
Mas nas montras decoradas
Chamas-me amor, sem razão…
Gil Saraiva
Por hoje já chega que não é dia de cartas, mas sim de namorados, despeço-me com o costumeiro beijo, sempre saudoso,