Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
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O Parlamento nacional aprovou ontem a eutanásia. Mais uma vez Portugal entra no grupo da frente dos países que defendem os direitos fundamentais dos seus cidadãos. É claro que a lei ainda tem de passar pelo crivo do Presidente da República, porém, mesmo com o seu veto, depois de reconfigurada novamente pela Assembleia da República, o Presidente será obrigado a promulgar a lei.
É claro que se trata de uma lei polémica. Também é certo que há quem ache que a eutanásia é efetivamente contrária aos verdadeiros direitos dos cidadãos. Todos têm direito à sua opinião. Eu, minha querida amiga Berta, penso que se trata de um avanço civilizacional. O facto de alguém ter o direito de poder pôr fim à sua vida, sendo para isso assistido por um especialista, por ter perdido completamente a integral qualidade da mesma, parece-me um claro progresso da civilização ocidental e neste caso concreto do país.
A título pessoal relembro-me da minha mãe que faleceu devido ao Alzheimer há uns anos atrás. Ela era profundamente católica e crente, isto enquanto foi senhora da sua própria vontade, é claro. Todavia, assim que tomou conhecimento da sua doença, ainda num estado precoce, pediu aos filhos que não prolongassem artificialmente a sua vida e que a deixassem partir em paz. Não me lembro, pois já passou muito tempo, se alguma vez usou a palavra eutanásia, mas, mesmo que não o tenha feito, o pedido expresso que fez, significa precisamente o mesmo.
Não sei o que pensas pelo assunto minha querida, contudo, pelo que conheço de ti, acho que pensas como eu. Espero que esta lei se torne quanto antes uma realidade em Portugal. Despede-se este teu amigo de sempre, com um beijo de saudades,
Sabes, minha amiga, ontem enviei-te uma lista sobre o que pensava relativamente à minha morte, algures num futuro que há de chegar, contudo, resolvi fazer uma versão mais completa, pois tinham-me escapado alguns pensamentos importantes. Ora, aqui vai…
Lista do Ando a Pensar em Morrer
mas preciso de uma maneira original
(versão 1.1. caramba):
Não consigo morrer de tédio nem a ver programas políticos na televisão.
Não consigo morrer com dignidade porque não existe dignidade em morrer.
Não consigo morrer pobre porque tenho uma rica imaginação.
Não consigo morrer carente porque leva demasiado tempo.
Não consigo morrer de prazer até porque ia querer sempre mais um bocadinho...
Não consigo morrer a rir porque não teria graça nenhuma.
Não consigo morrer de velhice porque ainda não cheguei lá.
Não consigo morrer de morte natural porque nessas coisas sou tímido.
Não consigo morrer de mil maneiras pois marchava logo à primeira.
Não consigo morrer à chuva porque gosto de estar seco.
Não consigo morrer estúpido por motivos óbvios.
Não consigo morrer na praia porque seria um desperdício.
Não consigo morrer famoso, mas isso é por falta das devidas cunhas.
Não consigo morrer cedo porque ando sempre atrasado.
Não consigo morrer de seca porque prefiro estar molhado.
Não consigo morrer andorinha porque gosto da primavera.
Não consigo morrer queimado por ser uma morte estúpida.
Não consigo morrer com depressão pois a troika já passou.
Não consigo morrer uma vez apenas e depois não poder falar sobre isso.
Não consigo morrer só por estar vivo, como não me sacio a olhar para o bife.
Não consigo morrer sentado porque me dói o cóccix.
Não consigo morrer de sede principalmente se houver imperial por perto.
Não consigo morrer na estrada porque não sou cobra.
Não consigo morrer de saudades porque depois não tinha como as matar.
Não consigo morrer de frio porque prefiro o calor.
Não consigo morrer afogado porque aprendi cedo a nadar.
Não consigo morrer deitado a não ser com a Ornella Muti ou vá lá a Angelina Jolie.
Não consigo morrer na guerra porque nem lá ponho os pés.
Não consigo morrer sem saber porque detesto ignorância.
Não consigo morrer por uma causa porque as causas devem viver.
Não consigo morrer no anonimato porque sei bem quem sou.
Não consigo morrer bêbado porque depois não me ia lembrar que morri.
Não consigo morrer e ir para o céu por falta de asas.
Não consigo morrer solteiro pois não tenho culpa de já ter sido casado.
Não consigo morrer de morte macaca uma vez que não sou símio.
Não consigo morrer de pé por falta de raízes.
Não consigo morrer novo porque esse tempo passou.
Não consigo morrer por deixar-me morrer porque não admito parvoíces.
Não consigo morrer de fome porque adoro comer.
Não consigo morrer por dentro porque ninguém ia saber.
Não consigo morrer devendo porque depois não tinha como pagar.
Não consigo morrer de véspera, principalmente se o Benfica jogar no dia seguinte.
Não consigo morrer do tabaco só porque o Governo é hipócrita.
Não consigo morrer a fumar, e depois quem dava a última passa?
Não consigo morrer na banheira porque sou dos que só toma duche.
Não consigo morrer teso, mas até que a ideia não era má.
Não consigo morrer a comer porque não aceito morrer de barriga cheia.
Não consigo morrer com ferros pois uso aço inoxidável.
Não consigo morrer subitamente porque seria um disparate.
Não consigo morrer por estar mortinho seja lá para o que for.
Não consigo morrer enforcado porque sou contra a pena de morte.
Não consigo morrer sozinho, mas não me imagino a morrer em grupo.
Não consigo morrer amanhã porque é sempre hoje.
Não consigo morrer pobre porque leva demasiado tempo.
Não consigo morrer rico, mas a ideia parece-me bem.
Não consigo morrer de sono porque adoro poder sonhar.
Não consigo morrer de peçonha porque não sou bicho.
Não consigo morrer como um homem porque ficaria a parecer que não o era.
Não consigo morrer farto porque paciência não me falta.
Não consigo morrer de medo até porque tenho medo de morrer.
Não consigo morrer com honra porque disso não tiraria proveito.
Não consigo morrer pela boca porque não sou peixe.
Não consigo morrer duas vezes porque a primeira já é demais.
Não consigo morrer de barriga cheia sem beber um digestivo depois.
Não consigo morrer de esperança porque esta é sempre a última a ir-se.
Não consigo morrer de stress porque a vida é bela.
Não consigo morrer parado porque não sei parar.
Não consigo morrer às mãos dos inimigos porque não sou de poupá-los.
Não consigo morrer sem saber, sei lá… acho que ia dar conta.
Não consigo morrer de desejos porque prefiro alcançá-los.
Não consigo morrer agora sem ver o Trump na trampa.
Não consigo morrer de 69, era só o que faltava.
Não consigo morrer por dá cá aquela palha porque não sou burro.
Não consigo morrer de uma hora para a outra porque se morrer é de vez.
Não consigo morrer de coração porque sou um sentimental.
Não consigo morrer a cheirar mal porque depois quem ia ao funeral?
Não consigo morrer de pânico porque o Cavaco não volta.
Não consigo morrer outra vez por não ser a favor de repetições.
Não consigo morrer de gula, prefiro arranjar quem engula.
Não consigo morrer condenado porque sou um santo.
Não consigo morrer em pecado, mas preferia no plural...
Não consigo morrer aos caídos porque seria triste não o levantar.
Não consigo morrer gay, mas respeito quem morre.
Não consigo morrer pelos cantos, até porque evito esquinas.
Não consigo morrer por bem, porque ia parecer mal.
Não consigo morrer a jogar, porque não jogo com a vida.
Não consigo morrer corno, mas nunca se sabe…
Não consigo morrer sem saber como, até porque mastigo bem a comida.
Não consigo morrer de desgosto por uma questão de bom gosto.
Não consigo morrer com sexo, mas, pensando bem, era horrível morrer sem.
Não consigo morrer assim, porque detesto incógnitas.
Não consigo morrer assado, mas um pianinho agora marchava.
Não consigo morrer a mal, gosto de decidir o que faço.
Não consigo morrer debaixo da ponte, nem viver, se interessa para o caso.
Não consigo morrer na hora certa, isso é lá coisa que exista?
Não consigo morrer em festa até porque ia parecer um contrassenso.
Não consigo morrer burro porque não seria nada inteligente.
Não consigo morrer aqui, ali ou além, pois detesto escolhas difíceis.
Não consigo morrer por nada, principalmente na piscina.
Não consigo morrer na cama, muito menos se estiver acompanhado.
Não consigo morrer de tentação, até porque tentaria sempre.
Não consigo morrer por morrer porque não faria sentido.
Não consigo morrer doente porque a morte seria o fim da doença.
Não consigo morrer de confinamento porque adoro a minha solidão.
Não consigo morrer de Covid-19, porque detesto ser apenas mais um.
Acho que consigo morrer de amores porque amor só existe um.
Com esta versão, bem mais completa, me despeço por agora, recebe mais um beijo carinhoso deste teu amigo de todos os dias e, por certo, de amanhã,
Esta é a minha carta número 200 para ti e estamos quase a fazer 7 meses de correspondência. Será que ainda não estás farta de me ler? Se e quando isso acontecer espero que me avises para eu parar. Detestaria estar a ser um chato em vez de um amigo. Hoje vou enviar-te uma lista sobre o que pensei relativamente à minha morte algures num futuro que há de chegar.
Ando a pensar em morrer, mas preciso de uma maneira original:
Não consigo morrer com dignidade porque não existe dignidade em morrer.
Não consigo morrer de tédio a ver programas políticos na televisão.
Não consigo morrer de prazer até porque ia querer sempre mais um bocadinho...
Não consigo morrer a rir porque não teria graça nenhuma.
Não consigo morrer na banheira porque sou dos que só toma duche.
Não consigo morrer a comer porque não aceito morrer a fazer algo de que gosto.
Não consigo morrer de velhice porque ainda não cheguei lá.
Não consigo morrer estúpido por motivos óbvios.
Não consigo morrer na praia porque seria um desperdício.
Não consigo morrer famoso, mas isso é por falta de cunhas.
Não consigo morrer queimado por ser uma morte estúpida.
Não consigo morrer com depressão pois a troika já passou.
Não consigo morrer de saudades porque depois não tinha como as matar.
Não consigo morrer de frio porque prefiro o calor.
Não consigo morrer afogado porque aprendi cedo a nadar.
Não consigo morrer no anonimato porque sei bem quem sou.
Não consigo morrer bêbado porque depois não me ia lembrar que morri.
Não consigo morrer de morte macaca uma vez que não sou símio.
Não consigo morrer de fome porque adoro comer.
Não consigo morrer por dentro porque ninguém ia saber.
Não consigo morrer pobre porque leva demasiado tempo.
Não consigo morrer rico, mas a ideia parece-me bem.
Não consigo morrer pobre porque tenho uma rica imaginação.
Não consigo morrer como um homem porque ficaria a parecer que não o era.
Não consigo morrer de medo até porque tenho medo de morrer.
Não consigo morrer por morrer porque não faria sentido.
Não consigo morrer doente porque a morte seria o fim da doença.
Não consigo morrer de confinamento porque adoro a minha solidão.
Não consigo morrer de Covid-19, porque detesto ser apenas mais um.
Acho que consigo morrer de amores porque amor só pode haver um.
Com esta minha lista deveras revolucionária me despeço de ti com amizade e um beijo,