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Alegadamente

Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente correto.

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Carta à Berta nº. 50: "Joacine vai-te Katar"

Joacine.jpg

Olá Berta,

Os dias por aqui continuam de chuva. Espero sinceramente que este choro do céu seja suficiente para encher as barragens portuguesas, que tão à míngua têm andado e para tirar da seca o solo, devolvendo à vida terras empedernidas que urge recuperar.

“Joacine vai-te Katar” devia, alegadamente, ter sido assim que o líder e fundador do Livre, Rui Tavares, teria de ter respondido a Joacine, depois da abstenção da deputada do seu partido, no voto de condenação das ações de Israel contra os palestinianos na faixa de Gaza.

Uma ação firme e sem medos de ser confundido com racista, preconceituoso para com os gagos ou mesmo machista. Um líder tem de ser líder e apenas isso. A democracia, mesmo no seio da estrutura de um partido, se não tiver uma hierarquia de liderança e comando rapidamente se transforma em anarquia. Aliás, deveria, por muito original que o partido pretendesse ser, ter sido o seu líder o cabeça de lista às eleições legislativas.

Numa representação partidária depois das eleições para a Assembleia da República, onde as possibilidades, as sondagens e os estudos estatísticos, apontavam para uma presença efetiva entre os zero e os 2 deputados ao Livre, em primeiro lugar, exigia-se sempre a presença do fundador e responsável do partido, depois, e só depois, é que se poderia votar internamente e de forma democrática num segundo possível representante, isto como demonstração da infantil forma de liberalizar lideranças, só imaginável num partido que, sem querer, brinca com coisas sérias, por falta de calo político e ideias de sonho, mais próprias de histórias como as da Carochinha ou as do João Ratão.

O protagonismo entregue à pessoa de Joacine Katar Moreira tem-se demonstrado uma verdadeira calamidade. Aliás, ou a deputada arrepia apressadamente caminho ou, numas eleições futuras, o Livre regressará rapidamente para a lista dos partidos que desaparecem para sempre da esfera do hemiciclo.

Saber capitalizar o descontentamento do povo e com isso alcançar a representação parlamentar e, mais importante ainda, conseguir mantê-la, não se compadece com uma representação para lamentar de uma deputada que a única coisa que até agora deixou claro, para além do facto de ter um problema de gaguez, foi a soberba absurda do seu estatuto minoritário, pondo-se em bicos de pés, mais emproada que os perus de Natal, o que por certo não levará, num futuro próximo, a bons resultados, nem é via para quem pretende singrar na política.

Os erros de Joacine têm sido por demais evidentes e ficam a nu, devido ao foco especial criado pela novidade, por parte da comunicação social, pelo facto de muita gente simpatizar com o caráter humilde e ponderado do seu líder, Rui Tavares. O que a inteligência e comportamento de Rui Tavares têm a mais tem Joacine a menos. Em vez de humildade apresenta soberba, troca o bom senso pelo choque, vejam-se os casos do segurar da bandeira da Guiné Bissau no dia da eleição e da sua entrada na casa da democracia seguida por um pajem de saias.

Apesar do que escrevi atrás já ser “naif” é inaceitável que Joacine justifique a sua abstenção, no voto em defesa dos palestinianos, com a desculpa de ter estado 3 dias sem conseguir contactar o partido. Pelo que apurei, durante esse período, o telemóvel de Rui Tavares esteve sempre ligado. Mas pior que a desculpa das dificuldades de comunicação, que com Joacine se sobrepõem às camadas, o desconhecimento das posições do partido, face a esta e outras matérias, demonstra uma total incapacidade ou, usando o termo francês mais esclarecedor nesta situação, “inaptitude” para o cargo para o qual foi eleita.

Joacine, nem para as minorias que representa, e são várias, género, raça, origem, deficiência, é um bom exemplo. Ainda não me esqueci das entrevistas, em que a deputada recém-eleita, de bicos de pés, alegava estar a ser vítima de ameaças, em conjunto com insultos graves, que lhe foram dirigidos, como jamais imaginara ser possível acontecer.

Esta vitimização, que na perspetiva da dita cuja, deveria ter consternado os portugueses, apenas os deixou mais desconfiados pelo desdém e arrogância com que a senhora os apresentou, exatamente como quando afirmou que a sua eleição só a si mesmo se devia, relegando para vigésimo plano a importância dos ideais do partido e do seu líder.

Ainda hoje a pobre vítima desprotegida, veio a público dizer que a direção do seu partido está a lançar um “autêntico golpe” contra si. Ó almas caridosas deste país solidário, juntem-se, unam-se, lutem, por favor, na defesa da arrogante, empinada e complexada vítima da opressora máquina partidária de um partido chamado Livre. Haja paciência. Não há como aturar esta personagem.

É claro que a imprensa tem adorado todas estas batalhas, problemas e confrontos. O conteúdo noticioso é ouro para as redações e direções editoriais de toda a comunicação social e a absurda Joacine tem demonstrado ser uma verdadeira mina, cujo filão parece ser inesgotável.

Agora, Joacine, tão ocupada estava a mostrar ao mundo que é a última vítima dos redutores dirigentes do seu partido, de toda a gente em geral e mais umas botas, que se esqueceu do prazo, sua competência e responsabilidade, para entregar o projeto de decreto-lei sobre a lei da nacionalidade, uma das grandes bandeiras do partido e o primeiro compromisso prometido aos eleitores, caso elegessem algum representante. Este simples facto demonstra a irresponsabilidade, o amadorismo, o protagonismo balofo e sem conteúdo da deputada e revela bem a sua inaptidão clamorosa para o cargo que desempenha.

Ainda mal passaram os primeiros 25 dias da polémica afirmação de Joacine, em que esta comparava Daniel Oliveira, o comentador de esquerda do Eixo do Mal e colaborador regular do Expresso, com figuras de extrema-direita. Foi só há cerca duas semanas que, quando indagada, em entrevista ao Expresso sobre o assunto, ameaçou o jornalista que a entrevistava, sublinhando que ou ele parava de lhe colocar aquela questão ou ela se irritava.

Consegues entender, minha querida Berta, o que teria acontecido se Joacine se tivesse irritado? Viria o deus dos fracos e oprimidos com um raio trespassar o ignóbil jornalista assertivo? Dah!

Alguém me sabe dizer quantas entrevistas Joacine Katar Moreira já deu nestes últimos 50 dias, pouco mais de um mês e 20 dias, depois de ter sido eleita? Pelo que consegui apurar a deputada já correu todos os canais televisivos sejam eles generalistas ou informativos e as principais rádios do país, deu entrevistas exclusivas ao Observador, ao Expresso, à Visão, ao Público, ao Diário de Notícias, ao jornal “i”, e a lista continua… ou seja, a senhora em causa, ou não prepara minimamente as entrevistas que dá ou se prepara não tem tempo para se concentrar no seu papel de deputada, demonstrando uma incompetência e um deslumbramento de bradar aos céus. A deputada tem sido de tal forma bandeira empinada aos ventos que nem André Ventura a consegue ultrapassar com as suas manobras oportunistas.

Joacine, veio avisar, ao jornal online Notícias ao Minuto, para quem possa ter dúvidas, que não é descartável e que exige respeito, em mais uma das suas, múltiplas e brilhantes, 100 mil entrevistas. Para nossa sorte, sabemos que, pelo menos, Joacine Katar Moreira é biodegradável, já quanto a exigir respeito é preciso que, quem tal regra impõe, se dê ao respeito também, coisa que Joacine parece desconhecer que exista.

O Podcast “Comissão Política” da secção temática do Expresso questiona-se se o trajeto de rotura entre a deputada e o seu partido poderá ser revertido, depois da deputada ter acusado a cúpula do partido de ter sido abandonada, de absoluta falta de respeito para consigo e de a direção lhe estar a fazer a cama, sendo alvo de um verdadeiro golpe. Será que Joacine queria dizer cúpula ou cópula? Não faço a menor das ideias, mas tenho uma certa mágoa que tudo isto esteja a acontecer com o Livre.

Estou certo, Berta, que voltaremos a falar desta deputada, mas para já apetecia-me fazer como recomendei a Rui Tavares e dizer “Joacine, vai-te Katar”.

Recebe um beijinho de até à próxima carta, deste teu amigo que nunca te esquece,

Gil Saraiva

 

Carta à Berta nº. 32: A Deputada: Jacine Katar Moreira

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Olá Berta,

A minha mensagem de hoje é sobre a recém-eleita deputada do Livre, Joacine Katar Moreira. Esclareço-te desde já não fui um dos que votei nesse partido, contudo, vi com agrado a eleição de um dos seus elementos para o parlamento. A diversidade não prejudica a democracia e é, a meu ver, até muito bem-vinda.

Joacine Katar Moreira tem ainda a seu favor o seu problema da gaguez. Quando o digo desta forma refiro-me à onda solidária que se gerou com a sua eleição. Afinal não é fácil ser mulher e a única representante de um partido, pertencer ao mesmo tempo a uma minoria racial no hemiciclo, onde apenas mais 2 deputadas são negras, ao que se soma o facto da deputada ter dupla nacionalidade, não ter nascido em território nacional mas na Guiné, na capital Bissau há 37 anos atrás e demonstrar ser afetada por uma gaguez profunda numa profissão a onde a voz é um dos principais instrumentos de trabalho.

Faço estas observações preliminares porque Joacine reunia as condições perfeitas para ser levada ao colo durante grande parte da legislatura. Os portugueses são muito mais solidários, do que demonstram à primeira vista, e gostam sobremaneira de apoiar o elo mais fraco. É a chamada descriminação positiva. Uma forma de agir que não só não critico como sou daqueles que apoia e incentiva este tipo de atitudes.

Mas algo não vai bem com a deputada Joacine Katar Moreira, licenciada em História Moderna e Contemporânea, nomeadamente em Gestão de Bens Culturais, detentora do mestrado em Estudos do Desenvolvimento e com o doutoramento em Estudos Sociais Africanos pelo Instituto Universitário de Lisboa. Digo isto porque, de repente, a doutora deputada resolveu começar a disparar para todo o lado, lançando aos 7 ventos, a notícia de que tem sido vítima de mensagens de ódio inarráveis e inadmissíveis, como nunca imaginou ser possível.

Até aqui, a serem verdade as críticas apresentadas nada haveria a dizer sobre este comportamento e a vitimização poderia até ser justificada. Porém, a causa cai por terra quando Joacine mistura verdadeiras mensagens de ódio, essas absolutamente condenáveis, com as que apenas refletem oposição às suas ideias ou apresentam perspetivas diferentes das que o atual Livre demonstra ter.

Ora, erroneamente, a deputada põe tudo no mesmo saco o que se torna totalmente inaceitável. Não é compreensível que uma pessoa formada em História Moderna e Contemporânea, com mestrado em Estudos de Desenvolvimento e doutoramento em Estudos Sociais Africanos confunda a crítica ou as ideias diferentes das suas com mensagens de ódio, como algumas das que recebeu. Por exemplo, não consigo sequer entender o ataque que fez a Daniel Oliveira acusando-o de pensar como a extrema-direita em vez de rebater a opinião critica do cronista.

Já agora é preciso que se diga que há idiotas em todo o mundo e que sempre haverá mensagens de ódio, racismo, xenofobia, entre outras, por parte de indivíduos sem grandes princípios e que, obviamente, Portugal não foge à regra.  É que, neste campo, que envolve o insulto vindo de gente que não sabe estar, como diria Ricardo Araújo Pereira, Joacine Katar Moreira não está sozinha. Basta dar uma voltinha nalgumas redes sociais para ver um certo tipo de seres a achar que Portugal não pode ser governado por um velho monhé, que come palavras ao discursar.

A continuar a agir com esta vitimização total, a atingir vertiginosamente a irracionalidade, a deputada corre sério risco de ver desaparecer o capital de solidariedade, justa e sensata, com que iniciou o seu mandato. Em Portugal não é apenas fácil passar de besta a bestial, o inverso é igualmente verdadeiro e, Joacine, devia ponderar seriamente sobre o caminho que parece ter escolhido. Cá por mim espero que o bom senso prevaleça nas atitudes da luso-guineense e que os acontecimentos recentes não vir o seu novo “modus operandi”, sob pena de se vir a esbater a sua importância na Assembleia da República.

Deixo-te um beijo saudoso em mais esta despedida, este amigo que não te esquece,

Gil Saraiva

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