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Alegadamente

Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente correto.

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Carta à Berta n.º 607: Morreu Mikhail Gorbachov. A Minha Homenagem...

Berta 607.jpg Olá Berta,

Morreu, tristemente, de doença grave e prolongada, há quatro dias, com 91 anos, Mikhail Gorbachov, aquele que foi o último líder da União Soviética e Prémio Nobel da Paz em 1990, sabias, amiguinha? Foi com ele que o muro de Berlim foi finalmente derrubado, ele é o pai da Perestroika e da Glasnost, palavras que significavam respetivamente se traduzidas do russo, Reestruturação e Transparência e que implicaram grandes mudanças políticas e estruturais indo diretamente ao encontro do sentido dessas palavras.

Com ele, minha querida, caiu a Cortina de Ferro e a eminente ameaça nuclear, com ele terminou a Guerra Fria, o KGB, o Partido Comunista da União Soviética e a URSS, ou seja, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e com ele renasceram, na Europa de Leste, uma série de nações e países até aí debaixo do jugo russo. Entre elas, a Ucrânia, que Putin tenta agora, de novo, reaver.

Infelizmente, para a Rússia, os aplausos e festejos do Ocidente, não se traduziram numa verdadeira política de apoio económico e estrutural desta nova realidade. Pior do que isso, Bertinha, quase sorrindo, a Europa e os Estados Unidos, deixaram cair a Rússia numa grave e profunda crise social e económica de proporções gigantescas, pouco ligando ao aparecimento de máfias e de saudosistas do imperialismo soviético na renovada Rússia de Mikhail Gorbachov.

Por uns tempos a liberdade foi confundida pelo povo russo com libertinagem e banditismo e o jugo ditatorial foi igualmente substituído por fome, insegurança, frio e um enorme vazio de perspetivas de futuro, fosse ele qual fosse. Muitos dos antigos líderes da polícia secreta e de outros setores do antigo poder soviético passaram a liderar gangues militarizados aterrorizando a população local e espalhando o seu terror pelo Ocidente, que, distraído, Berta, não via os tentáculos deste polvo a alastrar pelo mundo.

Nos antípodas de Mikhail Gorbachov, querida amiga, crescia Vladimir Putin, se um queria rumar ao Ocidente, à liberdade, numa longa estrada até à democracia, o outro, por seu turno, achava que o império soviético nunca deveria ter caído. Um era a favor da autodeterminação das Repúblicas Soviéticas, enquanto o outro, bem inversamente, sonhava com os bons tempos da grande União Soviética ou da Rússia dos Czares, algo absolutista enquanto forma de poder e com desejos de regresso ao domínio das Repúblicas perdidas com a desagregação da velha União Soviética.

Não foi à toa que Mikhail Gorbachov recebeu em 1990 o Prémio Nobel da Paz e que se Prémio houvesse a dar a Putin seria o da Guerra. Pena foi que o mundo Ocidental não tivesse dado uma mão à frágil economia russa logo a seguir à desagregação da URSS. Se tal tivesse sido feito, em vez de apenas dar palmadinhas nas costas a Mikhail Gorbachov, nunca Vladimir Putin, nem os seus antecessores teriam chegado ao poder.

Resta-me prestar a minha sentida homenagem a Gorbachov. Morreu o homem mais influente do mundo na segunda metade do Século XX. Morreu um verdadeiro herói mundial. Boa viagem Gorbachov. Com isto me despeço, querida amiga, recebe um beijo deste que muito te estima,

Gil Saraiva

 

 

 

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