Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
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Já ouviste certamente, paciente confidente, falar que “os ratos são sempre os primeiros a abandonar o navio”. O caso em questão, quanto a mim, aplica-se, hoje mesmo, a Campo de Ourique. Estou a falar da anunciada demissão de Pedro Costa de presidente da Junta de Freguesia de Campo de Ourique, esta terça-feira, sem que nada o fizesse prever.
Alegando questões pessoais e políticas, cara amiga, Pedro Costa demite-se, segundo afirma, por estar esgotado o diálogo entre si e a Câmara Municipal de Lisboa, dirigida por Carlos Moedas, a quem acusa de fazer ouvidos moucos das suas reivindicações, perante a edilidade, quase desde sempre. Ora, sabendo eu com que linhas se coze Carlos Moedas, nem me devia admirar de este ser um motivo realmente relevante para o inesperado anúncio. A certa altura é natural ficarmos de saco cheio.
Se nada mais houvesse no panorama autárquico, Bertinha, eu até me deixaria facilmente convencer de que isso seria a verdade e a única razão para a saída súbita de Pedro Costa. Afinal, sendo eu socialista, de cotas pagas, como o nosso presidente de junta, porque haveria eu de duvidar de um camarada. O homem até teve um comportamento exemplar a apoiar os fregueses durante a pandemia e no processo de vacinação, de tal forma que foi destaque noticioso pelo excelente serviço prestado à população do bairro.
O problema, minha doce amiga, é que há outras coisas que estão para acontecer ainda este ano. A autarquia aprovou a construção do silo para automóveis na Travessa do Bahuto, encostando o silo ás portas e aos narizes de quem, por ali morar, queira sair de casa. Ao que se diz nem espaço ficará para entrar ou sair uma cadeira de rodas ou uma maca dos bombeiros. No entanto, quero acreditar que esta descrição será por certo exagerada, pois a não ser seria quase criminosa, para não dizer outras coisas.
Ora, amiguinha, a acontecer tamanha obra e a ser próxima da descrição feita, vai gerar muita revolta e contestação no bairro. Ainda para mais porque as gentes de Campo de Ourique são solidárias entre si. É sabido que na zona afetada os habitantes são, na sua grande maioria, idosos e pessoas de poucas posses, sem o poder reivindicativo que se poderia esperar num caso assim. Mas a vizinhança fará, certamente, barulho por eles.
Depois, como se isso não bastasse, estão para começar as obras para a estação do metropolitano no Jardim da Parada. Ora, minha querida, o barulho e a contestação que esta loucura vai gerar, terá, certamente, muito pouco paralelo com qualquer outro facto que tenha acontecido no bairro. Disso não tenho a menor dúvida. Quanto a mim, e que me desculpe o próprio se eu estiver enganado. Pedro Costa faz de rato e abandona o cargo antes destas duas situações rebentarem de facto.
Posso estar enganado, mas parece-me tudo muito mais lógico visto por esta perspetiva. Sei que é triste, mas é, sem dúvida, a melhor forma de se sacudir a água do capote, só espero nunca o ver a assumir um cargo no Metropolitano de Lisboa. Sair antes de novas eleições autárquicas, sair antes das obras previstas para quem ganhou a Junta por 15 votos parece-me um muito bom motivo, mas isto sou apenas eu a pensar. Por hoje nada mais tenho a dizer, minha querida, vêm aí tempos menos bons para o bairro, fazer o quê? A vida é assim… deixo um beijo de despedida, este teu eterno amigo,
Olá Berta, Numa altura em que em que um governo aprova um orçamento de estado, refazendo esta carta que não te enviei em 2020, o tema mantém-se o mesmo. Aliás, é mais grave. Senão… vejamos as medidas tomadas para combater o preço das casas. Onde está a medida de fundo para combater o preço das casas? Pois é, simplesmente não existe.
O lóbi imobiliário é mais forte. Não há uma medida travão, não há um teto máximo para o metro quadrado em Lisboa, Porto ou no Algarve. E o resultado é a especulação imobiliária com uns poucos a esmifrar os outros que lutam, como podem para poderem sobreviver. E a culpa nem é deles, sempre foi assim, chamam-lhe oferta e procura. Enquanto houver quem pague mil e quinhentos euros por um T1 porque é que o senhorio haverá de colocar um preço mais baixo?
Baixar os alugueres de casas para a metade era fácil. Bastava criar um mercado regulado para o imobiliário. Contudo, ninguém quer saber. E para a compra era exatamente o mesmo bastava criar um mercado regulado para o preço do metro quadrado fosse aqui, em Lisboa, fosse em Santa C**a de Assobios ou na casa da cara**o.
E não me venham falar em Mercado Livre, o mercado continuava a ser livre se o preço dos combustíveis é regulado ou o das telecomunicações, e tantos outros porque é que numa situação de crise não se há de regular um teto máximo para o valor do metro quadrado seja para alugar ou seja para vender? Apenas por interesse dos construtores e dos proprietários, de mais ninguém.
Mas não, deixam-se as organizações fazerem carteis, seja na distribuição, seja nas comunicações, seja no que seja. E constituir carteis é proibido e punível por lei, nem quero pensar no que aconteceria se não fosse.
Criar uma regulação para a habitação não necessita de ser nenhum paradoxo ou impossibilidade, basta uma tabela simples e nacional tendo em conta o estado do imóvel, a idade e a sua localização. Portugal não precisa de casas mais baratas, nem mesmo precisa de mais casas e apartamentos. Já existem quase 5 milhões delas. O que dá, tendo em conta a população existente, quase uma casa para cada 2 pessoas.
Há mas os materiais estão caros e se assim fosse ninguém investia em habitação e era o fim da nossa economia. Mais uma gigantesca mentira. As casas eram reguladas tendo em conta o tipo de acabamentos, as acessibilidades e as infraestruturas de proximidade, mais o preço do metro quadrado para venda ou aluguer tendo em conta a realidade de cada localidade.
Haveria sempre lucro e não se acabariam os investidores, apenas desapareciam os especuladores. 50 anos depois do 25 de abril não somos obrigados a viver numa sociedade de oportunistas ou somos? O mesmo se passa com o lóbi dos transportes. O Metropolitano viu bem. O Jardim da Parada é o centro do bairro e por isso resolveu tomá-lo de assalto. São os novos urubus das infraestruturas Os vampiros de que falava Zeca Afonso e “vêm em bandos com pés de veludo chupar o sangue fresco da manada” “e se alguém se engana, com seu ar sisudo, e lhes franqueia as portas à chegada, eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada!”
É preciso começar a mudar as consciências, por isso desafiei os partidos políticos a fazerem propostas diferentes. Há tanta coisa que uma Junta de Freguesia pode fazer se quiser ajudar a freguesia que serve ou que deveria servir. Sim, porque os autarcas servem o povo e não inverso.
Em 2025 podemos mudar a política basta querer. Eu comprometo-me a votar no partido que apresentar uma providência cautelar bem fundada contra a estação de metro no Jardim da Parada, eu e muitos, nem precisam inventar, o Movimento Salvar o Jardim da Parada já tem a papa toda feita, só não tem mais dinheiro. Sou contra o Drácula do Metropolitano é preciso dar caça ao Vampiro, é preciso abrir a caça aos Vampiros. Sejam eles os cretinos que apoiam o lóbi imobiliário sejam eles os sanguessugas do Metropolitano. Despeço-me, Berta, com Zeca Afonso, um beijo:
No céu cinzento sob o astro mudo, batendo as asas pela noite calada, vêm em bandos com pés veludos, chupar o sangue fresco da manada… Eles comem tudo, eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada, eles comem tudo, eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada.
Se alguém se engana com seu ar sisudo, e lhes franqueia as portas à chegada, eles comem tudo, eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada, eles comem tudo, eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada. À toda a parte chegam os vampiros, poisam nos prédios poisam nas calçadas, trazem no ventre despojos antigos, mas nada os prende às vidas acabadas. Eles comem tudo, eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada. Eles comem tudo, eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada.
No chão do medo tombam os vencidos, ouvem-se os gritos na noite abafada, jazem nos fossos vítimas dum credo, e não se esgota o sangue da manada. Eles comem tudo, eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada. Eles comem tudo, eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada.
São os mordomos do universo todo, senhores à força mandadores sem lei, enchem as tulhas bebem vinho novo, dançam a ronda no pinhal do rei. Eles comem tudo, eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada. Eles comem tudo, eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada. (Zeca Afonso – Os Vampiros)
Olá Berta, Foi há 4 anos que eu te falei de uma candidatura autárquica de proximidade para concorrer à Junta de Freguesia de Campo de Ourique, pois agora acho que o assunto é bem mais urgente e premente. Esta carta foi atualizada e diz respeito à atualidade. Eu estou até disposto a apoiar qualquer partido (menos o Chega que nada tem a ver comigo) que se apresente com uma candidatura à Junta de Freguesia e que esteja disposta a combater a decisão de colocar a estação do metro no Jardim da Parada. O que eu não apoio é gente que se esquece da vontade dos seus fregueses e se coloca ao serviço do Metropolitano de Lisboa. Não me conformo com a ideia de que daqui a 15 anos estamos a substituir todas as árvores do Jardim da Parada porque entretanto as centenárias que aqui estavam morreram todas. Eu sei que estamos a ser vigiados pelos senhores do Metropolitano e da vendida Agência Para o Ambiente basta ler a publicação do Plano de Comunicação do Projeto de Expansão - Prolongamento da linha Vermelha São Sebastião/Alcântara e daquilo a que chamam no seu ponto 3. Análise das Redes Sociais. Onde referem:
“Na análise externa às redes sociais, foram analisados vários grupos/ páginas de Facebook. Grupos e páginas analisados: Movimento Salvar o Jardim da Parada; Fãs de Campo de Ourique; Nascemos Felizes em Campo de Ourique; Campo de Ourique; Vizinhos de Alcântara; Estes grupos são monitorizados (vigiados, digo eu) por estarem relacionados com as zonas onde o traçado do Projeto incide. À exceção do grupo/página “Salvar o Jardim da Parada” os restantes grupos não foram criados com o objetivo de se apresentarem contra o Projeto. São grupos locais, que servem para os fregueses partilharem informações locais. Normalmente os membros destes grupos partilham notícias sobre o Projeto, imagens do Jardim da Parada, e ações/ manifestações de desagrado. As pessoas inseridas no grupo “Pessoas analisadas” foram escolhidas por serem as pessoas mais ativas nos grupos/páginas contra a construção da estação no Jardim da Parada. Pessoas analisadas: Susana Morais; Suzana Marques; Margarida Vicente. A monitorização das redes sociais ocorre desde 2022.”
Ora desde quanto é que é função do Metropolitano de Lisboa vigiar grupos como o grupo Campo de Ourique ou membros do grupo como a Suzana Marques ou a Margarida Vicente. Algo vai muito mal no reino do Metropolitano. Temos uns “pseudopidescos” a controlar as nossas ações e descontentamentos agora? E isto é publicado num panfleto do Metropolitano como se fosse um ato de gestão corrente? Mas afinal quem são estes senhores para monitorizarem o que acontece no grupo Campo de Ourique? Pois é, amiga Berta, a autoridade desta gente termina onde a minha liberdade de expressão começa. Lanço daqui um repto aos partidos políticos: Quem se juntar a nós contra a construção da estação do metropolitano de Lisboa no Jardim da Parada pode contar connosco. Para já é urgente a entrada de uma (duas, 5, 10…) providência cautelar contra o Metropolitano. E depois disso, todas as medidas são bem-vindas. Caso não apareçam partidos dispostos a defender a nossa causa tudo faremos para que a Junta de Freguesia de Campo de Ourique mude já em 2025 de Presidente. Precisamos de um poder que entenda a vontade dos seus fregueses e não de frouxos e vendidos ao Metropolitano e à falsa Agência Para o Ambiente. Só não apresento uma lista de cidadãos que concorra contra esta malta porque é demasiada burocracia, criada, aliás, para dificultar quem procura defender a sua freguesia. Contra os que nos atiram areia para os olhos, contra o Metro no Jardim da Parada, contra a Junta de Freguesia de Campo de Ourique e Contra a Câmara de Lisboa, marchar, marchar. Despeço-me zangado com um beijo amigo, Gil Saraiva