Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
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COMENTÁRIO À CARTA À BERTA (JARDIM DA PARADA - NÃO HÁ CU QUE NÃO DÊ TRAQUE) N.º 622 NO SAPO BLOGS,
«Sandra, 08.11.2022 - 10:30 h.
Tenho acompanhado esta situação que, por todos os fatores e mais alguns, se tornou mediática. É incrível como os próprios órgãos de comunicação social se contradizem a eles próprios, e é de causar estranheza parecerem estar a "defender" um dos lados (neste caso, o lado errado) quando deveriam ser isentos e limitar-se a divulgar a notícia. Parece que dão destaque e voz a quem defende não ser prejudicial o avanço das obras, em vez de dar, de forma justa e equilibrada, igual destaque a quem tem como provar o prejuízo irreparável que a construção de tal linha traz.
Não estou ligada diretamente a Campo de Ourique, ou ao Jardim da Parada, mas sinto-me ligada indiretamente a esta situação por ela representar todos "os Jardins da Parada" e todas as "linhas do metro" país fora. Enfim. No meio de tudo, trata-se de uma luta desigual, onde, na pior das partes, impera não a sincera preocupação com a população e a sua acessibilidade a essa zona, mas o ponto que parece reger este país: o fator interesse económico.
O tal jogo de interesses entre " os grandes", em que uma mão lava a outra e todos ficam a ganhar. Neste caso, nem todos ganham. Peço desculpa pela "intromissão" mas após ler as suas partilhas, não consegui sair daqui calada.
Boa sorte nesta luta, que a meu ver, ainda está para durar...»
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Cara Sandra,
Quando na Antiguidade Clássica se queria falar em lutas desiguais vinha sempre ao debate a luta entre David e Golias. Neste caso concreto, da batalha entre o Metropolitano de Lisboa e o Movimento "Salvar o Jardim da Parada", a velha comparação peca por defeito. Teríamos de arranjar outros intervenientes, algo do tipo "a batalha entre o T-Rex e a Pulga".
Com efeito, e apesar de se saber, pelos outros exemplos já ocorridos com o metro em Lisboa, que nenhuma árvore de grande porte sobrevive mais de cinco anos depois de ser implementada uma estação de metro debaixo dela, os especialistas do Metropolitano afirmam descaradamente que desta vez é que é. De realçar que por detrás do Metropolitano de Lisboa está o Governo de António Costa e todo o poder a ele associado. Para piorar as coisas, na Junta de Freguesia de Campo de Ourique encontra-se o filho do Primeiro-Ministro, Pedro Costa, com o cargo de Presidente da Junta, que, por sinal, pouco se preocupa com os seus fregueses ou se interessa sobre o que eles pensam.
Pedro Costa entrou para a política pela mão do pai, como número dois desta Junta de Freguesia. Conforme combinado antecipadamente o então Presidente da Junta, um tal de Pedro Cegonho, foi promovido a deputado na Assembleia da República nas eleições legislativas seguintes e o Costinha ascendeu, quase sem saber ler nem escrever, a Presidente da Junta de Freguesia de Campo de Ourique. Finalmente, nas últimas eleições autárquicas, em que poucos eleitores sabiam da estratégia, foi eleito Presidente da Junta, com pouco mais que uma dúzia de votos do seu mais direto oponente.
Ora, Pedro Costa, não se preocupa com o que possa acontecer à Freguesia ou ao Jardim da Parada porque está em trânsito. Nas próximas eleições autárquicas já não será ele o candidato do PS a esta Junta. Seguirá o caminho de ascensão política desenhado pelo pai. Uma ascensão promovida pela genética, que não pelo mérito.
Pois é, cara Sandra, eu que sou socialista militante, daqueles com quotas em dia, tenho, contudo, a consciência que nem tudo é perfeito e são do seio do meio próprio partido. Há muito que no PS as promoções familiares são uma realidade. Posso, infelizmente, dar vários exemplos disso.
Depois a comunicação social, que depende bastante da publicidade institucional do Estado, só dá voz aos mais fracos quando a coisa é lançada em conjunto. Se todos contestam algo que o Governo faça, a situação passa e ninguém sofre consequências, mas se apenas um órgão de comunicação se manifesta ou tenta manifestar, aí o risco é bem maior e, normalmente a Direção de Informação censura a notícia.
Foi o caso da TVI, por exemplo, com uma boa reportagem feita sobre a polémica de se “Salvar o Jardim da Parada”. Essa notícia nunca viu a luz do dia. Ficou retida e enviada para arquivo pela Direção de Informação do canal.
Em conclusão, minha amiga, não é fácil ser-se pulga num mundo de T-Rex e outros gigantes de carapaça dura, quase impenetrável. Porém, por vezes, sem ninguém saber bem como, acontece uma exceção. É nessa réstia de esperança que a população do bairro se agarra. Quem sabe… quem sabe…
Em 1980, o grupo musical denominado Banda do Casaco, lançou uma música que ficou para a história, minha querida. Chamava-se Natação Obrigatória e, a dada altura, cantava-se assim: «Viemos do "fundapique". Passamos no "tudasaque". Não há mal que mal nos fique. Nem há cu que não dê traque. Mal a gente vem ao mundo, logo a gente vai ao fundo…». (https://youtu.be/-MliQHJHqy0)
A realidade, amiguinha, é que a tendência, já bem conhecida no início dos anos 80, para que pessoas, grupos, organismos ou instituições tentem mandar-nos abaixo e com isso colocar-nos no respetivo lugar (uma avaliação muito duvidosa sobre nós por parte de quem não nos conhece), continua hoje, como há 42 anos, a ser uma evidência, onde as más práticas são por demais substanciais.
Não há cu que não dê traque! Atualmente, sem precisarmos de sair do Bairro de Campo de Ourique, é exatamente ao que assistimos por parte do comportamento do Metropolitano de Lisboa e das atitudes do Presidente da Junta de Freguesia. Alegadamente, em ambos os casos, minha amiga, tratam-se, de bufas fedorentas prontas a inquinar-nos a vontade e destruir de forma definitiva e permanente o que de melhor temos no bairro: o Jardim da Parada.
São, Berta, estes novos «… ”Aprendizes da política”, só na tática do "empocha…". “Vem a tempestade mítica e a cabeça dá na rocha.” Porque: “Mal a gente vem ao mundo, logo a gente vai ao fundo”» (assim reza a já referida música). As últimas ações são tão desprezíveis como as bufas fedorentas dos denominados “toupeiras”, e do seu cúmplice Pedrinho, aqui no Bairro e que já alastraram a outras organizações como foi, recentemente, o caso da TVI.
Vamos aos factos a que me refiro, Bertinha:
A primeira bufa fedorenta veio, cínica e maldosa, do Metropolitano de Lisboa que colocou um “mupi publicitário”, perto dos sanitários do Jardim da Parada onde, jocosamente, afirmava, através de um esquema do Jardim da Parada, estar no nosso coração. Depois, na mesma publicidade, representavam a estação do metro como uma gigantesca cruz sobreposta, bem por cima de toda a área verde do jardim, como que a garantir que as árvores centenárias estavam condenadas a morrer, não por qualquer forma de justiça, mas porque tal ato excita, ao que me quer parecer, as toupeiras cegas de bom senso e sádicas por natureza.
A segunda bufa fedorenta envolve, no seu cheiro arrasador, a administração da TVI que, depois de ter feito uma reportagem em que evidenciava os malefícios da Estação de Campo de Ourique sob o Jardim da Parada, debaixo da pressão das bufas do poder e das toupeiras malcheirosas, censurou a reportagem da sua própria estação de televisão, não permitindo que a mesma fosse emitida. Uma cedência que, alegadamente, envolveu luvas de pelica.
A terceira bufa fedorenta apareceu no formato de um “flyer”, ou seja, um panfleto publicitário, onde o Metropolitano de Lisboa mente descaradamente à população de Campo de Ourique. A imagem de capa deste desdobrável é a de uma criancinha com um ar feliz e inocente que nem tem noção que a linha vermelha para onde está a apontar é realmente uma linha vermelha que nunca deveria ser possível sequer de traçar quanto mais de executar.
No interior do tríptico publicitário, minha doce Berta, a cruz funerária da Estação do Metro de Campo de Ourique continua bem visível aos olhos de todos, mas continua-se a prometer este mundo e o outro como se de verdades inequívocas se tratassem.
Agora já não são apenas as árvores protegidas que não serão abatidas, mas também as centenárias, como se, por exemplo, o cipreste-dos-pântanos pudesse sobreviver com raízes que precisam de estar mergulhadas no lençol freático que se encontra a trinta e tal metros de profundidade sob o jardim. É vergonhosa, minha cara, a forma como a realidade é distorcida. Efetivamente o metro não abate a árvore, mas ela não tem como conseguir sobreviver. Aliás, segundo um ex-vereador da mobilidade da Câmara Municipal de Lisboa, nenhuma árvore centenária, do Jardim da Parada, estará viva em 2030, tal como aconteceu com as que existiam nas estações de metro no trajeto que vai de Entrecampos ao Areeiro.
“Com a verdade me enganas” poderias tu, amiga, dizer às toupeiras do Metropolitano de Lisboa. Eles podem não abater as árvores, mas todas elas estarão mortas cinco anos depois da obra estar concluída. E isso é irreparável e isso é inadmissível.
O panfleto do metro está em toda a parte. O Presidente da Junta tratou disso de forma eficaz. A junta tem resmas dessa publicidade nas suas instalações, espalhou-a aos montes pelos cafés, pastelarias e restaurantes do bairro, encheu deles escolas, biblioteca e outros locais públicos e invadiu, com o seu fedor enganador as caixas de correio de todo o bairro. Passou-se, Berta, uma linha vermelha que tem de ser travada. A da falta de respeito por uma população inteira de um bairro que vê, desta forma, uma cruz cravada no seu coração, aquele quarteirão verde a que chamamos Jardim da Parada.
Com efeito, não há cu que não dê traque, mas os habitantes do bairro, minha amiga, passam bem sem as bufas mortíferas do metro e do Presidente da Junta. Fica um beijo de despedida,
Vitória! Finalmente atingimos mais de 7.500 assinaturas (um total que já chegou às 7.600) contra a estação de metro no Jardim da Parada. Este é apenas o primeiro de muitos passos para tentarmos “Salvar o Jardim da Parada”. Um passo que vai obrigar a Assembleia da República a discutir em Plenário Parlamentar a opinião das gentes e do povo de Campo de Ourique e, quiçá, a uma mudança da localização da Estação do Metro para a Rua Saraiva de Carvalho, esquina com a Igreja Santo Condestável, ou para outro qualquer local que não o Jardim da Parada.
Relativamente às seis cartas subordinadas ao tema “O Metro no Jardim da Parada”, pode parecer-te que me estou a repetir e de facto estou mesmo. Esta necessidade de angariar as assinaturas (as 7.500) e mais uma ou duas centenas delas é premente, não vá alguma ser invalidada. Quanto às visitas à Carta à Berta, minha querida, ficaram-se pelas 18.220 leituras, nestes últimos 8 dias. Eu queria um valor perto das 22.500 leituras, o que significaria uma excelente leitura. Porém, pode ser que o número possa ser atingido lá para o final deste mês. Isso sim, seria mesmo o ideal.
Entretanto relembro aos que lerem esta Carta à Berta que, por favor, não deixem mesmo de assinar a petição pública que circula na internet, embora já tenhamos atingido as 7.500 assinaturas, a Assembleia da República pode sempre invalidar algumas delas por um ou outro motivo. Nunca se sabe. E tu, minha amiga, avisa os teus amigos também.
A petição ainda não terminou. É necessário que eles continuem a ir a salvarojardimdaparada.pt/peticao e a assinar a petição (aqueles que ainda não o fizeram). O processo é muito simples, e depois façam logo a confirmação da vossa assinatura (no respetivo email de cada um), assim que a petição vos enviar a mensagem de confirmação para o email.
Já não faltam assinaturas, Berta, chegámos às 7.600, atingimos cerca de um terço ou próximo da população adulta da freguesia de Campo de Ourique. Importa não esquecer e agradecer o apoio daqueles que já por cá passaram e passam e que ficam ou ficaram com fortes laços com Campo de Ourique e a quem estamos reconhecidos, bem como a todos aqueles que defendem a natureza em detrimento da estupidez e tacanhez dos homens.
É ainda preciso que todos passem a mensagem aos seus familiares e amigos. Precisamos de todos aqueles que, sem exceção, vivem ou já viveram no bairro, dos que aqui trabalham ou trabalharam e dos que nos visitam, para levar a bom porto esta missão, porque o objetivo é levar uma margem de segurança de assinaturas a mais, quando entregarmos a petição. Viva o Jardim da Parada! Viva o Movimento “Salvar o Jardim da Parada”.
Como sou um romântico e hoje estou particularmente satisfeito com esta prova de maturidade dada pelas gentes de Campo de Ourique ao conseguir levar a bom porto esta hercúlea tarefa de se conseguirem 7.600 assinaturas num bairro com apenas três vezes essa população e com tanta gente sem saber aceder às redes sociais e à internet, espero que me desculpes, Bertinha, se termino esta carta com três sonetos alusivos ao Jardim da Parada. Não são novos e fazem parte de dois dos meus livros de sonetos. Porém, espero que sejam do teu agrado.
(Jardim da Parada, fotografia de autor, todos os direitos revervados)
Olá Berta,
Nesta sexta e última carta subordinada ao tema “O Metro no Jardim da Parada”, parte VI/VI, não posso dizer que esteja completamente satisfeito com o resultado das mesmas. As visitas à Carta à Berta, minha querida, embora ainda possam aumentar nos próximos dias, ficaram-se por um total, até à data, durante estes últimos 6 dias, em 15.240 leituras. Não sendo mau, não é de todo excelente. O valor que eu procurava andava perto das 22.500 leituras, o que significaria ter sido lido por cerca de um terço a um quarto dos eleitores do bairro. Porém, com alguma sorte, pode ser que o número por mim desejado seja atingido lá para o final deste mês. Isso sim, seria ótimo.
Ainda não te falei, minha amiga, num outro grupo de ilustres cidadãos de Campo de Ourique, que anda com outras ideias interessantes, como forma de mitigar o impacto da estação de metro no Jardim da Parada. Eles usam como slogan: Metro no Jardim da Parada – Minimizar Impacto + Potenciar Oportunidades. Como propostas principais avançam com a ideia de acabar com o trânsito no interior do quadrado urbano ladeado pela Rua Ferreira Borges, a Rua Coelho da Rocha, a Rua Francisco Metrass e a Rua Correia Teles.
Este quadrado gigante seria arborizado e passaria a ser constituído por passeios, sem ruas de trânsito, exceção feita apenas nos acessos às garagens dos prédios já existentes.
Seria um híper quarteirão onde as crianças poderiam brincar à vontade, sem estacionamentos por todo o lado, bem no centro do bairro, uma maravilha, Bertinha. Para além disso, com as árvores a colocar no meio dessas ruas a zona verde quase que duplicava. O coração do bairro ganharia mais alma, mais alegria e mais sossego depois de, um dia, as obras do metro estarem finalmente concluídas.
O projeto ainda prevê a construção de dois silos, um para 600 lugares no Pátio das Sedas e outro com 80 lugares na Travessa Bahuto. O conjunto de propostas é vasto e atinge a dúzia de forma equilibrada e verdadeiramente idílica, cara amiga. Para além disso, ao que parece, estes cidadãos estão bem inseridos na comunidade lisboeta e têm bons contactos no seio da malha política da capital, possuindo igualmente um tratamento facilitado junto da comunicação social tradicional (imprensa, rádio e televisão).
Os primeiros signatários desta proposta parecem saídos, a ver pelos nomes e apelidos, diretamente da Heráldica Portuguesa e Europeia, Bertinha, a saber: Ana Cordovil, António Quintão, Ariana Simões de Almeida, Filipa Pinto da Silva, Filipe Alfaiate, Helena Skapinakis, Inês Costa Pereira, Jorge Farelo, Jorge Wemans, Leonor Serzedelo, Manuel Queiroz, Maria do Rosário Rodrigues, Maria Tavares de Almeida, Miguel Brito e Abreu, Rita Castel’ Branco, Rui Loureiro, Sofia Rodrigues e Teresa Júdice da Costa. Esta reunião de talento e prestígio importa à nossa casta política.
Quando me apercebi que este louvável grupo de notáveis encabeçava o projeto, amiguinha, imaginei logo que ele teria pernas para andar e a bênção da Junta de Freguesia e talvez até do Governo e dos enfatuados administradores do Metropolitano. Porém, aquilo que este grupo organizado não explica é a única pedra no sapato da minha total aprovação.
Tentando apresentar a coisa de forma simples, cara correspondente, fica por explicar o que acontecerá depois das árvores de grande porte (quase todas) morrerem do Jardim da Parada, porque a estação de metro se mantém praticamente no mesmo local e à mesma profundidade projetada. Substituem por arvoredo de pequeno porte? Com 20% da folhagem em relação à mancha atual? Isso anularia a expansão da zona arbórea do grande jardim verde, onde também iriam ser colocadas árvores de pequeno porte. No final, iriamos ficar com 40% do verde face ao que agora possuímos.
Como seriam autorizados, realmente feitos e a que horas, os acessos aos quase 400 lugares de garagens que existem no interior deste grande projeto? É que, mesmo assim, amiga, 400 viaturas a entrar e a sair desta zona, enfim, não deixa as crianças a poderem brincar à vontade ou deixa? Para além de que não será fácil convencer os moradores que agora têm as suas viaturas (cerca de 513) estacionadas na zona prevista, a mudarem para silos pagos, relativamente distantes das suas habitações. Isto se é que os silos fossem realmente construídos. Já oiço falar nisso há 14 anos.
O que iria acontecer ao trânsito destas ruas, que teria de ser desviado para as ruas Ferreira Borges, Coelho da Rocha, Francisco Metrass e Correia Teles? Seria a aurora de um novo caos urbano, absolutamente absurdo e intransponível, minha amiga. Nestas ruas, aliás já sobrecarregadas com saídas e entradas para o metro, a despejar 11 milhões de pessoas no bairro por ano (segundo as previsões do Metropolitano de Lisboa), o estacionamento ilegal iria aumentar substancialmente. A ocupação de viaturas paradas nos cruzamentos geraria a aflição absoluta dos peões e a quantidade de viaturas a atravessar estas quatro artérias pioraria imenso a qualidade do ar nas mesmas, aumentaria potencialmente o ruído de forma estapafúrdia e perturbaria as dezenas de prédios feitos de tabique com 80 ou mais anos.
Contudo, e apesar da ideia me ter parecido bem-intencionada, ao princípio, chego a pensar se não será antes uma forma de tapar o Sol com a peneira, atirando areia para os olhos dos que querem realmente “Salvar o Jardim da Parada” com a sua petição. É certo que os signatários do Movimento “Salvar o Jardim da Parada” não têm, nem de perto, o “pedigree” deste novo grupo, são gente do povo, portugueses e estrangeiros, com paixão pelo seu bairro e pelo seu Jardim da Parada, mas merecem igual respeito.
Entretanto relembro aos que lerem esta última Carta à Bertasubordinada ao tema “O Metro no Jardim da Parada”, parte VI/VI, a última deste grupo que, por favor, não deixem mesmo de assinar a petição pública que circula na internet. Avisa os teus amigos também, amiga Berta. Eles que vão a salvarojardimdaparada.pt/peticao e assinem a petição. O processo é muito simples, e depois façam logo a confirmação da vossa assinatura (no respetivo email de cada um), assim que a petição vos enviar a mensagem de confirmação, para o email.
Já só faltam 126 assinaturas, Berta, estamos mesmo quase lá, um terço ou próximo da população e da freguesia de Campo de Ourique já assinou, sem esquecer aqueles que já por cá passaram e passam e que ficam ou ficaram com fortes laços com Campo de Ourique. Que todos passem a mensagem aos seus familiares e amigos. Precisamos de todos aqueles que, sem exceção. vivem ou já viveram no bairro, dos que aqui trabalham ou trabalharam e dos que nos visitam, para levar a bom porto esta missão. Despeço-me com um beijo terno e amigo,
(Jardim da Parada, fotografia de autor, todos os direitos revervados)
Olá Berta,
Na sequência da última carta que te escrevi convém referir que, conforme te prometi, há mais gente a apoiar o Movimento “Salvar o Jardim da Parada”, aliás é o que poderás ler nesta Carta à Berta: O Metro de Campo de Ourique – Parte V/VI. Sim, porque não é só a Quercus que se manifesta no apoio ao Movimento, Bertinha, a Associação Portuguesa dos Arquitetos Paisagistas (APAP) refere na sua Carta Aberta do Presidente da APAP ao Presidente da Câmara Municipal de Lisboa sobre o Projeto do Prolongamento da linha Vermelha-Sul do Metropolitano de Lisboa EPE num excerto que repetimos:
“… nos projetos do Metropolitano de Lisboa, as avaliações ambientais quando se trata da afetação de Jardins e Parques públicos, são feitas com o aligeirar de alguns impactes, fazendo sobressair … alguns descritores, explicitamente branqueados, em lugar de uma visão integrada do conjunto... é fundamental esclarecer à partida que estamos perante uma unidade de paisagem, constituída pelo perímetro do Jardim Teófilo Braga (Jardim da Parada), e não somente pelos 3 (três) exemplares arbóreos classificados de interesse público no interior do jardim… as dimensões do Jardim Teófilo Braga são reduzidas, equivalentes à superfície dos quarteirões envolventes do bairro… assinalando o jardim como o coração do bairro, que palpita de vida até hoje… atualmente, o que lá está, encontra-se protegido pelo passeio periférico acompanhado por uma cintura de Lódãos, assegurando o equilíbrio de uma natureza estável e madura. A paisagem do jardim possibilita singulares condições de conforto, atraindo pessoas e animais, sob copas de várias espessuras e tonalidades, que escondem vivências de muitas gerações. Neste ambiente romântico e preservado, encontramos o lago com água corrente, o coreto, os sanitários, a paragem de carros de praça, a esplanada, o jardim infantil e ao lado a premonitória estátua da Maria da Fonte. O conjunto do jardim resulta de uma escala própria, e da agregação ordenada das várias peças, num corpo uno. Tocar num membro ou num sector e o corpo ficará definitivamente destruído. Acontece assim nas coisas vivas e belas, quase perfeitas. Por isto, é de estranhar a naturalidade, com que o estudo e os especialistas complacentemente referem, a simples afetação de uma parte do jardim com a construção – veja-se bem, do poço da estação, dos elevadores, das escadas de emergência, e das grelhas de ventilação como é referido no EIA, como se tudo fosse recuperável ou reposicionável através da obra, escamoteando a destruição sumária e planeada do Jardim.
E para o fazer, é preciso também lembrar os profundos e irreversíveis impactos que a obra irá produzir durante a fase de estaleiro aberto, num tecido de enorme sensibilidade, ao ruído, às poeiras, e às vibrações, aos veículos pesados, independentemente das atenuantes técnicas previstas, não somente nos exemplares vegetais classificados, mas na globalidade da vegetação do jardim… não temos dúvida que a magnitude da obra face à escala do bairro e ao tipo de vivência do sítio, redunda numa brutal e cega ação, recaindo também sobre o edificado, das casas, das habitações e lojas, com o sacrifício do comércio não somente na orla do jardim, mas em grande parte do bairro. Nada disto é compensável com indemnizações, porque se trata de afetações irreversíveis, sem preço.
Num ato proativo de cidadania, o movimento criado por vizinhos e cidadãos, perante a notícia do traçado da linha, veio desde o primeiro momento apontar entre outras, a alternativa que dista 300 metros do ponto previsto, para localização da futura estação. Trata-se de um sector em talude ligeiro, entre a Igreja do Santo Condestável e a Rua Saraiva de Carvalho, o qual nos parece constituir uma alternativa racional, talvez a única, face às contingências observadas. Este local, apresenta clara aptidão, relativamente aos danos ambientais e paisagísticos, com profundas afetações sociais e urbanísticas que a variante atualmente em curso evidencia sobre o Jardim da Parada. Curiosamente este ponto, segundo o estudo do Metropolitano de Lisboa, já tinha sido avaliado pelos técnicos. Pelos vistos prevalece ainda, bizarramente, o Jardim como centro da obra. Esta alternativa, dispõe de boas acessibilidades, franca disponibilidade de espaço para construção das infraestruturas necessárias, área de operação de estaleiro facilitada, com reserva de distância às frentes construídas, diminuta presença de elementos vegetais de grande porte, proximidade com o terminal dos Prazeres da linha 25 e 28, disponibilidade de estacionamento rodoviário subterrâneo e à superfície, fatores que entre outros, justificam à partida que esta alternativa, entre em análise técnica, como peça de referência, no prolongamento da linha vermelha. No entanto o parecer da comissão de avaliação, do EIA, mantém os pressupostos sobre o estudo prévio da variante, sem qualquer menção à possibilidade de revisão daquele, o que nos faz pensar na intenção deliberada de evitar reavaliar ao nível do projeto novas propostas, deitando por terra a real utilidade da auscultação pública, dos debates com os cidadãos e do direito ao contraditório…” (APAP).
E o que dizer, por exemplo, da entrevista prestada no programa Contracorrente, na Rádio Observador, no dia 19 deste mês, pelo Ex-Vereador da Mobilidade, saído em 2013 da Câmara, Fernando Nunes da Silva da qual retirei o seguinte excerto, minha cara:
“- … a Obra vai destruir o Jardim da Parada. Vai mesmo! Basta ver que todas as estações de metro de Lisboa, onde antes haviam árvores, desde Entrecampos ao Areeiro, nenhuma árvore resistiu, passados alguns anos. Nenhuma! Vir dizer que agora vai ser diferente é atirar poeira para os olhos das pessoas. A estação do Jardim da Parada vai ficar a mais de 30 metros de profundidade, portanto, idêntica à do Chiado, desde o tempo em que eu era vereador. A manutenção da escada rolante e do elevador vão ser o mesmo caos, quer na Estrela, quer em Campo de Ourique, se não se parar com esta aberração. E obviamente, com aquela dimensão de escadas e volume de pessoas previsto, é óbvio que aquilo vai ter problemas de manutenção sérios… tem de se resolver isto de outra forma, evitando aquele tipo de situação…”
Com efeito, Berta, o movimento “Salvar o Jardim da Parada” não tem falta de apoios de associações e de pessoas coerentes e conhecedoras dos perigos em causa (de todo o espetro partidário e não só), tem é a necessidade imperativa de impedir um futuro e grave disparate. Ninguém do Movimento espera tirar com isto outras mais valias que não a de conseguir levar de vencida o Metropolitano Acéfalo. Nem um só elemento procura fama, lugar na política ou protagonismo. Todos desejam, unicamente, continuar as suas vidas como até aqui, mantendo o Jardim da Parada intocável.
Entretanto relembro aos que lerem esta Carta à Berta que, por favor, não deixem mesmo de assinar a petição pública que circula na internet. O processo é muito simples, vá a salvarojardimdaparada.pt/peticao, e depois façam logo a confirmação da vossa assinatura (no respetivo email de cada um), assim que a petição vos enviar a mensagem de confirmação.
Já só faltam 280 assinaturas, estamos quase lá, um terço ou próximo da população da freguesia de Campo de Ourique já assinou. Passe a mensagem aos seus familiares e amigos. Precisamos de todos aqueles que vivem ou já viveram no bairro, dos que aqui trabalham ou trabalharam ou dos que nos visitam, para levar a bom porto esta missão. Despeço-me com um beijo,
(Jardim da Parada, fotografia de autor, todos os direitos revervados)
Olá Berta,
Chegam-me aos ouvidos, minha querida, recorrentemente, que esta malta a favor da petição “Salvar o Jardim da Parada” é um bando de velhas (umas vezes com a palavra Restelo, outras sem, junto à frase) que passa a vida a contestar por tudo e por nada e que, porque estão reformadas, já não precisam de metro e que só têm por motivo fazer parar o progresso. É com este rumor que inicio esta Carta à Berta: O Metro no Jardim da Parada – Parte IV/VI. Um bando de velhas?
Àqueles que defendem o Metro no Jardim, querida amiga, o mínimo que lhes podemos exigir é respeito. Faltas de respeito são coisas próprias de garotos, cuja educação dada pelos progenitores foi profícua em lacunas, e não de gente adulta que defende que o Jardim da Parada tem de sofrer com o avanço da mobilidade urbana em Lisboa.
Mesmo que fosse verdade, que não é, que apenas certas senhoras em idade de reforma, sem apelo pelo progresso e sem nada mais que fazer, fossem o cerne do Movimento “Salvar o Jardim da Parada” isso não daria, em caso algum, o direito aos seus opositores de as classificarem de bando, como se de malfeitores se tratassem, Bertinha.
Afinal, os mais idosos são a voz da experiência de um povo e, por isso mesmo, é-lhes devido um trato com educação e muito respeito. Um bando de velhas? Essa agora!
Todavia, minha cara, o Movimento tem gente de todas as idades e de ambos os sexos. Aliás, faz tanto sentido aqui o género como afirmar que o grupo de homens que joga à sueca no Jardim da Parada são um bando de velhos que jogam forte a dinheiro, a coberto do assobio para o lado da Junta de Freguesia.
Se é verdade que existem mesas de sueca ali onde se aposta forte e feio, isso não quer dizer que são todos idosos, nem que todos apostam, nem que a Junta de Freguesia assobie para o lado. É sim, algo que sempre acontece aqui ou ali, quando grupos de jogadores de cartas se reúnem para jogar, seja onde for. Ora, minha querida, tomar a parte pelo todo e faltar aos respeito a todos os envolvidos rotulando-os de isto ou daquilo, só porque não nos agradam certos procedimentos de alguns, é profundamente injusto.
Bando de velhas, é depreciativo, machista e deplorável. Mas porquê esta classificação tão decrépita dos elementos do Movimento? Porque, ao contrário do que é normal, este é um movimento genuinamente popular e espontâneo. O rosto do Movimento é uma jovem senhora que tenta, com todas as suas forças, representar o melhor que sabe e pode, todos os rostos deste grupo de pessoas que, independentemente das suas preferências partidárias, amiguinha, se uniram em torno de uma causa. Su não está aqui para se autopromover, é apenas a face simpática de um grupo já muito grande de residentes.
Com efeito, mais de 7.000 pessoas já se juntaram ao Movimento através da assinatura da petição “Salvar o Jardim da Parada”. Para ser mais preciso já são 7.160. Ora, doce amiga, algo assim acontecer num bairro com pouco mais de 22.000 eleitores é mais do que uma lança em África, é um feito de inigualável valentia, tão própria de um bairro que ostenta a estátua da Maria da Fonte e donde a revolução de abril partiu para nos abrir as portas da liberdade.
Mais uma vez, Berta, tudo começa num movimento popular, pela defesa do Jardim da Parada, um património que é um bem insubstituível de todo um bairro, no centro de Lisboa, o Bairro de Campo de Ourique. Aliás, 7.160 assinaturas, são mais do dobro do que os votos obtidos por Pedro Costa com que este ganhou a Junta de Freguesia de Campo de Ourique nas últimas eleições autárquicas, eleito, de facto, com apenas 3.500 votos.
Também há quem diga, mesmo assim, que o Movimento “Salvar o Jardim da Parada” não sabe bem o que quer e que a sua luta não tem pés nem cabeça. Se esta carta fosse como o Polígrafo da SIC, impunha-se saber ao certo se assim é. Ao fim ao cabo, quem defende a luta deste Movimento? Haverá gente credível a apoiar a tremenda batalha contra os poderes instituídos e contra o Metropolitano de Lisboa, que nem acesso aos estudos realizados para o prolongamento da linha vermelha dá aos afetados pela obra? Nestas coisas a verdade é sempre muito importante, cara amiga.
Desde logo, minha querida, o parecer da Quercus é bem demostrativo das razões do Movimento, de que é prova o seguinte excerto:
“… a construção da estação de Campo de Ourique, prevista para se situar a 31 metros sob o Jardim Teófilo Braga (Jardim da Parada), jardim histórico da cidade e dos poucos espaços verdes de Campo de Ourique, que, para além de um rico património arbóreo (cerca de 100 árvores, entre elas várias Ginko biloba, uma grevília de grande porte – a abater-, lódãos-bastardos, palmeiras das Canária, etc.), possui árvores classificadas de Interesse Público (2 metrosíderos, 1 cipreste mexicano, 1 sequoia). A construção nos termos previstos implicaria o abate de pelo menos treze árvores do lado da Rua Infantaria 16, alteraria as condições edáficas do solo e colocaria assim em risco diretamente uma das árvores classificadas, e indiretamente, todas as outras árvores existentes neste jardim, incluindo as demais classificadas. A construção desta estação, até pela implantação do poço de ataque, é totalmente incompatível com o desenvolvimento radicular das árvores de grande porte e conduzirá à destruição do mesmo. Não é sequer compreensível ou aceitável esta proposta porquanto existem alternativas viáveis, nomeadamente o Largo Afonso do Paço, a travessa de cima dos quarteis, ou a área fronteira á Igreja de Santo Condestável…” (Quercus - Contributo para a Consulta Pública - Parecer à Expansão da Linha Vermelha do Metropolitano de Lisboa).
Na próxima carta, a quinta de seis, continuarei, saudosa amiga, a dar-te mais alguns exemplos e declarações de associações e pessoas que concordam com este movimento porque, afinal, o que é preciso é mesmo: “Salvar o Jardim da Parada”. Entretanto relembro a todos os que lerem esta Carta à Berta que, por favor, não deixem mesmo de assinar a petição pública que circula na internet é simples, é só irem a salvarojardimdaparada.pt/peticao, e depois fazem a confirmação da assinatura no vosso email quando a petição vos enviar a mensagem de confirmação. Já só faltam 340 assinaturas, estamos quase lá, um terço ou quase da população da freguesia de Campo de Ourique já assinou. Despeço-me com um beijo saudoso,
(Jardim da Parada, fotografia de autor, todos os direitos revervados)
Olá Berta,
Cá estou eu no “Metro no Jardim da Parada – Parte III/VI”. Relativamente à última carta, já há mais três grupos a divulgar esta correspondência, minha amiga. Ao rol juntaram-se o grupo “Campo de Ourique Ontem”, o grupo “Campo de Ourique Bairro de Campeões” e o grupo “Viver Feliz em Campo de Ourique”. O atraso destes apoios deveu-se ao facto de os administradores dos grupos terem, evidentemente, vida própria e não terem como verificar a toda a hora quem enviou que “post” e sobre o quê.
Quanto ao facto da família Laranjo, que administra o grupo “Tertúlia de Campo de Ourique”, censurar as Cartas à Berta, é algo que respeito em absoluto (pois, segundo explicou o senhor César Laranjo, parece que as consideram como sendo alarmistas e que, por isso, terão decidido em junho ou julho de 2020 deixar de promover o blog onde as publico). Só me falta saber, amiguinha, se o bloqueio é total ou se eu publicar diretamente na Tertúlia, sem passar pelo blog, continuarei ou não a ser censurado.
Contudo, minha querida, aplicar censura a uma publicação ou a um membro do grupo é um direito dos administradores, e esse direito é inalienável. Nada poderei fazer no que respeita a esse assunto. Será que existe alguma ligação que eu desconheço entre o senhor César Laranjo e a Junta de Freguesia de Campo de Ourique? Parece, mas não faço ideia. É que, com efeito, eu tenho criticado, em uma ou outra carta, os procedimentos da Junta de Freguesia. Isso já me faria entender melhor a censura assumida, porém, nada sei sobre a verdade destes factos.
Por isso, Bertinha, já sabes, as crónicas “Metro no Jardim da Parada”, são partilhadas, por mim, unicamente nos seguintes grupos: “Campo de Ourique Ontem”, “Campo de Ourique Bairro de Campeões”, “Turma de Campo de Ourique”, “Fãs de Campo de Ourique”, “Crescemos em Campo de Ourique”, “Viver Feliz em Campo de Ourique”, “Campo de Ourique”, “Bairro de Campo de Ourique”, “Política em Portugal PT”, “Encontro de Palavras”, “Lisboa com Alma” e a Página do Facebook: “Salvar o Jardim da Parada”. Se alguém se atrasar na publicação terás de ter paciência, pois ninguém tem a obrigação de o fazer na hora. Todos temos vida própria e muito mais que fazer.
Hoje tenho para te contar, minha cara correspondente, um episódio infeliz, passado na Assembleia Municipal de Lisboa, durante o debate temático sobre o traçado da Linha Vermelha do Metropolitano de Lisboa. Foi no Fórum Lisboa, realizado no dia 13 de outubro deste ano, no antigo cinema Roma, durante a primeira sessão subordinada ao tema: “Que traçado para melhor servir as populações”. Esclareço, contudo, que não estive presente, por razões pessoais, mas que as minhas fontes (e a arquiteta envolvida no que se passou) autorizaram que as divulgasse enquanto fontes fidedignas sobre a ocorrência dos factos.
Ora, Berta, quando, no decorrer da Assembleia Municipal de Lisboa, chegou a vez da participação por parte das diversas entidades e do público participarem no debate, o Movimento “Salvar o Jardim da Parada” foi naturalmente participar e expressar a sua opinião, justificando porque, não estando contra o metro em Campo de Ourique, se encontram absolutamente contra a sua concretização no subsolo do Jardim da Parada, a trinta e um metros de profundidade, assim como mantêm a sua oposição à instalação de um estaleiro de obras ali e igualmente se manifestam contra a construção dos poços de ataque na mesma área.
Este era e é, efetivamente, um direito inalienável do movimento que, ao chegar a sua vez, fez questão de exercer. Ora o senhor “Sentadinho”, como lhe chamou, minha querida, um elemento do movimento, referindo-se à pessoa do Presidente da Junta de Freguesia de Campo de Ourique, o senhor Pedro Costa, esqueceu-se das regras de conduta democrática que, por certo, o seu pai e Primeiro-Ministro deste país, António Costa, lhe terá ensinado, quando o introduziu nas lides da política, aqui há poucos anos atrás, como forma de garantir ao filho um futuro descansado e promissor nos corredores do poder autárquico e, quiçá, mais além.
Assim sendo, o tal de senhor “Sentadinho” comodamente instalado na sua cadeirinha, passou toda a intervenção dos seus fregueses a troçar das suas palavras de uma forma clara e evidente. A coisa foi, minha querida, tão evidente e descarada que uma arquiteta que se encontrava perto dele achou por bem, revoltada com a atitude pouco educada, se aproximar dele e lhe dizer baixinho que ficava mal ao senhor Presidente estar a fazer comentários jocosos sobre os intervenientes e sobre a sua defesa do Jardim da Parada se dever manter intocável e referiu-lhe que ainda parecia pior verem-no a rir-se descaradamente destas intervenções, chegando a afirmar:
- O senhor Presidente desculpe-me, mas não lhe fica bem gozar com os seus fregueses e rir-se do que eles dizem aqui, desta forma, em público. O senhor não pode fazer isso, fica-lhe muito mal.
O senhor Sentadinho, minha amiga, escutou a preocupada arquiteta e, quando esta terminou de expor a sua preocupação, afirmou com um sorriso de quem não gosta de ser contrariado ou corrigido nas suas atitudes:
- Posso e faço! – retorquiu, sem mais, Pedro Costa.
Acontece que, embora não estando presente, e perante um relato desta desfaçatez, atrevimento e insolência, eu acho que o Presidente da Junta de Freguesia de Campo de Ourique, o senhor Pedro Costa, deve uma desculpa expressa e clara ao Movimento “Salvar o Jardim da Parada”, até porque, as fontes não tiveram qualquer problema em dar a cara no relato desta ocorrência.
Esta gente trabalha diariamente para colocar na mesa o alimento para si e para os seus, para ter um lar, uma vida estável, dentro das dificuldades em que vivemos, e ainda consegue tirar tempo, que fica a faltar aos cuidados da sua família e ao seu descanso próprio e merecido, para defender aquilo que acha melhor para a sua freguesia, para o seu bairro. É infame, amiga, que este esforço seja recompensado com bocas de escárnio e maldizer e risinhos hipócritas do seu Presidente de Junta de Freguesia. É realmente intolerável.
Entretanto relembro a todos os que lerem esta Carta à Berta que, por favor, não deixem mesmo de assinar a petição pública que circula na internet é simples, é só irem a salvarojardimdaparada.pt/peticao, e depois fazem a confirmação da assinatura no vosso email quando a petição vos enviar a mensagem de confirmação.Já só faltam 536 assinaturas, estamos quase lá, um terço ou quase da população da freguesia de Campo de Ourique já assinou. Mesmo com esta esperança de fundo, hoje, estou particularmente desapontado.Despeço-me descrente desta gente que eu, ainda por cima, ajudei a eleger. Presentemente, tenho vergonha do meu voto. Deixo um beijo saudoso,
(Jardim da Parada, fotografia de autor, todos os direitos revervados)
Olá Berta,
Continuando hoje com a Parte II/VI sobre a temática: “O Metro no Jardim da Parada” vou começar por te contar a reação de um dos membros do grupo Fãs de Campo de Ourique, no Facebook, o senhor Gonçalo de Mello-Barreto, cujo primeiro comentário foi, e passo a citar: “Bla bla bla”, ao qual juntou um “imoji de ira” apenso ao “post” da tua carta. Do número redondo de visitas que ontem viram a minha Carta à Berta, amiguinha, num total de 2.200 pessoas, apenas este senhor se mostrou desagradado com o que escrevi e tem todo o direito a isso.
Os grupos onde partilhei a carta e que a aceitaram publicar foram, até ao momento, minha querida, o grupo “Campo de Ourique”, o grupo “Bairro de Campo de Ourique” o grupo “Fãs de Campo de Ourique”, o grupo “Crescemos em Campo de Ourique”, o grupo “Campo de Ourique de Ontem”, o grupo “Encontro de Palavras”, o grupo “Turma de Campo de Ourique”, o grupo “Lisboa com Alma” e o grupo “Política em Portugal PT”. O grupo “Campo de Ourique Bairro de Campeões” ainda não deve ter visto o meu pedido de publicação e o grupo “Tertúlia de Campo de Ourique”, não sei porquê, nunca publica as minhas crónicas nem que o tema seja o bairro. Estou a dizer-te isto porque é importante que as pessoas estejam informadas e possam formar a sua própria opinião. Espero que a minha visão dos factos ajude e agradeço a todos os administradores que me têm dado voz.
Mas voltemos ao senhor Gonçalo de Mello-Barreto. É óbvio, Berta, que ele tem todo o direito em não estar de acordo. Na sua ira está o convencimento que o Metropolitano de Lisboa vai cumprir a sua palavra e que no fim das obras apenas seis árvores desaparecem, não sendo a raízes das outras centenárias árvores afetadas. O tempo nos dirá se ele tem razão. Contudo, continuo sem entender porque é que a estação do metro de Campo de Ourique não há de ser feita, sem sequer alterar em nada o trajeto da linha vermelha, na Rua Saraiva de Carvalho com entradas e saídas perto da Tentadora e junto à igreja Santo Condestável.
Na Saraiva de Carvalho, cara amiga, a rua é bem mais larga e pode facilmente levar duas ou três entradas e saídas paralelas às anteriormente projetadas, não seria isto melhor do que colocá-las na Rua Francisco Metrass, na esquina do Az de Comer e da Biblioteca, bem junto ao edifício Europa, onde estão previstas as duas entradas e saídas, bem mais condicionadas, e do que a da Rua Almeida e Sousa, no cruzamento com a Rua Ferreira Borges, para onde irá a outra entrada e saída?
Nesta nova possibilidade não se perderiam lugares de estacionamento. A Rua Saraiva de Carvalho tem autocarros e elétricos com paragens perto e é tão central e acessível como o Jardim da Parada, mais ainda, tem o Mercado de Campo de Ourique logo ali, bem perto, mais a Polícia, o polo universitário e até a Junta de Freguesia. E o melhor de tudo, no meu entender de leigo, é que o trajeto do metropolitano não teria de ser alterado. Somado a isso tudo, doce amiga, o metro aí nem sequer interfere com a zona do estacionamento subterrâneo junto à igreja, nem haveria árvores a abater.
A saída junto à Tentadora ainda poria o metro a dois passos da estação de Metro da Estrela, pertencente à linha verde, e a poucos metros, menos de 50, mais coisa menos coisa, do Jardim da Estrela. Se quisessem, Bertinha, até haveria vantagem em colocar uma ligação pedonal entre a linha vermelha e a verde nessa zona, facilitando enormemente a mobilidade entre linhas. Quanto à malha urbana nem há comparação possível entre as áreas livres de edifícios e árvores num ou no outro local.
Basta referir que a Rua Saraiva de Carvalho tem quase o dobro da largura da Rua Francisco Metrass e que o mesmo acontece se comparada com a Rua Almeida e Sousa. Por outro lado, a área livre para construir a estação de metro é quase três vezes superior à do Jardim da Parada, já descontando o estacionamento subterrâneo, e, caríssima, não existem árvores para abater.
O problema é que a chamada “discussão pública” dos prolongamentos das linhas do Metropolitano de Lisboa, funciona apenas como verbo de encher. É verdade, Berta, ao que transparece não há a mínima intenção por parte do Governo, do Metropolitano, da Câmara de Lisboa e da Junta de Freguesia de Campo de Ourique (em concreto) em alterar o que quer que seja ao plano traçado. A “discussão pública”, está mais do que visto, não pode levar a alterações ao plano traçado e ao tempo e dinheiro já gasto no projeto, pelo que não passa de um embuste descarado de quem manda sobre quem reside nos bairros de Lisboa, nomeadamente no de Campo de Ourique.
Porém, minha amiga, e apesar de nem os planos de pormenor serem mostrados à população para consulta, no caso do nosso bairro, concretamente, o “Movimento Salvar Jardim da Parada” resolveu ir à luta. É um movimento civil, sem advogados caros e políticos ardilosos, mas luta pelo que é justo. Foi organizado através de gente revoltada com a possibilidade de verem o Jardim da Parada desventrado e posto em risco. A pouco e pouco tem ganho adeptos, apoiantes e participantes e vai crescendo…
Muita pena tenho eu de não poder participar mais ativamente na sua luta, mas a minha saúde tem-me impedido de o fazer como gostaria. Lá vou participando como posso, mas não como gostaria, minha velha e querida confidente. O que peço a todos os que lerem esta tua Carta à Berta é que, por favor, não deixem mesmo de assinar a petição pública que circula na internet é só ir a salvarojardimdaparada.pt/peticao. Já só faltam 781 assinaturas para que a localização sobre a Estação de Metro de Campo de Ourique possa ser discutida na Assembleia da República.
Num bairro de 22.000 pessoas, arranjar 7.500 assinaturas, que depois têm de ser confirmadas pelos emails dos próprios, é obra. Como sou um romântico ainda gosto de pensar que o povo ainda é quem mais ordena. Por força da petição, Bertinha, já sabemos que pelo menos um terço da população do bairro se opõe à estação do metro no Jardim da Parada e o movimento não tem como chegar a toda a gente, porque se tivessem meios já estariam reunidas bem mais de 15.000 assinaturas, eu acho.
Porém, nem toda a gente tem internet, nem todos a sabem usar, e muitos há que nem se querem incomodar com a situação, como em tudo nesta vida, amiguinha. Todavia, mesmo assim, arranjar 7.500 assinaturas será uma lança em África e um feito histórico digno da história do bairro onde o 25 de abril começou.
Daí o meu apelo, nesta segunda de seis cartas sobre este tema, para que todos os que concordam que a Estação de Campo de Ourique deve mudar de local, assinarem a “petição pública”. Não deixem de o fazer, é imperativo! Ela encontra-se no site das petições públicas e pode ser acedida através dos vários grupos de Campo de Ourique existentes no Facebook. Chama-se: Salvar Jardim da Parada e é a causa mais nobre que eu já defendi nos últimos 30 anos, em termos de causas locais. Por hoje é tudo, minha querida. Viva a Alma de Campo de Ourique, viva o Jardim da Parada! Deixo um beijo,
(Jardim da Parada, fotografia do autor, todos os direitos revervados)
Olá Berta,
Os meus vizinhos e amigos estão cansados de me pedir para voltar a falar sobre a Estação de Metro, trinta e um metros abaixo do Jardim da Parada, aqui, em Campo de Ourique, neste bairro, tantas vezes considerado o melhor de Lisboa, porque, consideram eles, minha amiga, o que eu escrevi até agora foi muito curto, se comparado com a gigantesca dimensão do problema. Contudo, eu tenho evitado escrever demasiado sobre o tema, talvez por pensar que quem me ler pode achar que não estou a ser isento porque, afinal, sou pessoa diretamente interessada em que esta barbaridade nunca chegue a ocorrer.
Porém, defendem eles, que isso de defender a minha dama, é apenas mais uma razão para o fazer. Assim sendo, Bertinha, e depois de juntar algumas notas sobre o tema, resolvi pesquisar um pouco mais. Finalmente, arranjei coragem para dizer tudo o que penso sobre a vinda trágica do metropolitano mesmo para o coração de Campo de Ourique, o que, no meu entender, fere de morte a alma do nosso amado bairro, isto é, o Jardim da Parada.
Sim, porque é grave ver uma estação de metro colocada exatamente debaixo do nosso querido, e único, Jardim. Afinal, os meninos da toponímia bem lhe podem querer chamar Jardim Teófilo de Braga, mas, por cá, o nome do segundo Presidente da República Portuguesa, não tem singrado por entre a população. Já voltarei ao tema porque faz sentido voltar a falar no poeta açoriano, mas, para já, amiga Berta, prepara-te para leres a primeira das seis cartas que te envio sobre este tema. Elas constituem a minha preocupação, angústia e revolta contra a banalização da única aldeia existente no centro de Lisboa.
Não sei se tens noção, amiguinha, mas Teófilo de Braga foi, não apenas, Presidente da República, mas também alguém doutorado em Direito, na Universidade de Coimbra, há quase cento e cinquenta anos e, para além disso, poeta, filólogo, sociólogo, político, filósofo, ensaísta e até professor universitário de elevado gabarito. O seu primeiro livro publicado, nos idos de 1859, com a tenra idade de 16 anos, chama-se “Folhas Verdes”. A este livro de poesia e ao facto de ter falecido em Campo de Ourique, tendo a sua sepultura na Igreja de Santa Isabel, se deve a toponímia do Jardim Teófilo de Braga. Uma homenagem sentida ao poeta.
Ora, em “Folhas Verdes”, minha querida, o autor exprime, segundo o próprio, a distância que o aparta da sua criação juvenil, porque olha sempre para as “Folhas Verdes” com uma "compunção de piedade", alimentada pela "ingenuidade primitiva" e a "sinceridade rude" dos seus versos dos quinze anos de idade. Explica também os motivos das poesias que compõem o livro: "os gritos espontâneos, os desabafos, a queixa confusa e chorosa, o medo de um futuro desprotegido, o desamparo da orfandade, o sentimento do mar distraindo os pesares prematuros e o amor como única luz na aurora nevoenta da vida” (conforme é referido na Infopédia da Porto Editora).
São essas “Folhas Verdes” que me fazem lutar pelo Jardim da Parada, pelo Jardim Teófilo de Braga, minha amiga. O sentimento de piedoso de pesar e arrependimento por não estar a fazer tudo o que posso para tentar salvar o Jardim. Eu consigo sentir em mim os gritos espontâneos de gerações, que ao longo de 140 anos se sentaram naqueles bancos, revoltadas com a chegada ao seu refúgio do metro, é uma linha vermelha que se desenha a sangue no coração e na história do bairro de Campo de Ourique e que não pode ser ultrapassada.
É fácil, Berta, decifrar os desabafos, a queixa confusa e chorosa, o medo de um futuro desprotegido, o desamparo da orfandade e o sentimento do verde distraindo os pesares prematuros e o amor ao jardim como única luz na aurora nevoenta da vida, ao saber que aquelas “Folhas Verdes” que fazem do Jardim da Parada um ícone de Campo de Ourique estão em vias de ser trucidadas pelos burocratas bafientos, pelas toupeiras sem sentimento, pelos insensíveis homens do Metropolitano de Lisboa.
Pelas “Folhas Verdes” de Teófilo de Braga e pelas folhas verdes do jardim da parada é preciso lembrar às toupeiras e aos políticos que a poesia de um jardim é imensamente mais importante do que os interesses suspeitos dos burocratas e dos seres do submundo e das suas escavadoras. Despeço-me, amiga, com um beijo sentido, até à próxima carta, a segunda de um rol de seis,
Campo de Ourique, talvez porque vivo neste maravilhoso bairro volta a estar na minha ordem do dia. Estou feliz porque o Bairro de Campo de Ourique voltará a participar nas Marchas Populares de Lisboa este ano, como habitualmente no próximo dia 12 de junho de 2022.
Não se trata de um bairro qualquer a participar nas marchas, mas sim de um dos Bairros Fundadores e Participantes no Primeiro Desfile no Parque Mayer em 1932, há precisamente 90 anos, nesta que sempre tem sido uma das mais claras homenagens ao Santo António.
Sob o lema “Campo de Ourique, Arraiais, Fado e outras coisas tais” o Bairro de Campo de Ourique marchará, novamente, este ano, na Avenida da Liberdade. Os preparativos e ensaios, ficam muito a dever-se aos Alunos de Apolo, e não pela primeira vez, mas a colaboração tem também outras gente e instituições envolvidas como não podia deixar de ser. A 29 de março tiveram início os ensaios que envolvem jovens dos14 aos 60 anos.
Contudo, a organização tem um apelo muito importante a fazer a todo o nosso Bairro: É preciso arranjar mais homens que queiram e possam entrar na Marcha. Por isso rapaziada toca a contactar com urgência os alunos de Apolo, eles tratarão de vos envolver no elenco, com todo o gosto e satisfação.
Se as Marchas Populares de Lisboa este Santo António são uma excelente notícia, já o rumor, cada vez mais forte e preocupante de que o Metro de Lisboa quer fazer uma saída em pleno Jardim da Parada revolta até os estômagos mais resistentes de qualquer habitante do Bairro de Campo de Ourique.
Por isso mesmo faço um outro apelo hoje. Quem está contra uma saída do Metro de Lisboa no Jardim da Parada, por favor envie um email, com os nomes e identificação do vosso agregado familiar, a dizer o seguinte: “Esta Família (ou apenas eu, se for o caso de viver sozinho) está contra a Saída do Metro no Jardim da Parada e igualmente contra o abate das suas árvores centenárias.”
Amiga e querida Berta, como também já cá viveste, peço-te que não te esqueças de enviares o teu email. O endereço para enviar esta opinião é: geral@jf-campodeourique.pt, deixo um beijinho do teu amigo de sempre,