Carta à Berta nº. 664: O Crime dos Tampões Higiénicos
Olá Berta,
Peço desculpa, antes de mais nada, pela minha ignorância. Refiro-me, cara confidente, ao meu total desconhecimento sobre um produto de higiene íntima feminina designado por tampão ou tampões se usarmos o plural. Com efeito, até ler um recente estudo científico e muito sério sobre a matéria eu não fazia a menor ideia. O estudo revela a alarmante descoberta de que os tampões, todos os tampões, independentemente da marca, têm metais pesados e tóxicos.
Tendo em conta que os tampões apareceram no mercado por volta de 1930 era de pensar que o assunto já tivesse sido profundamente estudado. Todavia, minha querida, este é o primeiro estudo a medir as concentrações destes metais em tampões e os resultados são dantescos. No teste foram verificados 30 tipos tampões das principais 14 marcas mais em voga no mundo e todos, sem exceção, deram resultado positivo para a maioria os metais tóxicos testados.
O estudo é precursor e foi publicado na revista Environment International no início de julho. Inacreditavelmente, amiguinha, os exames revelaram a presença de metais tóxicos, incluindo arsénico e chumbo, o que é uma coisa absurda, dados os milhões de mulheres a nível mundial que podem ter vivido uma vida inteira em risco de sofrer efeitos adversos graves para a saúde devido a estes contaminantes.
Os investigadores garantem que este é o primeiro estudo a medir as concentrações de metais nos tampões e, segundo a autora principal, Jenni A. Shearston, este facto é, por si só, gravíssimo. O estudo assinala, minha cara, que, atualmente, entre 52% e 86% das mulheres que menstruam nos países modernos e civilizados utilizam tampões e, muitas vezes, por períodos prolongados. Ora, os metais estão na composição dos tampões. Foram testados 16 metais, incluindo arsénio, bário, cálcio, cádmio, cobalto, crómio, cobre, ferro, manganês, mercúrio, níquel, chumbo, selénio, estrôncio, vanádio e zinco.
Acontece, Bertinha, que o estudo encontrou níveis detetáveis de todos os metais testados, incluindo os mais tóxicos como o arsénio e o chumbo, nos tampões. As concentrações variam consoante a região do globo, marca e tipo de material (orgânico ou não orgânico). Se o chumbo foi mais encontrado nos tampões não orgânicos, o arsénio é, sem dúvida, o mais presente nos orgânicos. Ora o arsénio, o cádmio, o crómio, o chumbo e o vanádio, estavam presentes em todas as amostras testadas de todos os tipos de tampões.
“Preocupantemente, encontrámos concentrações de todos os metais que testámos, incluindo metais tóxicos como o arsénico e o chumbo”, disse Shearston. Contudo, minha amiga, o que temos é de saber se estes metais fazem realmente mal à saúde das mulheres?
Ora o que se sabe, minha querida, é que este tipo de metais, e nas concentrações encontradas nos tampões, aumentam significativamente o risco de: demência, cancro, infertilidade e diabetes. Podem inclusivamente danificar vários órgãos e sistemas do organismo feminino. O grande problema está na enorme capacidade de absorção da pele vaginal relativamente a estes metais, sendo que isso resulta num sério risco de invasão destes pelo corpo feminino. O uso de tampões é assim, por si só, uma imensa fonte de exposição a metais perigosos que mais tarde podem vir a causar cancros, infertilidades e mais uma infinidade de doenças e patologias graves.
Os autores do estudo concluem, Berta, que são necessários novos e urgentes estudos sobre o assunto. É imperativo avaliar o risco efetivo do uso de tampões e da sua relação direta com os danos que podem vir a causar ou que já causaram. Entretanto, algumas marcas de tampões já vieram a publico tentar descredibilizar os cientistas, pois na realidade o que lhes interessa não é a saúde do sexo feminino a quem servem, mas o conforto das suas contas bancárias. Fico-me por aqui, beijo deste teu amigo,
Gil Saraiva