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Alegadamente

Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente correto.

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Carta à Berta nº. 678: a AD passa a LG! A Força do Movimento Gay...

Berta 678.jpgOlá Berta,


A AD de Luís Montenegro e Nuno Melo prepara-se para se apresentar ao eleitorado como LG (Legalidade e Governo) que pretende desta forma tomar de assalto a maioria em Portugal, por ser uma aliança inclusiva.


No interior do PSD há quem diga que a nova sigla é inspirada noutro tipo de ligações (Lésbicas e Gays), por influência direta de Paulo Rangel, um assumido gay da política portuguesa, que conta com o apoio mediático do apresentador Manuel Luís Goucha, entre outras personalidades de renome.


Quem se apresenta absolutamente contra esta nova designação é a líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, que afirma que a designação visa tirar protagonismo ao forte movimento LGBTQIA+ (comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros, queer, intersexos e assexuais) e enfraquecer a luta do mesmo pelos seus direitos.


Esta comunidade tem vindo a ganhar força e visibilidade em Portugal, quer na defesa dos direitos de quem se encontra fora do padrão normal do masculino e feminino, quer na luta pelo reconhecimento universal que luta pelos direitos civis da comunidade e pelo combate à homofobia, sendo considerado um verdadeiro movimento político, social e cultural. Para a líder do Bloco é inaceitável que a antiga AD tente cavalgar sobre as conquistas deste movimento.


Com efeito, esta passagem da AD para LG, demonstra, antes do mais, a força incrível do movimento gay no seio dos partidos ditos tradicionais e, segundo os analistas e comentadores, esta nova perceção é precursora de uma incrível mudança estrutural no seio da sociedade portuguesa.


De todos os quadrantes políticos surgem apoios, e a Comissão de Honra aponta já nomes de relevo como é o caso de António Simões, banqueiro e CEO Santander Espanha, Graça Fonseca, ex-Ministra da Cultura, a ocupar nova posição, seguida de Manuel Luís Goucha (apresentador da TVI), Adolfo Mesquita Nunes (advogado e político) e Pedro Pina (gestor e criativo do YouTube). André Moz Caldas (ex-Secretário de Estado, PS), Gabriela Sobral (Diretora de produção da Plural), André Albarran (Gestor, Garnier), Cláudio Ramos (apresentador da TVI) e Blaya.


Não deixam de ser relevantes os nomes da mulher de Gabriela Sobral, a atriz Inês Herédiaé outra das aderentes, antecedendo a Fabíola Cardoso (ex-deputada do Bloco de Esquerda), Alexandre Quintanilha (ex-deputado do PS), Rui Maria Pêgo (apresentador de televisão), Vanessa Rodrigues (médica e atleta), Frederico Lourenço (escritor), Mário Cláudio (escritor), Ana Luísa Amaral (poetisa), Eduardo Pitta (escritor) e Diogo Infante (ator e encenador).


Também na comissão de honra podemos encontrar Ana Zanatti, conhecida atriz, locutora e escritora, e seguem-se Luís Borges (modelo), Hugo van der Ding (humorista, Antena 3), Isabela Sousa (bodyboarder). E por último está Sarah Inês Moreira, modelo e forte candidata à próxima edição do Big Brother, que estreia em setembro na TVI.


É claro que esta notícia só podia ser escrita no dia 1 de abril, mas não seria nada assim tão absurdo como se pensa, se, alegadamente, existisse realmente um fundo de verdade na mesma. Por hoje é tudo Berta, volto em breve, o teu amigo de sempre,


Gil Saraiva

Carta à Berta nº. 676: Montenegro - O Último Santo! - Parte III/III

Berta 676.jpg Olá Berta,


Na verdade um anjo no mundo dos negócios não é vulgar mas também é estranha a existência de um santo, pelo que aproveito esta deixa para terminar com esta carta as que te enviei nos últimos 2 dias. Voltando à vaca fria:


Três advogados e especialistas, contactados pelo Observador, confirmam que documentos internos da empresa familiar de Luís Montenegro provam a prestação de serviços e dizem não estranhar o valor das avenças - coisa que não me admira pois não são eles quem as pagam.


Ora, o Observador teve acesso a mais de 1000 páginas de documentação interna da Spinumviva, produzidas entre 2022 e 2025.
Os documentos dizem respeito a cinco clientes permanentes da empresa familiar de Luís Montenegro para a área de proteção de dados e correspondem a um período posterior à saída do primeiro-ministro da Spinumviva depois de ser eleito líder do PSD.


Os especialistas confirmam que os valores conhecidos e pagos estão de acordo com os preços de mercado e que os serviços se enquadram no Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) – porque, mais uma vez não só não são eles quem paga como nem sequer explicam que serviços é que uma empresa presta para proteger os dados solicitados pelos seus clientes.


Na documentação, não há qualquer referência aos serviços de consultadoria económica prestados à gasolineira Joaquim Barros Rodrigues & Filhos, nem a clientes ocasionais. – Porque, afinal, mais uns milhares menos uns milhares de euros não são o que pode pôr em causa a Spinumviva, o verdadeiro Graal do Santo Montenegro.


Já agora é de referir, querida Berta, que o ex-primeiro-ministro continua a omitir o valor específico de faturação de cada cliente e as respetivas datas de pagamento.

Dados enviados pelo regulador ao Expresso revelam que a empresa familiar de Luís Montenegro só assumiu serviço de proteção de dados ano e meio após ser criada. Porém, minha amiga, durante onze meses, pelo menos, a Solverde pagou duas avenças: uma à sociedade de advogados de Montenegro e outra à Spinumviva. – Sendo que de acordo com o regulador a Spinumviva não prestava qualquer serviço à Solverde. Enfim, são coisas que só os santos conseguem alcançar, porque não é fácil receber durante uma ano e meio por um serviço que afinal ninguém fazia.

Os registos da CNPD não batem certo com informação prestada pela Spinumviva e por clientes. O que o explica?


Ora, nos novos dados sobre a atividade da empresa, o ex-Primeiro-ministro assegura que não estava na sociedade, mas há dúvidas.

Documentos nunca revelados, agora consultados pelo Observador, pareciam mostrar que a Spinumviva tinha feito, de facto, prestação de serviços e juristas achavam normal o valor das avenças. – Já o referir mais atrás nesta carta.


Mas agora surgem novos dados que aumentam as dúvidas à volta da empresa da família de Luís Montenegro.


O Expresso afirma mesmo que quatro clientes fixos fizeram o registo em nome da SP&M, a antiga sociedade de advogados do primeiro-ministro, mas já pagavam avenças à Spinumviva. – o que as empresas deste país não fazem por um santo…


Os quatro clientes são os já comentados Solverde, Rádio Popular, Ferpinta e Colégio Luso Internacional do Porto (CLIP).


Destaca-se o caso da Solverde, que há apenas três semanas, confirmou que a Spinumviva foi a empresa responsável pela proteção de dados a partir de julho de 2021, mas só foi registada um ano e meio depois. – Ah haaaaa…. Nada demais, coisas de santo.


Ainda mais admirável é que não se sabe que serviços de proteção de dados foram prestados pela antiga sociedade de advogados de Montenegro, nem o momento desses serviços, porque nos negócios com Santo Montenegro não existem contratos escritos. – Coisas da vida…


Luís Montenegro nunca tinha dito que alguns dos clientes transitaram da SP&M para a Spinumviva.


Já nesta sexta-feira, o primeiro-ministro foi questionado sobre estas novidades. Mas afastou-se do assunto:

“Não sei a que é que se está a referir. Mas presumo que seja a um período onde eu já não estava na sociedade: tem de perguntar à sociedade”.


A resposta deste Santinho com falta de memória pode significar que, alegadamente, terá havido pagamentos por debaixo da mesa, sem papeis e sem impostos a pagar, defraudando as Finanças em milhares de euros? Não há como responder a esta questão e a muitas outras enquanto não estiver tudo, mas tudo, em cima da mesa, preto no branco. Até lá recomendo-te, Berta, que continues a acreditar no último Santo, afinal, se olhares para a fotografia que te envio o homem tem mesmo cara de anjinho. Recebe um beijo deste teu amigo de sempre,


Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta nº. 675: Montenegro - O Último Santo! - Parte II/III

Berta 675.jpgOlá Berta,


Continuando a minha carta de ontem faço notar que segundo os registos consultados pelo Expresso, a manteve o pagamento de serviços à Solverde enquanto Montenegro ainda a geria.


Enfim, aparentemente as respostas de Montenegro confirmam que: “não esteve em exclusividade no Governo”.


Segundo o próprio Luís Montenegro confidenciou ao Observador, a 10 de março de 2025, a metodologia da contratação passava pela apresentação de uma proposta inicial que depois era adaptada nas reuniões mais ou menos informais com os clientes para definir formas de trabalho e valores de pagamento, sem que contudo nada ficasse registado por escrito.


“Confesso que na prática as coisas aconteceram com a naturalidade de um trabalho em equipa, e que correu sempre bem, como pode ser confirmado pelas entidades em causa”, acrescenta. Mas quando o Observador lhe pediu o acesso a essas propostas, que tinham ficado fora dos documentos que obtivera, apenas recebeu em troca uma minuta de proposta-tipo sem valores nem datas.


A explicação para a ausência de formalidades (e de documentos) pode estar no facto de que Luís Montenegro já era o prestador do serviço através da sua sociedade de advogados, a SP&M. O Expresso e o Observador confirmaram junto da Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) que aquelas empresas já eram assessoradas no âmbito da proteção de dados pela SP&M, tendo apenas migrado esse serviço para a Spinumviva após Montenegro abrir a empresa.


A data concreta dessa migração continua sem se saber, à exceção do caso da Solverde, que confirmou ao Observador ter ocorrido em julho de 2021 para garantir “o exercício da função de encarregado de proteção de dados”. Nos documentos da Spinumviva consultados pelo Observador relativos à Sofarma, também há referências à prestação anterior do mesmo serviço pela sociedade de advogados de que Montenegro se desvinculou quando se tornou líder do PSD em junho de 2022, dez anos após a ter criado.


A Solverde pagou duas avenças ao mesmo tempo, Spinumviva faturou sem se registar na Comissão Nacional de Proteção de Dados.


Ao que parece, querida Berta, a informalidade de Montenegro nos negócios não deixa realmente rasto de papeis ou emails, tudo se passa entre cumprimentos cordiais inacreditáveis, porque segundo afirma tudo decorreu com “naturalidade”, ao contrário do que eu poderia imaginar o que é natural em Montenegro é não haver registos alguns daquilo que faz com as empresas com quem trabalhava.


Segundo avança o Expresso esta sexta-feira, a Solverde terá ficado durante quase um ano a pagar duas avenças às sociedades de Montenegro - à SP&M e à Spinumviva -, pois antes tinha dito ao semanário que a SP&M prestou serviços jurídicos “em várias áreas do direito” entre abril de 2018 e maio de 2022, sem referir na altura que esses serviços incluíam a proteção de dados.


Por outro lado, se a avença mensal de 2.500 euros paga à SP&M pela Solverde incluía a proteção de dados e outros serviços jurídicos, fica também por explicar por que aceitou pagar 4.500 euros por mês à empresa de Montenegro, e isso apenas pelo trabalho de proteção de dados, dado que a Spinumviva está legalmente impedida de prestar serviços jurídicos. O que me leva a perguntar porque é que um dos contratados de Montenegro é um jurista se  a Spinumviva não pode prestar serviços jurídicos) e apenas a outra contratada é uma advogada?


É de referir que muitos dos documentos agora entregues dizem respeito aos cinco clientes permanentes da empresa familiar de Luís Montenegro para a área de proteção de dados e que correspondem a um período posterior à saída do primeiro-ministro da Spinumviva já depois de ser eleito líder do PSD, documentos esses que não apresentam contratos, mas faturas e transações relativas aos acordos informais de Montenegro com essas empresas.


O que me espanta é a santidade quase beatificada de Luís Montenegro que faz negócios de serviços melindrosos e difíceis sem precisar de um único documento comprovativo daquilo que acordou com os seus clientes. Por hoje é tudo minha querida, amanhã concluo com a terceira e espero que última carta sobre este brilhante e puro negociador da nossa praça, praticamente o último santo conhecido da complicada era comercial e empresarial em que vivemos no presente. Recebe um beijo saudoso deste teu amigo,


Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta nº. 672: SPINUMVIVA, o monte negro por detrás de Montenegro

Berta 672.jpegOlá Berta,


Desde 2021 que a Spinumviva, a empresa de Luís Montenegro, fatura uma média mensal de € 19.950, e fatura como? Maioritariamente através de avenças. Ou seja, é como se Montenegro tivesse garantido, através da sua empresa, um Eurodreams permanente, sem ter de ir a jogo e sem ter de pagar 20% de imposto ao Estado. Entre 2021 e 2023 foram mais de 700 mil euros faturados numa confusa prestação de serviços na área da proteção de dados. E o recebimento era permanente e automático.


A afirmação de Luís Montenegro de que nada fez de errado é tão falsa como o que se esconde por detrás da Spinumviva. Na verdade, Luís Montenegro, só declarou a empresa Spinumviva ao Tribunal Constitucional depois de ter chegado a primeiro-ministro. Enquanto líder do PSD, não a incluiu na lista de património, mesmo após ter cedido a empresa à mulher e aos filhos. Situação que suscitou, por várias vezes, questões do tribunal.


Aliás, a empresa Spinumviva não constava da primeira declaração de rendimentos feita junto do Tribunal Constitucional (TC) quando Luís Montenegro assumiu a liderança do PSD, acabando por constar apenas já após este ter sido eleito primeiro-ministro e, mesmo assim, só depois da sequência de pedidos de esclarecimento feitos pelo tribunal.


Segundo o Constitucional estavam em causa duas empresas que tinham aparecido antes como suas e depois já não constavam nas declarações, no caso, a antiga sociedade de advogados, a SP&M, e a Spinumviva.


Ora, segundo o TC, a resposta dada não terá sido suficiente para explicar os rendimentos obtidos por cedência de quotas, o que acabaria por dar origem a mais pedidos de esclarecimento do tribunal.


Em nova resposta, Montenegro terá indicado não ter havido qualquer omissão por, à data das declarações entregues, não deter qualquer participação nestas sociedades, e terá dado conta da transmissão de quotas sem indicar o nome da empresa Spinumviva e que a cedência tinha sido feita a favor da mulher e dos filhos.


Já hoje, o Ministério Público, também abriu uma "averiguação preventiva" à Spinumviva, aliás, o caso suscitou dúvidas sobre o cumprimento do regime de incompatibilidades e impedimentos dos titulares de cargos públicos e políticos.


Uma vez que a empresa de Montenegro transitou para a esposa com quem este é casado em regime de comunhão de adquiridos. Esta "averiguação preventiva" visa avaliar se há elementos que justifiquem a abertura de um inquérito.


Também ontem, o Conselho Regional do Porto da Ordem dos Advogados (CRPOA) abriu um processo para averiguar a eventual prática de procuradoria ilícita por parte da empresa da família do primeiro-ministro Luís Montenegro, a pedido da própria direção do Conselho Geral da Ordem dos Advogados. "Foi aberto um processo de averiguação de procuradoria ilícita", disse, à Lusa, o presidente do CRPOA, Jorge Barros Mendes.


"Agora, haverá averiguação no sentido de percebermos que atos é que foram praticados pela empresa e qual é o objeto social da empresa para percebermos se efetivamente são atos próprios de advogado ou não e se houve ali a prática de procuradoria ilícita ou não e quem os praticou".


Em resumo, o crime de procuradoria ilícita pressupõe a prática de atos próprios dos advogados, definidos por lei, sem habilitação legal para o efeito. De acordo com o regime jurídico de advogados e solicitadores, o crime é punido com uma pena de prisão até um ano ou multa de 120 dias.
O que até agora foi revelado é suficientemente relevante para se dizer que a empresa de Luís Montenegro não é tão linear como este afirma e que se justifica perfeitamente a já anunciada Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), requerida pelo Partido Socialista.


No total, teremos 4 entidades interessadas na Spinumviva, Tribunal Constitucional, Ordem dos Advogados, Ministério Público e obviamente a própria Assembleia da República. Uma coisa é certa, o Eurodreams de 19,500 euros recebido por Montenegro, desde 2021, já começou a sofrer pesados cortes, com a Sol Verde, a empresa dos Casinos, a fugir com o rabo à seringa e a fugir à alçada da Spinumviva.


Ou seja, mesmo que no final de todas as averiguações, a montanha venha a parir um rato, todo o comportamento hesitante de Montenegro prova, sem margem para dúvidas, que o próprio não tinha a certeza de estar a agir dentro da Lei. E isso é o mais grave de tudo. Afinal, o que fazemos na vida define na perfeição o tipo de caráter que possuímos.


Não tenho inveja do Eurodreams de Luís Montenegro, mas não acho ético que a cobiça de 19,500 euros mensais, levassem o governante a perder a face e o respeito que o país nele depositava. As pessoas definem-se pelos seus atos e nunca pelo que juram ser.

“Habemus Pietas!”, ou como se diz em bom português: Temos pena!


Gil Saraiva

 

 

 

gilcartoon n.º 1105 - Miga, a Formiga: Série "Dah!" - Bocas Foleiras: Mal me Quer, Bem me Quer...

MIGA1105.JPG 

 

 

 

Carta à Berta nº. 659: Quanto Mais Alto se Sobe...

Berta 659.jpg Olá Berta,

Faz algum tempo que não te escrevo, minha amiga. Já tinha saudades. Hoje, vou tentar fazer um ponto de situação à realidade que a todos respeita neste país. Começo meio ao acaso. Há mais de 8 anos, ainda no Governo de Passos Coelho, a nova legislação sobre o arrendamento lançou o caos sobre milhares de famílias em Portugal. Subitamente, sem atalhos, os senhorios começaram a poder fazer o que até aqui lhes estava vedado. A Lei, que ganhou o nome popular da ministra que a implementou, foi chamada de Lei Cristas, e levou milhares de famílias ao desespero e centenas de pessoas ao suicídio.

Não estou aqui, amiguinha, a criticar os senhorios, que rapidamente tentaram reverter uma situação de anos de prejuízos. Não são eles os culpados por quererem ganhar o que puderem com o que lhes pertence. Porém, Cristas, quando publicou a legislação devia-se ter preocupado em arranjar alternativa, nem que fosse à custa do Estado, àqueles que, de um dia para o outro ficaram sem lar, sem meios para adquirirem outra casa por falta dos rendimentos necessários.

Pior do que isso foi terem permitido que o mercado funcionasse sem regulamentação apropriada. De repente, o Alojamento Local era uma alternativa viável para muitos proprietários e alugar caro, mesmo sem as melhores condições dos espaços, tornava-se possível, minha amiga.

Se Cristas e Passos Coelho tivessem regulado o mercado de arrendamento, na altura, a Lei Cristas teria tido na mesma um grande impacto então, mas teria igualmente ficado por aí. Mas não, Berta. O espírito da direita, não ia agora regular algo que acabara de ser liberalizado recentemente. Ainda mais que no Parlamento, Luís Montenegro, líder da bancada do PSD, tudo fazia para agradar a Passos, Portas e Companhia.

O que aconteceu em seguida, minha cara, teve uma coisa boa: a reabilitação de edifícios nas cidades disparou, mas foi a única. De repente, diversas condições externas e internas, fizeram com que o Governo do PS demorasse a agir. Primeiro esteve ocupado em corrigir as retenções salariais, em subir o ordenado mínimo, e mais uma parafernália de medidas que Passos tinha implementado.

António Costa, de qualquer modo, Bertinha, achava que tinha tempo, deixando para os dois últimos anos do segundo mandato as correções de fundo que ainda não fizera. Só que tudo o que lhe podia correr mal, correu pessimamente.

Uma pandemia, um muito maior escrutínio por uma imprensa com pouco que fazer e casos e casinhos a marcarem-lhe a governação. Do mundo veio ainda a invasão da Rússia à Ucrânia, a guerra de Israel na Palestina, a crise dos combustíveis, o disparar da inflação e a subida das taxas de juro. Uma montanha de senãos, cara confidente.

A machadada final, minha querida, seria dada pela justiça levando-o a demitir-se, sem terminar tudo aquilo a que se tinha proposto. A boa figura ficaria por cumprir…

É inglório, para quem teve tudo na mão, Berta. Podemos mesmo dizer que é injusto, mas a vida é assim…

Sem alternativa teve de abandonar o Governo sem ter corrigido os erros do SNS, sem ter tratado dos professores, médicos, oficiais de justiça, forças de segurança e militares, sem ter reposto a serenidade na regulamentação da habitação. Assim sendo, cara amiga, e embora tivesse julgado que ainda tinha dois anos para o fazer, a verdade é que não o fez e perdeu redondamente a batalha. Mais uma vez, a vida é assim…

Deixo, Berta, um beijo de saudade, este teu amigo de sempre,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta nº. 642: Cavaco e a Semente do Mal - Parte II/II

Berta 642.jpg

Olá Berta,

Na conclusão da carta anterior, querida amiga, recordo ainda os insultos do senhor Silva, que se mantiveram até ao fim do seu infame discurso de ódio, como se atreve o homem que defendeu Ricardo Salgado e o BES, enquanto, à socapa, salvava o seu dinheiro, de vir falar em mentir aos portugueses. Nem dá para acreditar ou tentar levar o discurso como algo de sério.

Estas acusações precisam de provas, caríssima, e não é por serem ditas da boca seráfica de uma múmia paralítica que se tornam verdade. Não é preciso muito para se descobrir que o homem “que nunca se engana” está redondamente enganado ou a mentir, ele sim, pérfida e descaradamente no seu discurso verborreico.

Afinal, Berta, ele está a falar de um Governo e de um Primeiro-Ministro que nos tirou do estrangulamento das medidas estranguladoras de Passos Coelho e da Troika, voltando a repor o subsídio de férias e o de Natal e que acabou com a sobretaxa.

Mas também é o meu Governo que superou uma pandemia nunca antes vista e uma guerra na Europa, como já não se via desde os anos quarenta e que, ainda por cima, foi capaz de fazer baixar a dívida pública e fazer subir o PIB em índices superiores aos do resto da Europa. Para mim, amiguinha, Aníbal Cavaco Silva é a Semente do Mal, tem mau fígado e piores vísceras.

Porém, Berta, recordo ainda os insultos do senhor Silva, que se mantiveram até ao fim do seu infame discurso de ódio, quando falou de outros dois primeiros-ministros socialistas: “O governo de António Guterres deixou o país no pântano. O governo de José Sócrates deixou o país na bancarrota. O governo de António Costa vai deixar ao próximo governo uma herança extremamente pesada”.

De uma assentada, cara amiga, o repelente Conde Drácula junta o atual Secretário Geral da Organização das Nações Unidas com Sócrates, um Primeiro-Ministro que ainda está para ser julgado, substituindo-se à justiça e cuja bancarrota não passou do resultado da Assembleia da República o ter derrubado a meio do seu segundo mantado.

Sim, porque Aníbal, o manipulador de focas, considera, Bertinha, que o atual líder do PSD está: “tão ou mais bem preparado” do que ele próprio quando governou (aí até acredito), afirmando que o PSD é: “a única alternativa” ao Partido Socialista (o que só nos pode fazer rir).

Mas o vampiro também acha, minha querida, que: “O doutor Luís Montenegro tem mais experiência política do que eu tinha quando eu subi a primeiro-ministro em 1985, e está tão ou mais bem preparado do que eu estava.”, (mais uma vez, sou levado a crer que a falsa modéstia do Conde, nos quer fazer acreditar que ele fez um bom trabalho, mas a esse respeito nem preciso de me preocupar, a História ocupar-se-á de provar mais um dos seus muitos enganos).

Sem se rir, doce amiga, mas com a mesma boca seráfica, ouvimos Cavaco afirmar: “o PSD é inequivocamente a única, verdadeira alternativa credível ao poder socialista” que, segundo o mesmo, é suportada por: “oligarquia que se considera dona do Estado”.

Num Estado de Direito, minha querida, onde existisse respeito pelas instituições, um ex-presidente não devia poder dizer isto impunemente, a não ser num espetáculo de “stand up comedy” para surdos.

Contudo, Berta, a múmia considera ainda que Luís Montenegro: “tem identificado bem o adversário político do PSD: o PS e o seu Governo”, enquanto acusa os socialistas de terem posto: “o país na trajetória de empobrecimento e de profunda degradação da situação política nacional”.

Também escutámos a múmia paralítica, minha cara, a dizer que: “É no governo socialista que o PSD deve centrar a sua atenção. Não deve dispersar energias com outros partidos, nem responder às provocações que deles possam vir, assim como de alguns analistas políticos”.

Nestes dois últimos parágrafos a ignominia vem barrada de infâmia, numa altura em que a dívida pública desce aceleradamente, em que o desemprego perde a sua vertente vertiginosa e em que o PIB sobe de forma consistente. Mas o pior, Berta, é ouvir o vampiro a aconselhar Montenegro a não divulgar acordos com outros partidos, antes de conseguir o poder.

O pedido do Chacal (outro bom nome para o sujeito), minha cara, para o atual líder do PSD não responder a comentadores, que para Montenegro seria uma virtude, foi uma das queixas que o canídeo apresentou contra António Costa no seu discurso. Mas no senhor Silva dar o dito por não dito é política corrente.

Avançou ainda, Bertinha, o viperino que: “é totalmente falsa a afirmação de que o PSD não tem apresentado políticas alternativas ao poder socialista… o PSD é a única opção credível para todos os que queiram libertar Portugal de uma oligarquia que se considera dona do Estado”.

Por fim, qual Oráculo do Apocalipse, o Conde Drácula anunciou que considera excelentes os “programas bem estruturados” referidos pela presente liderança do PSD, atrevendo-se a deixar alguns conselhos e sugestões, terminando dizendo: “Na minha opinião, o PSD não deve cometer o erro de pré-anunciar qualquer política de coligações tendo em vista as próximas eleições legislativas. Se o PS, que está em queda, não o faz, porque é que o PSD, que está a subir, deve fazê-lo?”.

Ora, querida confidente, provavelmente, Aníbal, sem o saber, está gravemente afetado por alguma espécie pouco estudada de Alzheimer. Como é possível afirmar que Montenegro apresentou qualquer programa, ainda para mais bem estruturado, quando a realidade demonstra o contrário?

Como pode a múmia paralítica, Berta, tentar elevar o valor político do Luís se a sua oposição se resume em dizer mal do PS, ajudado pela comunicação social, sem ter um plano, uma visão ou sequer uma estratégia?

É triste reconhecer a senilidade de Cavaco, aos 83 anos, mas ela é uma realidade, espero que na hora da partida algum padre exorcista lhe retire do corpo, de uma só vez, o chacal, a múmia paralítica, o Conde Drácula e os demos todos que fizeram da sua alma uma estalagem para o mal. Deixo um beijo,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta nº. 641: Cavaco e a Semente do Mal - Parte I/II

Berta 641.jpgOlá Berta,

Eu sei que te prometi falar de João Galamba ontem ou hoje, minha querida. Só que algo surgiu no panorama político nacional há dois dias atrás. Um senhor de avançada idade, a quem só faltam os dentes de vampiro, apareceu viperino, minha querida, com uma verborreia própria das múmias do Antigo Egipto, a proferir profecias maléficas e insultuosas contra António Costa e logicamente contra o PS.

Ora, quando as trevas se levantam no horizonte luso, há que comentar, vou fazê-lo em duas cartas porque uma seria demasiado extensa. Pese embora a minha humilde opinião, não passe disso mesmo, minha amiga, isso não quer dizer que o meu alegadamente, não possa vir a provar-se como algo absolutamente correto.

Pode não ser fácil quando apelido Cavaco de vampiro ou de múmia paralítica, mas isso, Bertinha, não pretende ser factual, apenas procura representar o que me faz sentir quando o oiço, como sempre, revoltado contra quem está no poder, que não seja ele mesmo.

Aliás, minha amiga, nem sequer tem a ver com o facto de o homem já ter 83 anos, porque há muita gente dessa idade sem um décimo do fel que, para mim, esse “Velho do Restelo” consegue produzir.

Para além disso, cara amiga, também não me considero culpado por comparar a sua lividez, hostilidade e forma quase esquelética, à de um vampiro ou de uma múmia amaldiçoada do Antigo Egipto.

Se o casaco de Cavaco Silva tivesse as abas elevadas em torno do pescoço, seria quase como olhar para o próprio Conde Drácula, em pessoa, bastava enquadrá-lo num castelo medieval, à luz das velas, aparecendo por detrás de uma porta empoeirada, cheia de teias de aranha ou a emergir, no escuro de uma cripta, de um caixão forrado de veludo bordeaux, envergando o seu tradicional sorriso seráfico, não te parece, amiga? Mas isso é apenas culpa minha e da fértil imaginação que possuo a funcionar.

Tenho dúvidas, doce confidente, que Cavaco alguma vez tenha conseguido amar alguém que não o venere na cripta sombria onde descansa, não sei a que horas, entrapado pelas suas vestes de múmia a que certamente chama de pijama.

O Presidente que aconselhou os portugueses a investir no BES, enquanto ele retirava de lá as suas economias, quando já sabia que o banco ia colapsar, acusou no sábado o primeiro-ministro, António Costa, de perder a sua autoridade, dizendo que, por vezes, os primeiros-ministros “decidem apresentar a sua demissão” devido a “um rebate de consciência”, coisa que o próprio não sabe em que consiste, nem para que serve, Berta.

É claro, para mim, minha cara, que se Lucifer quisesse arranjar um representante seu na Lusitânia, só poderia ter escolhido o Aníbal.

Se tivesse optado por Salazar, minha querida, teria perdido tempo, o homem já era mau por si mesmo, e não o escondia de ninguém.

Já, por outro lado, amiguinha, o Diabo escolher André Ventura, seria outro insulto para os infernos, pelo pouco significado do sujeito em si.

Porém, Cavaco, Bertinha, serviria como a acha perfeita para a fogueira, escondido no seu seráfico sorriso donde não vem ponto sem nó.

A múmia paralítica disse, minha cara, e cito: “Em princípio, a atual legislatura termina em 2026. Mas às vezes os primeiros-ministros, em resultado de uma reflexão sobre a situação do país ou de um rebate de consciência, decidem apresentar a sua demissão e têm lugar eleições antecipadas – foi isso que aconteceu em março de 2011”.

Ora, neste tom inocente, perfeitamente seráfico, Berta, o senhor Silva está a comparar Sócrates com António Costa, como se fossem ambos farinha do mesmo saco. É verdade que foi Ministro no Governo de Sócrates, mas também muitos outros que nada sabiam sobre a vida pessoal do então Primeiro-Ministro.

Assim sendo, como é que alguém totalmente desprovido de “consciência” consegue usar a palavra “consciência” sem que lhe caiam os dentes todos ou sem que os olhos lhe saltem das órbitas, isso é inexplicável para mim, minha cara, e um dos mistérios deste ser nefasto residente num mundo pérfido e oculto.

Cavaco Silva falou no fecho do 3.º Encontro Nacional dos Autarcas Social-Democratas, em Lisboa. Numa verborreia cínica sobre a governação socialista, chamando-a de “desastrosa”, defendendo que o primeiro-ministro “perdeu a autoridade” e que, amiguinha, “não desempenha as competências que a Constituição lhe atribui”.

Olha quem fala! Afinal, estamos perante o homem que “nunca se engana e raramente tem dúvidas”. Se António Costa tivesse perdido a autoridade aceitaria a demissão de João Galamba e, aí sim, não teria desempenhado as competências que a Constituição da República Portuguesa lhe atribui, que te parece, amiga? Para desgosto do senhor Silva, que teve de dar posse ao primeiro Governo de Costa, isso não aconteceu.

O Conde, minha querida, vai ao ponto de, no seu inqualificável discurso de ódio, palavrear que o Governo de Costa não passa de: “um somatório desarticulado e sem rumo de ministros e secretários de Estado, incapaz de lidar com a crispação social e os grupos de interesse, a sua tendência será para distribuir benesses e comprar votos e para despejar dinheiro para cima dos problemas e não para preparar um futuro melhor para Portugal”.

Este é o mesmo homem que mandou construir um mamarracho junto aos Jerónimos, em vez de tentar fazer baixar uma inflação, na altura, quase o dobro da atual, conforme te deves lembrar, minha cara.

Este, que foi o Primeiro-Ministro das autoestradas e do betão, em tempos em que os juros bancários em Portugal batiam recordes nunca mais superados no país, tem a desfaçatez, Berta, de proferir enormidades como se estivesse, como outros, a comer um gelado Santini.

Todavia, caríssima, as acusações do vampiro foram ainda mais longe, segundo ele o PS “passa a vida a mentir” e “nunca desceu tão baixo”. “Ainda se pode acreditar num o Governo que passa o dia a mentir?”, chegou a perguntar.

Afirmando ainda, Berta, que este Governo é perito em: “Mentiras, propaganda e truques.” E ainda que: “O Governo é um vazio. A palavra socialista é apenas um slogan. A ação do PS resume-se a manter-se no poder e controlar o Estado sem olhar a meios.”, e mais: “Este Governo é uma oligarquia que se considera dona do Estado”.

Os dois últimos parágrafos são tão nojentos, negativos, macabros e viperinos que apenas merecem desprezo total e absoluto. Concluirei na próxima carta, minha querida. Beijo,

Gil Saraiva

 

 

 

gilcartoon n.º 1097 - Miga, a Formiga: Série "Dah!" - Bocas Foleiras: Achas para Montenegro

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