Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
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Não sei se tens acompanhado, minha amiga, a discussão sobre a eutanásia. Terminar com a vida de alguém é efetivamente uma coisa séria. Mas nós vivemos em democracia e demos o poder de legislar, nas urnas, aos nossos representantes.
Os deputados, por muito que alguns lhes invejem a vida, mesmo sendo obrigados a votar, até contra a sua própria vontade, por disciplina partidária, por mais que se descubram desonestos no seu seio, são quem escolhemos, dentro das regras democráticas que traçámos para o país. São eles que regulam e criam as normas legislativas do país e foi precisamente para essa tarefa que os elegemos.
É a eles, que incumbe a responsabilidade de decidir o que fazer quanto a cada tema, de acordo com as maiorias parlamentares que arranjem, para cada um dos assuntos em causa, durante os anos que ali estão em funções. Portanto, terão de ser eles a votar a eutanásia e a definir as regras da sua execução, quer isso signifique a aprovação ou o chumbo da lei, apenas eles e mais ninguém.
Não me parece justo é ir pôr em causa a vida ou a morte de alguém, baseada na minha opinião, cuja área principal é o jornalismo, na opinião da Igreja Católica, que impõe o celibato aos padres e descrimina as mulheres, ou do meu eletricista que só quer saber de curto-circuitos, de minis e de futebol.
Votar a adoção e legalização da eutanásia por referendo é que seria profundamente errado. Se não confiamos no sistema temos, pelo voto, a possibilidade de o mudar. Mas não me peçam a mim para tomar o lugar que não é o meu e ir votar em algo sobre o qual até sei alguma coisa, embora tendo a consciência de não saber o bastante para aceitar essa responsabilidade.
Desculpa o aparte, mas o assunto anda na ordem do dia e eu sinto-me incomodado com algumas das coisas que vou ouvindo e lendo. Quanto à temática da nossa carta, sobre quadras sujeitas a tema, escolheste-me para hoje algo ligado à justiça. Por via das dúvidas fiz 3 quadras.
Série: Quadras Populares Sujeitas a Tema - 7) O Juiz.
O Juiz I
Se fores, em tribunal,
Injustamente acusado,
O juiz que te fez mal
Devia acabar culpado.
O Juiz II
Condenar, sem ter certeza,
Perdoar, por preconceito,
São critérios de tristeza
De juízes com defeito.
O Juiz III
Decidir, sem ter razão,
Num juiz é mais que asneira…
Se uma luva é para a mão,
Não se usa na carteira.
Gil Saraiva
Com estas 3 respostas me despeço, recebe um beijo amigo deste que nunca te esquece,
Desculpa ontem ter enviado 2 cartas, mas tive que desabafar. Há coisas que não devem ficar para o dia seguinte. Sei que não te importas destes pequenos abusos da minha parte, mas mesmo assim, por seres a amiga que és, acho que fica bem uma justificação.
Mando-te a terceira parte do poema que te tenho enviado aos poucos porque, ao fim ao cabo, são 4 poemas num só. Não quero que apanhes um enjoo de linguagem poética. Assim, aos poucos digeres melhor. Aqui vai:
"OS OUTROS - TRAGÉDIA EM QUATRO ATOS"
III
"VIAGEM PARA O PARAÍSO"
Perante os migrantes vindo do Oriente,
A Europa justa vai abrir os portões,
Dizem os líderes da União Europeia,
Criam cotas, repartem apoios, vão à televisão…
Mas a verdade esconde-se, abriga-se,
E o que se fala nada quer dizer, nem tem tradução;
Mas todos prometem intenções tão boas,
Numa teoria que jamais será Tese, Lei ou Saber.
Aceitam milhares, dizem os jornais,
Mas fazem-se muros, que é farpado o arame,
Entram meia dúzia, um pouco mais, mas de pouco não passa,
A custo, a medo, que a vergonha não esconde a cara…
Impera o cinismo, dizem que é cedo,
Mas para os migrantes o tempo parou,
E tentam entrar de qualquer maneira nessa Europa
Onde solidariedade se escreve a borracha,
Onde esperança é palavra oca que o vento varreu…
Por entre os milhares, fugidos da Síria curda,
Entre fome e sangue, entre dor, pânico e sobrevivência,
Uma família que o lar perdeu na perdida Kobane,
Já na Turquia, procura uma forma de chegar à Grécia, a Kos,
Nem terra, nem ar, que apenas o mar é solução…
E ali, em Bodrum, a dois passos da Europa,
Um casal com dois filhos decide arriscar,
Um entre os milhares que já são milhões.
Da praia de Ali Hoca partem de barco feito borracha
Que apaga vidas…
Onde cabem dez viajam cinquenta,
E dá-se a tormenta, o naufrágio, mais um,
Sobrevive o pai, sucumbe a mãe e as duas crianças,
De três e cinco anos que a idade é tenra
Mas a morte não.
A viajem acaba, como começou, em calamidade,
Igual a tantas outras que a precederam,
E assim chegaram, todos ou quase, por fim, finalmente,
A um paraíso que não tem país.
Sabes, minha amiga, costumo dizer que a maior sorte que tive em toda a minha vida foi ter nascido em Portugal. Para esta gente que nasceu nestes lugares, para onde o inferno tem os portões abertos, sobreviver já é uma aventura. Quando penso nisso e nos meus problemas acho que reclamo de barriga cheia.
Deixo-te um beijo de despedida, com as saudades que imaginas deste teu velho amigo de sempre,
Por incrível que te possa parecer (a mim soa-me quase a inacreditável), vou falar hoje, pela segunda vez consecutiva, de coisas ligadas ao Sporting Clube de Portugal. Estou mesmo irritado com isto. Se eu não tivesse aberto a revista Visão… enfim, nada aconteceria deste modo.
Já não me bastava ter escrito ontem sobre o Julgamento ligado ao Assalto à Academia Sportinguista de Alcochete e, consequentemente, do ex-Presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, acerca do qual defendi a inimputabilidade, para hoje vir falar de outro Presidente do mesmo clube. Desta vez o atual, o médico, Frederico Varandas. O seu nome completo é Frederico Nuno Faro Varandas, mas acho que poderia alegadamente ser, e muito bem, Frederico Chico Esperto com Faro à Varanda.
Ao contrário de muitos sportinguistas, e eu até sou sócio de outro clube, gostava bastante deste novo Presidente. Parecia-me uma pessoa ponderada, fã do clube, com um discurso calmo, pacificador e pouco interventivo nas guerrilhas clubísticas, que ecoavam e ecoam na comunicação social. Ele até esteve disposto a enfrentar as claques do clube, algo que, por si só, já me pareceu uma tarefa mais para um Hércules, do que para um Frederico. Aliás, bastou-me esta franca determinação para a minha consideração pelo homem subir vários patamares.
Por alguns dos seus atos, parecia-me alguém seriamente firme na sua missão de colocar as contas do Sporting em ordem, fazendo os sacrifícios que ninguém estava disposto a levar a cabo, mesmo correndo o risco de ser menos popular e de, numa primeira fase, não poder, para já, unir a Nação Sportinguista, situação à qual, em meu entender, ele chegaria mais tarde, depois de arrumar melhor a casa.
Todavia, era e é notória a sua falta de experiência nalgumas das temáticas ligadas ao futebol, porém, emanava um tal desejo intenso em aprender, progredir e levar a sua missão a bom porto, que sempre achei que, com o acumular da experiência, e com alguns bons conselhos, acabaria por lá chegar, talvez até mais rapidamente do que muitos julgariam ser possível acontecer.
Em resumo, achava-o uma pessoa de excelentes princípios, determinada, inteligente, ativa e com uma vontade gigante de ajudar o clube a erguer-se, mais uma vez, até aos patamares de glória que lhe são merecidos e reconhecidos no passado.
Só que a revista Visão, e a minha posterior investigação, acabou-me com a convicção e com a esperança. Fico danado quanto isto me acontece. Há quem diga que eu sou ingénuo e tolo por, aos 58 anos, ainda acreditar nas pessoas. O que posso eu fazer? Nesta altura da minha vida parece-me um pouco tarde demais para mudar este meu rumo.
Ora, o que a Visão revelava é que Frederico Varandas é um Médico-Capitão do Exército Português (hoje ainda), várias vezes condecorado pelas suas missões ao serviço das Forças Armadas, tendo estado destacado em fervilhantes cenários de guerra deste nosso mundo, como, por exemplo, o Paquistão.
Dirás tu, Berta, que isso e outros apontamentos notáveis do currículo de Frederico Varandas ainda me deviam deixar mais convicto da postura, dedicação e seriedade do homem em causa e nunca o contrário. Tens efetivamente toda a razão. Até este ponto, Varandas, continuou a subir em flecha na minha estima e admiração pelo ser humano que representa. Até aqui, ele era o homem que serviu, com destacadas honras, militarmente o seu país, que se formou e pós-graduou em medicina enquanto militar, e que subiu a pulso as longas escadarias da vida.
A sua vertente desportiva iniciou-a no Vitória de Setúbal, em 2007, integrando a equipa médica do clube e, em 2009, tornou-se seu diretor clínico, cargo que manteve até 2011. E é neste período, minha querida amiga, que as pesquisas que conduzi me começam a causar sérias preocupações.
A data de entrada do novo médico no Vitória de Setúbal só refere o ano de 2007 e, por mais que procure, ainda não consegui descobrir o mês e muito menos o dia. Queria saber durante a vigência de que Comissão Administrativa entrou.
Não é relevante para a história, a não ser pelo facto de ter chegado num período conturbado do Vitória de Setúbal e ter atingido o cargo de diretor clínico dentro desse mesmo período complicado. No caso concreto, uma vez que completou a pós-graduação em medicina desportiva em 2007, julgo que terá entrado como médico após essa nova aptidão ter sido adquirida.
Assim sendo, a sua carreira médica no clube iniciou-se e terminou durante os períodos que se balizam entre a primeira Comissão Administrativa presidida por Carlos Costa e a segunda por Luís Lourenço e a eleição do Presidente atual, Vítor Hugo Valente. Segundo reza a história, é pela mão do treinador Carlos Carvalhal que se dá a sua entrada no Setúbal.
A passagem a diretor clínico tem precisamente a ver com este período conturbado de grandes mexidas nas equipas técnicas e médicas, das quais Fernando Varandas acabou saindo alegadamente beneficiado. É que não há outra maneira de explicar como é que um médico de um clube, que vai para o Afeganistão durante 6 meses, em 2008, regressa e se torna diretor clínico. Eu pelo menos não compreendo. Porém, mesmo aqui, embora a situação não seja clara, eu sou dos que considera que Frederico Varandas pode apenas ter sido bafejado pela sorte e que o seu regresso heroico o tenha conduzido à sua rápida ascensão e consequente nomeação como diretor clínico.
Mas a porca só torce seriamente o rabo a partir daí. Em 2011, a direção do Sporting de Godinho Lopes, convida-o a integrar os quadros médicos do Sporting, como médico da equipa de juniores de futebol do clube. Aliás, o convite, ao que se diz, parte de Luís Duque, ex-Presidente da SAD do Sporting e na altura vice-presidente da mesma.
Pelo que se contava na época, Luís Duque, tinha entrado em rota de colisão com José Henrique Fuentes Gomes Pereira, mais conhecido apenas por José Gomes Pereira, há 11 anos no cargo de diretor clínico, com uma carreira brilhante dentro e fora do clube, conforme poderás comprovar se deres um salto à Wikipédia. Esse conflito, terminou na assinatura de um acordo de saída entre o prestigiado médico e o Sporting. E é assim que, o mais novo médico da estrutura, com um mês de casa, ascende meteoricamente ao cargo de diretor clínico do clube. Há quem diga que, alegadamente, o facto de João Pedro Varandas ser vogal do Conselho Diretivo, ajudou na promoção, mas, efetivamente, pode ser apenas má-língua, o facto de se ter um irmão na direção não é decreto promocional à partida.
Outros dizem que o facto de João Pedro Varandas ser sócio fundador da firma de advogados Rogério Alves & Associados, sendo este Rogério, por seu turno, o atual Presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sporting, nada tem a ver com o facto de se terem criado as condições para que Frederico Varandas se tenha candidatado e tornado Presidente do Sporting.
Apesar de tudo as coincidências existem. Não se pode culpar Rogério Alves de ter sido escolhido para o lugar que já fora seu entre 2006 e 2009, nem de ser sócio do irmão do atual presidente. São coisas da vida, nada mais.
Voltando ao início, e à notícia da revista Visão, fiquei a saber que Frederico Varandas ainda é Capitão-Médico do Exército e que tem a sua atividade apenas suspensa porque, para minha surpresa, nos termos da lei o requereu, por se ter candidatado (e na sequência sido eleito) pelo PSD em 2013 e pelo PSD/CDS-PP em 2017, como membro da Assembleia de Freguesia de Odivelas. É este cargo político, apenas remunerado através de senhas de presença, que permite ao militar não estar no ativo no seio das Forças Armadas. É este cargo que lhe permite ser Presidente a tempo inteiro do Sporting Clube de Portugal, pelo menos até outubro de 2021, sendo que, nessa altura talvez volte a ser candidato, quiçá para a Assembleia de Freguesia da “Merdaleija de Cima” ou até de outra Freguesia mais exótica. Nada importará desde que se tenha assegurada a eleição por mais 4 anos.
O que interessa é manter-se fora do exército enquanto isso for vantajoso e rentável. Um capitão da tropa, mesmo médico, não tinha como comprar uma casa de 740 mil euros e ter 2 carros (um BMW e outro Mercedes) cujos valores ultrapassam os 250 mil euros, segundo a imprensa. Aliás, estes são os bens que se conhecem, mas que têm, certamente, uma catrefada de outros associados bem mais difíceis de escortinar.
Tirar um curso universitário, mais as especializações à custa da tropa e depois não a compensar com a sua presença em serviço, não é bonito, nem parece bem e mete em causa a integridade do visado. O mesmo acontece com o facto de ser eleito para um lugar político onde depois não se põe os pés (o que, desde que foi candidato à presidência do Sporting, tem vindo a acontecer com Varandas), segue a mesma falta de cumprimento do dever e coloca em dúvida a seriedade do Presidente Frederico. A situação leva a que as faltas à Assembleia de Freguesia ultrapassem já, em 8 porcento, as presenças. Não pensem os mais ingénuos, como eu, que tem havido assim tantas reuniões da Assembleia, em 7 anos apenas se realizaram 26 e o eleito nem em metade destas conseguiu estar presente.
Poderão os mais ferrenhos dizer que nada disso é ilegal, alegando que tudo está feito de acordo com a lei. É verdade, mas não de acordo com a ética, jamais com a ética.
Em 2015, Godinho Lopes foi expulso do Sporting e o seu braço direito, Luís Duque, suspenso por 1 ano, o tal que deu uma mãozinha a João Varandas, a quando da entrada e promoção estratosférica de Frederico de médico de juniores, com um mês de casa, a diretor clínico, passando à frente de todos os médicos da estrutura leonina. Para azar de Luís Duque, 2015 foi também o ano em que perdeu a Presidência da Liga de Clubes para Pedro Proença. Mas o que interessava a Frederico já fora assegurado 4 anos antes e ele conseguiu manter o lugar com Bruno de Carvalho, com quem conviveu harmonicamente durante a direção deste, afinal, haveria tempo para tratar da situação um dia mais tarde.
Não faço a menor ideia se durante todo o seu percurso o Presidente sportinguista cometeu ou não alguma ilegalidade. Vou, aliás, ao ponto de acreditar que não, mas depois disto tudo que te escrevi, Berta, onde está o homem limpo, impoluto, integro, de excelentes princípios e de coragem soberana de que falei no início? Já não me revejo na pessoa e fico triste, não gosto deste Frederico Chico Esperto com Faro à Varanda.
Despeço-me saudoso, com um carinhoso beijo, deste teu eterno amigo,