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Alegadamente

Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente correto.

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Carta à Berta nº. 648: Israel Versus Palestina

Berta 648.jpgOlá Berta,

Este ano fez 77 anos que os tratados pós 2ª. Grande Guerra Mundial permitiram a Israel fundar um Estado Independente em território que pertencia à Palestina. Os palestinianos não foram perdidos nem achados nesta decisão. Foi algo que lhes foi imposto por aqueles que acabavam de vencer os nazis. Nem sequer, alguma vez, em 77 anos, minha querida, tiveram direito a uma sondagem séria à sua vontade, a um referendo sobre o assunto ou ao que quer que fosse, como se apenas lhes restasse aceitar e calar.

Desde então, unilateralmente, minha amiga, Israel tem vindo a alargar as suas fronteiras, conforme poderás constatar na primeira imagem que te enviei junto com esta carta. Este facto constante obrigou muitos palestinianos a imigrar à medida que o seu território ia encolhendo assustadoramente. Hoje, dos 12, 370 milhões da população palestiniana, apenas 3,370 milhões ainda vivem nos territórios da antiga Palestina de 1945. Uns absurdos 9 milhões tiveram de emigrar para onde foram aceites ou tornarem-se refugiados nos países vizinhos da Palestina.

Berta 648 a.jpgPor estranho que possa parecer, Bertinha, nem sequer há grandes diferenças étnicas entre os dois povos. Uma esmagadora maioria de mais de 90% tem a mesma raiz étnica (isto segundo alguns estudos já realizados este século), as diferenças são efetivamente religiosas e culturais.

Acontece agora que, minha cara, um dos povos mais perseguidos e massacrados da História da Humanidade passou de vítima a opressor, esquecendo a sua própria História, onde o direito à tolerância e ao diálogo devia, em absoluto, ser a palavra de ordem.

Se há local no mundo onde seria muito provável prever o aparecimento e crescimento de terroristas, ele é, precisamente, a Palestina. Foi, Bertinha, exatamente o que aconteceu e já nem é um fenómeno novo, tem barbas bem maiores que as dos judeus ou que as dos palestinianos.

Quando me perguntam se eu condeno o ataque bárbaro dos terroristas do Hamas a Israel, é claro que repudio em absoluto a barbárie que aconteceu. Não há em mim, minha amiga, sequer uma réstia de dúvida. O Hamas é um movimento terrorista e islamista palestino, de orientação sunita, e não tem mesmo qualquer desculpa.

Porém, Israel, Berta, enquanto Estado democrático, se bem que atualmente gerido sob a influência de uma extrema direita radical, não tem, nem nunca poderá ter, legitimidade para atuar barbaramente, ainda mais, precisamente, não sobre os terroristas do Hamas, mas sobre a população civil palestiniana. O que Israel está a fazer nesta guerra em que para combater os terroristas priva o povo palestiniano de quaisquer meios de sobrevivência é criminoso, bárbaro e deve ser criticado e combatido de forma bem vincada.

Não me quero alongar muito mais sobre o assunto, porque ver Israel a agir como um Estado terrorista exige que o mundo o trate como tal. Não tem qualquer direito a agir dessa forma. Mesmo a morte atroz de 1,200 israelitas não legitima a exterminação do povo palestino, um verdadeiro genocídio, que até ao momento já fez mais de 4,300 vítimas entre os palestinianos, por isso, Berta, fico-me por aqui no meu comentário. Despeço-me com um beijo,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta: "Os Outros - Tragédia em 4 atos" Parte I - "Ocupação"

Berta 65 - Ocupação.jpg

Olá Berta,

Pediste-me para te enviar o poema que escrevi sobre o Menino de Kobane, aquela coisa horrível que nos despertou de vez, abrindo-nos os olhos e a mente, para o problema dos migrantes em setembro de 2015, já lá vão 4 anos e 3 meses. Sei que tiveste conhecimento que fui um dos jornalistas a fazer um levantamento exaustivo de toda a história. Não te a quis contar vista por mim, na altura, mas é tempo de a poderes ler. Contudo, como tem um final pouco feliz, e estamos no último dia do ano, vou-te enviar apenas a primeira parte de uma tragédia em 4 atos. Espero que entendas, afinal não te quero ver deprimida no último dia do ano. Todavia, para mim, promessa é dívida. Aqui vai:

 

"OS OUTROS - TRAGÉDIA EM QUATRO ATOS"

      ATO I

"OCUPAÇÃO"

 

No planeta imaginado

Por trinta milhões de seres humanos,

Algures, numa estreita margem do Mediterrâneo,

Começou, há dois mil e seiscentos anos,

Um país chamado Curdistão

Ou, talvez, quem sabe, deveria ter começado.

 

Madrasta foi a História deste povo,

Ocupado por impérios e tiranos.

Avaros os vizinhos sempre o cobiçaram

E a terra que nunca foi país,

Acabou por ver-se repartida…

 

Nas margens da Europa,

Pelo raiar da Ásia,

Ele se ergueria sob a égide de Alá,

A Norte a Turquia Otomana,

Com desejos de poder,

A Oeste a Arménia e o Azerbaijão,

Famintos de território,

A Sul o Irão,

Fanático no crer e no crescer,

A Este o Iraque e a Síria,

Com sede de recursos…

 

Como pode esta gente ter direito à existência, ao território?

O que pensam os judeus deste direito?

E a América e o imperador careca, esse Putin?

A culpa nunca é de ninguém, são sempre "OS OUTROS"…

 

Depois chegou o ISIS, o DAESH, o Estado Islâmico,

Não interessa o nome,

Apenas importa que rima com terror,

Ocupando o ocupado,

Terras queimadas para um grande Califado,

Vidas ceifadas pelo fanatismo enlouquecido

E, sem qualquer pudor,

Publicitadas na imprensa,

Na net e nas televisões,

Qual algodão que não engana

Porque a saga garante o verdadeiro horror…

 

Hoje, fico-me por aqui. Despeço-me, com um enorme beijo, e com o desejo de que tenhas uma excelente entrada em 2020, espero que este ano, em que vamos entrar, te traga toda a felicidade do mundo. Este teu amigo para todo o sempre,

Gil Saraiva

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