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Alegadamente

Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente correto.

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Carta à Berta nº. 237: Memórias de Haragano - Confissões em Português - Parte XV

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Olá Berta,

Ontem, ao falar da justiça e de possíveis forças ocultas, acabei por não dar exemplos, nem expor muito, o que penso sobre o assunto. Por isso, aqui vai a continuação:

Memórias de Haragano: Confissões em Português – Parte XV

“Não fiquei convencido no caso Carlos Cruz, como já te contei, caro leitor, nem tantos outros casos que se mediatizam para nos atirar areia para os olhos.

Esses e outros, que nem vale a pena referir, são os gladiadores escravizados, e antes senhores, do Coliseu de uma Justiça que não tem apenas os olhos vendados, mas que aparenta servir sociedades secretamente organizadas e portadoras de agendas especificas.

Podia falar aqui dos interesses escondidos da Opus Dei, da Maçonaria e de mais uma dúzia de organizações mais ou menos secretas, que vão desde os Rosa-Cruz, os Lions Club até aos beneméritos do Rotary Club, todos agindo na sombra em prol dos seus interesses. Talvez esteja a ser injusto, afinal isso é única e exclusivamente a minha forma de pensar.

Porém, vejamos: quem julga o bom ou mau trabalho dos juízes e determina se estão ou não ao serviço de algo menos visível? Outros juízes? Não me façam rir. Isso sim, era importante, digo mesmo, fundamental, podermos saber de forma bem clara e transparente quem lhes avalia os procedimentos e atuações, para que assim a nossa fé na justiça fosse reposta.

Se o Governo tem uma Assembleia da República que o fiscaliza, se o Presidente da República está sujeito ao julgamento popular através do voto, quem supervisiona o poder judicial? Eles, em Portugal, são uma carreira pública, não vão a votos, mas são controlados por quem? Haverá alguém que saiba?

De vez em quando lá nos atiram com um juiz, para a arena dos média, para nos distrair. Mas quem são esses juízes? Os que já estão tão queimados, que já nem os estagiários se oferecem para ir tomar um cafezinho com eles, ou os que precisam de um apertão por estarem a tentar fugir aos poderes ocultos?

Quando um procurador nos ofende em tribunal, antes que o que quer que seja fique provado, porque é que o referido senhor não é devidamente repreendido pelo atentado ao meu bom nome que, até ao veredito final, deveria continuar a ser considerado como bom? A justiça deveria ter júri na grande maioria dos casos, principalmente nos mais graves, e prazos. Sempre prazos e responsabilidades por incumprimento desses prazos. Enfim, os desabafos, como diz uma amiga minha, não me levam a lugar algum e, ainda, segundo ela, não interessam a ninguém (para quem pudessem ou possam serem relevantes e a quem, verdadeiramente, se interessasse ou interesse por eles).”

Eu sei que tu entendes as minhas dúvidas existenciais, querida Berta. Aliás, tu e pouca gente mais. A maioria conforma-se com o que existe e escolhe nem pensar nestes assuntos. Por hoje despeço-me amigavelmente com um beijo, saudoso,

Gil Saraiva

 

 

Carta à Berta nº. 198: Carta Aberta a Carlos Cruz - Parte III

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Olá Berta,

Concluindo a minha narrativa dos últimos dois dias, segue-se agora a última parte da Carta Aberta que publiquei, em 2004, endereçada a Carlos Cruz. Incrivelmente, 17 anos depois, a saga deste homem continua por concluir. Foi com ele que <<nasceram>> em Portugal os mega juízes, os casos de justiça hiperbólica, os segredos de justiça incumprida e nunca penalizada, todavia, agora que Carlos Cruz já tem 77 anos de idade, agora que já sabemos que existe corrupção e ao mais alto nível na justiça portuguesa, não seria a altura de julgarem este senhor, com a inclusão, devida e mais do que justa, de todas as provas? Porém, para já, voltemos à minha carta aberta.

Carta Aberta a Carlos Cruz (Parte III - 2004)

“Mas meus senhores e minhas senhoras, o mais grave disto tudo é: e se o Sr. Carlos Cruz for inocente? Aí a coisa fica feia, mesmo muito feia, porque não há valor monetário que pague uma injustiça deste calibre. Em quanto se indemniza um cidadão, com a imagem que a pessoa em causa tinha no país, pelos danos causados? Seria a falência do Estado Português! Porque a indemnização teria que ser realmente exemplar. Mas seria também a falência de todo o sistema judicial português, porque não serve, nem vale, dizer que foi um erro e lavar as mãos. Alguém teria que sofrer as devidas consequências e ser responsabilizado.

Às vezes falamos da prepotência americana no mundo, mas um americano só pode estar preso sem provas 48 horas... quarenta e oito horas, qual dois anos e meio qual carapuça... Que raio de democracia existe no meu país onde o Ministério das Finanças aliado ao da Justiça nos recorda os tempos da Velha Senhora e os métodos e perseguições tão familiares a organizações como a Pide-DGS. Já viram que existe de novo medo no ar? Não notaram? As pessoas calam-se nos empregos para não serem despedidas. São tratadas pelos bancos que lhes deram todo o crédito do universo, como limões a quem se tem de espremer até ao último cêntimo, e o que os bancos não apanham, apanha o Fisco. Mas fazer barulho, revoltarmo-nos, nem pensar, que o sistema judicial está como todos sabemos.

Em resumo, Carlos Cruz, Senhor Carlos Cruz, eu acho que o Senhor não tem qualquer hipótese de sair inocente deste processo, mesmo que seja efetivamente inocente. A sua inocência remeteria a nossa democracia, o estado e o poder judicial para o Banco dos Réus e eles não vão permitir tal situação. Resigne-se! À partida será culpado: tenha ou não praticado qualquer crime, porque o inverso seria catastrófico. Se lhe serve de consolo, existe um português, que sem nunca o ter sequer conhecido pessoalmente e apertado a mão, acredita em si!”

Agora, em 2020, no ano da pandemia, já é tempo de acabar com tanta hipocrisia. Não tardará muito fará um ano que o último recurso de Carlos Cruz entrou na justiça. Estamos em tempo de desconfinamento, pois bem, julguem-no outra vez, como ele vos solicitou, agreguem ao processo, finalmente, todas as provas. Se, no final, o acusarem que assim seja, mas é preciso que seja feita justiça de uma vez por todas. Ou será que só um tal de Paulo Pedroso, o protegido do atual Presidente da nossa Assembleia da República, o socialista Ferro Rodrigues e o Herman José é que conseguiram sair limpos da acusação do então Procurador Geral da República, o senhor José Souto Moura? Como foi que cada um deles conseguiu provar a sua inocência, alguém sabe? Muitos devem, por certo, sabê-lo. Até consigo acreditar que ambos estariam realmente inocentes e que lhes foi permitido apresentar todas as provas disso perante a justiça. Mas, então, porque não se procede do mesmo modo com Carlos Cruz?

Não consigo entender. Mas, um caso que se iniciou em 2002, com acusações nominais feitas em 2003, já está em tempo de terminar. A justiça tem de prevalecer. Que se julgue de novo Carlos Cruz com inclusão, porque tal é imperioso, de todas as provas.

Então, minha querida Berta, fui demasiado teimoso da defesa da minha dama chamada Justiça? Espero que não e que a história te tenha agradado. É tempo de acabar com os bodes expiatórios, é tempo de fazer renascer a justiça em Portugal, para bem do Povo Lusitano. Nós merecemos isso hoje e sempre. Recebe um beijo deste teu amigo, em despedida até outra carta,

Gil Saraiva

Carteira Profissional de Jornalista: 5003 A

 

 

Carta à Berta nº. 197: Carta Aberta a Carlos Cruz - Parte II

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Olá Berta,

Continuando a minha narrativa de ontem, segue-se agora a segunda parte da Carta Aberta que publiquei, em 2004, dirigida a Carlos Cruz. Amanhã enviarei o final dessa carta, uma vez que a primeira te agradou. Sabes, se na altura em que tudo isto começou tivessem acusado Carlos Cruz de uso, consumo e talvez até abuso de drogas elícitas, eu não ficaria espantado. Como te disse eu não o conheço pessoalmente, mas o ritmo de trabalho e a frescura que ele permanentemente conseguia apresentar sempre me pareceram para além das normais capacidades de um homem comum. Porém, embora houvesse quem o afirmasse, nunca falei com ninguém, dentro do meio, que me dissesse na cara que o tinha testemunhado. Portanto, tudo poderia até ser apenas mais um boato e nada mais do que isso.

Aliás, agora então, nada disso importa. O que me parece relevante é continuar a transmitir-te a carta que escrevi na altura e na qual me continuo a rever.

Carta Aberta a Carlos Cruz (Parte II - 2004)

“Quando penso que o Senhor Carlos Cruz não era ligado aos <<Laranjas>> então no poder; quando penso que nenhum dos outros implicados no caso hasteava a bandeira dos <<citrinos>> (a fugir para o amarelo cínico de uns populistas que de populismo apenas usavam o nome); quando penso que a bronca estoirou precisamente quando a coligação governamental parecia entrar em colapso, por falta de apoio dos portugueses; quando penso que apenas elementos da oposição, nem que fosse em termos de simpatia ou tendência partidária, ou os a ela ligados, foram envolvidos no escândalo; quando penso que um mês depois já os laranjinhas tinham recuperado mais de uma dezena de pontos nas sondagens; quando penso nas escutas telefónicas feitas à sombra de uma justiça cega e de base salazarista caduca e totalitária, a tudo e todos os que fossem ou apoiassem os socialistas; quando penso num país onde um juiz só pode ser julgado e condenado por uma dúzia de seus pares cooperativos e cooperativistas, sendo por isso esse magistrado eleito Português de Primeira Classe face aos outros filhos Lusos; quando penso... (e que raio, eu nem sou dos que acreditam em coincidências), cheira-me a esturro, a jogada bem montada, a cabala, a conjura desenvolvida ao mais alto nível.

Se o Sr. Carlos Cruz fosse culpado, já devia ter sido julgado e condenado há meses. (E não serve de nada afirmarem que ele não era o único nesta situação, que a coisa estava assim montada, que estas investigações demoram, que havia muitas pessoas nas mesmas circunstâncias... etc. Se havia não deveria haver! Nem um único!).

Correndo até o risco da fuga do suspeito, a justiça não pode ter o direito de prender por meses a fio um presumível qualquer coisa, sem o poder provar num muito curto espaço de tempo. E não pode fazê-lo porque isso é injusto esteja o conceito expresso ou não na lei nacional. É imoral, não respeita a ética das instituições e a Lei portuguesa ainda tem uma base de decoro, penso eu, ou deveria ter.”

Bem, amanhã termino esta carta, contudo, não posso deixar de referir que agir e condenar sem que todas as provas possam entrar num determinado processo, com desculpas processuais ou outras, não mostra o melhor e o mais isento lado da justiça. Tudo me pareceu passar-se como se um qualquer tipo de sociedade secreta, tipo Maçonaria, Opus Dei ou outros do mesmo calibre estivessem a puxar cordelinhos usando o Senhor Comunicação como bode expiatório.

Não estou a afirmar que foi isso que aconteceu, mas foi o que eu, na altura com 24 anos de jornalismo e quase 9 de carteira profissional, pensei na época e, se queres saber, minha querida amiga, nem nisso fui o único ou original. Porém, infelizmente, todos se calaram, não fosse o prato derramar para o lado deles. Afinal, é preciso ter em conta que telhados de vidro existem em todo o lado. Despede-se, com um beijo franco e muita amizade, este rapaz aqui, o mesmo de sempre,

Gil Saraiva

 

Carta à Berta nº. 42: Bruno de Carvalho - O Julgamento

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Olá Berta,

Começo por te dizer que a minha carta de hoje é sobre injustiças. Não leves a mal, contudo, escolhi um tema do qual não gosto de falar. Perguntar-me-ás porque é que, então, eu o escolhi? Porque estou farto de ouvir os outros a falar do assunto. Talvez, depois de ser eu a dizer algo, deixe, finalmente, de reparar que o assunto existe. Não tenho a certeza que isso aconteça, mas estou certo que tenho de tentar.

Começou o julgamento do ataque à Academia Sportinguista de Alcochete, anunciando, como cabeça de cartaz, Bruno de Carvalho. Neste mundo, o da nossa correspondência, em que tudo o que é dito se escreve apenas dentro dos domínios do alegadamente, o que achas tu do caso?

No meu entender, o arguido Bruno de Carvalho devia ter sido sujeito a um exame psicológico e psiquiátrico, realizado por peritos e especialistas do foro mental e das suas respetivas doenças, sob pena do julgamento já ter começado inquinado.

Só depois de ser conhecido o resultado de tais exames é que o julgamento se deveria iniciar e nunca antes. É como meter o carro à frente dos bois, julgar alguém que, logo à partida, pode ser inimputável, não faz o menor sentido. Contudo, como estes procedimentos não tiveram lugar, não foi assim que este caso arrancou para a barra do tribunal.

Quando Vale e Azevedo foi julgado e condenado, não houve grandes dúvidas quanto à sua culpabilidade. Aliás, achei muito bem que fosse condenado por tudo o que fez, não apenas à imagem do Benfica, nem só pelos atos de pôr a foice em seara alheia, nem mesmo pelos roubos descarados perpetrados, mas, acima de tudo, porque usou o Benfica em evidente benefício próprio, manchando claramente o bom nome do clube.

Já na situação atual de Bruno de Carvalho, não sendo eu um sportinguista, tenho quase a certeza absoluta que o homem é mesmo inimputável. Pelo que o julgamento no final se revelará irrelevante, no que ao ex-dirigente desportivo diz respeito. Se assim não for, e o sujeito for declarado culpado, não teremos tido, mais uma vez, uma justiça a funcionar de forma isenta, transparente e imparcial.

Contudo, no que respeita aos restantes arguidos, considero que o caso deva continuar apurando os crimes de cada um, quer no campo individual, quer enquanto bando que agiu coletivamente, de forma bem planeada. Só há que prová-lo.

Já no que se refere a Bruno de Carvalho, penso que este é, não apenas um paranoico esquizofrénico, como um maníaco-depressivo, ou, como hoje é moda dizer-se, um bipolar. Os níveis e gravidade da existência destas demências psicológicas e psiquiátricas, do foro estritamente mental, tem de ser metodicamente avaliado.

Digo isto porque, em muitos casos, o demente não se reconhece enquanto tal e por isso mesmo não usará a demência para se defender das acusações de que é alvo. Tal facto poderá, em última análise, levar a um veredito injusto que possivelmente colocará na prisão apenas mais um caso de saúde mental e não um criminoso.

Se o sujeito for demente deve ser tratado, internado à força, se preciso for, mas não faz sentido prendê-lo. Basta ouvi-lo para nos apercebermos que ele não se considera somente um leão de coração, mas um rei absolutista na verdadeira acessão dos termos. Ele é, no seu mundo cerebral, o verdadeiro Senhor da Razão, o portador da Real Juba Imperial, o Rei da Selva. Em termos concretos este é o mais puro Tarzan das Lianas Verdes, egocêntrico, narcisista e vaidoso em soberba, que não aceita sequer que o estejam a julgar, e nem mesmo entende o porquê. Julga-se vítima de um ataque ao seu poder e magnificência e não um vulgar criminoso sem discernimento.

Se a demência tivesse sido detetada e tratada enquanto criança, ou mesmo até na adolescência, se calhar hoje apenas estaríamos unicamente na presença de um sujeito algo perturbado e confuso, mas absolutamente inofensivo.

Berta, minha amiga, fico-me por aqui, beijo de saudades, deste que não te esquece,

Gil Saraiva

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