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Alegadamente

Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente correto.

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Carta à Berta nº. 308: Jesus!

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Olá Berta,

A Ressurreição de Jesus, e obviamente estou a falar do Benfica, já todos os meus amigos sabem que não me agrada, ainda há dias o referi aqui. Porquê? Porque este Jesus é o protótipo chapadinho do orgulho e narcisismo luso, cruzado com o Marialva do Cais do Sodré, ou com o pintas do Zezé Camarinha ou do 3 Beiços, lá dos Algarves, de tempos idos. Podia dizer que ele seria o Chico Fininho da cantadeira, mas Jesus não consome drogas, embora às vezes pareça, com aquele penteado e perfume bem semelhante.

Contudo, é o melhor exemplo que conheço do “Made in Portugal com muito orgulho”. Não gosto, e já não gostava em Cavaco Silva, do ar de quem nunca se engana e raramente tem dúvidas. Por outro lado, também não me agrada este novo Jesus emigrante regressado a casa, que, no seu “riquíssimo novo modo de vida”, abana a pulseira de ouro à “Senhorzinho Malta” e pouco sabe daquilo que se usa no português enquanto língua, incluindo a conjugação gramatical ou a sintaxe,  semântica e tudo o resto.

Nem sequer gosto da importação excessiva de azulejos (entendam-se jogadores) para adornar a casa que, segundo as mais recentes influências bebidas no estrangeiro, precisa de renovação evidente. Embora concorde que algo tem de ser feito na equipa para animar as hostes e veja, com bons olhos, a possível, mas longínqua, contratação de Cavani.

O problema é a tendência de Jesus para algum exibicionismo desmedido, fruto da sua nova riquinha prosperidade (sim, porque uma riqueza começada há 10 ou 11 anos ainda é nova, na mesma). Com isso, o Benfica vai ter o Pedrinho, já contratado antes da chegada do Senhor, mais o Everton Cebolinha, o Gilberto, depois, anuncia-se Cavani, agora o Di Maria, também chegam rumores por de Bruno Henriques e de mais uma boa meia dúzia de grandes talentos de vários pontos do mundo do futebol.

Parece, à primeira vista, que o Benfica vai inscrever uma segunda equipa na Primeira Liga, tantos são os reforços sonantes que aparecem, por arrasto, associados a Jesus, a Deus (o treinador adjunto) e ao Espírito Santo (que é, na ostensão, uma espécie de Novo Banco, que embora anuncie tudo o que de bom existe no seu seio, não mostra o quanto de mal pode vir à tona).

Se o Senhor tem estes defeitos evidentes, que me desagradam de forma clara, também tem a qualidade do “Chico Esperto” nacional e do “Desenrasca” para todo o ofício. Por fim, os “Galifões” têm a caraterística de serem seguidos com afinco pela sua prole de fãs, neste caso: os jogadores, que, perante o Senhor, tentam muitas vezes demonstrar que também eles conseguem fazer milagres no relvado bendito. Dito isto, também é óbvio para mim, que, na presença de adversários, sempre defenderei o Benfica, mesmo que para isso tenha que engolir um sapo.

Neste caso, o sapo, é a hóstia sagrada e a doutrina de um Jesus que me desagrada, mas que tem de ter algum mérito face ao que fez recentemente no Flamengo, por exemplo, ou seja, não gosto, mas como, mesmo que para isso tenha que recorrer a alguma poção com o mesmo princípio ativo dos sais de frutos “Eno”.

Agora, e isso é inevitável, sou daqueles que estará de navalha em punho para a “noite dos facas-longas” quando Jesus meter o pé na argola. Pode parecer injusto, mas é a natureza humana. Ninguém critica aqueles de quem gosta, por vezes até lhes desculpa os defeitos, mas os que lhe provocam urticária que se cuidem, pois sobre esses pode muito bem cair o Carmo e a Trindade.

Sou daqueles que facilmente dirá, se Jesus tiver sucesso, que tudo se deve aos jogadores e ao clube e que estará sempre pronto para colocar Jesus ou Luís Filipe Vieira no banco dos réus se preciso for. Acima deles está o Benfica, o voo da águia, o vermelho e branco de uma paz conquistada com sangue suor e lágrimas, em caso de necessidade. É engraçado, mas quando o Senhor andava por terras de Copacabana eu até era um apoiante convicto, mas isso era longe, bem longe do meu amado Benfica. Pronto, e mais não digo. Recebe um beijo de despedida, amiga Berta, deste teu velho amigo,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta nº. 54: Prognósticos para o Euro 2020

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Olá Berta,

Hoje vou-te confessar uma coisa. Acho que Portugal, genericamente, enquanto país, é um assassino calculista. Deves estar a interrogar-te: “Que raio de conversa é esta?”. Contudo a coisa é simples. Desde que se realizou o sorteio da UEFA para apurar os grupos da primeira fase do Euro 2020 e se ficou a saber que estávamos no chamado Grupo da Morte, juntamente com os 2 últimos campeões mundiais, a Alemanha e a França, que eu tenho cá o palpite que ambos vão morrer nas mãos, aliás, nos pés, da nossa seleção.

Daqui a 6 meses e meio, quando jogarmos o primeiro jogo do Euro, a 16 de junho, e depois a 20 e a 26, vamos passar a ser conhecidos como os tomba-gigantes. Pelos comentadores e analistas que ouvi nos últimos 2 dias, as nossas hipóteses de sobrevivência no grup,o são tão remotas como a deputada do Livre ser beatificada pelo Papa.

Ora, eu acho precisamente o inverso. E na devida altura, tiraremos a prova dos 9. Cá para mim, vamos mesmo ser sanguinários, a lembrar a letra dos “Vampiros” de Zeca Afonso: “No céu cinzento, sobre o astro mudo, batendo as asas na noite calada, vêm em bandos com pés de veludo, chupar o sangue fresco da manada…” para terminarmos no refrão: “Eles comem tudo, eles comem tudo. Eles comem tudo e não deixam nada. Eles comem tudo, eles comem tudo. Eles comem tudo e não deixam nada.”.

Pois é Berta, até os comemos. Veremos brevemente quem tem razão. Se eu, se os especialistas do nosso burgo, que traçam a tragédia Lusa nos écrans das televisões, antes de algum drama acontecer.

Pode até ser que o nosso seja o Grupo da Morte, mas nele, o carrasco frio e insensível chama-se Portugal. Temos uma série de jogadores em franca ascensão e vamos ter um Cristiano Ronaldo no máximo da sua forma. Vamos vencer, como fizemos em Aljubarrota e o Santo Condestável chamar-se-á Ronaldo. Duvido que o Papa Francisco o beatifique, tal como duvidava do mesmo, relativamente à deputada do Livre, mas acho que a imprensa o vai glorificar.

Aliás, como aconteceu com Jesus no Flamengo, que além de ter Deus como assessor, tinha a ganha de vencer e prevalecer, por muito que os arautos da desgraça e dos oráculos o condenassem ao fracasso. Em menos de 24 horas, talvez sob a graça de um Espírito Santo, chamado torcida do Mengão, o homem ganhou, como por milagre, um milagre chamado trabalho e acreditar, a “Taça dos Libertadores” e o “Brasileirão”, para espanto dos comuns mortais.

Todos o aconselharam a não aceitar o desafio e o homem foi, como quem enfrenta o Adamastor no Cabo das Tormentas. Foi, viu e venceu, porque é essa a fibra do ser Luso. Agora bruxas e adivinhos profetizam-lhe a nova desgraça no Mundial de Clubes, conta um tal de Liverpool, veremos se, relembrando Camilo Castelo Branco, se tratará da “Queda de um Anjo” ou se estamos perante um novo Vasco da Gama nos Lusíadas do futebol mundial.

O mesmo se irá passar com um tal de Fernando Santos, que leva uma legião de 23 anjos, para enfrentar as hordas selvagens de franceses e alemães. O sabor da vitória ganha proporções de rara iguaria quando o desafio é mais difícil, mas, como eu costumo dizer, minha querida amiga Berta, o impossível apenas demora mais tempo.

Despeço-me com um beijo e saudades, este teu amigo,

Gil Saraiva

 

 

Carta à Berta nº. 31: Jorge Jesus e Lula da Silva

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Olá Berta,

Perguntar-te se estás bem parece-me desnecessário visto que ainda ontem conversámos. Conto que continues fina e alegre como sempre te conheci. Não sei se tens acompanhado as notícias do nosso país irmão. Irmão, digo eu, porque para alguns brasileiros somos mais um primo afastado, quase desconhecido, que interessa manter longe da restante família. Mas esses são a exceção, pelo menos eu prefiro pensar assim.

Ontem, um tal de Jesus, adotado pela enorme massa adepta do Flamengo, conseguiu cumprir mais um jogo vitorioso frente a um Bota-Fogo, constituído principalmente por caceteiros profissionais. Porém, o Mister continua, serenamente, passo a passo, a fazer a sua caminhada em direção à consagração. Uma tarefa impressionante, tendo em conta que a média de sobrevivência de um treinador pelas terras do samba é de 4 meses, mais coisa menos coisa.

Quando Jorge Jesus chegou ao Brasil, para treinar o Mengão, este estava a 8 pontos de distância do primeiro lugar e a Taça dos Libertadores era uma miragem muito ao fundo de um negro túnel sem ponta de visibilidade.

Hoje, a 7 jogos do final do Brasileirão, o Flamengo, tem 8 pontos de vantagem sobre o segundo classificado, o Palmeiras, Jesus, que já bateu o recorde de pontos no campeonato, continua a sua escalada em ascensão a caminho do título. Em pouco mais 3 meses e 3 semanas, o treinador recuperou 16 pontos e está já apurado para a final da competição favorita de todos os brasileiros, a Taça dos Libertadores, disputada entre os melhores clubes dos diferentes países da América do Sul, que muitos consideram uma espécie de Liga dos Campeões do continente sul americano.

Eu, que nunca fui fã de Jorge Jesus, desde que ele saiu do Sporting de Braga, vejo-me agora a torcer pelo homónimo do Cristo Rei, com ganas de adepto fervoroso. Ai-ai, as voltas que a vida dá, minha querida amiga. Com a minha idade já devia ter aprendido a ficar calado porque nem sempre se pode dizer “desta água não beberei” com certezas absolutas.

Outra notícia que me espantou foi a da libertação de Lula da Silva, o ex-Presidente do Brasil. Aconteceu hoje. A ordem foi dada e cumprida no próprio dia. Embora muita gente considere o homem um corrupto, que fez e que aconteceu, eu, que acompanhei o caso com a máxima atenção, continuo a pensar que o julgamento foi político e não criminal. As provas apresentadas contra Lula nunca saíram da esfera do circunstancial e, cá para o meu sentido de justiça, ou se prova sem dúvidas a culpa de alguém ou essa pessoa não pode ser culpada com o que parece ser.

É claro que, hoje em dia, depois do juiz que o condenou, um tal de Moro, ter ido parar ao governo de Bolsonaro, já existem muitos mais a pensar como eu. Todavia, mantenho todas as reservas que sempre tive, ou seja, se algures, num qualquer processo judicial, se provar inequivocamente que o sujeito é culpado, sem margem para dúvidas, então que se prenda o homem e se deite fora a chave pelo tempo que demorar a pena proferida na sentença. Porém, primeiro a prova e depois a pena. Nada mais simples.

Por falar nisso ainda te hei de mandar a minha opinião sobre a prisão dos governantes na Catalunha e sobre um tal de Presidente dos Estados Unidos da América. Contudo, não será hoje que já vou longo nos desabafos de um vagabundo cheio de supostas alegações. Recebe um beijo saudoso deste que não te esquece,

Gil Saraiva

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