Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
Sempre que a religião aparece com um papel relevante na esfera política eu, minha querida, fico deveras preocupado. Sou daqueles que pensam que, tal como o futebol e a política nunca se devem misturar, o mesmo acontece em relação à religião e à política. Os políticos que utilizam a religião como arma política têm tendência a radicalizar o discurso tentando cavalgar por cima dos dogmas religiosos, com o fito de, por essa via, capitalizarem na aquisição de novos e mais fervorosos militantes e simpatizantes.
Esse tem sido, aliás, querida amiga, um dos problemas dos crescentes governos da direita, da extrema direita e da direita radical. Com efeito, ao juntarem aos conceitos nacionalistas de Pátria e Família o conceito de Deus fica criado o caldo perfeito para a tendência de se evoluir (eu diria até, regredir) de um Estado Democrático para um Estado Autocrático e daí para um qualquer tipo de Ditadura. Isto tem vindo a acontecer cada vez com maior frequência e pode ser comprovado internacionalmente.
Ora, se nos lembrarmos que o Islamismo, nos tempos modernos, tem sido conduzido para a esfera política, gerando o extremismo islâmico, o fundamentalismo islâmico e os radicalismos, terminando o seu curso num terrorismo de matriz religiosa, fica claro, Bertinha, que ver outras religiões a percorrer o mesmo caminho é muito preocupante.
Assim, amiguinha, uma das novidades em termos de religião, é o novo fenómeno do “Fundamentalismo Evangélico” que deflagrou no Brasil. A direita, que Jair Bolsonaro representa, tem vindo a capitalizar apoiantes, militantes e ativistas, no seio da Igreja Evangélica. Já são evidentes, por todo o lado, os sinais de radicalismo evangélico no seio da política levada a cabo pelo atual Presidente do Brasil. Prova disso é a cada vez mais importância dos Evangélicos no Governo de Bolsonaro.
Deste ponto até à possível chegada de um terrorismo evangélico só já falta um último passo. É este o maior perigo da direita no Brasil, caso o atual presidente perca as eleições de 30 de outubro. Mas não foi Bolsonaro, doce amiga, o inventor deste fenómeno. Com efeito, Donald Trump fez o primeiro ensaio deste fundamentalismo religioso nos Estados Unidos da América, tentando utilizar os evangélicos, já radicalizados, em seu benefício próprio. Não foi completamente bem-sucedido dessa vez e perdeu as eleições, mas a semente do aproveitamento religioso, por parte do ex-presidente, criou raízes internacionais e já está a dar frutos noutras latitudes e longitudes.
Aliás, Trump, limitou-se a refinar o que o Governo Israelita vem fazendo há anos, com passinhos pequenos, com evidente aproveitamento da religião Judaica. É por isso, Berta, que eu penso podermos ver nascer muito proximamente, por todo o lado e em diferentes partes do globo, o terrorismo religioso, impulsionado pelos dogmas incontestáveis das diferentes religiões quando misturados com a tendência autocrática e ditatorial que a direita sempre demonstrou saber usar em seu proveito próprio. É com esta reflexão que me despeço, por hoje. Recebe um beijo franco e saudoso deste teu amigo,
Numa altura em que o Brasil festeja os seus dois séculos de independência, esta carta, minha querida, chega a ti a propósito do circo montado em torno da viagem do horrível coração de D. Pedro IV de Portugal e, simultaneamente, D. Pedro I do Brasil, enfiado num frasco de formol, que atravessa o Oceano Atlântico, que separa Portugal do Brasil, para ser exposto, bizarramente, durante uns dias no nosso país irmão.
Só o facto de terem enfiado o coração do ex-monarca em formol, transformando-o numa relíquia, já é, por si só, um facto arrepiante e de um mau gosto atroz (embora fosse uma vontade expressa do monarca). Depois, minha amiga, o facto de duas repúblicas se prestarem a este ritual ainda torna tudo mais gótico, desconcertante e macabro.
Conforme tu sabes, Bertinha, eu nunca fui um fervoroso adepto de Lula da Silva, mas, e isso importa, perante a presidência de Jair Bolsonaro, faria a minha escolha eleitoral facilmente à esquerda, se fosse brasileiro.
Podes pensar, minha querida, que eu não gosto de Bolsonaro por ele ser um tipo de direita, na linha de Trump, Ventura, Orbán, Putin, entre outros, mas é mais do que isso, muito mais. Bolsonaro tem tiques de ditador e mistura religião e política de um modo que considero abjeto e intolerável. A somar a isso as suas atitudes no poder demonstram uma cultura racista e xenófoba inaceitáveis neste século XXI.
Como já te contei, por variadíssimas vezes, eu tive casa no Brasil durante vários anos. Aliás, foram duas, primeiro, uma fazenda em Eusébio, perto de Fortaleza e, depois, um apartamento em Natal. Não fosse a degradação do nível de vida em Portugal e, minha doce amiga, eu ainda teria ambas. Porquê? Porque adoro o Brasil enquanto país e os brasileiros e brasileiras enquanto pessoas e enquanto povo. Só não consigo gostar de fanáticos religiosos e de radicais de direita ou de esquerda, sejam eles de que país forem.
Tenho amigos no Brasil há mais de 37 anos, minha querida. Gosto da alegria de um povo, que consegue rir sempre, mesmo quando sofre na pele a violação constante da amazónia, a falta de cuidados de saúde para uma grande fatia da sua população e o abuso dos poderosos. Contudo, tenho orgulho de termos dado a independência ao território numa época em que ainda nem se falava de independência de colónias em lugar algum do mundo.
Porém, Berta, não alinho em espetáculos deploráveis, como o envio do coração de um monarca, enfiado em formol, como se fosse algum relicário religioso e sagrado. Só o facto, por si mesmo, é capaz de gerar, observações deploráveis de governantes, como as de Bolsonaro que, ao receber a relíquia no Palácio do Planalto, em Brasília, proferiu, logo após o hino, a frase fascista gasta por Salazar: “Dois países, unidos pela história, ligados pelo coração. Duzentos anos de Independência. Pela frente, uma eternidade em liberdade. Deus, pátria, família! Viva Portugal, viva o Brasil!”, uma formulação a lembrar o antigo regime português.
Este salazarento “Deus, pátria, família…” é que envenena todo o discurso de Bolsonaro e revela intensões históricas de tirania, intolerância, racismo e xenofobia. Ora isso, Bertinha, é mesmo inaceitável. A celebração da Independência do Brasil, devia ser uma festa de inclusão, liberdade, tolerância, direitos humanos e de esperança dos dois povos no futuro e jamais servir como um difusor distorcido de más práticas do passado e de ideias bolorentas que se desejam arquivadas nos anais da história. Aqui fica o meu protesto, contra esta trasladação gótica, assustadora e macabra de gosto muito duvidoso, recebe um beijo deste teu amigo,
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro veio a publico dar os parabéns às suas autoridades pela apreensão de 2,2 toneladas de cocaína, numa ação que ocorreu a 270 quilómetros da costa, durante a inspeção a um veleiro em transito. A rota da embarcação comprovou que o destino da cocaína era a Europa.
Em declaração considerada entusiástica Bolsonaro declarou nas suas redes sociais: "Ou mudam de rota ou abandonam o crime". Segundo a imprensa brasileira a referência aos traficantes que enviam cocaína dos países sul americanos e que usam o Brasil como ponto de distribuição generalizado da droga serve de aviso aos bandidos de que o país está atento e pronto para os obrigar a mudar de estratégia, sob pena de ficarem sem a droga.
Segundo o site «noticias ao minuto»: “A apreensão aconteceu numa operação inédita realizada por autoridades do Brasil e com órgãos de combate ao tráfico internacional de drogas como o Centro de Análise e Operações Marítimo-Narcóticas (MAOC-N), organização internacional com sede em Lisboa, a Administração de Fiscalização de Drogas (DEA) ligada ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos da América e a Agência Nacional de Crimes do Reino Unido.”
Jair Bolsonaro, que nunca referiu na sua intervenção a cooperação internacional, deu apenas os parabéns à Polícia Federal, responsável pela operação, e fez referência à colaboração com a Marinha do Brasil. Aliás, ao comentar as imagens mostrando os 2.200 quilogramas de drogas, informava que esta era a maior apreensão de cocaína realizada neste ano.
O veleiro foi intercetado na segunda-feira por um navio de guerra, sendo os cinco tripulantes presos de imediato. A quantidade da carga apreendida só foi revelada nesta terça-feira, depois do navio ser escoltado até ao porto do Recife, local onde a cocaína foi pesada.
Por sua vez, o Ministério da Justiça brasileiro divulgou uma nota onde dava conta que as autoridades do Brasil fizeram durante 2020 a captura de quase cem toneladas de cocaína, um pouco abaixo do máximo em apreensões registado no ano de 2019 onde foi atingida a marca das cento e trinta toneladas. Mais uma vez, ficou omissa nesta divulgação a colaboração fundamental com o Centro de Análise e Operações Marítimo-Narcóticas, cuja sede se localiza em Lisboa, com o Departamento de Justiça americano e com a Agência Nacional de Crimes do Reino Unido.
Há ainda a referir que, na passada semana, a Polícia Federal conseguiu apanhar cerca de 500 quilos de cocaína ocultos numa aeronave particular cujo destino final era Portugal. Embora todas estas ações resultem da colaboração internacional, em caso algum o Governo de Bolsonaro faz referência a esse facto.
Nas redes sociais, corre o boato humorístico de que, alegadamente, a felicidade de Bolsonaro, com as apreensões de cocaína se deve ao facto de, assim, o referido presidente, poder ter o que consumir gratuitamente, durante os próximos tempos. Certamente que se trata de uma notícia falsa, embora venha sempre acompanhada de fotografias de Jair agarrado ao seu nariz.
Estes boatos mal-intencionados, minha querida Berta, penso que se devem ao facto de continuar a haver uma grande parte da sociedade brasileira descontente com a atual presidência. O aproveitamento das notícias de apreensão de drogas, sem o reconhecimento oficial da ajuda internacional e aproveitando o descontentamento externo que isso gera, leva uma parte da oposição a Jair Bolsonaro a especular sobre o alegado consumo de drogas por parte da presidência do Brasil. Coisa com a qual eu não pactuo. Dada que está a novidade, despeço-me por hoje, com um beijo saudoso,
O tema da violência policial, aqui há uns anos abordado em Portugal, por causa do espancamento abusivo e injustificado de um adepto de futebol, que pacificamente transitava na rua, perto de uma zona onde tinham acabado de acontecer diversos distúrbios sociais ligados a um jogo, já fez correr alguma tinta no país. Porém a coisa agrava-se quando juntamos a isto a palavra racismo.
O Renascer do Racismo com o Populismo de Direita
A ascensão de André Ventura nos meandros da política pode tornar este afastado e quase esquecido episódio numa prática, assustadoramente corrente, num abrir e fechar de olhos.
Com efeito, amiga Berta, os discursos de Ventura apontam para o desejo de transformação das nossas forças de segurança e não só, numa polícia de intocáveis, ameaçando a população civil com prisão, se ousarem, quiçá, insultar polícias ou magistrados.
O rastilho foi recentemente aceso com o caso do homem de raça negra que clemente dizia: “não consigo respirar”. Um homem que morreu pelo joelho de um polícia, que não abrandou, por mais de 8 minutos a pressão intencional, que exercia sobre o pescoço da vítima. Foi assim que morreu George Floyd, um óbito registado por telemóvel para o mundo ver, se poder indignar e, finalmente, condenar publicamente. A situação decorreu nos Estados Unidos da América, o país da alegada liberdade, e tem gerado protestos de revolta à escala mundial.
Para acicatar ainda mais os ânimos o Presidente Americano, um tal de Donald Trump, ordena à polícia que desmobilize uma manifestação pacífica perto da Casa Branca, a fim de atravessar a rua e, usando uma igreja como fachada, vir mostrar a bíblia, enquanto promete retaliação repressiva aos manifestantes revoltosos que considera terroristas.
Uns graus de latitude mais abaixo, a situação piora quando, também neste passado mês de maio, se descobre o macabro caso de um jovem de 30 anos, abatido pela polícia mexicana por resistir, imagine-se, ao uso de máscara na via pública. O facto foi ocultado por uns dias graças a uma tentativa de suborno, com pagamento de cerca de 8 mil euros à família, sem recursos, da vítima, mas acabou por ser denunciado e exposto na praça pública.
O infeliz sujeito chamava-se Giovanni López, a sua detenção foi filmada pelo irmão da vítima, que só o voltaria a ver, já morto, no hospital da cidade onde foi declarado o óbito. A tentativa de suborno foi imaginada e conduzida pelo perfeito da cidade que agora se encontra a ser, também ele, investigado. A indignação disparou com o galardoado, com o Óscar de melhor realização de 2018, Guillermo del Toro, a demonstrar publicamente a revolta perante o sucedido na sua terra natal. Estes acontecimentos obrigaram o Governador do Estado de Jalisco a vir a público prometer que os culpados serão punidos, a meu ver, minha amiga, tarde de mais, uma vez que a indignação já invadiu as ruas.
A tempestade perfeita parece formar-se quando, mais uns graus de latitude abaixo do México, mas precisamente na mesma altura, no maior país da América Latina, o Presidente da República do Brasil, que responde pelo inconcebível nome de Jair Bolsonaro, vem afirmar publicamente, e perante a televisão, que os grupos de populares que se manifestam contra ele, e contra o seu Governo, são não apenas marginais como também terroristas. Tudo a acontecer num país onde 9 em cada 10 dos mortos causados pela polícia brasileira no Rio de Janeiro são negros ou mestiços.
Numa altura em que muitos observadores internacionais apontam para a possibilidade crescente de o Brasil descambar numa guerra civil, entre os apoiantes do Presidente e os que o condenam, tudo parece cozinhado para uma monstruosa crise, sem precedentes, no admirável novo mundo.
Por enquanto, os reflexos desta violência irracional em Portugal, não nos remetem nem para a gravidade dos acontecimentos vindos das Américas, nem apontam ainda qualquer possibilidade de que isso possa transpirar para esta terra de costumes pacíficos, onde apenas o ex-comentador benfiquista da CmTV, o alegadamente mentecapto André Ventura, tenta gerar alguma exaltação de ânimos. Mesmo assim, seria interessante tentar saber se, após este último empate do Benfica em casa, frente ao Tondela, a posterior vandalização das casas de Bruno Lages, Pizzi e Rafa têm ou não a ver com o papel inflamatório do ex-comentador televisivo e atual deputado do Chega. Contudo, importa relembrar que, desde que este fulano apareceu a divulgar as suas ideias e baboseiras na praça pública, pelo menos a partir do verão de 2018, os relatos têm vindo a ganhar gravidade e frequência. Coincidência ou não, o inflamador não se livra da sombra que a ele se colou.
Quem é que já se esqueceu do raid levado a cabo pela polícia de Alfragide à Cova da Moura, que terminou com a detenção de um grupo de indivíduos de raça negra, que foram posteriormente sovados no interior da dita esquadra, e cujo caso ainda continua aberto e em julgamento? Ou da senhora também de raça negra que, por causa de um bilhete de autocarro, se viu terrivelmente maltratada e sovada pela polícia na Amadora, cujas notícias fizeram furor no início deste ano?
Ainda há também o vídeo de outro jovem de raça negra, maniatado pela polícia e a ser obrigado a respirar o fumo de escape de um automóvel ou o outro individuo da mesma raça, no final de janeiro, filmado por duas turistas a ser detido, enquanto um polícia proferia “tens um ar suspeito”, à noite na baixa de Lisboa, perante a suplica do fulano alegando nada ter feito. No entanto, não escapou a uma revista pública efetuada abusivamente por 4 polícias, que depois o levaram preso, sem nada ter sido aparentemente encontrado.
Uma coisa é certa, eu, querida Berta, sou dos que não acredita em coincidências. Não é difícil gerar descontentamento à boleia da pandemia, do aumento do desemprego e da chegada anunciada da pior recessão das últimas décadas a Portugal. Se queremos manter o equilíbrio pacífico e ponderado que nos carateriza maioritariamente enquanto povo temos, urgentemente, de pôr um ponto final nas carreiras públicas daqueles que, usando de um populismo demagogo, tentam criar o conflito e o confronto. Basta olhar as sondagens para ver que a mediocridade medra facilmente e isso é realmente uma grande merda.
Será mera coincidência que, com tanta ocorrência, nos últimos 10 anos, não exista um único caso de condenação policial por atitudes racistas, pese embora as variadíssimas queixas da Amnistia Internacional e do SOS Racismo sobre os vários e frequentes casos em Portugal?
Já me sinto melhor depois de desabafar. Este teu amigo despede-se com um beijo de saudades,
Como vai a vidinha de algarvia? Espero que tudo continue pelo melhor. Hoje, estou espantado, para não dizer algo mais forte porque, para falar verdade, quando um Presidente da República, neste caso do Brasil, um tal de Jair Bolsonaro, afirma perentoriamente, na televisão o que eu hoje ouvi é porque o decoro, a decência e até o conhecimento abandonaram o poder. Longe de mim fazer a analogia deste personagem com um jagunço, porém, quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele.
No caso, Jair Bolsonaro não se limitou a questionar quem era a Greenpeace, a ONG (organização não governamental internacional), que se dedica às causas do ambiente, isto a propósito de uma critica desta ao novo Conselho Nacional da Amazónia Legal, recriado pelo presidente, que deixa de contar com os governadores dos Estados envolvidos na Amazónia e passa a ser exclusivamente constituído por ministros da federação brasileira, ou seja, do poder central, o que é realmente um absurdo.
Para ser mais direto, o impoluto líder do Brasil, sua excelência (palavra que rima com excrescência – nem sei porque me lembrei dela agora), afirmou, ao vivo para as câmaras, que a Greenpeace não era apenas uma porcaria, mas, reforçando a ideia, que a organização se tratava de um lixo. Tal e qual. Todavia, ainda pior e mais grave do que a falta de respeito por uma organização ambiental que celebra em 2021 os seus 50 anos de existência, na luta persistente pelo ambiente em todo o mundo, foi a forma agressiva e fora de tom em que a situação se desenrolou. Um disparate total que nem perante a situação faz qualquer sentido, a não ser neste tipo de mentes perturbadas, já para não me referir ao elevado grau de ignorância que, alegadamente, parece existir com consistência no individuo, que, na senda do seu colega laranja, o afamado presidente dos Estados Unidos da América, sente orgulho no seu papel de jalbote, que tão bem lhe parece assentar.
É triste, quase desolador, assistir a esta governação de um Estado soberano, que fala português, e que eu adoro, por gente mentecapta e malformada. Não sendo eu brasileiro sinto a mesma vergonha que muitos dos seus cidadãos terão sentido. As consequências deste poder populista, ainda por cima arriscam pôr em causa todo o planeta como se a Amazónia fosse um brinquedo nas mãos de quem deveria mesmo era ir brincar com o… com a pilinha. Enfim, minha amiga, voltemos ao teu desafio de escrever quadras populares sujeitas a tema.
Embora eu ache que presumível inocente é um tema dentro da justiça, não deixei por isso de tentar fazê-lo.
Série: Quadras Populares Sujeitas a Tema - 11) Presumível Inocente.
Presumível Inocente
Quem diz que sou pecador,
Pobre e mal-agradecido,
Deve ser bom orador,
Acusa, sem ter vivido…
Gil Saraiva
Com esta quadra me despeço, amanhã haverá mais que te dizer, certamente, recebe um beijo do teu velho amigo de muitos anos,
Espero que o vento previsto aí para o Algarve não seja demasiado forte nem incomodativo. A região está habituada a brisas suaves e a ventos pouco intensos. Principalmente nessa zona do Sotavento onde te encontras.
Um dos alegadamente maiores idiotas da história do Brasil, ocupa, neste momento, a presidência do país, de seu nome, Jair Bolsonaro. Depois da COP25 e do papel mesquinho, ridículo e assustador a que o Brasil se prestou, por força das diretrizes presidenciais, é a vez de o próprio país, vir a público, revelar mais algumas facetas do alegado fanático de direita religiosa.
Segundo declarações, da Presidente da Federação Nacional dos Jornalistas do Brasil, <<Bolsonaro mostra-se hostil à liberdade de expressão e de imprensa e tem demonstrado essa hostilidade com diversos meios, não só pelos ataques verbais que faz aos jornalistas, mas também pelas tentativas de desacreditação dos “media”(…) Há no Brasil o princípio constitucional da liberdade de imprensa, mas o Governo tenta impor-se contra este princípio usando o seu poder>>.
Por outro lado, Rogério Christofoletti, professor da Universidade Federal de Santa Catarina e membro do Observatório da Ética Jornalística, afirma que está em movimento no Brasil a implantação de uma agenda anti jornalística.
O douto responsável mostra-se convicto quando diz: <<Estou convencido que esta estratégia faz parte das relações que o Presidente do Brasil tem com a sociedade, numa busca de inimigos claros e evidentes. Ele escolheu a imprensa como um desses inimigos e, para jogar com o seu público, faz críticas e acusações, promovendo uma campanha anti jornalística>>.
Para a Presidente da Federação Nacional dos Jornalistas do Brasil, Maria José Braga, e para o já referido membro do Observatório da Ética Jornalística, Rogério Christofoletti, é evidente que Jair Bolsonaro, enquanto Presidente do Brasil, promove uma política concertada de ataques à liberdade de expressão.
Aliás, a Presidente da FENAJ adiantou que Bolsonaro deixou claro, ainda como candidato, nos seus discursos de apologia à ditadura militar e à violência, que, os mesmos, uma vez implantados como métodos de Governo, gerariam a sua oposição ao papel dos meios de comunicação social de fiscalizar os poderes da democracia.
Maria José Braga afirma ainda: <<Ele é uma pessoa, um político, e agora um Presidente, que de facto não tem nenhum apreço pela democracia e, por isso, não respeita as regras democráticas (…) não só em palavras, mas por atos, o Presidente tem atacado e retaliado os “medias” brasileiros>>.
A Presidente da FENAJ é perentória ao afirmar que, após um estudo, realizado pela Federação a que preside, ao quase primeiro ano completo de Governo as conclusões são alarmantes.
Segundo a mesma fonte, Bolsonaro desenvolveu ataques sistemáticos à liberdade de expressão e de imprensa ao promover um determinado número de medidas, que passam por avançar com:
Críticas diretas a repórteres e órgãos de comunicação social; extinção da obrigatoriedade de registo para exercer a profissão de jornalista; restrições visando órgãos de comunicação social específicos, apresentando o caso particular das medidas contra o jornal “Folha de S. Paulo”, uma publicação impressa, líder em todo o país, que foi proibido de participar em concursos e licitações públicas.
Aliás o estudo, já referido, divulgado este mês de dezembro pela Federação, indicou que o Chefe de Estado terá realizado, pelo menos, 111 ataques públicos contra profissionais da comunicação social quer em entrevistas, quer em publicações nas redes sociais, isto só no ano de 2019, o que indica um ataque programado e bem direcionado a cada 3 dias.
Ainda segundo a mesma fonte, estes ataques seriam uma forma de o <<Presidente incitar os seus seguidores a não confiarem no trabalho jornalístico da maioria dos órgãos e dos profissionais, principalmente quando divulgam notícias críticas>>.
Por sua vez Rogério Christofoletti apresenta como resultado das suas avaliações ao longo deste ano a conclusão de que o Presidente do Brasil decidiu adotar ações semelhantes às do Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, quer na retórica quer no comportamento, que, reiteradamente, afirma que os meios de comunicação social críticos ao seu Governo propagam notícias falsas.
Segundo Christofoletti, o Presidente tenta assim, com esta atitude, estabelecer uma narrativa que quer ser preponderante aos factos e que, em última análise, sequestra a verdade dos mesmos. Acrescenta ainda que Bolsonaro faz transmissões ao vivo na internet, na rede social Facebook, todas as quintas-feiras e que usa como seu canal de comunicação, em direto com o público, o Twitter e que, deste modo, prescinde dos mediadores convencionais, ou seja, da comunicação social tradicional. Mas o membro do Observatório da Ética Jornalística vai mais longe, afirmando que o Presidente do Brasil sataniza e demoniza a imprensa brasileira e não só.
Os exemplos são muitos, mas, voltando apenas ao já referido, o Presidente, não só excluiu a Folha de S. Paulo das licitações e concursos públicos como, por retaliação, cancelou a assinatura do jornal da lista de periódicos recebidos pelo Governo brasileiro.
Esta medida causou uma reação de Lucas Furtado, o subprocurador-geral junto do Tribunal de Contas da União, o TCU, tendo, na sequência dos factos, apresentado um pedido formal para que a Folha de S. Paulo não fosse excluída das licitações. Até ao momento em que te escrevo, minha querida amiga Berta, este pedido ainda não foi sequer analisado, segundo é referido pelas mesmas fontes.
Quando no fim de outubro, Bolsonaro, declarou que nenhum órgão do Governo voltaria a receber a Folha de S. Paulo, adiantou, à laia de explicação, que o jornal era um órgão propagador de notícias falsas.
Visando criar a sua própria imprensa, devidamente moldada à sua imagem e semelhança e devido à falta de jornalistas devidamente creditados para a comporem, o poder executivo enviou em outubro para o Congresso, um projeto chamado “Verde e Amarelo” que prevê a extinção de registo profissional para quem exerça a profissão de jornalista.
Já em agosto último, Bolsonaro havia declarado publicamente que um outro jornal, o “Valor Económico” poderia ter de fechar as portas, uma vez que o Governo iria acabar com a norma que obrigava as empresas de capital aberto a publicarem os seus balanços financeiros em jornais nacionais, e, com isto, retirar os fundos necessários à sobrevivência da publicação, uma vez que esta ousara, por diversas vezes, criticar a sua gestão, nomeadamente, na vertente económica e financeira.
Contudo, a determinação do Presidente do Brasil, precisou, e ainda bem, de aprovação do Congresso, que inteligentemente a chumbou, sem propor sequer qualquer alternativa possível.
Este é um pequeno exemplo do que tem sido a governação de Bolsonaro. Muito pior do que isto tem acontecido numa imensidão de áreas, desde as questões ambientais, à tentativa de alteração de costumes, ao ataque sistemático às tribos indignas e à criação de uma legião de fanáticos. Em apenas um ano, ainda por terminar, o programa de implementação de uma alegada nova ditadura no Brasil vai adiantado.
A minha esperança, minha querida amiga, é que este povo que eu adoro como se fosse o meu, consiga arranjar forma de inverter esta vertiginosa sucessão de acontecimentos e que este alegado lunático consiga ser travado a tempo. Seja por eleições, seja por impugnação, seja por abuso de poder, seja pelo que for. Impõe-se o fim, a curto prazo, desta desastrosa governação de gente que acha que os peixes são inteligentes e as pessoas burras que nem calhaus.
Despeço-me, como sempre, enviando-te um beijo saudoso, deste que não te esquece,