Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Alegadamente

Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente correto.

Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente correto.

Carta à Berta: Misticismo, Ciências Ocultas, Paranormal e Ciência: Evolução I (Excerto - II Do Diário Secreto Do Senhor Da Bruma - Capítulo IV)

Berta 291.jpg

Olá Berta,

Tu, minha querida amiga, como eu, já ouviste falar em coisas estranhas que a ciência dos nossos tempos não explica e cuja própria existência põe em dúvida. São os eternos campos entre o mundo real, provado e cientificamente demonstrado e tudo o resto que ainda não se enquadra nesse patamar de lógica demonstrada onde a matemática ocupa um papel central. Contudo, embora isto nos pareça, por demais, evidente, nos dias de hoje, e nos achemos muito mais esclarecidos e iluminados que os nossos ascendentes e ancestrais, a verdade é que tem sido sempre assim ao longo da história do ser humano, pelo menos até onde a conhecemos.

Se na pré-história o fogo era considerado uma arte mágica, toda a evolução cognitiva do ser humano e a respetiva experimentação e explicação tem-nos feito passar para o lado da razão cada vez mais conhecimentos, que antes eram considerados mágicos ou transcendentes.

Atualmente até já criamos uma área da ciência, a que chamamos de paranormal, uma espécie de purgatório do saber, para onde diversas matérias têm transitado, enquanto aguardam pelos dias em que o seu funcionamento seja claro, compreendido, explicado e até, sem margem para quaisquer dúvidas, matematicamente comprovado. Sempre que um destes setores atinge a independência é elevado a ciência.

Na área da medicina, do estudo do cérebro, da composição da matéria e do universo, da genética e da biologia existem, nos últimos 200 anos, muitos capítulos anteriormente absurdos, que têm contribuído para o crescimento de novas ciências, e que, dessa forma, fugiram definitivamente do campo da pré-ciência ou mesmo da magia ou do paranormal. Assim como outras matérias, como a nanotecnologia ou os campos dos tecidos e materiais ditos inteligentes, com propriedades até aqui consideradas bem sobrenaturais e obscuras, têm trilhado o mesmo caminho, a mesmíssima rota em que a demonstração, comprovação e aplicação os ou as transforma definitivamente em produtos da ciência.

Numa busca simples, não seria um espanto que, nos anos 20 do século XIX, alguém fosse considerado de satânico se visto a falar a um telemóvel com um outro alguém ou a comunicar, por um qualquer sistema informático, com bases de dados ou com outras pessoas. Tudo imensos absurdos impossíveis de então.

Nos anos 20 do século passado. 100 anos depois, seria natural alguém ser internado num hospício se começasse a anunciar que daí a menos de 50 anos o Homem poria o pé na Lua. Se repararmos bem, a evolução do conhecimento humano tem sido cada vez mais rápida e exponencial. Há 50 anos atrás, seriamos escritores de ficção científica se falássemos ou descrevêssemos o uso de dispositivos, sem fios, de conversa, imagem ou transmissão de dados.

Coisas sem as quais, as novas gerações, de hoje, acham impossível viver, sendo a sua inexistência e respetiva possibilidade da sua não utilização, um enorme absurdo arcaico inconcebível.

Por mais que a evolução nos tenha demonstrado que continuaremos a evoluir e a adquirir cada vez mais matérias dos campos mágicos ou paranormais para o lado da ciência, em cada presente, mostrar-nos-emos sempre relutantes à aceitação de que esta seja a verdadeira realidade.

Se eu afirmar aqui, em 2020, que daqui a 50 anos, a telepatia ou a telecinesia serão áreas da ciência e terão abandonado em definitivo a parapsicologia, facilmente, uma imensidão de meus conterrâneos me chamaria de alucinado ou tentar-me-ia explicar que tenho um parafuso em falta no cérebro, que me faz pensar disparates.

Em resumo, estamos moldados para só ir aceitando como válido o que, pelo trabalho de muitos, vai entrando no campo da lógica científica e saindo das malhas do parapsicológico ou do sobrenatural.

António Gedeão tinha toda a razão quando afirmava que: “sempre que o Homem sonha o mundo pula e avança”. Até lá, os que acreditam, no que não está efetivamente demonstrado, serão sempre os tolinhos, os bruxos, os incrédulos, os místicos ou os sonhadores da época em que estivermos a viver.

Não há como imaginarmos que isso vai mudar. Não muda, minha querida amiga Berta, mas acredita em mim quando afirmo que o impossível apenas demora mais tempo. Porém, cada vez menos… deixo-te um beijo de até amanhã, deste teu eterno amigo,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta: O Impossível Apenas Demora Mais Tempo...

Berta 280.jpg

Olá Berta,

Depois das últimas 4 cartas que te escrevi, fiquei a pensar no assunto. Por isso mesmo hoje posso dizer-te que já estive bem pior do que no meio desta história da pandemia, do atraso na minha operação à vesícula e dos 9 AVC do último ano e pouco.

Com efeito, há cerca de 38 anos despertei de um coma de 6 meses, provocado por um acidente no serviço militar. Algo que me deixou um ano sem voz e um pouco mais do que isso sem andar. Na altura, tive uns dias desanimado em que um fado de Coimbra com uma quadra de Augusto Gil, me embalava o ser e o existir. Rezava assim a quadra:

 

“Se aquilo que a gente sente,

Cá dentro, tivesse voz,

Muita gente, toda a gente,

Teria pena de nós…”

                    Augusto Gil

 

Com base nessa quadra, usando-a como mote, eu escrevi um outro fado na época, bem demonstrativo daquilo que era o meu estado de espírito de então. É esse fado que hoje te envio. Para que fiques com a noção que tudo passa e que mesmo o impossível apenas demora mais tempo. Esta crise, como tantas outras há de passar. Temos que ter paciência, que tudo voltará ao normal. Deixo-te o fado de então:

 

"TODA A GENTE..."

 

Se aquilo que não tem voz,

Pudesse gritar, por fim,

Haveria quem de vós,

Jamais se risse de mim…

 

Porque ao escutar essas almas,

Onde vive eterna mágoa,

Não se encontram marés calmas,

Mas um remoinho de água…

 

Se aquilo que a gente sente,

Cá dentro, tivesse voz,

Muita gente, toda a gente,

Teria pena de nós…

 

Não perguntes quanto dói

Tudo o que sinto, por dentro,

Se a água a pedra mói,

Um dia, chega-lhe ao centro…

 

Ele há quem sofra de amor,

Quem sinta os males da paixão,

Porém, não há maior dor

Do que viver morto. Não!

 

Se aquilo que a gente sente,

Cá dentro, tivesse voz,

Muita gente, toda a gente,

Teria pena de nós…

 

Se tudo aquilo que me arde,

Gerasse um fogo real,

Cedo, se faria tarde,

Num fogo, em mim, tão fatal…

 

Se aquilo que nos faz gente,

Deixar de existir, um dia…

Perdemos nós a semente,

Ganhámos a agonia…

 

Se aquilo que a gente sente,

Cá dentro tivesse voz.

Muita gente, toda a gente,

Teria pena de nós…

 

Assim me despeço, querida Berta, fica a esperança e, lá bem no fundo, tudo ficará de novo bem. Recebe um beijo deste teu amigo,

Gil Saraiva

 

PS: Aqui fica um pouco do Haragano que me sinto:

 

Poema de Ary dos Santos, voz de Fernando Tordo

 

 

 

 

 

 

 

 

Mais sobre mim

foto do autor

Sigam-me

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Em destaque no SAPO Blogs
pub