Carta à Berta: Série: Quadras Populares Sujeitas a Tema - 18) Meio Caminho Andado
Olá Berta,
Do lado oposto ao teu, em Guimarães, ainda não vai a meio, hoje, dia 12/02, o Reino da Diversão, que durará 30 dias. O evento decorre no Multiusos de Guimarães e espaços envolventes e conta com uma Pista de Gelo, apresentada como a rainha da companhia, os Carrinhos de Choque, o Tornado Loopping, o Carrocel Circus, os Barquinhos Infantis, o Twitter Infantil, a Minipista, a Scalextric, os Elásticos Radicais, o Carrocel Familiar, o Mega Crazy, as Rolling Balls e ainda o Pavilhão dos Matraquilhos. Este é um Reino que já vai no oitavo ano de história e sucesso.
A juntar-se à diversão, como não poderia deixar de ser, quiosques e tasquinhas trouxeram o elemento da restauração ao Reino da Diversão. A lembrar as antigas feiras e mercados regionais, este megaevento de 30 dias, entre 1 de fevereiro e 1 de março, proporciona, em Guimarães e arredores, uns dias bem divertidos com muitos sorrisos à mistura, num ambiente criado para toda a família, que promete continuar a fazer história na região. Durante este período o berço da nacionalidade é, novamente, um Reino de alegria e riso.
O motivo que me levou a assinalar aqui o acontecimento tem a ver com a taxa de felicidade acrescida que realizações deste género incutem nas populações que servem. Somos um país com uma taxa de suicídio que é a maior da Europa, de 13,7 pessoas por cada 100 mil habitantes, sendo que a média europeia é agora de 10,5 a par com a mundial, apenas nos ultrapassam, em números de suicídios por cada 100 mil habitantes, 7 países no mundo, a saber, em ordem decrescente: a Guiana, a Coreia do Norte, a Coreia do Sul, o Suriname, Moçambique, Nepal, Burundi e, logo depois, estamos nós, Portugal.
Outra nota menos engraçada é o facto de, até 2012, Portugal não ter um lugar de destaque neste nefasto ranking. Sendo nessa altura o oitavo lugar ocupado pela Alemanha com 10,7 suicídios por cada 100 mi habitantes. A partir da amaldiçoada governação de Passos Coelho e do clima de ultra austeridade implementada com a ajuda da Troika, centrada diretamente no indivíduo e não no consumo ou nas empresas, rapidamente o nosso país galgou lugares neste ranking até se instalar de pedra e cal no oitavo lugar, de onde parece não querer sair. No quadro europeu, segue-nos agora a França, com 12,1 de taxa, ainda bem longe nos nossos números absurdos.
Precisamos, por tudo isto, de mais Reinos da Diversão e sem sombra para dúvidas de incutir um maior otimismo e esperança nos estratos populacionais mais desfavorecidos. Sei que já te falei deste problema numa outra carta, mas considero realmente este um ranking do qual temos de sair com urgência.
Para que se atinjam estes objetivos não chegam os Reinos Divertidos, são precisas estratégias concretas de combate a este flagelo que rouba um cidadão ao país a cada 6 horas que passam. Espero sinceramente, amiga Berta, que se procurem medidas efetivas na redução do problema de forma pensada e urgente.
Quanto ao teu desafio, referente á minha produção de quadras sujeitas a mote, escolheste para hoje o tema “Meio Caminho Andado”. Espero, corresponder ao proposto, com estas novas quadras. Tive de construir 3, em vez de uma, para me sentir satisfeito com o tema. Contudo, é mesmo assim, nem sempre apenas uma nos dá o retorno que esperamos alcançar. Mas julgo que, pelo menos a terceira quadra, responde perfeitamente ao desafio. De qualquer maneira seguem as 3, para que possas avaliar por ti se o que digo faz sentido.
Série: Quadras Populares Sujeitas a Tema - 18) Meio Caminho Andado.
Meio Caminho Andado I
Meio caminho é, pela estrada,
Não sofrer, antes sorrir,
É saúde encomendada
Doença levada a rir.
Meio Caminho Andado II
Sem saúde, paz, dinheiro,
Não se chega a nenhum lado,
Procura rir tu primeiro,
É meio caminho andado
Meio Caminho Andado III
É meio caminho andado
Pelos azares da vida,
Manter o foco apertado
E rir de cada partida.
Gil Saraiva
Está na hora de terminar esta carta, minha querida Berta, com um beijo pleno de saudades regularmente enviado como os antecessores, por este que não te esquece,
Gil Saraiva