Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
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Eu sei que a vaga de calor de 2022 é, até ao momento, atípica, relativamente a anos anteriores. Não é apenas o calor que bate recordes, a terra, por seu lado, esta absolutamente ressequida, o país encontra-se, quase na sua totalidade, em seca extrema, falta água em todo o lado e, para tornar tudo verdadeiramente complicado, quase não há humidade no ar, raramente esta ultrapassa os 25% e o vento parece teimar em aparecer quando não faz cá falta nenhuma.
Porém, se os incendiários em Portugal, em vez de serem julgados e depois castigados com penas suspensas, fossem julgados como assassinos, na melhor das hipóteses, por tentativa e negligência (chega Pedrogão Grande para me fazer entender), estando a coberto de uma moldura penal, enquanto potenciais assassinos e levando penas efetivas de prisão superiores a dez anos, a crise seria muito, mas muito menor.
Estes indivíduos dão-nos cabo da paisagem, põem imensas vidas em risco, quando não as ceifam, diminuem gravemente recursos naturais, já por si escassos, e são tratados como delinquentes menores por uma justiça que pouco faz, enquanto que, se o incêndio fosse em sua própria casa, os olharia de outro modo bem diferente.
Para estes juízes picante na língua dos outros é refresco. Todavia, no entretanto, destroem-se propriedades, desfeia-se a paisagem, destroem-se recursos naturais, aniquilam-se poupanças de uma vida de um sem-número de famílias, geram-se pânicos pelo interior do país, colocam-se bombeiros e outros profissionais em risco de vida e os maiores culpados, quando são apanhados, são tratados com paninhos quentes em vez de serem julgados como perigosos criminosos, que é o que eles são.
Sou, querida Berta, totalmente contra este estado de coisas. Ainda por cima porque o SIRESP já “sirespa” e a Proteção Civil já protege. Contudo, há situações em que a lei tem de mudar se queremos sentir que vivemos numa sociedade justa. No presente estado da Justiça Portuguesa, esta premeia este tipo de criminoso, enquanto todo o país sofre com isso. Não é o único caso em que a falta de uma justiça verdadeira se faz sentir, mas se há que começar por algum lado, caramba, que se comece já por aqui. Despeço-me com um beijo de saudades, este teu amigo de sempre,
Afinal, contrariando a ideia de serenidade que me tinha sido transmitida quando te escrevi a última carta, parece que o Incêndio à Minha Porta em Campo de Ourique, na Rua Francisco Metrass, 59, é como as novelas mexicanas, ou seja, tem sempre mais uma volta na ponta. Desta vez com possibilidade de vir a gerar ainda mais danos, para além daqueles que o próprio fogo infligiu.
Vou resumir os episódios passados e somar em simultâneo os novos dados, porque, infelizmente, por ser vizinho acabo por vir a saber mais do que o que é aparente.
Na passada sexta-feira um incêndio (provocado por uns grelhados na varanda de umas águas-furtadas, devido à distração de um ancião de 80 anos, a que chamei carinhosamente de “senhor Manuel”) fez arder as coberturas do edifício, direito e esquerdo do número 59.
Os danos foram afinal bastante superiores aos que primeiramente me foram relatados. No relatório oficial da fiscalização às condutas do gás, que abastece o prédio, acabou por prevalecer a conclusão que o mesmo teria de ser integralmente reinstalado, ou seja, o edifício teria de colocar uma nova infraestrutura para abastecimento de gás, sem a qual continuaria inabitável por força dos danos causados na conduta geral. Este dano afetou igualmente o Restaurante Cervejaria Europa, por a instalação ser a mesma.
Face a isso, não só deixou de haver abastecimento de gás para os vários andares como o restaurante Cervejaria Europa, conforme referi, se viu privado de confecionar os habituais acompanhamentos para as refeições tendo que fechar.
Assim, nesta segunda-feira, a Cervejaria Europa estará encerrada. Só a Farmácia Porfírio continuará a funcionar porque não utiliza qualquer fonte de gás para a sua atividade.
Já os estragos no prédio foram bem piores do que aquilo que se pensava no início. Os três andares (direito e esquerdo) foram declarados inabitáveis e o edifício encontra-se vazio de moradores. No terceiro piso as duas águas-furtadas (direita e esquerda) terão de ser reconstruídas de raiz, o mesmo acontecendo com o segundo andar direito, pertencente à proprietária da Farmácia e que de momento se encontrava vago para alugar.
Contudo, todos os apartamentos restantes precisam de obras de restauro. Quanto aos inquilinos, à parte do senhor Manuel (que segundo fonte do prédio, foi transferido ontem da casa de um dos filhos para um lar), todas as outras 4 famílias estão alojadas provisoriamente em casa de parentes próximos, solidários com a situação.
De solidariedade também fica a precisar o restaurante Cervejaria Europa e de uma forma urgente.
O fogo que arde sem se ver vem precisamente da situação em que ficam as 6 pessoas que trabalham no estabelecimento. Na verdade, ainda a tentar recuperar dos danos causados pelo fecho imposto pelos tempos de confinamento, o senhor Paulo, gerente da empresa de restauração em causa, vê-se agora a braços com mais um encerramento forçado, sem conseguir fazer uma ideia de quanto tempo esta situação poderá vir a demorar, face à problemática entretanto criada, na divergência de opiniões entre a Cervejaria Europa e o filho do “senhor Manuel” que aparentemente se assumiu como o responsável pelo pagamento da substituição das condutas do gás.
A coisa apresenta agora, com alguma tristeza, todos os ingredientes de um diferendo que poderá muito bem vir a terminar na insuportável teia dos tribunais portugueses. Mas o que se passa afinal? De uma forma simples são duas opiniões opostas. O filho do “senhor Manuel”, que assumiu pelo pai a responsabilidade das obras nas condutas de gás, exige a orçamentação de todos os custos inerentes aos trabalhos por parte de um conjunto de empresas especializadas, enquanto o restaurante prefere usar o mesmo empreiteiro que já foi responsável por quase todas as últimas obras do prédio, desde a da rede elétrica à da reconversão do apartamento do segundo andar, direito, propriedade da Doutora Graça, da Farmácia Porfírio. A razão desta preferência prende-se com a rapidez na execução dos trabalhos a realizar.
O senhor Paulo alega a possibilidade deste construtor poder ainda hoje substituir tudo e pedir inspeção amanhã ou depois, porque não só conhece bem o edifício, como tem disponível tudo o que é necessário para a completa realização dos trabalhos. Isso permitiria ao restaurante não ter 6 pessoas sem trabalhar durante demasiados dias e evitar que a situação da Cervejaria Europa se possa afundar mais, numa altura em que ainda mal começara a recuperar do fecho obrigatório derivado do confinamento.
A situação é de tal forma grave que a gerência da Cervejaria pondera levar o caso para tribunal, exigindo indeminizações (à empresa e aos funcionários) à outra parte, por todo o tempo em que estiverem de estar fechados, por força na demora nas orçamentações, na escolha de empreiteiro consoante os orçamentos apresentados, no tempo imposto para a conclusão da obra e, finalmente, na respetiva inspeção das condutas por parte da entidade responsável pela verificação dos trabalhos.
Porém, vistas as coisas na perspetiva do filho do “senhor Manuel”, a orçamentação por vários empreiteiros poderá evitar custos acrescidos numa despesa que não se avizinha pequena. Ambas as situações me parecem plausíveis de terem argumentos válidos.
Do meu ponto de vista, amiga Berta, o melhor seria que todos se entendessem por forma a evitar mais conflitos, problemas e situações que podem acabar mal.
A melhor solução, mas quem sou eu para opinar, seria um entendimento de meio termo. O empreiteiro do costume faria as obras já, em troca de não haver pedidos de indeminização fosse de que tipo fosse por parte da gerência do restaurante. Todavia, isto sou eu que estou de fora a falar. De qualquer maneira espero que impere o bom senso. Com um beijo me despeço, querida amiga, seguido de um até amanhã, deste que nunca te esquece,