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Alegadamente

Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente correto.

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Carta à Berta n.º 583: O Homem Que Sabe o Que o Povo Quer.

Berta 583.jpg Olá Berta,

Para Carlos Moedas, o Presidente da Câmara de Lisboa, o conceito de Feira Popular pertence ao passado, minha querida amiga. O senhor doutor conclui, do alto do seu pedestal, com a sapiência especializada dos seus anos na Europa, que os seus munícipes já não querem saber de carrinhos de choque, de montanhas russas, do poço da morte, do comboio fantasma, da barraca da Madame Futuro, do carrinho do algodão doce, da barraca das farturas ou dos restaurantes de grelhados num parque de diversões público dentro da cidade.

Para este visionário das aspirações do povo o que devia existir era, não muito afastado da cidade, mas fora do seu perímetro de governação, um parque temático. Já nas suas freguesias, Carlos Moedas, o homem que vai ficar na história por permitir e concordar com a abertura de um poço de ataque à construção da estação do Metro, com pelo menos 16 metros de diâmetro, no Jardim da Parada, em Campo de Ourique, prefere que existam parques verdes com equipamentos para as pessoas, porque, afirma convicto, cara Berta, ele sabe o que o povo quer.

É por causa destas sólidas convicções que o Presidente deixou cair a instalação da Feira Popular em Carnide, conforme estava previsto desde que esta desapareceu do centro da cidade.

Porém, amiga Berta, para não pensares que eu estou a inventar, transcrevo para aqui algumas das afirmações do intérprete do povo, o senhor doutor Carlos Moedas, à Agência Lusa, sobre o tema:

"Não é uma questão aqui de desistir do projeto, é que mesmo que eu não desistisse, ele desaparecia por si só".

"Hoje em dia não há, de certa forma, nem sequer há procura para este tipo de parques de diversão dentro das cidades, ou seja, nós nem estamos num cenário em que haja procura, com promotores que queiram fazer este tipo de coisas".

"Olhar para uma solução de um parque Feira Popular, que é uma solução que já não é da atualidade. Como se sabe, na maior parte das cidades europeias, estes parques são feitos longe da cidade, são parques temáticos, o caso de Madrid, o caso de Paris, portanto isso terá de ser repensado".

"Porque é que isso aconteceu? Eu penso que uma das razões é porque hoje em dia nas cidades já não faz sentido este tipo de soluções, porque se fizesse sentido alguém tinha na altura concorrido para fazer esse tipo de serviço, para fazer um parque de diversões. Ninguém concorreu, não há, eu pelo menos não tenho nota disso, portanto não vale a pena insistir numa coisa que não faz sentido".

"Não posso ter um plano para fazer um parque de diversões no centro da cidade quando isso hoje nas cidades europeias não acontece, gostasse eu ou não, portanto aqui o ponto, neste momento, é que não há condições para realizar esse projeto".

"um parque verde… é o que as pessoas que ali vivem querem, portanto isso é o que faz sentido".

Estás a ver Berta, quando convém o que as pessoas “querem” faz sentido. Fará sentido concluir que o que as pessoas “não querem” também faz sentido? É que mais de 99% da população de Campo de Ourique não quer uma estação de Metro no Jardim da Parada, só para reforçar o exemplo já dado. Contudo, para algo fazer sentido para Moedas não basta a vontade popular, ela tem de estar alinhada com a sua própria vontade e, ao que parece, com os interesses económicos envolvidos.

Não é uma originalidade ver um dirigente a falar em nome do povo, sem fazer a mínima ideia do que o povo quer. É mais do mesmo, apenas e só. Porém, não deixa de ser triste assistir à “demagogia feita à maneira” como cantava em tempos idos Lena d’Água. Por hoje é tudo minha querida, resta-nos ficar com a notícia triste de que, tão cedo, não voltará a haver Feira Popular em Lisboa. Deixo um beijo sentido, este teu eterno amigo,

Gil Saraiva

 

 

 

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