Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
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correto.
Deves ter reconhecido ontem, minha amiga, grande parte do primeiro excerto do diário que já te tinha enviado. Hoje acontecerá o mesmo, uma vez que te enviei 2 excertos antecipados, contudo será a última vez que tal acontece. De qualquer forma, espero que o “Diário Secreto do Senhor da Bruma” te ajude a entender a alma de quem o escreve com muita alegria e devoção.
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I
Os Primeiros Apontamentos (continuação I-2)
Janeiro, dia 9:
Mudando de assunto, sempre que penso em suicídio acabo por desistir por falta de descobrir o método perfeito. Hoje, passo para aqui um dos melhores métodos que já me ocorreram.
A Teoria do Suicídio – Métodos e Processos:
221) Exclusivamente para quem vive em Portugal no período entre o fim da segunda década e o início da terceira do século XXI: Durante vários domingos grave na box da sua televisão os comentários da Sic de Luís Marques Mendes (os LMM), quanto tiver pelo menos 5 LMM gravados, sirva-se de uma boa aguardente velha, sente-se confortavelmente no sofá e veja os 5 programas de seguida. Se no final ainda lhe apetecer ir jantar fora você não é, nem nunca será, um suicida nato. Estes costumam atirar-se da varanda de casa entre o segundo e o terceiro programa e morrem satisfeitos, estilhaçados no passeio. Nota: assegure-se que não vive num rés-do-chão.
Janeiro, dia 10:
Os “Estudos” que se afirmam detentores da verdade:
Quanto às Touradas:
Anda por aí a correr, nessa coisa das redes sociais, um estudo onde se afirma que 90% dos apoiantes da extinção das touradas possui essa sua convicção por ser contra a exposição pública de animais portadores de um par de cornos. Sou levado a pensar que se trata de “Fake News”. Acho uma percentagem muito alta, exagerada e fantasiosa. Afinal, se fosse 90% contra o par de bandarilhas, ainda tinha a sua lógica. Já a exposição pública, a quem queira ver ou saber, dos ornamentais cornos parece-me inócua, ao fim e ao cabo, eles são sempre os últimos a saber.
Janeiro, dia 11:
Quanto à discriminação sexual do corno:
Outra coisa que me intriga é a discriminação sexual do corno. Então só nos machos é que o apelido pode ser ostentado? O que é feito das fêmeas? “Essas, são mães de família.” Dizia-me, faz tempo, um fervoroso adepto da teoria. Mas eu insistia querendo saber como é que o sujeito apelidava a desgraçada a quem o marido, companheiro ou namorado traía. “O que tem? Essa é a lei da vida. É o normal. Todo o macho precisa de mais do que uma fêmea. Não se chama coisa nenhuma, ora essa. Quanto muito, se não levantar cabelo, podes chamá-la de <<minha santa>>”. Pasmei!
Janeiro, dia 12:
Uns dias depois, mais de um mês, apanhei o mesmo sujeito, com a amante, a passar um fim-de-semana no Ribatejo. Entendi imediatamente porque é que tinha topado, na véspera, ainda em Lisboa, a mulher deste a sair de um hotel com um <<personal trainer>>. Quando ficámos a sós e lhe perguntei se tinha vindo pela tourada, indagou-me interrogativo e meio irritado: “- Tourada, qual tourada? De que estás tu a falar?” “-Nada, nada…” respondi eu, “-… pensei que já sabias que vives com uma santa pecadora…”.
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Resta-me deixar um beijo de até amanhã. Aviso que ainda começarei com uns provérbios já enviados, antes de avançar por território integralmente virgem. Despeço-me saudoso de ti, querida amiga, com um beijo sorridente, este que não te larga, mas nem que a vaca tussa,
Hoje, por aqui, está um dia frio. Um daqueles frios que nos invade a carne e nos afaga, com um prazer sádico, os ossos, sabes? Coisas que eu nunca tinha sentido até aos meus 40 anos, nem mesmo em situações muito mais gélidas do que a de hoje. Já sei o que estás a imaginar. Podes ter razão ao pensares que a PDI não perdoa e gosta de nos lembrar que existe. Porém, com as evidências posso eu bem. Contudo, o que eu gostava mesmo era de controlar este frio.
Aliás, foi o frio que me fez escrever a carta de hoje, porque, por antagonismo, lembrei-me das várias e deliciosas férias que já passei no Brasil, o qual, alegadamente, tem na presente legislatura um verdadeiro asno no poder. Como eu adorava provar isso de forma convincente e retirar a estes escritos a conotação alegada. Contudo, para isso, teria de mudar de blog, porque aqui é o reino das observações sem conhecimento da totalidade das informações e das fontes.
Esta carta, minha querida, merecia honras de edital, coisa séria deste teu amigo jornalista e cheio de calos onde eles não fazem falta, porém é aqui que escrevo e é aqui que a coisa terá de fazer sentido.
Deves estar a pensar que te vou falar dos falsos testemunhos de Bolsonaro, quando acusou o ator Leonardo DiCaprio de estar a pagar a uma organização para incendiar a Amazónia, o que, mal comparando, seria o mesmo que dizer que a Madre Tereza de Calcutá era uma velha maluca que envenenava os pobres para que estes não morressem de fome. Ambas as afirmações estão na mesma ordem de classificação e categoria, quer em termos de discurso quer de domínio: o do absurdo.
Todavia, considero o assunto igualmente inacreditável. A notícia, de que te vou falar, li-a no expresso online de hoje e relatava a nomeação de Dante Mantovani para presidente da Fundação Nacional das Artes, o organismo do Governo Brasileiro que fomenta as Artes Visuais, a Música, o Teatro, a Dança e as atividades circenses.
O maestro (sim, o alegado idiota chapado é maestro) foi nomeado ontem para o cargo em causa. Estamos a falar do sujeito que afirmou publicamente ter a certeza de que a UNESCO é uma “máquina de propaganda em favor da pedofilia” e que disse que: “O Rock ativa a droga, que ativa o sexo, que ativa a indústria do aborto. E a indústria do aborto alimenta uma coisa muito pesada, que é o satanismo. O próprio John Lennon disse abertamente, mais de que uma vez, que fez um pacto com o Satanás” (palavras do próprio Dante, que até tem um nome sugestivo).
É também de sua autoria a alegação, ainda a propósito do Rock, de que agentes soviéticos inseriam “elementos” nas músicas para fazerem aquilo a que ele chama de “engenharia social” com crianças e adolescentes.
Mais recente, nos discursos brilhantes desta alegada anta, afirma-se que “na esfera da música popular, vieram os Beatles para combater o capitalismo e implantar a maravilhosa sociedade comunista”.
A inteligente medida fazia, segundo afirma, parte de um plano para vencer os americanos e o capitalismo burguês a partir da destruição da moral da juventude e das famílias. Aliás, no seu site oficial, o alegado maestro mentecapto, defende que na música experimental contemporânea “é praticamente obrigatório imitar peidos, seja mediante o emprego de instrumentos musicais ou do famigerado aparato eletroacústico”. E, por mais estranho que te pareça as palavras são “ipsis verbis” as do próprio. Beethoven, que foi muito cedo considerado louco, é um menino do coro se comparado com a criatura de que agora falo.
No seu plano de uma nova música para infantes e adolescentes o maestro Dante Mantovani, aparece no Facebook a dirigir um coro onde o próprio acrescentou a legenda “canto gregoriano em latim para crianças, é nisso que acredito”.
Poderia, minha querida Berta, escrever mais uma boa meia dúzia de páginas com as alegações do alegado energúmeno, portador de uma deficiência mental obstrutiva crónica no que ao raciocínio e à inteligência diz respeito, pois que este é o animal que afirma que o fascismo é uma política de esquerda e que as “fake news” são uma conceção globalizante para impor ao povo a vontade da imprensa.
A Funarte, que gere os recursos do Brasil para as Artes, atrás referidos, está, como vês, entregue a este espécime de bípede, de mentalidade anterior aos nossos hominídeos de Neandertal.
Tenho pena de ver um país, que adoro, nas mãos desta gente nefasta, perigosa e absolutamente desprovida de senso comum, de sentido de história, de hombridade, de decência humana e de sentido crítico e criativo, apenas preocupados em evangelizar com um populismo que roça o <<non sense>>, da pior maneira possível, um povo alegre, feliz e maioritariamente crente no bem.
Atribuir a direção da Funarte a este louco maestro popularucho é o mesmo, que nós poderíamos fazer, se entregássemos as comemorações do 25 de abril a André Ventura. Um absurdo sem nome, nem classificação. Não sei como o meu povo irmão se vai livrar destes alegados percevejos, porém, com a máxima urgência, algo terá de ser feito.
Despeço-me tristonho e saudoso. Recebe um beijo deste teu amigo,