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Alegadamente

Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente correto.

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Carta à Berta: Mudança na Casa Branca

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Olá Berta,

Amanhã, de uma vez só, Joe Biden toma posse na Casa Branca e Donald Trump abandona a mesma, sem passar pela casa da partida, que é o mesmo que dizer: sem assistir à posse do seu concorrente. Se te refiro isto hoje é porque, em termos políticos, este será o que maior receio gera em termos de expetativas, a nível mundial.

Irão ou não haver tumultos? Eu (mas a minha opinião vale o que vale) sou dos que pensam que tudo vai decorrer pacificamente. A razão pela qual penso assim tem a ver com a raiz, e possível proveniência, de qualquer incidente que, no caso, a acontecer, será por parte de elementos da direita trampista.

Ora, estamos a falar de gente mais cobarde do que aparenta ser. Com o seu líder supremo a sair, de bicos dos pés pela porta dos fundos, a mais pequena das portas, não me parece estarem criadas as condições para ações de revolta ou rebelião.

Amanhã cá estarei, se for esse o caso, para dizer que fui ingénuo ou para confirmar a minha razão. A ver vamos. Todavia isso não é impeditivo no nervoso miudinho generalizado criado na maior economia do mundo. Acho mais perigosa a expetativa do que será o próprio dia.

Despede-se este teu amigo, com os mimos de sempre e com um fofo até amanhã,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta: Ovnis, Eles Existem? As Novidades Vêm dos Estados Unidos da América

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Olá Berta,

O Pentágono e a grande maioria das agências de inteligência norte-americanas entraram já na contagem final e decrescente para revelarem ao Comité de Inteligência e ao Comité dos Serviços Armados do Senado o que sabem sobre a temática OVNI ou UFO (em inglês, Unidentified Flying Object).

Com efeito, hoje, 9 de janeiro, faltam 9 dias, até ao próximo dia 18 de janeiro de 2021, para que seja divulgado publicamente tudo o que, alegadamente, as secretas sabem ou não sobre ovnis. Há uma ressalva que permite a entrega complementar de um dossier anexo com classificação de TOP SECRET, apenas para ser lido pelos olhos dos Comités, porém, a grande maioria da informação deverá, no espírito da lei, ser tornada pública.

Por exemplo, será secreta a informação que contenha conteúdos que possam revelar ameaças de países terceiros, ou seja, de objetos voadores não identificados que possam pertencer a outros países, sendo, portanto, “Made in World”, isto é, feitos na Terra, e que possam representar um perigo para a segurança dos Estados Unidos da América.

Porém, a documentação que inclua informações sobre ovnis, com forte suspeita de seres de origem extraterrestre será tornada pública, porque o Senado não a considera relevante para a segurança nacional.

A legislação aprovada é clara ao explicar que só poderá ser considerada sensível e, portanto, constar em anexo separado e secreto, o que forem informações sobre ovnis que se suspeite serem de origem terrestre, embora desconhecida ou pertencente a inimigos americanos.

Uma boa noticia, amiga Berta, para os amantes das teorias da conspiração ligadas aos ovnis. Por hoje é tudo, todavia, ainda deixo para amanhã algumas reticências que tenho sobre este delicado assunto. Despede-se, com saudades e um beijo, este teu amigo e camarada,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta: Um Dia Estranho...

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Olá Berta,

Hoje está a ser um dia estranho. No Parlamento, a Ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, afirmou perentoriamente que: "O que posso e venho aqui assegurar aos senhores deputados é que não houve nem da minha parte, nem tenho elementos que me permitam sequer suspeitar que as pessoas que na Direção-Geral de Política de Justiça trabalharam nessa nota, tivessem tido a mínima intenção de alterar dolosamente qualquer facto".

Com a investigação do caso a decorrer Francisca Van Dunem nega assim qualquer conhecimento das alterações feitas por aquela Direção-Geral e garante desconhecer ainda o procedimento que levou aos lapsos abonatórios ao currículo de José Guerra, o procurador português nomeado para o cargo de procurador português em Bruxelas.

 A ministra, depois de explicar uma vez mais aos deputados todo o Processo de Seleção do procurador português para procurador europeu, em Bruxelas, só não conseguiu explicar como e quem cometeu os erros, lapsos ou enganos, cometidos na nota interna que seguiu da Direção-Geral para os serviços nacionais em Bruxelas. No entanto, defende-se alegando que essa é uma investigação ainda em curso, que brevemente terá a sua conclusão. Ora, sem querer parecer espertinho, amiga Berta, eu, que nada entendo destes meandros, acho que deve ser fácil descobrir o redator.

Também acho que não deve ser difícil saber quem foi que a conferiu, antes do respetivo envio para Bruxelas. Mas pronto, isto sou eu que não entendo nada da burocracia interna de uma Direção-Geral de Política de Justiça. Aliás, a minha ignorância é tanta que nem sabia da existência de tal Direção-Geral, nem sei sequer quantas pessoas a compõem e quais as funções que desempenham, no quadro do Ministério a que pertencem.

Quanto ao facto de hoje estar a ser um dia estranho realço ainda o facto de ter ficado a saber que no outro lado do Oceano Atlântico, nos Estados Unidos da América, a invasão do Capitólio ter tido o trágico resultado de quatro mortos. Tal número demonstra que a situação foi ainda bem mais grave do que aquilo que as imagens noticiosas apresentam. Salva-se o facto de as duas câmaras, Senado e Câmara dos Representantes, terem posteriormente ratificado a eleição do presidente eleito pelos democratas. Biden poderá assim tomar posse no próximo dia 20 de janeiro, agora que estão cumpridas todas as formalidades deste processo.

O dia estranho de que falei no início desta carta é ainda reforçado pelos estragos que a tempestade Filomena continua a provocar na pérola do Atlântico que, a esta hora, mais parece a ostra do que a pérola desse oceano. Por fim, os 19.954 casos de Covid-19 registados em Portugal entre ontem e hoje, tornam este dia não apenas estranho, mas, mais do que isso, deveras sinistro e sombrio.

Não sei o que se passa com os astros, mas parece-me que este início de janeiro de 2021 nos tenta tirar a esperança de um ano de 2021 mais risonho do que o ano que o antecedeu. Espero que a expressão popular de que “o que importa não é como as coisas começam, mas como acabam”, se venha efetivamente a concretizar, no que ao alento diz respeito. Afinal, eu sou um otimista por natureza e pretendo manter o meu otimismo bem vivo e aceso.

Resta-me, portanto, a convicção de que hoje foi apenas e só um dia estranho e que tudo irá mudar para melhor a breve trecho. Assim se despede hoje, querida Berta, este teu eterno amigo que nunca te esquece, com um beijo de até amanhã e sempre pronto para o que dele possas vir a precisar, atenciosamente,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta: O Povo dos Estados Unidos da América

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Olá Berta,

As eleições nos Estados Unidos da América estão hoje em primeiro lugar na agenda mediática mundial. Parece que o mundo inteiro quer saber quem ganha a contenda. Por um lado, temos os republicanos de Donald Trump, o presidente em exercício e, por outro, os democratas de Joe Biden que pretendem assumir o poder. Em termos nacionais seria como uma batalha entre Chega e CDS.

Custa imenso aos europeus entender como é possível que cerca de metade dos americanos ainda seja capaz de, ao fim de quatro anos, votar em Trump. Ora, minha querida amiga, embora eu não seja um comentador político de pensamentos profundos como a analista de hoje na TVI, a Professora Raquel Vaz Pinto, que nos lembrou que não nos podemos esquecer que Trump é Trump, tenho, ainda assim, uma ideia sobre o que acontece nos Estados Unidos.

Afinal, eu, que há uns anos visitei a América, durante 21 dias, tendo percorrido 9 Estados de costa a costa, e tenho, por isso, uma opinião bem mais simples e menos intrigante que a dita analista. Assim, no meu entender, e olhando para a distribuição dos votos em ambos os candidatos, é fácil de chegar-se à conclusão que todas as grandes cidades americanas votaram em Biden e que o povo, no interior dos Estados, a chamada gente do campo, votou em Donald Trump.

O porquê de tal divisão tem a ver com o acesso ao conhecimento e à cultura. Não tem a ver com inteligência, nem com sagacidade, mas simplesmente com nível civilizacional deste povo do interior que não vive nas cidades cosmopolitas. Chamar a estas populações de gente muito terra-a-terra é quase um elogio. A maioria deles tem um acesso limitadíssimo ao saber e à cultura geral. Sabem ler e escrever, mas se alguém lhes disser que a Alemanha é um país da Ásia não acham estranho, apenas e só porque desconhecem tudo o que se refere ao exterior do seu mundo de poucos quilómetros de raio.

Estou a falar de gente que não tem cultura geral porque ela não é ensinada em nenhum lugar, de gente que assim que acaba a escola nunca mais lê um livro, de gente sem apetência e com muito pouco acesso a qualquer tipo de cultura que não seja a do seu próprio meio.

Enfim, um povo esquecido por quem governa e a quem Trump agora deu valor e relevo, não por os ajudar fosse no que fosse, mas somente por se considerar ao lado deles. É triste que assim seja, mas é esta a realidade americana. Recebe um beijo virtual de despedida deste teu velho amigo,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta: O Renascer do Racismo com o Populismo de Direita

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Olá Berta,

O tema da violência policial, aqui há uns anos abordado em Portugal, por causa do espancamento abusivo e injustificado de um adepto de futebol, que pacificamente transitava na rua, perto de uma zona onde tinham acabado de acontecer diversos distúrbios sociais ligados a um jogo, já fez correr alguma tinta no país. Porém a coisa agrava-se quando juntamos a isto a palavra racismo.

O Renascer do Racismo com o Populismo de Direita

A ascensão de André Ventura nos meandros da política pode tornar este afastado e quase esquecido episódio numa prática, assustadoramente corrente, num abrir e fechar de olhos.

Com efeito, amiga Berta, os discursos de Ventura apontam para o desejo de transformação das nossas forças de segurança e não só, numa polícia de intocáveis, ameaçando a população civil com prisão, se ousarem, quiçá, insultar polícias ou magistrados.

O rastilho foi recentemente aceso com o caso do homem de raça negra que clemente dizia: “não consigo respirar”. Um homem que morreu pelo joelho de um polícia, que não abrandou, por mais de 8 minutos a pressão intencional, que exercia sobre o pescoço da vítima. Foi assim que morreu George Floyd, um óbito registado por telemóvel para o mundo ver, se poder indignar e, finalmente, condenar publicamente. A situação decorreu nos Estados Unidos da América, o país da alegada liberdade, e tem gerado protestos de revolta à escala mundial.

Para acicatar ainda mais os ânimos o Presidente Americano, um tal de Donald Trump, ordena à polícia que desmobilize uma manifestação pacífica perto da Casa Branca, a fim de atravessar a rua e, usando uma igreja como fachada, vir mostrar a bíblia, enquanto promete retaliação repressiva aos manifestantes revoltosos que considera terroristas.

Uns graus de latitude mais abaixo, a situação piora quando, também neste passado mês de maio, se descobre o macabro caso de um jovem de 30 anos, abatido pela polícia mexicana por resistir, imagine-se, ao uso de máscara na via pública. O facto foi ocultado por uns dias graças a uma tentativa de suborno, com pagamento de cerca de 8 mil euros à família, sem recursos, da vítima, mas acabou por ser denunciado e exposto na praça pública.

O infeliz sujeito chamava-se Giovanni López, a sua detenção foi filmada pelo irmão da vítima, que só o voltaria a ver, já morto, no hospital da cidade onde foi declarado o óbito. A tentativa de suborno foi imaginada e conduzida pelo perfeito da cidade que agora se encontra a ser, também ele, investigado. A indignação disparou com o galardoado, com o Óscar de melhor realização de 2018, Guillermo del Toro, a demonstrar publicamente a revolta perante o sucedido na sua terra natal. Estes acontecimentos obrigaram o Governador do Estado de Jalisco a vir a público prometer que os culpados serão punidos, a meu ver, minha amiga, tarde de mais, uma vez que a indignação já invadiu as ruas.

A tempestade perfeita parece formar-se quando, mais uns graus de latitude abaixo do México, mas precisamente na mesma altura, no maior país da América Latina, o Presidente da República do Brasil, que responde pelo inconcebível nome de Jair Bolsonaro, vem afirmar publicamente, e perante a televisão, que os grupos de populares que se manifestam contra ele, e contra o seu Governo, são não apenas marginais como também terroristas. Tudo a acontecer num país onde 9 em cada 10 dos mortos causados pela polícia brasileira no Rio de Janeiro são negros ou mestiços.

Numa altura em que muitos observadores internacionais apontam para a possibilidade crescente de o Brasil descambar numa guerra civil, entre os apoiantes do Presidente e os que o condenam, tudo parece cozinhado para uma monstruosa crise, sem precedentes, no admirável novo mundo.

Por enquanto, os reflexos desta violência irracional em Portugal, não nos remetem nem para a gravidade dos acontecimentos vindos das Américas, nem apontam ainda qualquer possibilidade de que isso possa transpirar para esta terra de costumes pacíficos, onde apenas o ex-comentador benfiquista da CmTV, o alegadamente mentecapto André Ventura, tenta gerar alguma exaltação de ânimos. Mesmo assim, seria interessante tentar saber se, após este último empate do Benfica em casa, frente ao Tondela, a posterior vandalização das casas de Bruno Lages, Pizzi e Rafa têm ou não a ver com o papel inflamatório do ex-comentador televisivo e atual deputado do Chega. Contudo, importa relembrar que, desde que este fulano apareceu a divulgar as suas ideias e baboseiras na praça pública, pelo menos a partir do verão de 2018, os relatos têm vindo a ganhar gravidade e frequência. Coincidência ou não, o inflamador não se livra da sombra que a ele se colou.

Quem é que já se esqueceu do raid levado a cabo pela polícia de Alfragide à Cova da Moura, que terminou com a detenção de um grupo de indivíduos de raça negra, que foram posteriormente sovados no interior da dita esquadra, e cujo caso ainda continua aberto e em julgamento? Ou da senhora também de raça negra que, por causa de um bilhete de autocarro, se viu terrivelmente maltratada e sovada pela polícia na Amadora, cujas notícias fizeram furor no início deste ano?

Ainda há também o vídeo de outro jovem de raça negra, maniatado pela polícia e a ser obrigado a respirar o fumo de escape de um automóvel ou o outro individuo da mesma raça, no final de janeiro, filmado por duas turistas a ser detido, enquanto um polícia proferia “tens um ar suspeito”, à noite na baixa de Lisboa, perante a suplica do fulano alegando nada ter feito. No entanto, não escapou a uma revista pública efetuada abusivamente por 4 polícias, que depois o levaram preso, sem nada ter sido aparentemente encontrado.

Uma coisa é certa, eu, querida Berta, sou dos que não acredita em coincidências. Não é difícil gerar descontentamento à boleia da pandemia, do aumento do desemprego e da chegada anunciada da pior recessão das últimas décadas a Portugal. Se queremos manter o equilíbrio pacífico e ponderado que nos carateriza maioritariamente enquanto povo temos, urgentemente, de pôr um ponto final nas carreiras públicas daqueles que, usando de um populismo demagogo, tentam criar o conflito e o confronto. Basta olhar as sondagens para ver que a mediocridade medra facilmente e isso é realmente uma grande merda.

Será mera coincidência que, com tanta ocorrência, nos últimos 10 anos, não exista um único caso de condenação policial por atitudes racistas, pese embora as variadíssimas queixas da Amnistia Internacional e do SOS Racismo sobre os vários e frequentes casos em Portugal?

Já me sinto melhor depois de desabafar. Este teu amigo despede-se com um beijo de saudades,

Gil Saraiva

 

 

Carta à Berta: Série: Quadras Populares Sujeitas a Tema - 8) A Vida

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Olá Berta,

Cá estou eu mais uma vez a escrever os meus desabafos. Vivemos num tempo em que tudo acontece como se nada fosse. Acabei de ler uma notícia em que os serviços secretos alemães e americanos espiaram através da empresa de encriptação que vendia os sistemas de segurança a 120 países, Portugal incluído, porque tinham adquirido conjuntamente a empresa em segredo (Alemanha até 2016 e Estados Unidos até 2018).

Estivemos nós e mais 119 países do mundo inteiro expostos à devassa desta gente e ninguém pede contas a ninguém? Mas isto virou a República do Bananal ou temos medo de ofender quem violou a privacidade nacional porque são nossos pretensos aliados?

Aliado que o é não espia às escondidas os parceiros. E já agora era giro saber que medidas tomámos nós para evitar a repetição de tais situações… pois uma coisa é não confrontar os nossos supostos amigos, mas outra, bem diferente, é permitir a continuação da devassa e da bandalheira.

Porque é que na Assembleia da República ninguém questiona o Governo sobre as medidas tomadas perante tal revelação. Porque isto sim, é grave. Bem mais grave do que a saga de Isabel dos Santos que salvou várias empresas portuguesas de falirem, a pedido dos nossos queridos governantes, e a quem nós agradecemos arrestando-lhe as contas. Detesto gente sem coluna vertebral. Assumam os erros que fizeram se acham que foram erros e corrijam o que está errado porque isso sim é que é bonito.

Bem, o melhor mesmo é regressar à nossa saga das quadras sujeitas a mote. É algo bem mais divertido e não me deixa indignado com o comportamento sabujo de quem, neste país, detém o poder.

Série: Quadras Populares Sujeitas a Tema - 8) A Vida.

 

A Vida

 

Sorria, nunca ande triste,

Pelos caminhos da vida,

Que a vida que em nós existe

Não tem volta, só tem ida…

 

Gil Saraiva

 

Por hoje fico por aqui. Recebe um beijo amigo, deste que se mantém saudoso,

Gil Saraiva

Carta à Berta: Série: Quadras Populares Sujeitas a Tema - 14) O Corrupto

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Olá Berta,

6 de fevereiro é, a partir deste ano, também em Portugal, o Dia da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina. Podes pensar que este é um assunto que nada tem a ver com os hábitos e costumes lusos e, estando totalmente correta, tenho é que te lembrar que, cada vez mais, temos migrantes a residir no nosso país onde essas práticas são de uso corrente, muito para além do que nós, à partida, imaginamos possível e aceitável. Daí a medida fazer todo o sentido, servindo de alerta para o problema.

No mundo são mais de 200 milhões de meninas e mulheres sujeitas a este ato de barbárie que continua a subsistir no século XXI. O fenómeno é usual na Etiópia, na Eritreia, na Gâmbia, no Mali, na Nigéria, no Senegal, no Sudão, na Tanzânia, na Costa do Marfim, no Djibuti, no Benin, no Burkina Faso, na Índia, na Indonésia, no Sri Lanka, na Malásia, no Egito, em Omã, no Iémen, nos Emiratos Árabes Unidos e no Peru.

Contudo, face às migrações, o problema já se espalhou para países como a Austrália, o Canadá, a Dinamarca, a Alemanha, a França, a Itália, a Holanda, a Suécia, o Reino Unido, os Estados Unidos da América e Portugal. Todavia, esta lista apenas apresenta os países onde o problema já tem proporções significativas. Basta olhar para o nosso exemplo nacional. Quem imaginaria que, segundo os números relativos a 2018, 43 mil mulheres e crianças, neste cantinho à beira mar, foram sujeitas à Mutilação Genital Feminina? É difícil de engolir estes números, contudo, o problema é bem mais extenso uma vez que estes são apenas os números oficiais confirmados. Inacreditável, não é, minha querida amiga? Mas bem real, infelizmente.

Assim, a existência de um “Plano de Ação para a Prevenção e o Combate à Violência Contra Mulheres e à Violência Doméstica 2018-2021”, integrado na “Estratégia Nacional para a Igualdade e a Não-descriminação 2018-2030” e do “Programa Portugal + Igual”, faz todo o sentido. É aqui que se prevê e enquadra o combate às práticas tradicionais nefastas, como é o caso da Mutilação Genital Feminina. Uma praga que urge combater com a maior seriedade e prontidão, criando os normativos necessários a uma atuação que não apenas seja célere como também eficaz.

Voltando agora à temática do teu desafio, no que se refere à criação de quadras populares, sujeitas a tema, a tua última escolha recaiu sobre “O Corrupto”. Tentei o meu melhor para estar à altura de mais esse desafio. Espero que a próxima quadra o supere. Posso afirmar que, embora existam temas mais difíceis que outros, às vezes não é bem na dificuldade do tema que eu encontro o problema, mas sim na limitação curta dos versos de uma quadra, para se expor uma ideia, de modo claro e sintético. Enfim, eu vou tentando, quando tiver que me render, também o farei. Tema de hoje:

Série: Quadras Populares Sujeitas a Tema - 14) O Corrupto.

 

O Corrupto

 

Defender o que é de todos,

Mas não pertence a ninguém,

Pode bem gerar engodos,

Para o proveito de alguém…

 

Gil Saraiva

 

Chegada que é a hora de mais um adeus, é com um beijo saudoso que se despede este teu amigo eterno, sempre ao dispor da sua boa amiga,

Gil Saraiva

 

 

 

Carta à Berta. Lisboa, Capital Verde Europeia 2020

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Olá Berta,

Em 2004, um ano que já lá vai, perdido na memória da primeira década do século XXI, era eu editor e jornalista do boletim oficial “TerrAzul”, da Associação da Bandeira Azul da Europa, escrevi uma série de eco crónicas para o semanário Expresso. São elas a base de algumas reflexões que, passados estes anos, e já sem o fervor ambientalista de então, acho relevante analisar agora. Não me vou dedicar aos artigos em si, mas ao evoluir das problemáticas então apresentadas. Espero que te agrade.

A vida é uma teia complexa de eventos que interligam de forma, mais ou menos perfeita, factos, atitudes e comportamentos. No final do segundo milénio a preocupação com o ambiente era crescente e ganhava adeptos, mais ou menos ferrenhos, em quase todas as frentes. Nasceram os partidos ditos ecologistas, desenvolveram-se as associações ligadas à defesa do ambiente. As sementes estavam lançadas. Era agora necessário cuidá-las.

A sociedade civil e os senhores do poder em todo o mundo foram, aos poucos, cedendo à necessidade: Era imperativo tomar medidas! Finalmente, na Conferência das Nações Unidas para o Ambiente e Desenvolvimento, que ficou conhecida como a Cimeira da Terra ou ECO92 ou RIO92, realizada no Rio de Janeiro em 1992, geram-se, entre outros, 2 documentos basilares: A Agenda 21 e a Agenda 21 Local.

 O conceito de “Desenvolvimento Sustentável” amplamente difundido na ECO92 possuía, por fim, amiga Berta, instrumentos e conceitos operacionais para uma aplicação eficaz e efetiva de políticas para ele direcionadas. Estavam inventadas as fórmulas de referência para a construção de um plano de ação a ser desenvolvido global, nacional e localmente, quer pelas organizações do sistema das Nações Unidas, quer pelos Governos e Autoridades Locais.

Mas onde? Onde aplicar semelhante plano? A resposta é por demais evidente, minha querida amiga: Em todas as áreas onde a atividade humana provoca impactos ambientais desfavoráveis.

É desde o RIO92 que quase duas centenas de países passam a considerar o “desenvolvimento sustentável” como elemento efetivo da sua estratégica política conjugando ambiente, economia e aspetos sociais.

A primeira Conferência das Partes (COP1 - Conferência das Partes designada também por Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) ocorreu em 1995 na cidade de Berlim e nela foi firmado o Mandato de Berlim, no qual os países do Anexo I assumiram maiores compromissos com a estabilização da concentração de GEE ( a Emissão de Gases com Efeito de Estufa), por meio de políticas e medidas ou de metas quantitativas de redução de emissões.

Um salto significativo foi dado depois pelo Protocolo de Quioto em 1997, onde uma série de metas ficaram definitivamente estabelecidas e acordadas. Já no atual milénio, em setembro de 2002, a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, em Joanesburgo, reafirmou, inequivocamente, o imperativo de plena implementação da Agenda 21, entre outros documentos essenciais.

A Agenda 21, minha amiga, que se traduz na criação de objetivos e indicadores que possam aferir progressos e estabelecer metas a atingir para um desenvolvimento sustentável, tornou-se a ferramenta ideal para a aplicação de medidas e premeditação de objetivos no que ao ambiente dizia respeito.

Portugal (e é o nosso caso que nos importa mais diretamente, embora esteja globalmente inserido na estratégia mundial) tem, em termos de legislação ambiental, uma posição relevante na salvaguarda do Planeta. O nosso único problema é que parece que nos ficamos pelo papel, pela palavra escrita, pela promessa assinada.

As medidas tardam a ser implementadas e algumas das que florescem parecem temer ser coladas a adjetivos como “fundamentalista” ou “pseudo-qualquer-coisa”, mas nem tudo se perde e, aos poucos, lá vamos encontrando o traçado correto, pois temos os instrumentos para ir e chegar bem mais longe...

Começámos tão bem, nestes anos de definição de estratégias que temos de ir em frente, nem que seja… por um “desenvolvimento sustentável”.

Estes 2 últimos parágrafos servem para vermos como a passagem dos textos aos atos é enganadora. Portugal, que implementou entre 1992 e 2004 um excelente conjunto de medidas na legislação, passou os 15 anos seguintes a assobiar para o lado, a ver a banda passar. É certo que houve alguma evolução positiva, mas as centrais a carvão não deixaram de funcionar. As energias alternativas foram subsidiadas quase exclusivamente numa perspetiva muito mais económica do que sustentável e a meada ainda teria muito fio se lhe resolvêssemos pegar seriamente. Tudo correu de tal forma que, a dada altura, nós, que partimos na carruagem da frente da defesa do ambiente, perdemos literalmente o nosso lugar no comboio.

Apenas em 2019 a coisa voltou a ser importante para o país e a tomar uma relevância, muito por força de novos movimentos e partidos, pelas eleições legislativas, pelo Acordo de Paris em 2015, pelas COP seguintes e depois pela Cimeira do Clima em Madrid,  convocada pelo Secretário Geral das Nações Unidas, António Guterres, para coincidir com a COP25 e dela tirar um proveito sustentável com a aprovação de novas medidas e metas a alcançar para o equilíbrio climático, envolvendo, praticamente, todos os países.

Infelizmente, Berta, graças à Austrália, Estados Unidos e Brasil, seguidos da Índia, China e Rússia, num patamar abaixo, tudo volta a ficar adiado, uma vez mais, para a COP26. O caso australiano, então, é perfeitamente surpreendente e absurdo, se tivermos em linha de conta que o estado de calamidade que o país atravessa é, quase na totalidade, devido aos incêndios, fruto das próprias alterações climáticas, que geram tempestades secas, repletas de raios, que vão gerando o caos, à medida que provocam incêndios, que alteram o comportamento dos ventos, que, que, que… numa reação em cadeia sem fim à vista.

Mais grave ainda é sabermos que estes 6 países são os produtores diretos de mais de 50 por cento das emissões produzidas no planeta, e que, por isso mesmo, são diretamente responsáveis pelo agravamento do problema, que continua sem solução à vista. Durante este ano resta-nos seguir com a União Europeia o caminho da Sustentabilidade. A UE resolveu continuar o seu trajeto, independentemente dos outros parceiros mundiais o fazerem ou não. É por causa disso que Lisboa é, a partir de ontem, a Capital Verde Europeia 2020, com obrigação de plantar, este ano, 20 mil árvores, entre outros objetivos.

Este, minha querida amiga, é o atual ponto de situação, esperemos que os anos 20, agora iniciados, sejam mais auspiciosos para todos nós. Despeço-me com um beijo saudoso, este teu amigo de sempre,

Gil Saraiva

 

Carta à Berta: Tragédia na COP25

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Olá Berta,

Espero que esta carta te encontre bem, como aconteceu com as últimas. Nada como viver com saúde, algum dinheiro e em harmonia e paz.

Hoje venho relembrar que a COP25, a conferência de líderes promovida pela ONU sobre a emergência climática, está a chegar ao fim. Esta assembleia, que acabou este final de semana, deveria lançar a esperada declaração de princípios, aquela que poderia ser suficientemente forte para conduzir o planeta ao início de uma caminhada a favor do combate às alterações climáticas.

Contudo, o texto apresentado ontem não convenceu a maioria dos países envolvidos. Tratava-se de uma declaração frouxa, sem grande ambição e sem as desejadas e ansiadas metas, muito, mas muito, aquém de todas as expetativas, para grande tristeza dos ambientalistas.

É certo que um texto assim está sobre a pressão e é resultado das influências de países como a Rússia, a China, a Índia, o Brasil, os Estados Unidos e a Austrália que não parecem convencidos, nem convertidos às questões da emergência. Eles que, conjuntamente, representam quase 70 porcento do problema. Já para não falar dos países asiáticos, responsáveis por 80 porcento da poluição de plásticos existente nos oceanos.

Resta-nos esperar pelo fim do dia. Pode ser que, com alguma diplomacia, alguns destes países ceda o suficiente para que a resposta seja mais firme, mais determinada e mais coerente com as reais necessidades do globo. Afinal, terá de ser apresentada uma nova declaração de princípios, já com algumas propostas concretas. Será que a montanha vai parir um rato ou teremos realmente um caminho novo? Só terminarei esta carta quando a cimeira encerrar. Veremos o que acontece...

 Pronto! Terminou a COP25. Agora, acabada que está a cimeira de Madrid, cá vai a minha opinião. A esperança de muito pequena, mas existente, minha querida amiga, passou a desilusão, ansiosa e preocupada, uma vez que a inteligência não prevaleceu.

Aproveito o facto de ainda não ter posto esta carta no correio para te dizer que, finalmente, graças principalmente à Austrália, ao Brasil e aos Estados Unidos da América nem sequer um rato saiu desta cimeira do clima cujos resultados já são conhecidos.

Pior que tudo, os 2 presidentes que tanto insultaram, demonstrando um imenso menosprezo e muita arrogância, pelas posições de Greta Thunberg, tendo o líder brasileiro apelidado a ativista de “pirralha”, fizeram mesmo questão de demonstrar ao que iam.

Assim sendo, não há qualquer fumo branco, luz verde, ou bandeira axadrezada a anunciar uma vontade de realmente travar uma batalha sem tréguas às alterações climáticas. A emergência, ficou-se por uma pulseira verde, e acabou por ser mandada para casa sem que um diagnóstico sério ou um tratamento adequado tivesse sido prescrito.

É a derrota em toda a linha das posições dos ambientalistas do mundo inteiro. Esta COP25 acabou por se tornar numa tragédia mundial e, se ao que parece, o ponto sem retorno estava mesmo à vista, então, se assim for, ele acabou de ser hoje ultrapassado. Para Greta Thunberg é uma derrota ainda maior. A COP25 andou para trás, nem mesmo se ficou pelo que já tinha sido alcançado. A tragédia de Madrid, sob a batuta de um Chile, que se vergou ao poderio dos grandes estados, na responsabilidade que tinha da condução da cimeira, ficará conhecida como o dia em que a Terra foi condenada pelo capital.

Se no futuro esta cimeira vier a ser julgada pelos seus atos e respetivas consequências, não poderão os responsáveis de tal boicote serem acusados e julgados por crimes contra a humanidade? Sendo assim, a direita política vai ficar com um ónus muito grande para explicar ao mundo inteiro. Scott Morrison, o primeiro-ministro australiano, que lidera o governo saído da coligação de centro-direita, Donald Trump, o presidente democrata americano e Jair Bolsonaro, o líder do governo de direita brasileiro, são neste momento os principais réus e responsáveis deste desastre negocial, cujas consequências são ainda imprevisíveis.

Pois é minha amiga, estou sem palavras. Já esperava um resultado fraco e sem grandes avanços, contudo, o que aconteceu foi bem mais do que isso, foi um virar de costas absoluto, com um encolher de ombros brutal, de, como diria Ricardo Araújo Pereira, é “Gente Que Não Sabe Estar”.

Recebe um beijo deste teu grande amigo, que nunca te esquece,

Gil Saraiva

Muro de Berlim... Ascenção e Queda...

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Olá Berta,

Ontem esqueci-me de te perguntar se sabias que, neste sábado, se celebraram os 30 anos da queda do muro de Berlim. Com toda a certeza que já tomaste conhecimento pelas notícias ontem ou pelas que, ainda hoje, continuam a ser difundidas. Porém, não importa se te estou a informar em primeira mão ou se já tinhas realmente esse conhecimento. O que importa mesmo é o significado da queda do muro, para o mundo e mais especificamente para mim, afinal, o muro foi construído 3 meses antes do meu nascimento.

Porém, quando foi derrubado eu tinha 28 anos e foi um momento verdadeiramente histórico para mim, algo que nunca pensei vir a presenciar. Já aconteceram outras coisas importantes, que ninguém esquece, antes e depois desta, mas, no meu caso, em mais nenhuma vi um filho meu nascer precisamente no mesmo dia, aquando do segundo aniversário do acontecimento. Posso dizer, com alguma certeza, que a queda do muro e o meu sucessor são da mesma geração. Porém, ele já nasceu livre e eu tinha 12 anos quando o Antigo Regime caiu em Portugal. Trinta anos passaram e hoje tem ele os 28 que eu tinha na altura.

Este é um estranho conjunto de circunstâncias que me puxa pela nostalgia, a repetição dos meus próprios ciclos combinados com os ciclos da história. Precisamente num tempo que, mais a ocidente, alguém se esforça arduamente para voltar a construir um muro.

Os ciclos repetem-se e pouco se aprende com a História. Hoje em dia, por todo o lado, regressámos a uma moda que parecia estar perto de cantar o seu dia de finados. Mas não, afinal o muro entre as 2 Coreias não caiu, nem aquele que divide a ilha de Chipre e que tem cerca de 200 quilómetros. Os puritanos diriam que nem a muralha da China desapareceu, contudo, essa agora apenas subsiste por motivos meramente históricos e turísticos.

O problema mesmo são os muros que começam a surgir um pouco por todo o lado. No Médio Oriente, onde Israel é o seu mentor, na América de Trump, e em muitos países de Leste que querem travar as migrações e os migrantes.

Quando alguém diz que há só uma Terra, nos dias que correm, isso é algo muito fantasioso. Devia haver só uma Terra e devia haver terra para todos. Só que, a diferença entre o deve e o haver é mais distante aqui do que em qualquer linguagem contabilística.

Como queremos salvar o ambiente, abandonar o consumo de combustíveis fósseis, tentar inverter a extinção em massa das espécies, agir contra o aquecimento global ou travar as alterações climáticas se continuamos egoístas, virados para os próprios umbigos, apenas preocupados com a parte sem querermos saber ou nos importarmos com o todo?

Quando olho para a localização de Portugal, no globo terrestre, tenho sempre a sensação de que estamos implantados mesmo no centro geoestratégico da Terra. Essa impressão deve-se ao facto de os países ocidentais estarem entre os mais desenvolvidos do mundo e parecerem localizar-se, quase que de propósito, à nossa volta.

Para Norte vejo a Europa que se espraia orgulhosa do seu desenvolvimento, uma superfície retalhada em países e mais países, todos sedentos do seu bocadinho de terra.

Para Este sorri-nos a Ásia, que se mistura nas fronteiras com a Europa, representada pelos grandes colossos imperialistas da China ou da Rússia, pelo Médio Oriente e Arábias.

Do lado sul, África tenta emergir e ganhar protagonismo na cena internacional, mas mantém os seus conflitos e subdesenvolvimento que são geradores das famigeradas migrações de que a Europa se queixa.

Finalmente, a Oeste, estão as Américas onde o desenvolvimento bipolar divide a América do Norte das Américas Central e do Sul, contudo, em todas, o sentimento de cowboy mantém-se tão atual como no passado, só que no Sul, esses heróis e vilões são mais conhecidos por jagunços, ou, em oposição, heróis da liberdade.

Foi este geocentrismo nacional estratégico que nos ajudou nos descobrimentos, na descoberta, no orgulho da glória dos nossos navegadores. Porém, hoje em dia, duvido que sirva para alguma coisa. Temos a importância de uma espiga no centro de um enorme campo de trigo.

O que diriam os portugueses se a vizinha Espanha viesse agora pôr em causa a nossa independência, porque nos separámos dela há séculos atrás, contra a sua vontade? Ficariam certamente revoltados, todavia, aceitamos pacificamente que eles façam presos políticos na Catalunha e que não os deixem sair do jugo de Madrid, tal como não reagimos aos gritos de independência do País Basco, porquê?

Porque não se trata do nosso umbigo. Apenas isso e nada mais. Pois é Berta, o mundo avançou tecnologicamente, as distâncias entre os povos foram encurtadas pelos aviões, os caminhos de ferro, os túneis, as autoestradas, mas a mentalidade do umbigo está outra vez mais viva, mais acesa, mais incandescente. Assim, não é possível combater seja o que for como se fossemos o todo que realmente somos.

É com esta triste conclusão que me despeço hoje, minha amiga, fica bem e recebe um saudoso beijo deste que não te esquece,

Gil Saraiva

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