Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
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A celebração do 11 de setembro é algo que me faz alguma confusão. Ainda mais quando já lá vão vinte anos. E pior ainda quando os americanos acabaram de abandonar à sua sorte o povo afegão, deixando-os entregues aos talibans. Quanto à lembrança de datas tristes eu sou dos que preferem não ficar a remoer. Registei por escrito e em poema a data, sofri na altura, perdi inclusivamente um grande amigo no ataque às torres, mas, porque a vida continua, arquivei o tema e deixei de celebrar a efeméride.
Não digo que aqui ou além, querida Berta, não tenha um momento de nostalgia amarga quando algo me traz à memória esse dia, porém, não gosto de carpir o passado, não é saudável e tende mesmo a ser algo depressivo.
Para meu espanto ainda há gente que acredita, não sei se genuinamente, que os atuais talibans são diferentes dos terroristas de há duas décadas atrás. As maiores estátuas do mundo budista, os budas de Bamiyan, de 55 e 38 metros de altura, destruídas selvaticamente pelos primeiros fanáticos, deviam ter servido de alerta para esta gente que abrigou carinhosamente Osama bin Laden e que foi mais do que berço do Estado Islâmico, pois que, minha grande amiga, serviu de refúgio e de campo experimental de um Estado Islâmico ultrarradical, como não há memória na história universal deste nosso imenso globo terreste.
Com efeito, querida amiga Berta, estou a falar de uma gente responsável por dar guarida aos planeadores e executores do 11 de setembro de 2001, um evento que usou aviões, carregados de seres humanos, como mísseis e que os fez explodir nas torres gémeas, no Pentágono, para além do que se despenhou na Pensilvânia, por intervenção heroica da tripulação. Estou a falar de assassinos religiosos da pior espécie, aos quais os talibans nunca deixaram de estar intimamente associados, por mais que atualmente tentem fugir com o rabo à seringa. Contudo, no meu modesto entendimento, são tão culpados como a Al-Qaeda, o ISIS e todos os grupos e organizações radicais de islamismo fundamentalista.
Estão, aliás, minha amiga de tantos anos, na mesma categoria do nazismo ou do estalinismo e deviam ser tratados com a devida proporção face aos atos praticados. Não há, nem pode haver qualquer perdão, para genocidas, assassinos, esclavagistas de género (neste caso, o sexo feminino) e qualquer tipo de facínoras à face deste nosso planeta, tendo em conta a mentalidade e o contexto dos factos, nas épocas em que os mesmos se desenrolaram. No atual mundo em que vivemos, tais práticas são absolutamente inadmissíveis e não deviam ter qualquer tipo de condescendência.
Por hoje fico-me por aqui, pois não te quero maçar em demasia com esta minha explosão de genuíno sentido de total afronta. Amanhã termino esta minha ideia. Um beijo,
Segundo o que anuncia hoje o site “Notícias ao Minuto” «O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, defendeu hoje a unidade do país na luta contra os grupos armados que protagonizam ataques na província de Cabo Delgado, região norte, reiterando o compromisso com a consolidação da paz e da democracia.»
Faz-me imensa confusão, minha querida amiga, a forma quase leviana como sinto que Moçambique, um país que já foi Portugal e que atualmente é considerado um país irmão, é tratado em termos noticiosos, diplomáticos, políticos e de cooperação institucional, quer em termos de solidariedade, quer em cooperação logística e militar, pela Nação Lusitana. Não consigo entender.
Se Moçambique não nos pedisse ajuda no combate ao Estado Islâmico na província de Cabo Delgado, eu até entenderia. Porém, pelo que consegui apurar, esse não é exatamente o caso. Segundo tenho lido, nas poucas notícias que chegam a público, parece que já houve pedido de colaboração não apenas logística como também militar.
De que serve a CPLP se permitimos que sejam decapitados moçambicanos, às dezenas de cada vez, por essa corja de bárbaros que se auto intitulam de Estado Islâmico? Podem até afirmar que não é esse o âmbito da CPLP, até aceito. Só não consigo compreender a atitude do Estado Português.
Não me adianto mais no tema porque é realmente muito vaga e pouco fundada a informação de que disponho. Contudo, pelo menos pelo que vi e li até ao momento, Portugal não ofereceu apoio logístico e militar a Moçambique até ao presente momento, situação que deveria ser, acima de qualquer dúvida, um dever nacional alicerçado em quase 500 anos de história conjunta.
Recebe um beijo de despedida, deste teu amigo do coração, que vê com desgosto o abandono de um país irmão à sua sorte, sem que a solidariedade funcione de forma efetiva e eficaz,
Como está a ser o teu primeiro dia de 2020? Espero que tudo esteja a correr pelo melhor. A felicidade é a coisa mais importante. Nem importa de onde vem, importa é que se instale, se sinta em casa e que nos acompanhe sempre, em todas as ocasiões. Os dias de folga, são os tais menos bons, mas é normal, até a felicidade precisa de repouso,
Segue, a segunda parte do poema que comecei ontem, ainda no ano passado. Espero que te agrade:
"OS OUTROS - TRAGÉDIA EM QUATRO ATOS"
II
" MIGRANTES DEPOIS DE REFUGIADOS"
Entre bombas, escombros, sangue e tripas,
Foge quem pode porque a guerra é cega,
Não vê mulheres nem crianças,
Não vê nada nem ninguém.
A música virou ruído e o ruído trovão;
O povo não quer Bashar al-Assad nem o Estado Islâmico,
Quer uma Síria de paz dizem os sírios,
Quer um Estado Curdo gritam os oprimidos,
Mas o Estado é surdo seja islâmico ou não.
A guerra veste de santa, clama justiça
E todos se dizem senhores da razão e da verdade,
Mas ninguém dá ouvidos a ninguém;
Morrem civis aos milhares, gente de carne e osso,
Sem limite de idade, de género, de etnia ou de religião,
Morrem porque estavam ali, no local errado,
Na hora errada, apenas e mais nada.
Perante a atrocidade dá-se a debandada
E o povo foge, procura refúgio
Nos países mais perto, mas é enlatado
Em campos de fome e aperto,
Sem condições são refugiados que parecem presos,
Tratados a monte na beira da vida…
E honrosas exceções não fazem a regra,
Nem estancam a ferida aberta pela guerra.
Só de Kobane, de Ain al-Arab, da fonte dos árabes,
Centenas, milhares, quase meio milhão,
Fugiu, deixou tudo, que a fonte secou,
Procurando o direito a não morrer,
Sem explicação ou sentido,
Com os filhos pela mão vazia de pão…
Chegados à Turquia, interesseira, vizinha,
São refugiados, amontoados, e serão tratados de qualquer maneira,
Sem dignidade, consideração ou sentimento …
E às portas da Europa, qual El Dourado,
Viraram migrantes, na busca de luz, de vida, de paz.
Pois é minha querida amiga. Infelizmente não é só no Curdistão que o fenómeno tem praça assente, mas em tanto lado. Não há sequer um fim à vista para esta tragédia humana, para este flagelo entre povos que apenas querem viver em paz.
Despeço-me com o costumeiro beijo, esperando que te continues a dar bem aí pelo Algarve. Desejo-te muita felicidade, este teu amigo de agora e sempre,
Pediste-me para te enviar o poema que escrevi sobre o Menino de Kobane, aquela coisa horrível que nos despertou de vez, abrindo-nos os olhos e a mente, para o problema dos migrantes em setembro de 2015, já lá vão 4 anos e 3 meses. Sei que tiveste conhecimento que fui um dos jornalistas a fazer um levantamento exaustivo de toda a história. Não te a quis contar vista por mim, na altura, mas é tempo de a poderes ler. Contudo, como tem um final pouco feliz, e estamos no último dia do ano, vou-te enviar apenas a primeira parte de uma tragédia em 4 atos. Espero que entendas, afinal não te quero ver deprimida no último dia do ano. Todavia, para mim, promessa é dívida. Aqui vai:
"OS OUTROS - TRAGÉDIA EM QUATRO ATOS"
ATO I
"OCUPAÇÃO"
No planeta imaginado
Por trinta milhões de seres humanos,
Algures, numa estreita margem do Mediterrâneo,
Começou, há dois mil e seiscentos anos,
Um país chamado Curdistão
Ou, talvez, quem sabe, deveria ter começado.
Madrasta foi a História deste povo,
Ocupado por impérios e tiranos.
Avaros os vizinhos sempre o cobiçaram
E a terra que nunca foi país,
Acabou por ver-se repartida…
Nas margens da Europa,
Pelo raiar da Ásia,
Ele se ergueria sob a égide de Alá,
A Norte a Turquia Otomana,
Com desejos de poder,
A Oeste a Arménia e o Azerbaijão,
Famintos de território,
A Sul o Irão,
Fanático no crer e no crescer,
A Este o Iraque e a Síria,
Com sede de recursos…
Como pode esta gente ter direito à existência, ao território?
O que pensam os judeus deste direito?
E a América e o imperador careca, esse Putin?
A culpa nunca é de ninguém, são sempre "OS OUTROS"…
Depois chegou o ISIS, o DAESH, o Estado Islâmico,
Não interessa o nome,
Apenas importa que rima com terror,
Ocupando o ocupado,
Terras queimadas para um grande Califado,
Vidas ceifadas pelo fanatismo enlouquecido
E, sem qualquer pudor,
Publicitadas na imprensa,
Na net e nas televisões,
Qual algodão que não engana
Porque a saga garante o verdadeiro horror…
Hoje, fico-me por aqui. Despeço-me, com um enorme beijo, e com o desejo de que tenhas uma excelente entrada em 2020, espero que este ano, em que vamos entrar, te traga toda a felicidade do mundo. Este teu amigo para todo o sempre,