Carta à Berta nº. 667: Estação de Metro no Jardim da Parada - Uma Réstia de Esperança...
(Perspetiva do Metropolitano para as entradas e saídas no metro na Rua Francisco Metrass)
Olá Berta,
Como bem sabes, minha querida, este teu amigo, sempre foi um defensor aguerrido de o movimento “Salvar o Jardim da Parada”. Tudo indica que a batalha está perdida, mesmo tendo o movimento angariado o triplo das assinaturas do que as necessárias para eleger um Presidente de Junta em Campo de Ourique.
O Metropolitano e os interesses instalados não ouviram nada, nem ninguém, e pelas baias recentemente colocadas na Rua Francisco Metrass, onde, segundo o projeto, vão nascer 2 das entradas e saídas do metro, tudo indica, amiguinha, que vão com a teimosia deles para diante.
Ao que parece, cara confidente, vamos mesmo ter uma estação de metro debaixo no Jardim da Parada. Depois de feita, num prazo máximo de 15 anos, todas as árvores centenárias do jardim terão morrido. O movimento “Salvar o Jardim da Parada”, tudo indica, perdeu a guerra.
No entanto, caríssima, não foi por falta de luta ou de empenho, foi apenas por ser uma força do povo. Embora tivessem angariado pareceres e mais relatórios a seu favor, de associações de arquitetos, de ex-vereadores, de organizações ambientais, de um rol sem fim da sociedade civil, de nada lhes serviu a solidariedade e o apoio. O poder corrompe e fala mais alto em Portugal.
A entrega única dos membros do movimento a esta causa, amiga querida, ficará para sempre no meu coração e de todos aqueles que, como eu, os apoiaram e presenciaram o seu sacrifício e dedicação à causa. É injusto que não vençam, sabendo nós que existem alternativas viáveis para a construção da estação aqui no bairro.
Atualmente as expetativas de uma inversão do rumo das coisas parecem impossíveis. Já me passou de tudo pela cabeça, desde o recurso à violência até à sabotagem. Contudo, eu não nasci com espírito de terrorista, o que dificulta as coisas e muito, Bertinha, por muita revolta que eu sinta.
Talvez… talvez, Berta, se o movimento conseguir mobilizar para a nossa causa os irmãos José e Ricardo Sá Fernandes… uma providência cautelar colocada por eles, com todos os elementos de prova e pareceres angariados pelo movimento, podia resultar positiva onde, a que o movimento colocou, falhou. O peso dos nomes e a sua voz poderia equilibrar, quem sabe, os pratos da balança. Até porque os fundos comunitários têm prazo para ser utilizados. Fica a ideia…
Por hoje é tudo, doce amiga, despeço-me de coração partido. Recebe um beijo deste teu eterno amigo,
Gil Saraiva