Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
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Termino hoje a entrevista ao “Homem da Bicicleta”, sob o tema “O Que Se Passa Em Campo de Ourique” que denominei de “Entrevistas à Mesa do Café”, ou seja, a entrevista ao senhor Vitor Manuel Fontes Rodrigues, vulgo Sarameco. Esta segunda e última parte decorreu na esplanada da pastelaria “AZ de Comer”.
Tenho a certeza que não foi o facto do Vitor ser do signo de Touro que o fez ganhar uma outra alcunha, esta durante os cinco ou seis anos em que passou pelos Bombeiros Voluntários de Campo de Ourique, mas sim a destreza demonstrada durante os primeiros treinos da sua formação profissional enquanto bombeiro.
A destreza, rapidez e à vontade férrea de provar que estava à altura do desafio, tudo junto, somado à impressionante agilidade com que atravessava telhados, trepava andaimes ou emaranhava pelas paredes fizeram-no ganhar o cognome de Tarzan.
Nos comentários que li nos grupos de Campo de Ourique, a quando da publicação da primeira parte desta carta, houve bombeiros a lembrar o grande trepador como se as coisas se tivessem passado ontem. Achei delicioso o carinho com que ainda é recordado nos Bombeiros de Campo de Ourique. Só quem é boa gente deixa um registo positivo por onde passa, eu acho.
Mas, voltando à entrevista, tratemos de esclarecer o que faz o Tarzan de Campo de Ourique. Conforme já tinha informado o senhor Vitor é aquilo a que se costuma chamar de um “faz-tudo”, mas o que é tudo? Foi essa a pergunta que lhe dirigi. Como resposta fiquei a saber que pode ajudar numa mudança, se faltar força de braços à transportadora, que é pintor, que coloca mosaicos e vários tipos de chão, que efetua trabalhos de pedreiro, aplicação de tijolo e rebocos, que trata de diversos problemas ligados à canalização, esgotos ou até de eletricidade.
Mas pode fazer mais, se alguém precisar de mandar algo pelo correio, se necessitar de levantar e transportar umas compras do supermercado ou da mercearia, de aviar uma receita, de ir buscar ou levar coisas à lavandaria e por aí fora, o amigo Vitor faz o serviço. Não tem preço, mas diz que é barato. É o que a pessoa puder e quiser pagar, foi o que eu entendi sobre o tema. Basta ligar para o 911 75 80 86 e combinar com o Vitor.
Aliás, a bicicleta só funciona quando não está a trabalhar ou quando a usa para fazer esse tipo de recados e isso durante o dia. Afinal, esse ímpeto de ciclista já celebrou vinte anos de atividade. É, segundo me afirmou, uma grande paixão, pedalar e ir deixando música por onde passa. A bicicleta só para por avaria ou nos períodos de dois ou três meses em que se encontra fora do país, em trabalho, enquanto trabalhador emigrante.
O Vitor emigrante já fez um pouco de tudo. Apanha de pimentos e outros vegetais, apanha de fruta, trabalho na indústria dos frangos e na construção civil. “- É o que vier, a gente não escolhe, é o que vier.” Afirma, quando interrogado e acrescenta: “- Nos últimos anos já estive em Maiorca, noutras partes de Espanha, em França, na Alemanha, em Itália, na Bélgica (já lhe disse que tenho 2 filhos em Antuérpia) e em Inglaterra, haja trabalho, e eu saiba, e lá vou eu.”
Agora, aos 58 anos, a bicicleta já lhe pesa nas pernas. A que usa foi ele que a arranjou. Foi um senhor, a quem fez umas pinturas na casa, que lhe a deu, avariada, mas recuperável. Porém, é muito pesada e as pernas ressentem-se. O atual autorrádio que usa não tem “pen drive” e atualmente só consegue usar o rádio.
Quando lhe perguntei como vai fazer para continuar ele sorriu e disse-me que ainda tem três sonhos na vida e que acredita que vai conseguir chegar a todos eles, porque tem fé, muita fé. Os sonhos do Vitor “Sarameco Tarzan” Rodrigues são simples e apenas três.
Primeiro: Arranjar uma bicicleta mais leve e se possível com mudanças.
Segundo: Arrumar um autorrádio que tenha entrada para colocar uma “pen drive”, que possa tocar muitas músicas de seguida (eu já lhe gravei uma “pen” com quase mil canções portuguesas).
Terceiro: Conseguir voltar a ter o amor e o carinho de uma mulher, que o queira como companheiro e a quem ele possa amar, para poder atravessar com ela a velhice, ou seja, o Vitor procura uma esposa.
“- Como o Gil sabe bem eu já não sou novo, nem para novo vou. É muito triste envelhecer sozinho, muito triste.”
Pois é, amiga Berta, desejos simples de uma pessoa simples, transparente e, no meu entender, pura, como a generalidade do nosso povo. Oxalá ele arranje a bicicleta e o rádio mais a companheira para o resto da vida. Oxalá. No rádio e na bicicleta talvez esta carta o possa ajudar, já no campo do amor... isso são contas de outro rosário. Espero que o Vitor tenha sorte nessas coisas do coração. E assim termino, com estes votos, a entrevista sobre o Sarameco Tarzan de Campo de Ourique. Com um beijo me despeço de ti, minha querida Berta, até à próxima carta, este teu amigo do coração,
Bem-vinda a “Imigrantes - parte II – E agora é assim...”. Esta carta atualizada da que te escrevi em 2020 e que não te pude enviar por estares incomunicável nos idos da pandemia, a 2 de outubro, continua a falar de migrantes, todavia, caríssima, se a primeira falou de emigrantes portugueses no estrangeiro deste os anos 60 do século passado, esta fala dos imigrantes, logicamente estrangeiros, em Portugal.
Antes de mais aproveito para te relembrar, doce confidente, que no início da década de 70, já lá vão 44 anos, o número de imigrantes no país era considerado nulo, devido a números muito pouco relevantes no país. É claro que sempre existiram estrangeiros a viver em Portugal, por exemplo, os Franceses têm uma escola em Lisboa desde finais do século XIX e o Liceu Francês Charles Lepierre existe na atual morada desde 1952, sob a alçada direta do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês.
Porém, foi depois do 25 de Abril de 1974 que as coisas se alteraram significativamente. Primeiro instalaram-se uma imensidão de consulados e embaixadas em Portugal, depois foi o regresso de meio milhão de retornados portugueses vindos das ex-colónias, muitos com uma mão atrás e outra à frente e, hoje em dia, amiguinha, no final do primeiro quartel do século XXI, já no próximo ano, deverão estar perto de chegar aos 2,5 milhões.
Em resumo, e para pôr as coisas em termos simples, estamos à beira de 2 em cada 10 residentes no país serem estrangeiros. Podemos dizer, minha querida, que o padrão se inverteu. Na verdade, a sua presença é já tão importante que, sem eles, a nossa Segurança Social já tinha implodido sem qualquer forma de salvação.
Contudo, não temos apenas um único tipo de imigrantes. Os atuais fluxos têm 4 origens distintas. Em primeiro lugar, minha amiga, temos os imigrantes originários da CPLP, ou seja, da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, em que o Brasil lidera. Cerca de metade destes emigrantes são pessoas de raça negra ou mestiços, tendo muitos destes um nível de instrução bastante limitada. A maioria vive junto das grandes cidades e dedica-se a trabalhos ligados à mão-de-obra indiferenciada.
Seguem-se, menina, os imigrantes vindos das ondas migratórias da atualidade, a que se juntam refugiados, exilados políticos e trabalhadores indiferenciados recrutados no estrangeiro como mão-de-obra barata. É gente de várias raças e etnias, ainda pouco adaptada à realidade em Portugal, com muito poucas condições de subsistência e de habitação. A exceção aqui são os ucranianos e mais alguns imigrantes de Leste, que possuem geralmente bons níveis técnicos ou mesmo universitários, e os brasileiros, das últimas levas de migração, o que pertencem à classe média ou alta.
Depois, caríssima, temos os comerciantes, muitos deles chineses, indianos e de outras proveniências, que se dedicam a serviços técnicos ou tecnológicos e ao comércio de bens e serviços, muitos deles importados através dos seus países de origem.
Por fim, Bertinha, temos os ricos e o pessoal qualificado, sendo que os primeiros vieram para Portugal por intermédio dos vistos Gold, e os outros se instalaram porque muitas grandes empresas internacionais abriram sucursais no nosso país, que neste momento é atrativo porque, mesmo os quadros de topo, são pagos abaixo das tabelas reais da Alemanha, do Reino Unido e de muitos outros países desenvolvidos, pelo que compensa trabalharem a partir de Portugal. Ainda neste grupo temos os que veem para Portugal estudar ao abrigo de programas de permuta internacional como o Erasmus.
A divisão que faço destes imigrantes em 4 grupos não é totalmente correta porque há outros motivos, origens e proveniências, ainda mais complexas e se que entrecruzam muitas vezes. Basta pensar que o Algarve, por exemplo, tem uma grande comunidade de estrangeiros reformados, que aqui residem de forma permanente, principalmente ingleses, porque o custo de vida por cá, lhes potencializa as pensões e reformas. Para além disso, amiga, é preciso não esquecer que, em comparação com o resto da Europa e outras partes do mundo, o clima ameno do país e a paz lusa ajudam muito.
De um momento para o outro, em Portugal, passámos de um país onde quase só viviam lusitanos para um país onde as culturas de mais de 130 países se misturam de uma forma já bem notória e acentuada. Na verdade, Berta, se a tudo isto juntarmos o turismo, e o seu crescimento astronómico, com a abertura de milhentos hotéis e alojamentos locais, etc., somos capazes de ter regularmente em terras lusas mais de 3 milhões de estrangeiros, ou seja, 3 em cada 10 habitantes, e isso nota-se imenso.
Ora, atualmente no seio do povo luso, cara companheira de desabafos, 2 em cada 3 portugueses é gente com mais de 60 anos. Tendo em conta esta realidade como é possível pedir aos lusitanos que se adaptem a uma mudança de hábitos e vizinhança tão rápida e radical? Não é de espantar que a população envelhecida se sinta invadida na privacidade e hábitos do seu quotidiano. Numa alteração tão abrupta do dia-a-dia os fenómenos do racismo, da xenofobia, da discriminação e muitos outros pululam e alastram como fogo em seara seca.
Seremos nós más pessoas porque nos tem custado, e muito nalguns casos, a fazer esta transição? Não, não somos. Também não somos mais racistas e xenófobos, ou seja lá o que for, do que o resto dos povos do planeta. Gente parva ou exagerada nos preconceitos existe em todo o mundo. Todavia, Berta, se derem tempo à população lusitana esta terá mais facilidade em se acostumar do que a maioria dos povos. Neste mundo global em que vivemos, o povo lusitano é dos mais tolerantes e adaptável. Deixem passar mais 20 anos e tudo terá voltado à normalidade. A única coisa que precisamos é de tempo e este não se vai acabar já amanhã. Por hoje é tudo, fica com um beijo amigo,
A um e dois de outubro de 2020, ainda durante o tempo em que estiveste incomunicável, minha querida, escrevi-te duas cartas seguidas, parte um e dois sobre imigração e emigração, temas que hoje em dia voltam a estar na moda. Essas cartas nunca chegaram até ti, por isso agora volto a enviar-tas, com a devida atualização, todavia, mantendo a ordem cronológica em que foram originariamente escritas, tentando manter-me fiel ao que já tinha escrito.
Portugal, durante grande parte da segunda metade do século XX foi um país de emigrantes. Era difícil viver condignamente, doce amiga, numa ditadura que se esforçava por manter o povo inculto, pobre, iletrado, sem grandes condições de saúde, com um muito limitado sistema de saneamento básico, num país onde as mulheres eram propriedade masculina, não podiam votar, nem podiam viajar sem autorização escrita dos pais ou dos maridos.
Na verdade, minha cara, nem sequer podiam ter opinião ou voto em matéria de propriedade, nem mesmo podiam votar, pese embora o facto de as eleições serem uma farsa até abril de 1974.
Lutando para sobreviver, no seio de um regime fascista o povo optou por emigrar. Em 1961, quando eu nasci, residiam em Portugal 9 milhões de pessoas. Dessas, Bertinha, 3 milhões não tinham a quarta classe.
Em apenas 9 anos, 500 mil portugueses emigraram. Ao chegarmos à década de 70, amiguinha, eramos apenas 8,5 milhões de residentes. Muita gente mudou de ares para o Brasil, Venezuela, Angola, Moçambique, Estados Unidos da América, e, em geral, para toda a Europa, com grande relevância da França, Suíça, Alemanha, Holanda e Luxemburgo, como destinos de eleição.
Os emigrantes a residir em Portugal rondavam os 27 mil estrangeiros e em 1970 eram já tão poucos que desapareceram das estatísticas. Uma vez no estrangeiro, os nossos emigrantes ocuparam-se, maioritariamente, dos trabalhos não qualificados, dos serviços menores ou da agricultura. O preconceito estrangeiro para com os portugueses era dominante e eramos considerados um povo de segunda categoria, minha querida.
A falta de cultura era deveras gritante e apenas 250 mil pessoas tinham o curso dos liceus completo e somente umas 50 mil possuíam uma licenciatura. Existiam 2,7 milhões de habitações, mas apenas 32% delas tinham banheira ou duche. Hoje existem quase 6 milhões e apenas 115 mil têm falta dessas condições, sendo a maioria habitações ilegais e improvisadas. A vida era dura no nosso país para os portugueses, minha cara confidente.
Hoje, amiga, calcula-se que Portugal ultrapasse os 3 milhões de emigrantes. Embora atualmente Portugal exporte, contrariamente ao passado, uma população qualificada.
A explicação para serem tantos emigrantes é simples. Quem saiu instalou-se e criou raízes lá fora, poucos decidiram voltar porque ganham lá fora quase o dobro, e nalguns casos mais, pelo mesmo serviço, do que aqui. Ora, é fácil de entender, minha querida, porque se dizia que o povo português não era racista, nem xenófobo, nem nada dessas coisas agora tão em voga. Eramos nós quem vivia na mó de baixo e afinal, nem tínhamos imigração que nos incomodasse fosse porque razão fosse.
A primeira vez em que o povo português se sentiu seriamente invadido e em que o preconceito pareceu existir como um facto problemático foi, amiguinha, quando, após a independência das nossas ex-colónias, recebemos, em poucos anos, meio milhão de retornados.
A vida em Portugal melhorou muito nos últimos 50 anos. Mas o povo tem memória curta. Bastam meia dúzia de anos para darem como direito absoluto o que levaram décadas a conquistar. A educação e um outro nível de vida também os ajudou a ver a realidade de outra maneira e a exigirem mais. É normal. Todavia, agora, a história é outra porque a vida é assim... falarei sobre ela já na próxima carta, na segunda parte deste tema. Por hoje, Berta, recebe um beijo de despedida deste teu eterno amigo,
Espero que tudo se mantenha de acordo com as tuas expetativas para estas festas. Eu ando um pouco atrapalhado com a promessa que te fiz de, entre o Natal e o Ano Novo, não te escrever a fazer críticas, ou a deitar abaixo, algumas das coisas que menos me agradam no nosso mundo.
É engraçado verificar que é mais fácil ser critico que que positivo e portador de boas novas no que à escrita diz respeito. Estava aqui a pensar sobre o que haveria de colocar nesta carta, para ti, quando o meu olhar caiu sobre um busto que tenho no cimo da estante, a cerca de um metro do monitor do computador.
É uma reprodução, em gesso, da Flor Agreste, uma obra de António Soares dos Reis, um dos mais consagrados e apreciados escultores mundiais dos finais do século XIX, um homem nascido em Vila Nova de Gaia, que estagiou e completou a sua formação em Paris e depois em Roma, onde era considerado um génio no mundo da escultura entre os críticos da especialidade e os seus pares.
As saudades do seu Portugal fizeram-no regressar a Lisboa depois de ter esculpido em mármore de carrara a magistral estátua de “O Desterrado”, como a sua obra final de primeiro pensionista (o programa Erasmus da época) da Escola de Belas Artes do Porto em Paris e Roma.
Aliás, “O Desterrado” é a primeira escultura no mundo a aludir especificamente à condição triste de um emigrante, desenraizado do seu povo e da sua terra, algures no estrangeiro, longe da sua pátria onde foi feliz. É peça representativa de um jovem nu, em tamanho natural, sentado num rochedo, olhando um mar metafórico que nos leva a entender a solidão, a melancolia e a saudade de quem se sente inadaptado no estrangeiro, embora aí tenha que viver, para se poder formar na profissão que abraçou, por força do seu talento ímpar.
O regresso a Portugal não foi, muito longe disso, minha querida amiga, o paraíso esperado. Na zona do grande Porto, onde residia, quase que apenas lhe chegavam encomendas de estatuária póstuma para cemitérios e trabalhos para ricaços empertigados, muitos dos quais se negou a efetuar, mas foi a sua recusa para mudar o rosto da Virgem, que tinha esculpido para a Igreja de Nossa Senhora da Vitória, no Porto, e a derrota no concurso para o Monumento dos Restauradores, em Lisboa, que mais o marcaram.
Fez em 16 de fevereiro de 2019 precisamente 130 anos que o Mestre Escultor Soares dos Reis se suicidou. Era um homem ainda novo. Deixou, contudo, uma explicação, muito clara, embora enigmática, por escrito:“Sou cristão, porém, nestas condições, a vida para mim é insuportável. Peço perdão a quem ofendi injustamente, mas não perdoo a quem me fez mal.”
O maior nome da Escultura Nacional, segundo muitos dos especialistas, da fase de transição entre o Romantismo e o Realismo, ceifou a sua própria vida, com 2 tiros de pistola, na cabeça, aos 41 anos de idade. Portugal perdeu, nessa altura, um dos seus maiores génios de sempre no que às Belas Artes diz respeito. Considerado um dos grandes, melhores e mais geniais escultores do mundo no seu tempo, morreu com apenas 22 anos de carreira, a sentir-se novamente e em absoluto, “O Desterrado” na sua própria pátria.
Soares dos Reis é também o autor da estátua em bronze de Dom Afonso Henriques, o nosso fundador, entre as inúmeras obras que produziu em pouco mais de 2 décadas de carreira atribulada. Foi o primeiro escultor a esculpir a Saudade em estátua. Criou o busto feminino, que te referi no início da carta, da Flor Agreste, um rosto belo, jovem, mas vindo do povo, não composto segundo as modas da época, ou o modelo não tivesse sido uma carvoeira vizinha do escultor. Sempre irreverente, mas sempre genial.
Deixo-lhe a minha modesta homenagem:
“ARTE”
Arte...
Harmonia do Tempo,
Em cada tempo...
Reflexo cultural
Semigenérico
Que só alguns dotados
Conseguem realmente apresentar...
Arte...
Porque qualquer de nós tem
Por dever:
Compreender, amar, saber sentir...
A estética é bela,
“Fenixiana” pura
E a Arte
É o sentir representado
Da harmonia estética do mundo,
De fénixes mil por cada tema:
Reflexos de nós
E nada mais!...
Séculos há
Em que a Fénix se propaga...
A espécie ganha força,
Gera frutos,
Num movimento imenso:
Universal!!!
No vigésimo primeiro século da História
Uma outra ave nasce...
É de rapina e tem uma palavra nova
Para a explicar:
“Artítese”!
Um monstro deformado,
Devorador de Fénixes,
O Anticristo
Da Ordem dos Dotados Criadores!...
Rareia,
Agora, a Fénix na Terra
E todos temem,
Tremem, mas não falam!...
A “Artítese”
Proclama-se de Fénix
E diz renascer da anterior...
Tem falta de harmonia,
Foge à estética
E só ao medíocre dá aval!...
Artistas, criadores,
Deste planeta,
Património de toda a Humanidade,
Ajudem-me a matar o predador!
É necessário
Tentar salvar a Fénix!!
Despeço-me com este poema, recebe um beijo, deste teu amigo de sempre,