Este blog inclui os meus 4 blogs anteriores: alegadamente - Carta à Berta / plectro - Desabafos de um Vagabundo / gilcartoon - Miga, a Formiga / estro - A Minha Poesia. Para evitar problemas o conteúdo é apenas alegadamente
correto.
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No rescaldo destas eleições ouvi, em quase todas as televisões, serem tiradas conclusões que me deixaram abismado. Parece que os analistas políticos, em vez de se preocuparem apenas em fazer um trabalho sério sobre os resultados eleitorais, apenas lhes interessa promover aquilo que está na moda ou o que parece ser uma nova onda ou uma vertente de onde podem vir a tirar frutos no futuro (isto, para não dizer que muitos aparentam estar não ao serviço da análise política, mas de outros interesses menos claros, os quais são pagos para promover).
Para que entendas o que eu quero dizer dou apenas, a título ilustrativo, dois exemplos claros. O primeiro tem a ver com a análise ao resultado de João Ferreira, candidato apoiado pelo Partido Os Verdes e pelo Partido Comunista Português, o qual, na generalidade das análises, pese embora o facto de ter ficado precisamente no meio das preferências nacionais, é apelidado de ser um dos grandes derrotados destas presidenciais.
Ora, não entendo como se consegue tirar essa conclusão. O terceiro lugar de João Ferreira no Alentejo, não é mais demonstrativo do enfraquecimento do PCP do que do PS. Mais, os comunistas sobem, relativamente às anteriores presidenciais quatro décimas em número de votos no país. Como pode uma subida ser uma derrota? Logo depois, nas legislativas os verdes e os comunistas conseguiram mais de 6,4% dos votos, fazendo eleger 12 deputados, ou seja, mantendo as proporções, o PEV-PCP deverá fazer eleger nas próximas legislativas 14 deputados. Isso é mau? Sinceramente não consigo entender, a não ser pela vontade oculta de deitar abaixo os comunistas.
O outro exemplo é o do candidato da IL que é dado como um dos grandes vencedores da noite. A coisa é tão ridícula, para quem ficou em penúltimo lugar que me deixa parvo. O argumento de que a Iniciativa Liberal triplicou os seus votos é, na melhor das hipóteses, uma falácia. Nestas eleições apenas concorreram 7 candidatos, nas legislativas concorrem 20 a 25 forças políticas. Um cenário completamente diferente. Pior ainda se repararmos que um partido com representação parlamentar apenas conseguiu mais 11.684 do que o Tino de Rans. Este sim, devia estar feliz pois o seu partido, o RIR, subiu de 34, 637 nas últimas legislativas para 122,743 agora, quase quadruplicando a votação.
Enfim, minha querida Berta, com isso se conclui, pois podia dar muito mais exemplos, que há uma intensão geral dos analistas em deitar abaixo a esquerda e promover os novos partidos da direita. Dizer o quê? É a nova moda pós-geringonça. Despede-se este teu amigo de sempre, com um imenso chi-coração,
Hoje é dia de reflexão. É algo que não existe nas outras democracias, mas que nós possuímos. Um dia consagrado nas leis eleitorais do nosso país para que o povo possa refletir em paz, aproveitando este ano, ainda mais, porque o confinamento pode ajudar o pensamento a atingir profundidades especiais e muito úteis neste momento atual.
Mas sobre o que vamos nós refletir? Será que o pensamento nos foge para os números galopantes da pandemia em Portugal? Sim, porque 274 mortos por Covid-19, num único dia neste país é uma barbaridade absoluta. Isso e o funesto número de 10.194 óbitos em terras lusas deste o início da pandemia. Pela primeira vez temos a certeza que, pelo coronavírus, acabamos de perder uma décima do total da população nacional. Assim sendo, com menos 0,1% dos portugueses entre os vivos, começa a ser palpável a mossa que a pandemia tem feito no país.
Iremos refletir se amanhã vamos ou não votar? Claro que votar é um dever cívico, mas confinar é já uma obrigação. Valerá a pena correr o risco? Eu, que por motivos pessoais confino há mais de um ano, acho que sim. Mesmo sendo um cidadão de risco vou ás urnas deixar a minha opinião. Todavia, isso sou eu, nem todos pensarão da mesma forma e com toda a razão e legitimidade, precisamente igual à minha que, ainda assim, me faz sair de casa.
Será que vamos refletir sobre se temos ou não cumprido com sensatez as regras do Estado de Emergência e deste último confinamento? Ou iremos mesmo refletir em qual dos 7 candidatos vamos votar?
No meu entender, minha querida Berta, devemos refletir sobre tudo o que já referi. Também acho que devemos mesmo ir votar. Mas entendo perfeitamente as alegações e os motivos de quem assim não pensa. A atual situação presta-se a todo um imenso e vasto campo de pensamentos contraditórios, onde dever, obrigação, medo e revolta têm lugar numa tribuna muito especial. O que posso pedir a cada um é que reflita primeiro e decida depois.
Com estas palavras se despede por hoje este teu amigo, até amanhã, dia de eleições e que não tenhamos surpresas desagradáveis. Já bastam as que nos têm invadindo as casas pelas notícias deste quotidiano sinistro e muito sombrio em tempos de frio e pandemia. Recebe um beijo, do mesmo de sempre,
André Ventura é o sétimo e último candidato às Eleições para Presidente da República de que te vou falar. Como tenho feito até aqui, nestas cartas que te escrevo, aquilo a que refiro nada mais é do que o que eu penso sobre cada candidato.
Eu vou tendo em conta o que deles li e ouvi na comunicação social, seja pelas entrevistas a cada candidato, seja pelo que deles foi dito pelos diferentes comentadores ou, ainda, o que retiro das notícias sobre eles publicadas, escritas na imprensa, faladas na rádio ou transmitidas pela televisão, seja qual for o canal.
Digo isto porque, pessoalmente, abomino André Ventura e tudo aquilo que ele representa. Gosto, quando assim é, de deixar claro o que me vai na alma, antes de me pôr a falar da pessoa em causa. O facto de apresentar a minha opinião não faz dela uma realidade de facto, embora seja baseada em factos do domínio público.
Por isso é que tudo o que te escrevo nestas cartas pertence ao campo restrito do alegadamente, pela forma como as coisas são narradas pelo meu próprio processo interpretativo. Se apresento este preambulo é porque com este menino… nunca fiando, e mais vale prevenir do que remediar.
André Ventura vem dos subúrbios de Lisboa, nomeadamente da Freguesia de Algueirão/Mem Martins, do Concelho de Sintra, onde nasceu há 38 anos atrás. Vem de um perímetro repleto de migrantes que, por não se poderem instalar diretamente na capital foram, a pouco e pouco, povoando e sobrelotando a periferia e arrabaldes de Lisboa.
O negócio do pai, uma loja de bicicletas, e o trabalho de empregada de escritório da mãe, foram suficientes para conseguir pagar-lhe os estudos até ao secundário e, mais tarde, a universidade.
Para fugir à influência do berço, já com 14 anos de idade cumpridos, tornou-se católico, batizou-se, fez o crisma e ingressou no “Seminário de Penafirme” no Concelho de Torres Vedras para seguir uma suposta vocação religiosa que seria rapidamente interrompida porque, segundo alega, se apaixonou no entretanto.
Fez o curso de direito na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, onde se formou com 19 valores (prova de que de burro nada tem o mestre André). E, mais tarde defendeu, já em 2013, a tese de doutoramento em Direito Público pela Faculdade de Direito da Universidade de Cork, na Irlanda, financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, na qual criticou o "populismo penal" e "estigmatização de minorias", revelando preocupação com a "expansão dos poderes policiais”.
Poderás pensar, amiga Berta, que estou a inventar, mas não. O André Ventura de há oito anos atrás tinha sérias preocupações com as minorias marginalizadas e com o aumento notório do poder policial. Todavia, tal como o amor o fez desistir de ser padre, também a ambição lhe toldou as ideias e os ideais.
Na sua passagem pelo ensino superior acabaria por lecionar na Universidade Autónoma de Lisboa, de 2013 até 2019, e na Universidade Nova de Lisboa, de 2016 até 2018. Foi comentador desportivo na CMTV entre 2013 e 2019, até ser dispensado da função pela administração da Cofina. Durante 2018 e 2019 foi ainda consultor de uma sociedade de advogados e depois da empresa Finpartner, entre 2019 e 2020.
No campo partidário militou uns anos pelo PSD e foi candidato, pelo partido, à Presidência da Câmara de Loures contra o então Presidente, o comunista Bernardino Soares, em 2017.
Foi a partir daqui que André Ventura descobriu a sua vocação de troca-tintas ao manifestar algumas das suas ideias sobre aquilo a que apelidou de “povos ciganos”. No entanto, já no ano anterior, também gerara alguma polémica no seio do PSD ao defender publicamente "a redução drástica da presença islâmica na União Europeia”.
Em abril de 2019 fundou o CHEGA e com ele, pelo círculo de Lisboa, conseguiu ser eleito Deputado da Assembleia da República. Na época dizia que o seu partido defendia ideias"liberais economicamente, nacionalistas culturalmente e conservadoras em questões de costumes”. Aliás, não teve qualquer problema em ir adaptando a filosofia programática do seu partido de forma a congregar descontentes.
Descontentes e, acrescente-se, gente da direita radical, muita dela órfã de uma ditadura finda há quase meio século, e que lhe poderiam permitir criar um nicho político com elevado potencial de crescimento, bem à medida das suas ambições.
Muitas foram as polémicas a envolver André Ventura. Os setores foram variando entre a islamofobia, o preconceito étnico, a homofobia escondida em valores conservadores, o machismo, a xenofobia e o racismo, conforme ia dando jeito à angariação de simpatizantes e militantes do seu partido heterógeno, neofascista e disfuncional.
No meu entender, André Ventura, não acredita em nada do que defende ou diz defender. Ele ruma ao sabor da maré na busca fácil do populismo e do protagonismo político. O narcisismo e o egoísmo são as suas verdadeiras convicções.
A tarimba de comentador desenvolveu-lhe um diálogo fácil de quem, sem responder ao que lhe é perguntado contra-ataca com afirmações ou questões que têm por objetivo único irritar e tirar discernimento aos adversários.
Esperto, inteligente, ambicioso e sem princípios morais que não lhe advenham do umbigo. É assim que eu vejo este Ventura que, um dia, fruto destas mesmas “qualidades” poderá, por fim, cair em desventura, desde que os adversários nunca o menosprezem.
Por hoje é tudo, amiga Berta, vou beber uns sais de fruto, pois que escrever sobre este individuo me dá uma tremenda azia. Despede-se este teu amigo com um beijo de até amanhã,
O sexto e penúltimo candidato à eleição para a Presidência da República de que te falarei hoje é Vitorino Silva, vulgo Tino de Rans, o candidato do povo, com o povo e para o povo. Ele que já é presidente do seu próprio partido, o RIR (Reagir, Incluir e Reciclar), o partido de um homem que afirma precisar tanto da perna direita como da esquerda para poder andar, um partido, efetivamente, de um homem simples, modesto e franco.
O Tino, que pede aos portugueses que votem e que votem com Tino, já nada tem a ver com o parolo calceteiro que um dia ganhou visibilidade ao participar nos “reality shows” “Quinta das Celebridades” em 2005, e “Big Brother VIP”, em 2011, na televisão, ou que fez levantar António Guterres da cadeira, no remoto ano de 1999, num Congresso do Partido Socialista, para o ir abraçar ao púlpito onde tinha acabado de botar discurso, ou até aquele que foi eleito Presidente da Junta de Freguesia de Rans, Concelho de Penafiel, em 1993 e 1997.
Vitorino Silva cresceu como homem, ganhou status, cultura e presença, sem perder o seu típico ar popular, a sua genuína ligação às metáforas simples, na transmissão das ideias e pensamentos sobre a forma como vê o mundo e o poder em Portugal. Os diamantes em bruto às vezes dão pedras de enorme valor quando não se espera grande coisa deles, a magia da transformação está na transmutação da pedra em joia. Uma arte que poucos trabalham com mestria.
Lembro-me que, sem o Professor Joaquim Magalhães, António Aleixo nunca teria sido conhecido de ninguém, nem a beleza da sua simples e sábia poesia popular teria alcançado fama e glória e perpetuado a memória do homem para além da sua própria vida. É precisamente isso que eu acho que falta a Tino de Rans.
Tino precisa de um especialista em transformar pedras em joias, um alguém que ajude o calceteiro a passar de um lapidador em bruto cheio de potencial e valor num perito da joalharia nacional. Afinal, não foi à toa que Vitorino Silva transformou o ingénuo personagem com que se deu a conhecer na televisão num homem que, sendo calceteiro, já conseguiu dar à filha um curso universitário, ser Presidente de uma Junta de Freguesia pelo PS por dois mandatos e, também por duas vezes, o que é obra, angariar 7.500 assinaturas para ser candidato, por direito próprio, a Presidente da República Portuguesa.
Até levou a cabo a hercúlea tarefa de fundar e legalizar um partido político, o que na Lusitânia não é obra fácil de concretizar. Tenacidade, perseverança, simplicidade, honestidade, trabalho, persistência, resistência contra a ostracização e muita luta, são caraterísticas fáceis de lhe reconhecer. A metáfora das pedras coloridas da praia e a sua oferta ao outro candidato com quem debatia, aludindo a que Portugal tem no seu povo gente de todas as raças e etnias, fez furor no país e pôs na ordem o seu opositor.
Concluía nesse debate, o senhor Vitorino Silva, com a sua metáfora, que a ser Presidente o seria de todos os Portugueses. E concluía bem, pois obrigou o opositor a reconhecer que isso era algo que jamais conseguiria fazer, por ter de excluir muita gente, logo à partida, devido ao seu apertado crivo na escolha e seleção daquilo que considerava ser gente de bem.
Tino de Rans, já fez um filho(a), já plantou uma árvore e já escreveu um livro (uma autobiografia “A… Corda p’rá Vida”, com prefácio do Bispo Dom Manuel Martins), que diabo, até já editou um disco, o “Tinomania”, onde se incluía a música de sucesso "Pão, Pão Fiambre, Fiambre”. Não precisa de muito mais para ser uma pessoa que será lembrada na história da sua terra natal, quer como um lutador quer como um verdadeiro vencedor, independentemente de a onde este homem de 49 anos possa ainda vir a chegar.
Vitorino Silva é alguém fascinante. Um português do povo que nunca quis ser populista e que ganhou a simpatia e admiração do país. É com um sorriso na alma que me despeço, querida Berta. Amanhã termino esta série de cartas sobre os candidatos à Presidência da Républica Portuguesa. Recebe um chi-coração deste que sempre te recorda na alma,
Eis-nos chegados ao quinto candidato às Eleições para Presidente da República Portuguesa em 2021, aquele que vem de uma esquerda bem demarcada, o Partido Comunista Português, também apoiado pelos Verdes e que dá pelo nome de João Ferreira. Trata-se de um candidato alfacinha, casado, com dois filhos, comunista convicto que integrou as hostes vermelhas aos 16 anos, através da JCP. Licenciado em Biologia, deputado europeu desde 2009 e vereador, sem pelouro da Câmara Municipal de Lisboa, desde 2013.
Entre todos os candidatos nesta corrida presidencial ele é, de longe, o mais reservado. Evita, contorna e foge de assuntos relacionados com a sua vida privada, mantendo a família protegida à exposição mediática a que se encontra sujeito. Todavia, este concorrente não é apenas reservado e, até mesmo dentro do seu partido, de que é membro do Comité Central, ele é considerado por demais alguém muito concentrado, sério, austero e ponderado.
Os apoios que tem recebido de franjas não comunistas são por si só uma surpresa quase que inesperada. Com efeito ainda no passado dia 11 de janeiro uma lista de personalidades de Coimbra, encabeçada por muitos dos históricos militantes do Partido Socialista, se manifestou em apoio à sua candidatura. Mas os casos sucedem-se noutras áreas e noutros Distritos.
São várias as vozes que se ouvem a realçar que este João não tem telhados de vidro, nem qualquer esqueleto no armário. Por exemplo, Sílvia Vasconcelos, médica veterinária e coordenadora regional do Movimento Democrático das Mulheres, escreve exatamente isso num artigo de opinião no Jornal Económico, onde manifesta publicamente o seu apoio ao candidato.
João Ferreira afirma-se 100% democrata e um paladino na defesa da Constituição da República Portuguesa. Esclarece frontalmente, sem problema, que a sua visão comunista do mundo nada tem a ver com as distorções históricas do comunismo, como as que existiram no passado, ou como algumas que ainda se mantém em certos países ditos comunistas. Aliás, afirma ser contra qualquer tipo de ditadura, incluindo a do proletariado.
Ora, uma afirmação assim tão clara, para quem faz parte do Comité Central do PCP, é realmente uma novidade assinalável e com um relevo que ganha uma importância maior por ser apontado como o provável próximo líder máximo do seu partido. Não admira por isso o apoio expresso e público que tem de mais de cem personalidades da vida e da sociedade portuguesa, gente de todas as áreas das artes, à ciência da educação ao desporto, onde se incluem vários dos atuais deputados do Partido Socialista e alguns dos autarcas do PS em lisboa como é o caso da vereadora Paula Cristina Marques.
É por tudo isto que considero João Ferreira um candidato frontal, que diz ao que vem, sério e ponderado, pronto a enfrentar qualquer desafio, com uma visão de esquerda europeia bem diferente daquela que era a forma de estar de outros candidatos comunistas do passado. Para ele um Presidente da Républica só tem de defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa. Se o fizer não existirão extremismos nem de esquerda nem de direita, os direitos humanos serão todos cumpridos, a liberdade jamais será ameaçada e o caminho contra a desigualdade será assegurado, bem como o acesso à saúde, à habitação e ao trabalho.
Por hoje fico-me por aqui, minha querida Berta. Obrigado pelo apoio que me tens dado nestas cartas, que muito me tem agradado. É bom saber que somos lidos e apreciados por quem por nós tem consideração e estima. Despede-se carinhosamente este teu amigo, com um beijo de até à próxima,
Hoje vou falar-te da quarta candidata à Presidência da República, nestas Eleições Presidenciais de 2021, a ex-diplomata, embaixadora e antiga eurodeputada pelo Partido Socialista, Ana Gomes. Nasceu, antes dos idos de março, em Estremoz, no ano de 1954, há quase 67 anos atrás.
Embora muitas vezes alcunhada de peixeira e recentemente de cigana (por outro concorrente à Presidência da República), muito pela forma firme e veemente com que defende (e sempre defendeu) as causas pelas quais luta, Ana Gomes é considerada, diria que mundialmente, uma verdadeira dama.
Aliás, ela é Dama da Ordem da Bandeira da Hungria, Dama da Ordem da Fénix da Grécia, Dama da Ordem do Mérito da República Italiana, Oficial da Ordem do Mérito Civil e Militar de Adolfo de Nassau do Luxemburgo, Dama da Ordem do Mérito do Congo, recebeu a Condecoração de Honra em Ouro da Grande Condecoração de Honra por Serviços à República da Áustria, é Comendadora da Ordem de Leopoldo II da Bélgica, ostenta a Ordem Soberana e Militar de Malta e Cruz da Ordem Pro Mérito Melitensi da Ordem Soberana e Militar Hospitalária de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta, é Oficial da Ordem do Dannebrog da Dinamarca, Dama da Ordem do Falcão da Islândia, para além de Tenente Honorária da Real Ordem Vitoriana da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, foi ainda agraciada com a Quarta Classe da Ordem do Mérito do Egito, e a Insígnia da Ordem de Timor-Leste, porém, como se não fossem honras suficientes foi ainda galardoada em Portugal com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo, sendo também Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e, para finalizar, Comendadora da Ordem do Mérito de Portugal. Só em distinções quase que cansa ler-lhe o mérito e o reconhecimento quer nacional quer internacional.
Na verdade, não conheço mais nenhuma mulher, no nosso país, com tão elevado número de distinções e tamanho reconhecimento mundial da sua pessoa. De todo o perfil de Ana Maria Rosa Martins Gomes, é esta entrega à luta por uma causa o que mais me impressiona. Não me interessa saber se foi membro do MRPP entre 1975 e 1976, se foi casada duas vezes ou se usa ou não usa batom. Importa-me sim, e muito, saber que a mulher e jurista Ana Gomes, luta de todas as formas que conhece pelas causas em que acredita, seja contra a corrupção, seja pelos direitos humanos, seja pelo que for.
Diz-se que Amália Rodrigues era a Rainha do Fado, pois bem, a meu ver, Ana Gomes é a Rainha das Causas. Podemos concordar ou não com ela, mas é impossível tirar-lhe o trono. Se fosse homem teria sido agradecida com outro respeito, reconhecimento e dignidade.
Afinal, quem tem provas dadas não precisa de se pôr em bicos dos pés. Com isto termino, minha querida Berta, esta abordagem de hoje. Despede-se com um beijo de amizade e muito carinho, este teu grande amigo,
Marisa Matias é a candidata que se segue na contagem decrescente, da minha análise aos proponentes, desta próxima eleição presidencial. Sendo a terceira pessoa a ser apresentada numa escala aleatória dos candidatos.
Marisa é, entre todos os sete intervenientes, a candidata do mérito. Não importa sequer que os seus nomes do meio sejam Isabel dos Santos, pois isso apenas representa uma curiosidade, nada mais. Aliás, apenas prova que não é o nome que trás dinheiro, como que por arrasto. O mérito de Marisa Matias vem desde a infância.
Sendo natural de Coimbra, onde nasceu, é de Alcouce, no Concelho de Condeixa-a-Nova, que lhe veem as origens. Uma aldeia que conhecia como a palma das suas mãos. Fazia diariamente quase meia dúzia de quilómetros de marcha para chegar à escola e, ao regressar ajudava os progenitores na agricultura e no pastoreio do gado.
Aos 16 anos entrou na vida ativa para poder continuar a estudar, apoiando em simultâneo o equilíbrio do orçamento familiar. Fez limpezas, serviu à mesa, pintou a manta e aos 22 anos foi a primeira pessoa da família a conseguir uma licenciatura. De fevereiro de 1976 até 1998 não foram anos fáceis, porém, uma vez aí chegada, acabou por dar o seu primeiro grande salto: Tinha o curso superior de Sociologia. A primeira grande batalha estava ganha.
Porém, em 2009 é com o título: "A natureza farta de nós? Saúde, ambiente e novas formas de cidadania" que apresenta a sua tese de doutoramento, concluída, com louvor e distinção, na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, sob orientação de João Arriscado Nunes, cinco anos depois de ter aderido ao Bloco de Esquerda. Mantendo o ritmo apertado na sua corrida de obstáculos onde a cada novo salto tentava alcançar um novo objetivo.
Os últimos 12 anos da vida de Marisa Matias são mais conhecidos e, para trás ficaram os seus anos de professora do secundário ou de investigadora assistente no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Desde 2009 até aos dias de hoje que construiu um currículo vastíssimo no Parlamento Europeu, enquanto eurodeputada eleita em representação do Bloco de Esquerda. Para além disso detém a honra de ser a mulher mais votada para a Presidência da República Portuguesa, votação ocorrida em janeiro de 2016, atingindo quase meio milhão de votos.
Vale a pena, para os mais interessados, consultar o site https://www.marisa2021.pt/biografia, para se inteirarem do seu papel enquanto eurodeputada. Contudo, uma coisa é certa, Marisa Matias é, sem qualquer dúvida, a candidata do mérito, do brio e do profissionalismo e não é a cor do seu batom que, por certo, a determina enquanto pessoa, mas sim as causas, as lutas e o seu trabalho notável.
Durante esta investigação, amiga Berta, o meu respeito por Marisa Matias foi elevado a níveis onde nunca pensei chegar. A determinação de alguém ainda consegue, neste nosso país, embora raramente, vencer sobre a cunha e o compadrio. Com esta afirmação me despeço por hoje. Fica bem e até amanhã. Recebe um beijo deste teu eterno amigo que não te esquece,
Hoje venho falar de Tiago Mayan Gonçalves, um homem de 43 anos, nascido no Porto, filho de pais licenciados em Engenharia Química, apoiante de Rui Moreira para a Câmara Municipal do Porto e foi, pelo movimento independente “Porto, o nosso Partido”, eleito membro suplente da Assembleia de Freguesia da União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde nas eleições autárquicas de 2017, ex-PSD, e um dos fundadores do partido liberal, fruto das suas origens numa classe média de bem-estar.
Sem nada que o comprove arrisco-me a dizer, alegadamente, que o Tiago Pedro de Sousa (os três primeiros nomes de Mayan Gonçalves), é filho único, solteirão, vaidoso, machista, com um tique para o pedantismo e amante de um protagonismo para o qual lhe falta o dom da palavra. Ele que se assume como um homem do Norte, é o protótipo estereotipado de quem nasceu depois de abril de 74, no seio de uma família com posses. Diz dominar 7 línguas, mas na realidade só se sente à vontade no inglês, para além da sua língua nativa que enrola com facilidade.
Já na vela deve realmente ter conhecimentos, já que começou a praticá-la aos 12 anos, como muitos dos filhos queques da burguesia nortenha da altura. Porém, na minha modesta opinião, este Tiago Pedro vai de vela e em nada me admiro se terminar em último lugar na corrida à presidência.
Quanto ao perfil moral, à honestidade e à honra tenho muitas dúvidas sobre a firmeza destas qualidades. Apanhei, por diversas vezes, o Tiaguinho a mentir descaradamente aos outros candidatos nos debates televisivos, em detalhes que os outros desconheciam. Pior, verificado o desconhecimento, usou as mentiras para apontar falhas ao Governo e ao atual Presidente.
Dou um exemplo: apontou, em quase todos os confrontos com os adversários, o facto de Portugal estar destacado em primeiro lugar na Europa e no mundo como um dos países onde os óbitos não-covid foram mais elevados. Uma mentira descarada. Passei algumas horas a verificar os elementos, os dados, as fontes e os gráficos dos sites internacionais onde se fazem esses estudos comparativos, e nunca, nem nas tabelas semanais, desde março de 2020, Portugal encabeçou essa lista funesta. Fazer uso de mortes a mais para se autopromover não é apenas macabro, demonstra, isso sim, falta de brio e de caráter.
Mas basta de falar sobre aquele que, no meu entender, chegará na cauda desta corrida presidencial. De mim, ele não merece nem mais uma palavra. Despede-se este teu amigo sempre ao dispor, querida Berta, com um forte abraço,
Hoje, respondendo ao teu pedido, vou iniciar as sete cartas sobre os sete candidatos a Presidente da República Portuguesa. Porém, como tu és uma pessoa devidamente informada, culta e a par da política, decidi, se não vires inconveniente, falar mais naquilo que penso dos candidatos do que propriamente do seu posicionamento político e ideológico. Vou começar a primeira carta pelo vencedor óbvio e antecipado, ou seja, o atual Presidente, o Professor e ex-comentador Marcelo Rebelo de Sousa.
Marcelo Rebelo de Sousa é, ao contrário do que possa parecer, um homem vaidoso, egocêntrico e algo mesmo narcisista. Nada de muito grave, se nos lembrarmos do anúncio “se eu não gostar de mim, quem gostará?”
Na verdade, Marcelo gosta da sua pessoa. Adora ser o centro das atenções e delira com o protagonismo. A sua matriz de centro-direita é sincera, não engana e sobre ela não há que ter dúvidas, contudo, mais do que a inspiração política, ele adora ser popular.
Pode até não ter tanto afeto como parece demonstrar, mas, sendo essa atitude que o torna próximo e querido do povo, isso irá até ao fim do mandato sobrepor-se às ideologias, ao narcisismo ou a qualquer outro defeito que se lhe possa encontrar. Marcelo, tudo fará para ficar na história desta república como o mais querido e popular dos presidentes.
Sobre isso não tenhas dúvidas, minha querida Berta. Ora essa circunstância não é de somenos importância. A conquista e a perseguição do cognome de “O Adorado”, torná-lo-á, até ao fim do segundo mandato, um elemento de ponderação, estabilidade e apoio governativo, seja qual for a composição política do governo no poder.
Não evitará de, aqui ou ali, tentar deixar uma marca das suas raízes partidárias, mas apenas como sublinhado de quem não vira a casaca. Por tudo isto ele é o homem ideal, no lugar certo, no momento exato, defeitos à parte, pois todos os temos, um verdadeiro Senhor.
Chego assim ao fim desta primeira análise. Amanhã será a vez de outro candidato. Despede-se este teu amigo, com um beijo virtual de saudades bem reais,