Carta à Berta nº. 376: Pensões 2025
Olá Berta,
Há 4 anos, quando te escrevi esta Carta em tempos de pandemia, o PS defendia a revalorização anual das pensões mais baixas, acima dos valores da inflação. Aliás, esta foi uma política que tivera início no ano anterior permitindo que quem ganhava menos na aposentação visse valorizada a sua reforma e pudesse ter esperança em dias melhores. Aproveitando o facto de nunca te ter enviado a carta, devido à pandemia, aproveitei para o fazer agora, com a devida atualização.
Com efeito, os tempos são outros, e neste momento a direita, no Governo, apenas pretende fazer atualizações consoante o valor da inflação, bonificadas pontualmente sempre que a situação económica o justifique. A diferença é que estes ajustes não ficam vinculados aos aumentos dos pensionistas e não permitem uma verdadeira valorização das pensões. Não gosto de falar de política, porém, impõe-se um esclarecimento:
Ora, o PS pretende que o aumento a fazer aos pensionistas fique efetivamente vinculado de modo permanente na atualização e isto para quem tem pagamentos mensais de reforma inferiores a 1.565 euros, mais coisa menos coisa, e procura ainda que o valor seja atualizado cerca de 1,5% acima do proposto pela AD que apenas pretende subir em 3,01% as pensões mais baixas e abaixo dos 800 euros, o que não permitiria qualquer valorização extraordinária aos pensionistas em 2025.
A diferença entre as propostas é imensa, no caso da proposta do PS um casal de pensionistas que receba, por exemplo, cerca de 1.910 euros (digamos 1260 euros um e 650 euros o outro), passaria a receber cerca de mais 90 euros por mês o que num ano significaria um aforro extra de 1.260 euros, face ao ano anterior, (um 15º. mês extra, para um dos membros do casal) enquanto na proposta do Governo esse aumento apenas rondaria os 250 euros.
Aliás, o que o PSD pretendia oferecer às grandes empresas de bónus, ao reduzir o IRC em 2% é muito mais caro do que apenas a redução de 1% proposta pelo PS e gera rendimentos suficientes para que o Governo possa realizar, com segurança, este aumento efetivo das pensões.
Portanto, querida Berta, eu espero que o PS consiga levar por diante as suas intensões e que as alterações fiquem plasmadas no Orçamento do Estado pois com o que aí vem com o acabar das rendas protegidas anteriores a 1990, todo o dinheiro será pouco para fazer face à crise que se segue. Despeço-me com um beijo, este teu amigo de sempre,
Gil Saraiva